Lucian:VOL:1 (DRAMA)

Lucian

Capitulo 1

Inicio de Primavera

O dia estava escaldante em Portland, Eu James e Lucian estávamos no vestiário do colégio pronto pra sairmos. Sou Adrian tenho 17 anos Lucian é meu irmão de quase 17 e James meu melhor amigo de 17 também, costumamos ir pra minha casa depois do colégio, jogamos vídeo game almoçávamos, conversávamos fazíamos os trabalhos da escola e coisas desse tipo.

Saímos do colégio às dez e meia, por conta de alguma reunião. James estava um pouco cansado então o levei até sua casa e voltei pra minha junto com Lucian. Nós nos damos muito bem, eu tenho um instinto de proteção devastador e isso o aborrece, mas eu não sei o que fazer pra parar, ele é como se fosse um tipo de filho, talvez por que nossos pais não se importam nem um pouco conosco, tudo que eles fazem é dar uma mesada bem gorda no fim do mês e mais nada, fui criado por babás e não sou apegado aos meus pais. Margareth é minha mãe, ela é dona de um dos melhores restaurantes de Portland, ela fica mais tempo lá do que em casa. Meu pai é vice-presidente de uma mega empresa de Portland, ele também não dá a mínima pra família, eu ainda não saí de casa porque só tenho 17 anos, mas quando Lucian fizer 18 eu sairei daqui e o levarei comigo. Eu amo muito meu irmão, crescemos juntos, eu que ensinava tudo a ele, ajudava na tarefa, foi comigo que ele falou quando deu o primeiro beijo, eu que expliquei pra ele como nasce os bebês, eu expliquei as coisas da puberdade. O meu irmão pra mim é simplesmente minha vida, se ele está triste eu que o consolo, se ele está com problemas eu ajudo a resolver.

Nós temos também nosso irmão mais velho, o Jon, ele tem 19 anos e está em Oxford. Ele é fruto de uma traição do meu pai. Ele viveu conosco até sair do colégio, nós éramos muito ligados, eu era pra ele o que Lucian é pra mim, ele saiu porque não agüentava mais a minha mãe. Isso me deixou triste por um ano inteiro. Nós nos falamos por telefone, mas não é a mesma coisa, minha mãe o proibiu de entrar nesta casa, por isso ele não nos visita. Ela também não permite que viajemos até a pra vê-lo.

Isso corta o coração, mas não há o que fazer quando se é um adolescente menor de idade. Chegamos em casa, Lucian foi pro quarto e eu fui a cozinha preparar nosso almoço, Lucian estava meio emburrado, e eu não sabia o porque. Como todo dia ninguém apareceu pro almoço, papai almoça na empresa e Margareth no restaurante. Chamei Lucian duas vezes e ele não respondeu. Subi até o quarto dele, ele estava dormindo todo bagunçado, sem camisa, com os sapatos nos pés e os livros do seu lado. Eu não quis acordá-lo, era notável algumas lágrimas secando no seu rosto, apenas tirei os sapatos de seus pés e os livros de cima da cama, abri a janela por causa do calor e saí pra almoçar sozinho. Era difícil vê-lo sofrer, ele é só um ano e alguns meses mais novo que eu e me sinto responsável por ele. Lucian e Jon pra mim. são a minha única família.

Nem cheguei a comer tudo, a dor de Lucian passou pra mim, me subia o desejo de confortá-lo, mas o medo de que meu conforto não fosse bem vindo, todos sabem como são os adolescentes. Parece que eu era exceção, a falta de meus pais me amadureceu. Lavei a louça e subi pro meu quarto, abri a janela, tirei a camisa e como Lorenzo deitei na cama do jeito que eu tava, meu enorme quarto estava quente, abri a janela e quando acordei já não estava tão quente. O clima havia mudado, estava mais frio e chovia, a água da chuva estava entrando pela janela então corri e fechei, eram três e meia da tarde, eu estava dormindo desde cedo. Saí de meu quarto e fui ao de Lucian ver se ele ainda estava lá, bati na porta e ninguém respondeu, entrei e ele estava ainda dormindo, na verdade estava começando a acordar depois das batidas que dei na porta dele.

