ADOLESCÊNCIA PERDIDA

Beth, 15 anos: adolescência perdida

- Mamãe, vou estudar hoje na casa da Paulinha, tá bom? disse Beth à sua mãe, e correu para a porta. - Mas veja se não fica lá até tarde... é muito perigoso! advertiu Fátima, que nem se deu conta de que sua filha, de apenas 15 anos, já estava longe, na rua, nas ruas...

Como na maioria das últimas vezes, Beth não iria voltar. Sequer iria telefonar aos seus pais para dar uma satisfação qualquer. Com a desculpa de ir estudar na casa de uma amiga, ela conseguia o que mais queria: liberdade para fazer o que tivesse vontade - até aí, parece natural que uma adolescente pense e aja dessa maneira: vive-se num tempo mais moderno, mais liberal.

Mera ilusão! Primeiro, porque Beth não era mais aquela menininha que Fátima havia criado com tanto carinho e mimos. Tinha se tornado uma mulher - e bem vivida. Suas mentiras começaram depois que conheceu Paulinha, na escola. No início mentia por coisas banais, mas, no último semestre, não. Não eram mais mentiras por coisas frívolas – como achavam seus pais -, eram mentiras e mais mentiras por causa das drogas.

Paulinha, dois anos mais velha que Beth, já era uma veterana em “encontrar adolescentes” para levar ao seu patrão, o Carlos, um rapaz de 23 anos, de carro importado, cercado pela moçada. Um rapaz namorador, bonitão, tudo de bom.

Ledo engano! Carlos era, além de um traficante de drogas, um aliciador de adolescentes para a prostituição – um cafetão! E foi assim, que Beth antes de completar 15 aninhos, já estava dependente de drogas. Como não tinha dinheiro para comprá-las, havia aprendido a vender seu corpo para consegui-las. O primeiro homem tinha sido o próprio Carlos. Depois muitos outros viriam, através de agenciamentos dele. A recompensa dela? Drogas, um pouquinho a cada “trabalho” bem executado.

Este texto não tem a intenção de alarmar os pais, muito menos os adolescentes que acabaram de lê-lo. Trata-se de uma pequena e triste parte de uma história que acontece, na realidade, em muitos lares do Brasil e do mundo. Pais e filhos, para que fatos semelhantes não aconteçam em seus lares, prestem mais atenção uns aos outros.

Pais, conversar mais com seus filhos e filhas é muito importante. Procurem saber dos interesses deles, de suas paixões, de seus desejos. Promovam o diálogo. Falem abertamente sobre “temas tabus”, como sexo, drogas, amores, dores, medos.

Filhos, ainda que seus pais possam parecer antiquados, lembrem que eles têm muitos anos de experiência de vida, já foram jovens como vocês e enfrentaram diversos tipos de problemas. Nas famílias em que o diálogo é franco e aberto, é mais fácil ajudar um filho, um irmão ou um pai, ou mãe. Nelas, torna-se mais normal o auxílio, o consolo, o ombro amigo!