"A Batalha de Fogo" cap. 28 - "Os Magos das Trevas"

O circulo estava feito. Ali estavam os Cincos. Todos os olhos eram negros, porém nenhum deles brilhava como os de Ferilam. Nenhum dos diamantes negros que ali estavam, possuíam o mesmo calor que havia nos olhos do Senhor da Magia Negra. Não. Os olhos dos magos das trevas eram negros, frios e secos, como uma noite de guerra. Havia maldade em cada olhar ali, havia crueldade, sede de sangue.

- o Circulo Negro esta feito.- disse Ferilam ajeitando-se em sua cadeira de pedra.- aqui estão os magos das trevas: Fahir, O Magnífico. Almorihem, O Arrogante. Dirthis, O Cruel, Thóros, O Impiedoso. E eu, Ferilam, O Senhor da Magia Negra.

Os quatros magos do circulo fizeram longa reverencia.

- Estamos aqui em nome de nossa rainha, Drana.- continuou Ferilam.- á uma missão destinada a nós senhores, uma missão importante e urgente.- Ferilam fez uma pausa, respirou fundo e falou: - Caçar Hometec, o mago do rei Amintor.

- caçar o mago Hometec?- falou Fahir, O Magnífico. Um mago alto, de ombros largos, tinha um rosto severo e usava uma longa túnica e um turbante intensamente vermelhos, sua pele era branca como a neve o que ressaltava a maldade em seus olhos escuros.- para que sujaremos nossas mãos com o sangue de Ritmén?

- Porque assim mandou Drana.- respondeu Ferilam. Sua voz estava gélida, ainda não conseguia pensar num meio de livrar Hometec das mãos daqueles bruxos.

- E para que nossa nobre rainha deseja tal coisa, quando possui a nós?- perguntou o arrogante Almorihem , um mago forte trajando vestes azul escuro, seus longos cabelos loiros caiam-lhe pelos ombros e havia uma pequena pedra negra em sua testa, como um terceiro olho.

- Isso eu também gostaria de saber.- respondeu Ferilam novamente pensando na terceira parte do mapa.

- Será interessante...- Dirthis O Cruel passou uma unha cumprida pelo rosto enquanto pensava, um corte cumprido e fino, como o traço de uma pena, sangrou e se fechou logo em seguida. Os cabelos vermelhos de Dirthis iam até os ombros, ele usava longas vestes pretas, tinha um rosto fino, a pele pálida, sem dúvida o mago mais cruel de todos.- Caçamos o pequeno animal, - continuou ele animado.-procuramos, encontramos e ai então...brincamos com ele. Vamos faze-lo dançar, dançar num pé só, correr desesperado de um lado para o outro, e ai então quando ele cair exausto no chão, os pés sangrando de tanto correr....

- Matamos ele?- pergunto Thóros O Impiedoso. Um mago forte, de túnica e turbante verde escuro.

- Não. – um sorriso cruel, de dentes afiados, se formou no rosto pálido de Dirthis.- Torturamos ele até a loucura... e o mantemos vivo para sempre.

Os magos das trevas gargalharam, suas vozes eram como trovões na noite.

- se vocês já terminaram.- disse Ferilam aborrecido.- temos que encontrar o mago de Amintor o quanto antes, Drana o deseja com ansiedade.

- O que á com você Ferilam? Costumava ter mais senso de humor.- falou Dirthis.- vamos achar o verme nojento tão rápido que ele vai até pensar que estávamos ás costas dele.

- O mago não é tolo como vocês estão imaginando. É cauteloso, há essa hora já deve ter sentido que esta em perigo, vai se proteger, pode se esconder, vai se preparar com todos os seus truques e mágicas. Se fosse um mago de truques baratos não seria o mago do rei.

- Você esta diferente Ferilam.- Fahir levantou-se da longa cadeira de pedra em que estava sentado no circulo e caminhou até Ferilam.

O senhor da magia negra estava tenso, seus olhos não brilhavam como sempre, suas feições estavam duras e Fahir havia notado isso. Mas ferilam não ia ser surpreendido, não ia ser descoberto, era o senhor da magia negra, melhor e mais poderoso do que qualquer um daqueles magos. Não era o quinto mago do circulo, era o primeiro.

- Sinceramente, não vejo aquele brilho sanguinário em seus olhos,- continuou Fahir, avaliando Ferilam como uma águia.- não vejo aquela crueldade em seu rosto, aquela ânsia de sangue que o fazia derrubar impérios... só para gargalhar dos corpos em chamas. O que aconteceu?