- Desculpe, não queria te acordar. (pedi)

- Tudo bem. Que horas são? (perguntou-me confuso pelo frio que jorrava de sua janela)

- Três e trinta e cinco, acabei de acordar também. Se vista pra não resfriar-se. (disse-lhe)

Houve um ruído, era seu estomago roncando, implorando por comida.

- Vou tomar um banho quente. (me disse disfarçando)

- Tome seu banho e desça pra comer algo. Você está sem comer desde cedo. (notei)

- Ok, você vale por um pai e uma mãe. (agradeceu de sua forma)

- E você vale por um filho. (brinquei)

- Ok, o que quer comer? (perguntei-lhe)

- Até parece que você não sabe o que eu quero. (brincou fazendo referencia a minha macarronada)

- Macarronada então. (concordei)

Deixei-o e desci pra cozinha, coloquei o macarrão no fogo, enquanto pegava os ingredientes do molho. Quando estava quase tudo pronto ele desceu as escadas e assustou chegando de surpresa a cozinha.

- Você me assustou. (briguei)

- Percebi. (ele riu)

Ele deu a volta e pegou dois pratos e talheres no armário.

- O que você vai fazer quando terminar o colégio este ano? (perguntou amedrontado)

- Não tenho certeza, eu quero ir pra universidade de NY ou La, mas não quero ir sem você. (expliquei)

- Você abriria mão de seu futuro por mim? (duvidou)

- Eu daria minha vida por você. (as palavras saíram de repente)

Ele me encarou por um momento e logo seus lindos olhos azuis estavam cheios de lágrimas que ainda não haviam saído de seus olhos.

- Oh, falei algo errado? (me assustei)

- Eu não mereço um irmão como você. (disse-me)

As lágrimas dele agora estavam também em meus olhos e quando as deles cederam foi difícil segurar.

- Ah, me dá um abraço vai. (disse sorrindo com o rosto molhado)

Eu o abracei, depois segurei seu rosto e o abracei de novo, ele estava reconhecendo tudo que eu faço por ele e isso é tão bom, você fica gratificado, e as lágrimas nos olhos deles eram de tristeza também, ele sentia muita falta de um pai e de uma mãe, eu sou praticamente tudo que ele tem, sou eu a quem ele confia tudo.

Ele arregalou os olhos e eu me assustei.

- Olha o molho queimando! (gritou assustado)

- Oh. (eu corri pro fogão e por sorte era só alarme falso, tinha um cheiro de queimado, mas não vinha daqui)

- Que sorte. (riu)

Eu ri também, desliguei o fogo, Lorenzo tirou o macarrão do escorredor e misturei tudo numa tigela. O cheiro estava nos hipnotizando, colocamos nossos pratos e comemos.

Por volta das quatro da tarde havíamos acabado e lavado a louça. Ele foi pra sala que raramente era usada, meus pais nunca estavam em casa pra assistir TV e nós tínhamos TV no quarto.

Eu o segui, ele colocou em algum canal de filmes e ficamos assistindo até a noitinha.

A chuva estava forte agora, o telefone tocou. Eu fui à mesinha e atendi.

- Alô? (resmunguei)

- Filho avisa a sua mãe que a estrada está bloqueada por um desabamento e eu vou ter que ficar num hotel aqui perto. Ok tchau. (nem ao menos se despediu)

- Quem era? (perguntou Lorenzo a mim)

- Era Francesco, ele disse que não pode voltar pra casa por causa da tempestade. (disse-lhe)

- Será que Margareth virá? (perguntou-me)

- Tomara que não. Eu gosto quando estamos sozinhos, fica tudo calmo. (disse-lhe envergonhando-me)

- Concordo. Você podia chamar o James pra vir pra cá hoje. (sugeriu)

- É, mas acho que ele não virá, ele tava meio cansado. (expliquei)

- Ok.

