Na sua pele. Cap.5

Capítulo 5. – Evidências.

POV Débora

Sai caminhando, ainda alucinada. Meu coração martelava a ponto de explodir, enquanto eu abraçava o meu fichário com um sorriso tosco e amedrontador. Mas era a única forma de demonstrar o quanto estava contente. Primeiro, Annabelle. E depois, Dani. Aquele dia estava sendo

perfeito.

Eu disse ESTAVA, porque depois de alguns segundos de caminhada,

ele apareceu.

Lucas.

Um garoto. (dããã)

Quando Annabelle me perguntou se eu tinha amigos, esqueci de falar

dele. Não que ele fosse meu amigo, na verdade eu o odiava. Mas morávamos perto, e eu CONVERSAVA COM ELE.

Tá, vocês querem saber porque eu o odeio? Simples, ele gosta de mim!

Tá isso parece extremamente impossível. Qualquer ser em sã consciência gostar de uma garota como eu. Ele tinha que ter algum problema.

Mas ele não tinha.

Era bonitinho de verdade.

O cabelo loiro-aguado, e o sorriso branco que pouco tinha contraste com a pele tão semelhante a cor dos dentes. Os olhos do tom azul mais claro que existe. O corpo, bom, quem sou eu para reparar? Ideal, diga-se de passagem.

Quando o vi, e ele me chamou de “fofinha”, pela primeira vez...Achei que ele fosse cego. Ou um tanto abestalhado. As vezes ainda tento constatar algum sinal de demência nele, mas Lucas é completamente normal. E isso me assusta.

Sabe, eu fico admirada, de um garoto, bonito, como ele é, gostar de mim. É RÍDICULO. Para completar, ele ainda é mais velho, no segundo ano A. Ele só não tem muitos amigos, mas fora isso ele é um garoto BONITO e comum. QUE GOSTA DE MIM. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mas eu o odeio. Já disse milhões de vezes eu não o quero, mas ele insiste em me atormentar. Meus olhos cinzas idiotas só tem visão para uma pessoa. O meu milagre pessoal. O único sentido que eu encontro na minha vida sem sentido. D a n i.

Mas, eu não conseguia evitar o Lucas. Ele era simpático. Mas me perseguia, o que me deixava um tanto frustrada.

-Olá, fofinha. – Cumprimentou-me com seu sorriso branco realçado pelos lábios avermelhados. Ignorei o “fofinha”.

-Ah, oi. – Respondi mal-humorada.

-Tudo bem com você? – Perguntou ele me acompanhando em meu

ritmo rápido.

-Não. –Repliquei de mau-gosto.

-Por quê? – Ele indagou suas sobrancelhas se unindo. –Algo a aborrece hoje?

-Ah, Lucas... Eu estou cansada hoje!

-Então vamos descansar juntos!

-Não quero descansar com você. Não percebe que eu estou de mau-humor?

-O que aborrece você?

-Argh... –Olhei-o com seriedade, quase que como repulsa. – Bom... Você. – Falei acentuando a palavra, desmanchando um pouco o sorriso dele. – E a minha vida.

-O que tem de errado comigo? E com a sua vida?

-Você não tem nada de errado, há não ser talvez, um problema psicológico. E a minha vida é uma...merda, Lucas.

-Não tenho problemas psicológicos. – Disse ele para a minha surpresa, sorrindo. –. Só paixão. –Os olhos dele faiscaram para mim, enquanto eu ignorava aquilo. – E você não sabe o que está dizendo. Tem uma vida que muitos queriam ter.

-Blá-Blá-Blá... Vida que muitos querem ter é vida de garota POPULAR... Sexo e garotos. – Não tinha vergonha de falar àquilo na frente dele, ele era quase como meu melhor amigo. Que gostava de mim, e eu o odiava por isso. Talvez se eu não tivesse apaixonada pelo Dani, ele tivesse chance.

-Eu sou um garoto. –Gabou-se ele, e tocou a sua mão fria na minha a entrelaçando. Eu o olhei com muita má vontade. –Sabe o quanto eu gosto de você, Débora...

Revirei os olhos, mas não libertei minha mão. Eu estava sendo hostil demais, e não queria QUEBRAR o coração dele. Então ficamos caminhando que nem dois idiotas de mãos dadas. Foi ridículo.

-É uma pena. Pois eu não posso retribuir...É generoso de sua parte gostar de uma garota como eu...

-Como assim “uma garota como eu”?

-Lucas, me olhe por um instante. EU SOU FEIA. Será que você é o

ÚNICO que não enxerga isso? – Quase gritei a obviedade para ele. – Observe as EVIDÊNCIAS. Até você, parece um astro de cinema perto de mim.

-Não há nada de errado com você, Débs. Está cega. Se as pessoas te criticam, é por que são idiotas. E você é uma garota inocente e BONITA...

-Se bonita no seu dicionário significar feia e gorda...

-VOCÊ NÃO É GORDA! Débora, vou lhe dar um espelho de presente de aniversário... –Eu não consegui deixar de sorrir.

-Você é miópe.

-E você é linda, minha fofinha.

-Argh...Obrigada. Mas, acho que você deveria procurar outra pessoa para fazer esses elogios, evidentemente FALSOS. Se não largar de mim, vou perturbá-lo até se cansar. Sinto muito, mas não podemos ficar juntos se vai ficar criando esperanças!

-Por quê?– Perguntou com uma tristeza repentina no rosto.

-Eu não gosto de você...Desse jeito. Devia procurar alguém que combinasse com você. Uma loira com peitões...ou...Sei lá o que! Eu to mais para um nerd mongolão. Não que eu goste de um nerd mongolão. – Sorri para mim mesma. Eu gostava do garoto mais popular e cobiçado do colégio. -Você não devia se meter comigo. –Fitei-o seriamente estressada. –E para de me chamar de fofinha que eu não sou almofada!

-Pra que toda essa arrogância, Débora?

-É para você ENTENDER.

-Eu gosto muito de você...E não acho que é algo que possa mudar.

-Então se prepare para a decepção. – Anunciei um pouco me sentindo culpada pela grosseria. Soltei-lhe a mão fria.

-É outro garoto?

-Não. – Menti. - Eu só não quero ficar com você.

-Eu também não quero ficar com você. – Revelou, me deixando

pasma. – Eu quero estar, permanecer e ficar. – Deu um sorrisinho.

Bufei.

-Acho que você gosta de desapontamentos.

-Eu gosto de ‘desafios’.

-Há. Então me surpreenda. – Falei, não entendendo o sentido de minhas próprias palavras. Mas elas soavam bem. Nós já havíamos chegado ao meu condomínio, o qual ele morava também, mas como o bloco dele, era longe, senti que aquela era a nossa despedida.

Eu sorri para ele para não ser hostil demais. Eu não queria ser má, com alguém que absurdamente gostasse de mim.

Subi as escadas do meu bloco, para o meu apê.

Dia extravagante.

A primeira coisa que perguntei para a minha mãe, foi sobre a casa de Annabelle.

-Mãe, hoje eu conheci uma garota...Ela me convidou para ir na casa dela. Eu posso ir?

-Uma garota??!Hmmm...Onde ela mora? E como se chama?

-Annabelle Kouren. Não sei onde mora.

-Pode ir, contanto que me de o endereço. Ok?

-U-hum.

-Vai comer?

-Não, já comi. – óbvio que era uma mentira, mais uma das mil dietas que eu fazia.

-Tudo bem. – suas últimas palavras antes que eu me trancasse no quarto. Só escutando MUSE. “Neutron Star Collision”. Centenas de vezes.

**

Continua?

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 14/07/2010
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T2377926
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