- Aconteceu que sou um capitão de Drana e ela quer o mago às pressas. Desta vez não haverá gargalhadas, haverá trabalho sério. Ou é ele, ou somos nós.

Ninguém disse mais nada, os quatros magos das trevas pareceram entender perfeitamente a seriedade de seu trabalho e Almorihem se levantou.

Ele caminhou até o centro da sala, onde havia um pedestal branco com uma bola de cristal. Almorihem retirou a pedra negra de sua testa e a equilibrou cuidadosamente sob a bola de cristal.

- Hóros!- ele falou alto.

A pedra girou rapidamente, como uma bússola desnorteada, e então parou. Por um momento não houve nada e então uma forte luz vermelha explodiu das pedras e uma imagem se formou. Os cinco magos das trevas observavam agora o mago Hometec meditando numa grama verde, diante dele estava uma pedra reta na qual estavam dispostas cartas de um baralho.

- ai está.- disse Almorihem num sussurro triunfante.- Hometec, do sangue de Ritmén e Carmelon. O mago do rei.

- Vejo que ele medita e lê as cartas.- disse Fahir com um sorriso.- posso lê-las também. Observem: A Serpente – Dama de Paus. A figura da serpente venenosa. Esta lâmina que tem muita carga negativa, significa que traições e forças externas ocultas estão agindo em seu campo astral. Este arcano representa alguns riscos como traições.

- Oh pobre Mago.- zombou Dirthis.- além de morrer ainda vai ser traído. Fico intrigado, quem o trairá? Me parece completamente sozinho.

- Não se iluda Dirthis.- disse Fahir.- Vejam: A Foice – Valete de Ouros. A foice ceifando o trigo representa a destruição do tempo, a morte. É a perda dolorosa no momento certo, o perigo, a transformação e o desprendimento.

- Sinto que os ventos estão a nosso favor.- disse Thóros.

- Não se anime Thóros, ele montou A Pedra Dourada.- disse Ferilam.- à 15 cartas para se interpretar, a sorte pode estar contida nas outras.

- Não, não esta.- falou Fahir.- posso sentir uma energia negativa nestas cartas. A sorte não está com ele.

- Perfeito. Então vamos caça-lo logo, estou ansioso por divertir-me.- disse Dirthis com outro sorriso cruel.

- Sempre apressado, não é mesmo Dirthis.- falou Almorihem recolocando a pedra negra na testa.- ele está atento, pude sentir. Ele estará preparado para qualquer ataque ou ameaça. Aquelas cartas já o deixaram alerta. Vamos armar um plano.

- Um plano, você quer um plano?- perguntou Dirthis histérico, levantando-se.- Eu vou lhe dar um plano: pegamos uma garotinha, uma garotinha qualquer, perdida, tola e estúpida, ai a machucamos, machucamos ela todinha. Ai então, eu entro dentro dela, vou possuir a nojentinha. Ai a levo até Hometec, chego correndo, chorando, desesperada, dizendo que á cinco homens cruéis atrás de mim, que mataram mamãe e papai. Oh céus! Ai o mago, comovido, vai cuidar de mim, ou ir atrás dos cincos homens malvados, e ai, quando ele aparecer Thóros lança nele um desses seus raios poderosos e, eu, sendo uma boa garotinha, faço-lhe carinho com minhas unhas, sugando-lhe todo o sangue, enquanto Almorihem o enlouquece e Fahir destorce seus músculos. E você, meu bom senhor.- ele se virou para Ferilam, com seu sorriso cruel.- tem as honras de matar o desgraçado.

Ferilam engoliu em seco, seu estomago pareceu afundar, mas então se lembrou de sua salvação.

Ele deu um sorriso maldoso como o de Dirthis e disse:

- só a uma falha neste plano incrível, meu bom Dirthis.

- Falha? Mas que falha á nisso? Esta perfeito!

- Até estaria, se Drana não o quisesse vivo e de preferência, pouco destruído.

- Ora, isso será impossível!- desta vez quem falou alto foi Almorihem.- ele é poderoso, não desistirá e nem será vencido facilmente, se quisermos captura-lo, com vida, teremos de aleijá-lo no mínimo, ou ele não será capturado.

- Que diabos drana pretende com esse verme?- perguntou Thóros aborrecido.- o quer com vida? Intacto? O que ela quer que façamos? Quer que amarremos as mãos e pernas dele o tragamos para cá.

- Não necessariamente.- respondeu Ferilam, sentia a raiva emanando daqueles homens.- acho que as pernas e braços ela pode concertar depois.

Eles riram alto.