- Vou tomar banho, já volto. (avisei antes de me levantar do sofá)

- Posso ficar assistindo no seu quarto? (pediu)

- Claro que sim, vamos, mas antes pegue uma camisa ou um casaco e vista pra não ficar doente. (ele estava sem camisa no frio)

- Ok. Vou pegar um casaco. (concordou)

Subimos, ele foi ao quarto pegar o casaco e eu fui pro meu, em seguida ele chegou, ligou a TV e esse deitou na minha cama, eu entrei no meu banheiro tirei a roupa joguei no cesto de roupa suja e fiquei um tempão na água quente. Quando terminei vesti uma calça jeans justa, uma regata e meias.

- Não está frio? (perguntou-me)

- É, creio que sim. (repreendi)

Puxei o edredom na cama e me enrolei nele, deitei-me do lado do meu irmão e joguei o edredom por cima dele.

- Isso foi gentil da sua parte. (brincou)

- Acho que sim. (ri sem entender nada)

- Ainda não pensei o que quero de aniversario. (refletiu seriamente)

- Já pensou se Margareth nos liberasse pra visitar Jon em Londres?

- Seria bom, faz uns dois anos que não o vimos. (lamentou)

- É, mas acho isso impossível. (respondi-lhe)

- Vamos ver o exorcista? (perguntou)

- Vamos sim, eu tava ansioso pra ver esse filme. (menti)

Ele saiu da cama e foi no quarto pegar o DVD, eu liguei o aquecedor e voltei pra cama. Ele voltou depois de uns minutos, colocou o filme e deitou do meu lado de novo.

- Tá com medo? (perguntei rindo)

- Na verdade um pouco. (confessou)

- Você não vai me agarrar aqui também vai? (brinquei)

- Seu idiota. (brincou de novo)

Isso era incrível, me perguntei quantos irmãos são capazes de ser tão unidos como nós.

- Nossa. (disse ao ver uma cena do filme)

- se quiser pode tirar o filme. (sugeri)

- Eu não, tirar o filme ficar no frio de novo? Não. Prefiro ficar aqui com você, a não ser que isso te incomode.

- Não me incomoda não. (disse-lhe logo)

Chegou um pouco mais perto e deitou a cabeça em cima do meu braço.

- Acho melhor assistir TV. (me disse rindo)

- É acho que sim. (ri com o comentário)

Ele levantou, tirou o DVD e deixou em um canal de filmes.

- Vou ligar pra mamãe. (ele ainda tinha esperanças no mundo)

Pegou o telefone do meu quarto e discou o numero.

- Alô? (disse ele)

Depois de um tempo desligou.

- Ela disse que vai passar a madrugada no restaurante e só volta pra casa amanha cedo. (explicou)

- Melhor assim. (disse sem interesse)

- Temos que procurar algo pra fazer a noite. (o pior era que era verdade)

- É mesmo. Outro filme? (adicionei)

- Quem sabe James tenha um bom filme. (rebateu)

- Ok. Vou ligar pra ele.

Peguei meu celular e entre os poucos nomes da agenda achei James. Só foi preciso um toque.

- Alô? (uma voz perguntou)

- James, por favor. (pedi)

- Lamento, James está fora da cidade acampando com o pai na floresta, ele não te contou Adrian? (perguntou-me a senhora Wolf)

- Não. Tudo bem então. Tenha um ótimo dia senhora Wolf. (fui educado)

- Obrigado jovem. (ela desligou)

- Então o que teremos hoje? (perguntou Lucian curioso)

- James está acampando fora da cidade com o pai. (respondi-lhe)

- Acho que veremos filmes a noite toda. (lamentou)

- Você tem algum dever de casa? (perguntei idiotamente)

- Acho que sim. Mas não tem pressa já que estamos nas férias de primavera. Hoje é 20 de março esqueceu? (lembrou-me)

- Ah, é verdade. Três semanas sem aula. Precisamos viajar nem que seja pra uma cidade vizinha. (disse-lhe)

- Desde que você esteja comigo, tudo bem. (nossa união era patética)

- Ai Lucian, como seria minha vida sem você? (perguntei-lhe num desabafo)

- Posso contar um segredo? (perguntou-me com um sorriso espetacular)

- Fique a vontade. (encorajei-o)

- Eu te amo. (sorriu mais ainda)

- Grande novidade, eu também te amo. (disse em resposta)

Parecia uma brincadeira qualquer, mas era realmente um desabafo.

