Abismo Da Escuridão - página 08

Entrei novamente na escola. Dessa vez aqueles garotos não estavam por perto. Acho que servi diversão suficiente pra eles ficarem satisfeitos. Mas tanta gente que entrou na escola, e foi logo eu que tomei o trote mais feio. Foi culpa minha. Por causa da minha frescura de andar sempre atrás das pessoas que fui pego. Devia ter entrado no meio da multidão assim que sai do ônibus. Mas era tarde pra se arrepender. Agora que as conseqüências já aconteceram não adiantava ficar pensando no que poderia ser evitado.

Enquanto andava pelo corredor que não estava tão cheio assim, vi alguns alunos que olhavam pra mim. Obviamente, qualquer um que visse o meu estado ficaria me olhando com no mínimo um sorriso cômico no rosto. Mas a maioria estava rindo enquanto eu passava perto deles.

_ Iah, otário! _ gritou um deles atrás de mim. Eu não liguei. Finalmente, avistei uma placa indicando o banheiro masculino. Virei em um pequeno corredor à direita e depois entrei numa porta a esquerda.

Ele era bem grande até. Havia umas oito divisórias e um mictório um pouco antes, ambas no lado esquerdo, e algumas bicas no lado direito. Pelo menos eu poderia lavar o meu rosto.

Por sorte a minha, o banheiro estava vazio. Irônico eu falar em sorte, já que eu não vi nenhuma desde que acordei. Mas quem sabe as coisas poderiam estar mudando. Entretanto, parece que a sorte me enganou quando ouvi o som de um trinco vindo de um das divisórias. Ouvi uma das portas se abrindo, e olhei. Parecia que o azar tinha chamado um amigo dele pra fazer a festa neste dia. Entre trocentos alunos nesta escola que poderiam sair daquele box, tinha que ser justo ele. Justo o gorducho que tinha me dado trote.

_ Olha só quem ta aqui. _ disse ele enquanto andava até mim. Eu ignorei a fala e tentei passar por ele pela direita. Mas ele tampou o caminho entrando na minha frente. Também, com aquela barriga. _ O mané, to falando contigo. _ disse me fuzilando com os olhos.

_ Eu não quero papo com você não. _ falei tentando não parecer amedrontado.

_ E quem disse que eu quero papo contigo.

_ Então. Me dá licença. _ tentei passar por ele mais uma vez, mas novamente ele jogou o corpo dele na minha frente.

_ Já bebeu água do vaso? _ perguntou ele.

_ O que?

_ Eu vou te oferecer uma refeição fecal. Vem cá! _ Só de ouvir isso, automaticamente virei-me para correr. Não estava a fim de levar um outro trote, se é que podia chamar isso de trote. Mas senti algo me puxando pela camisa. O gorducho estava me segurando.

_ Pare! Me larga! Você já me deu um trote hoje. Não precisa fazer isso. _ falei enquanto era empurrado para uma das divisórias.

Tentei correr. Tentei tirar a mão dele da minha camisa, mas ele usou a força bruta para me segurar. Era inútil resistir contra aquela força. Ele abriu a porta e me empurrou para dentro da divisória. Pude sentir o cheiro fedido e exalante do lugar. O vaso estava aberto, e nele estava algo que eu não conseguia nem descrever com palavras. A situação daquilo tava tão horrível que tava difícil ver alguma coisa líquida. Era algo pastoso.

_ UGGHHHH! _ Totalmente nojento.

_ Está vendo. Fui eu que fiz. Deve ta uma delícia, não? _ Ele fez aquilo em uma tacada só? Até uma vala tem um aspecto mais bonito. _ Come aí! _ ele então empurrou minha cabeça na direção do vaso.

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Na próxima pagina: Ufa! Salvo no último instante. Finalmente uma pessoa decente nessa escola...eu acho. Ele é mesmo um professor?