- então vamos prosseguir com meu plano.- disse Dirthis passando novamente as longas unhas pelo rosto, que se cortou e fechou em seguida.- e ao invés de mata-lo, você só se livrará dos membros dele.

Os cincos magos das trevas gargalharam alto. Quatro deles de satisfação, e um por nervosismo.

Hometec sentiu um arrepio ruim passar por seu corpo, vozes macabras chegavam até seus ouvidos. De olhos fechados ainda podia ver a Foice estendida a sua frente, a carta da morte brilhava em sua mente e a martelava. Eles viriam então.

Prendeu-se em sua prece, em sua meditação, concentrando suas forças, repassando seus encantos. Iria lutar, mais uma vez iria lutar, mas desta vez seria por sua vida, por sua pele e demais ninguém. Confessou intimamente, estar sentido uma gota de medo. Seria tolo se não estivesse. Conhecia bem aqueles cinco homens, lembrava-se perfeitamente de quando Almorihem mexeu tanto com a mente do mago Reitor, que este enfiou os dedos nos próprios olhos para ver se as imagens horríveis desapareciam de sua vista. E dos homens que pediram para ter os braços e pernas arrancados, diante da tortura de Fahir. Homens que morreram ao contemplar rapidamente os olhos de Thóros e homens que ainda estão trancados nas celas podres do castelo de Dirthis, homens que rezam a todo o momento para serem mortos, homens sem partes de seu corpo, que levam surras e torturas diárias, que não comem, não bebem, não dormem. Homens que só esperam ansiosos pela morte.

Dirthis sem dúvida era o pior, pois simplesmente matar era pouco para ele, era sem graça. Dirthis era “bem humorado” , como costumava dizer, gostava de fazer a vitima agonizar, era prazeroso para ele ver isto, e ainda sim, quando ela implorava pela morte, ele ainda a mantinha viva. Deixava que morresse com o tempo, que sofresse até seu corpo e sua mente não agüentarem mais. Ai sim, estaria bom.

Hometec pegou-se pensando tanto em Dirthis e seus métodos horrendos que se esqueceu de pensar em Ferilam. Na verdade se surpreendeu que não estivesse preocupado com Ferilam. O Senhor da Magia Negra, que com um longo dedo, fez a cidade de Hunas, em Gaia, queimar. Ele gargalhou dos corpos sendo derretidos pelas chamas. Ele pegou para si seis belas mulheres, as quais ele fez dançar por duzentos dias, sem parar, os pés delas sangraram, seus pescoços traçados com tentativas de auto-enforcamento, sem sucesso, seus dedos roxos, os olhos fundos, as bocas semiabertas em gritos já cansados. Todas morreram enquanto dançavam, já exaustas e acabadas, seus corpos não passando de ossos cobertos com uma camada cinza e podre de tecido humano.

Porém, hoje, naquele momento, Ferilam não o despertava medo. O mago estava diferente, sim, e Hometec sentia e sabia o porque. Se quisesse, Ferilam já o teria encontrado e matado, se Ferilam estivesse realmente interessado na guerra já teria agido para que Eleon estivesse completamente no chão. Talvez até o fizesse se certa coisa não estivesse ali. Mas Hometec sabia, ele estava com medo, com medo de machucar a estrela que agora brilhava em sua eterna noite. Ele não conseguiria derrubar Eleon ou fazer qualquer coisa que facilitasse isto para drana, sabendo que sua estrela sagrada corria risco.

Mas bem, ele fechou novamente seus olhos e voltou a se concentrar, precisava reunir suas forças, agora tinha que pensar em si mesmo.

Dirthis caminhava a passos lentos pela cidade de Léuris, os moradores corriam de um lado para outro, os homens empurrando carrinhos de suprimentos e as mulheres pegando os filhos pelas mãos, todos tentando sair da cidade antes que esta fosse atacada.

Dirthis parou no meio de uma rua movimentada, as pessoas passavam correndo por ele, nem foi notado no meio da balbúrdia. Então ele procurou por algo que lhe fosse útil. Olhou ao redor, procurando a criança perfeita e ai então a encontrou. Uma garotinha ruiva que estava parada ao lado da mãe, enquanto esta comprava batatas de um senhor. A garotinha devia ter seus dez anos, tinha um bom tamanho para idade, o rosto coberto de pintinhas, os olhos azuis. Dirthis achou que ela ficaria simplesmente bela com o vestido rasgado, o rosto cortado, as pontas dos cabelos queimadas, os braços e pernas sangrando...

