*** Escrito Nas Estrelas *** Parte tres ***

Era sábado e Caio havia marcado de ir à sorveteria com alguns de seus novos amigos

Naquele dia metade da escola estava na praça e Soraia havia ido a biblioteca, ajudar como voluntária, a bibliotecária já era de idade, mas o movimento lá não era grande, nem o acervo. Soraia gostava daquele ambiente, conversava com a bibliotecária, passava a tarde em "seu" paraíso, cercada de livros, em um silêncio sepucral, mas naquele dia a bibliotecária não pode ir, estava doente. Soraia ja estava incomodada com tanto silêncio, ficou à janela observando o movimento da praça e analisando as roupas e as pessoas, xingando baixinho, ate que viu um pontinho verde no meio da multidão, era o SEU principe.

Caio estava como centro das atenções e a garota mais bonita, segundo todos os meninos, estava querendo ficar com ele, começaram a apelidá-lo de gay, depois de muita insistência e falatório, topou e aquele foi o beijo mais comum que já havia sentido, chgava a ser acre, não conseguia se concentrar na garota e o vulgar beijo não passu de cinco segundos, o beijo não teve gosto, se soltou da garota, da qual já nem recordava o nome, saiu a praça olhou em volta, se sentia meio tonto, sem rumo, procurou um lugar longe daqueles olhos famintos, as lojas de nada serviam, a sorveteria então, a igreja era muito santa para ele, a farmácia não servia, viu então um prédio com a pintura gasta e letras miúdas: "Biblioteca Municipal" sorriu era ali.

Soraia olhava pela janela, toda aquela agitação, empura-empura, até que começaram a gritar: "beija! beija! beija!" olhou, procurou e viu Caio e Shirley, aquela metida oxigenada, a "tal", uma vaca; agarrados, controlou o grito formado em seu peito, Caio depois de poucos segundos sai desembestado olhando em volta e sacudindo a cabeça, Soraia sentia seus pés afundarem no concreto, queria se jogar e afundar de vez naquele chão escuro, não havia ninguem ali para lhe salvar, afundou-se na cadeira, agarrada aos joelhos, querendo entrar dentro de si mesma e ocupar o espaço da dor, sentia o rosto quente inflamando e sendo corroído pelas próprias lágrimas.

Caio subiu as escadas daquele prédio pequeno, não havia ninguem, nao entendia o porquê daquilo tudo, esquecia tudo pouco a pouco, não havia nada, nem ruído algum, tremia por dentro, ouviu um soluço baixo, não foi difícil achar a fonte, deparou-se com uma figura toda encolhida, pequena, seus cabelos caiam delicadamente sombreando a inconfundível pele branca, era Soraia, sua boneca de porcelana chorava, sentou-se ao seu lado, no chão e tocou sua canela para chamar-lhe a atenção, ela o olhou, fechou os olhos e se jogou contra a poltrona, querendo entrar dentro dela:

- O que você está fazendo aqui?! - enxugou o rosto e abriu os olhos

- To fugindo de minha estupides e agora estou com você..

- Seu, seu... cretino!

Postou-se de pé e bateu nele com toda a força e raiva que sentia latejar em seus músculos, ele já em pé foi se afastando, tentando se defender segurou aquelas mãozinhas tão pequenas

- O que eu fiz?

- Nada não! Nada de importante, seu imbecil!

Ela se debatia tentando se livrar daquelas mãos

- É percebê-se pela sua calma

Ela parou e o encarou, ele disse

- Desculpe por aquilo - e sinalisou com a cabeça a janela

As lágrimas voltaram a molhar seus castanhos olhos

- Desculpe a mim que fui boba o suficiente para achar que você se interessaria por mim

- Mas eu me interesso...

Ele a soltou e colocou as mãos em seus ombros, escorregou as mãos por seus braços, pela sua alva pele macia e pegou em suas mãos.

Ao longe passos na escada foram ouvidos, uma menina e sua mãe adentraram a recepção e Soraia foi recebê-las, cumprimentou-as e fez seu papel, um pouco alterada pelas lágrimas, depois que sairam sentou-se ao lado de Caio.

- Eu não fiz por mal, você deve ter visto, eles me pressionaram, me desculpe, por favor!

Ela encostou a cabeça em seu ombro e ele passou a mão por suas costas ate encontrar sua cintura e alí se acomodar

- Eu vi... mas tinha de ser logo a Shirley?

Ele riu

- Era assim que aquela besta se chamava?

Eles riram, ela um tanto cansada, passaram o aquele resto de tarde conversando de tudo e sonhando um pouco.

Eram três da tarde e era hora de fechar, Soraia passou pelos poucos corredores, vareu a recepção e Caio ajudou-a a carregar e colocar alguns livros nas estantes...

Thaina Chamelet
Enviado por Thaina Chamelet em 11/10/2009
Reeditado em 17/01/2010
Código do texto: T1859577
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