* Escrito nas estrelas *

Aconteceu numa cidade bem pequena do interior do Brasil, a vida era calma e o maior ponto de encontro era a pequena praça da cidade.

Numa das casas mais afastadas vivia Soraia com sua mãe. Seu pai trabalhava na cidade vizinha e só voltava pra casa uma vez por mês. Elas viviam em um pequeno sitio e cuidavam da terra para complementar o salário do pai.

Soraia era uma menina baixinha, olhos castanhos claríssimos e cabelos lisos e pretos que viviam presos em rabo de cavalo precário, magra como uma vareta, vestia-se sempre simploriamente, adorava estudar, era o único modo que via de sair daquela vidinha medíocre, adorava ainda mais ler, era apaixonada por romances e sonhava em ver seu príncipe entrando pela porteira do sitio, montado em um cavalo negro reluzente, tomar-lhe-ia pela mão num beijo cavalheiro e a levaria para longe daquele sitio monótono.

Costumava sentar-se debaixo da macieira que ficava próxima da cerca , dali tinha uma vista magnífica, via as campinas, que se estendiam alem do horizonte, ficava perto de um riacho da propriedade vizinha, ficava horas lendo ou simplesmente ouvindo o som da água caindo enquanto sonhava em seguir pelas campinas em direção ao infinito.

~ * ~

Voltava da escola numa segunda-feira ensolarada, quando notou uma agitação na propriedade vizinha, ao longe dois caminhões de mudança estavam parados na casa vazia a meses, ficou se mordendo de curiosidade e logo depois de tirar aquele uniforme estúpido foi à cerca espiar os novos vizinhos.

Então viu ao longe a criatura mais perfeita, o príncipe com o qual sempre sonhou, vinha vestido de marcas, calças jeans, camiseta vermelho-sangue, com fones no ouvido, cabelos curtos e espetados. Ele havia notado aquela minúscula figura ao longe encostada na cerca e resolvera depois de horas de viagem explorar aquele brejo de lugar, estava entediado, sua mãe parecia uma louca gritando como nunca havia visto, suas juntas doíam pela longa viagem, olhou-a um pouco desapontado, era só o que faltava uma caipira como vizinha, o que ele esperava naquele fim de mundo? Mas conforme foi se aproximando notou aqueles olhos castanhos que quase hipnotizavam, aquele olhar curioso cheio de expectativas, rodeados por cílios escuros e volumosos e uma pele branquíssima, uma boneca daquelas antigas de porcelana, o que ele esperava mesmo?

Ele chegou sorrindo de surpresa e encostou-se à cerca:

- Prazer, meu nome é Caio, posso saber o nome de dama tão bela?

Soraia rio, devia ter dormido e estava sonhando com certeza, aquilo era surreal, seu riso era melodioso como copos de cristais tilintando numa festa, ele ao ouvir aquele som angelical rio também.

- É um prazer conhecer-te, meu nome é Soraia

- É muito bom saber que nesse fim de mundo existe gente!

- É realmente ótimo saber que agora tem gente nesse fim de mundo.

Riram e conversaram ate entardecer, os caminhões saíram aos poucos do horizonte e a mãe de Caio sobre aqueles saltos gritou o filho, ele foi apressado e Soraia recostou-se na macieira e deixou-se escorregar aos pés dela e deitada abaixo das estrelas, ficou lendo historias naquele céu límpido, como o céu estava esplendido naquela noite, chegou a imaginar os dois caminhando ao longo da Via Láctea e sorrio como uma criança que começava a descobrir o mundo, sua mãe lhe chamou para ajudar com o jantar, queria sim, com certeza, era saber dos novos vizinhos.

Thaina Chamelet
Enviado por Thaina Chamelet em 31/08/2009
Reeditado em 17/01/2010
Código do texto: T1785553
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.