Então ele a chamou, seus olhos lançaram uma onda de atração sobre a menina e os olhos da garotinha se voltaram para ele. Dirthis ficou imóvel, seus olhos fincados nos dela, brilhando, chamando, atraindo-a até ele. A garota tinha uma expressão hipnótica, seus olhos cheios estavam amarrados nos de Dirthis, ela deu um passo à frente, sua mãe falava rápido com o vendedor de batatas, não reparou em seu passo, então ela deu outro. Os olhos de Dirthis a chamavam, gritavam seu nome, eram lindos demais, brilhavam loucamente como dois diamantes negros. Eles diziam a ela que tudo ia ficar bem, que ela não precisava ter medo. O homem de cabelos de fogo era bonzinho, era um herói.

Dirthis pegou a mão que ela estendeu para ele, a tocou levemente com os lábios e a abraçando, ele sumiu de Léuris numa onde de fumaça negra.

A mãe da garota gritou desesperada por seu nome.

Da cortina de fumaça negra apareceu Dirthis, no centro do circulo negro. Ferilam e os outros três ainda estavam lá, ajeitaram-se quando viram Dirthis. Este trazia junto o peito, uma garotinha de cabelos ruivos até o ombro, sardas no rosto, olhos azuis, usando um vestido de camponesa.

- essa é minha amiguinha!- disse Dirthis com seu sorriso cruel, largando a garota no chão.

Por um momento ela ficou ali, largada não chão, olhando ao redor com seus olhos hipnotizados, sem realmente perceber onde estava. Então seus olhos foram ganhando foco, voltando do túnel vazio, então ela chacoalhou a cabeça com força, olhou a sala e os cincos homens ao redor.

- aaaaahhh!!

A garotinha soltou um berro estridente, ergueu-se num salto e tentou correr até a porta mais próxima.

- hahaha, garotinha engraçada essa!- zombou Dirthis e apontou um longo dedo para a menina.

Os pés dela saíram do chão e ela gritou ainda mais, os pezinhos se debatendo, tentando correr e os braços tentando alcançar a porta.

- pode correr, poder correr, mas não se esconder.- disse Dirthis puxando a garota para perto, com seu longo dedo.- PORQUE O TIO DIRTHIS VAI TE ACHAR!! HAHA.

- Deixa eu falar com ela Dirthis.- disse Fahir estendendo os braços pra garota.- vem cá coisinha linda, esse tio feio esta te assustando?- perguntou ele fazendo voz carinhosa e pegando a garota no colo.- fica aqui com o tio Fahir que eu vou cuidar de você.

Ele deslizou uma mão pelos cabelos da garota e beijou-lhe a testa, seu olhar estava fincado nela.

- Aah! Aaahh!

A garota começou a gemer, suas pernas começaram a chutar, seu corpo a se debater nos braços de Fahir, seus gemidos se transformaram em ganidos secos, seus olhos revirando nas órbitas, seu corpo se contorcendo agora.

- calma queridinha, vai passar logo! Rsrs

- haha, abrace o tio Fahir querida!- zombou Dirthis.

Ferilam via a garota se contorcer nos braços de Fahir, com um aperto no peito, os gritos dela entravam como agulhas em seus ouvidos. À vontade de gritar e parar com aquilo estava lutando para domina-lo. Mas ele não podia fazer isso, teria que agüentar ver a garota sendo torturada por aqueles homens, teria ele mesmo de machuca-la, se quisesse continuar invisível aos olhos de Drana.

A garotinha começou a ficar pálida, os cantos perto de sua boca foram arroxeando, seus olhos perderam o foco novamente. Ela ia desmaiar.

- ah, garota mole!- exclamou Fahir jogando a menina no chão.

- Você tem que ter paciência com as crianças, Fahir.- disse Almorihem.

Ele estendeu a mão para a garota, ela flutuou alguns centímetros do chão e ele a puxou para seus pés. Com os pés descalços, ele pisou delicadamente na testa da garota, seu pé branco e gelado fez ela tremer.

- agora feche os olhos e sonhe, minha querida.- sussurrou ele.

A garotinha fechou os olhos, parecia ter caído no sono, passou-se alguns minutos e nada aconteceu, até que então ela começou a se mexer, seu rosto a virar de um lado para o outro, como se tentasse se livra de uma mosca incomoda.

- nã...- gaguejou ela.- nã...para, para...

- chii, é só um sonho, Almorihem está aqui para protege-la.- disse Almorihem carinhosamente, passando com suavidade o pé cadavérico pela testa da menina.

- Mama...mama!!

- Mamãe está bem, não é de verdade, é só um sonho, vai passar.

- MAMA!! NÃO! NÃO!

A garota ergue-se bruscamente, seus olhos estavam perdidos, ela virava a cabeça de um lado para o outro, vendo coisas que os outros não enxergavam, gritava feito louca, desesperada.

- PARE! NÃO FAÇA ISSO! MAMÃE! MAMÃE!! MARYY!!

Ela caiu de joelhos, seu nariz começou a sangrar, agora ela implorava baixinho, puxando os cabelos com força.

- não, por favor, não, não, não! Ela não, deixe Mary ir, deixe ela. NÃÃÃOOOO!!

Ela arrancou grandes tufos de cabelo, seu nariz sangrou e ela apagou, a cara no chão de pedra.

- Molenga.- resmungou Almorihem e passou por cima dela, indo para sua cadeira.

- Minha vez e brincar com ela.- disse Dirthis e se adiantou animado até a garota.

- Não Dirthis.- a voz de Ferilam pareceu se amplificar na sala pequena, soou como um trovão.- deixe-a.

Os olhos negros de Dirthis faiscaram.

- precisamos enfraquece-la, temos que usa-la.- falou ele pausadamente, a raiva se comprimindo em cada palavra.

- E ela já esta fraca. Olhe para ela. Mais um pouco e vai morrer.- respondeu Ferilam tentando não deixar a pena transparecer em sua voz.

- Vai morrer de qualquer modo.- sibilou Dirthis com ódio.

- Exato, mas não é pra se agora. Se você mata-la, não vai pegar outra criança para o seu plano engenhoso.- respondeu Ferilam num tom calmamente perigoso.

Dirthis se limitou a fuzila-lo com os olhos raivosos.

- deixe-a ai, quando acordar vamos prosseguir com o plano.- ordenou Ferilam e ergueu-se de sua cadeira.- e procurem poupar suas forças.- finalizou ele e saiu da sala, passando por cima da garota.

Os quatro magos das trevas que ficaram na sala trocaram olhares desconfiados. Todos pensando a mesma coisa: ele esta muito diferente.

A garota acordou horas depois. Dirthis estava inquieto em sua cadeira, à vontade de esgana-la só para provocar Ferilam, fazia suas mãos coçarem.

A menina ergueu a cabeça do chão de pedra e olhou ao redor, novamente confusa. Quando pareceu entender que estava num lugar estranho com cinco homens de aparência cruel abriu a boca para gritar novamente, mas Ferilam, que havia decidido mostrar um pouco de ação, adiantou-se até ela.

- cala a boca!- mandou ele num sussurro agressivo.- fique quietinha, caso contrario vou te dar um bom motivo para gritar, nojenta.

Os lábios finos de Dirthis se contraíram num sorriso de satisfação.

- Muito bem, assim é melhor.- continuou Ferilam.- Dirthis, a honra é sua.

Dirthis ergueu-se com animação de sua cadeira de pedra e caminhou até a garota que começou a choramingar.

- fique quietinha, isso não vai doer nada.- disse Dirthis passando as longas unhas pelo rosto da garota.

- Mam...mam...mama.

- Psiu!

- Nã... não...para...para.

As unhas de Dirthis foram entrando na carne da garota, mas não como laminas, iam se misturando, se unindo, como se ela fosse uma poça d’água na qual ele mergulhava a mão.

- pa...pa...pa...mam...ma...nã...

- vai, agora!

Os braços de Dirthis afundaram nas bochechas da garota, seu corpo foi se transformando numa névoa, numa fumaça que ia envolvendo o corpo da garota, e de repente, Dirhtis o Cruel, não estava mais na sala.

A garotinha ruiva arfou profundamente, como se estivesse sem ar, seus olhos saltaram e ela tombou o pescoço pro lado novamente, os olhos tornaram a se fechar.

Ouve um minuto de silêncio.

- Dirthis, acorde.- mandou Ferilam numa voz de comando.

A garota sentou-se reta, tão rapidamente que mal pegaram seu movimento. Ela estava reta, dura como uma pedra, seu rosto estava pálido, ainda de olhos fechados. Se parecendo muito com uma estatua de mármore.

- abra os olhos.

As pálpebras da garota se abriram num lampejo. Suas órbitas estavam brancas, não havia olhos ali. Então, muito lentamente, um pequeno círculo azul começou a se formar nas órbitas, primeiro muito claro, ficando mais forte até atingir um azul tão intenso que era quase sobrenatural para um humano. Então os olhos azuis da garota ruiva brilharam, um brilho louco e cruel, como um sorriso psicótico, o mesmo brilho que havia nos olhos de Dirthis, O Cruel.

******************CONTINUA************************

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 11/06/2009
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