Ele pulou em cima de mim, no que me pareceu um abraço. Eu o abracei e voltamos ao normal.

- Vamos jantar num restaurante? (sugeri)

- Nessa tempestade eu não irei a lugar algum. (recusou a sugestão)

- Ok. Vamos fazer um chocolate quente? (sugeri novamente)

- Esta é definitivamente uma boa idéia. Eu estou morrendo de frio. (confessou-me)

- Vai tomar um banho quente. Aí você vem tomar o chocolate quando sair. (comandei)

- Ok. Volto logo. (concordou)

Ele saiu e eu desci pra cozinha, estava escuro e eu acendi as luzes, comecei a fazer o chocolate. A chuva batia bravamente na janela de vidro e quase não era possível ver as arvores do quintal, a neblina estava muito forte deixando uma única paisagem, o branco.

Enquanto mexia o chocolate ouvi o chuveiro ligar lá em cima, após alguns minutos quando terminei o chocolate escutei um barulho estrondoso lá em cima, em seguida saí correndo quase tropecei num degrau da escada, continuei a subir e invadi o quarto de Lucian.

- Lucian! (chamei preocupado)

- aqui. Ai. (sua voz fraca chamou de dentro do banheiro)

- Oh, o que foi? (apavorei-me)

Ele estava caído no chão do banheiro próximo a porta do banheiro sem roupa apenas com uma toalha cobrindo os genitais.

- Ai. Eu me senti fraco e caí. Foi de repente, uma tontura. (disse com a voz suplicando)

- Deixa eu te levantar. (disse me abaixando)

Eu o puxei e o levantei, a toalha caiu, mas ninguém deu à mínima, eu o apoiei em mim e o deixei desnudo em sua cama.

- Oh que droga, você está me vendo pelado. (resmungou)

- Para com isso, eu não to nem aí, você se sente melhor agora? (perguntei)

- Um pouco, garanto que se você me vestir ficarei melhor. (ele estava fraco e mesmo assim não perdia o humor)

- Ok. (fui ao closet)

Peguei umas roupas e vesti nele.

- Tente ficar de pé. (pedi)

- Posso tentar. (concordou)

Ele se levantou já vestido e estava caindo, mas eu o segurei.

- Você está muito quente. Deve ser febre. (notei)

Eu nunca tinha cuidado de um doente antes, mas como se tratava de meu irmão não seria tão difícil.

- estou com frio. (disse tremendo todo)

- Ok. Vou pegar lençóis. (peguei e o enrolei neles)

- Bem melhor. Obrigado. (agradeceu)

- Vou pegar o chocolate quente pra você se esquentar.

- ok. (disse-me esforçando-se)

Desci correndo e subi tropeçando em tudo.

- está aqui! (dei-lhe)

Ele tomou e me deu a caneca, eu a deixei por ali, ele disse que já se sentia melhor do choque térmico, mas eu o repreendi e o deixei de cama, fiquei no quarto dele assistindo TV com ele até que ele dormiu, eu saí e desliguei tudo bem cuidadoso pra não acordá-lo e fui pro meu quarto.

Despi-me ficando apenas de boxer e deitei-me, ainda preocupado com ele. A noite fria já não estava tão fria graças a meu aquecedor por isso me despi.

Já eram dez e trinta e seis da noite quando me deitei, eu dormi sem perceber e quando acordei eram dez e cinqüenta. Não havia nada estranho quando acordei no meio da noite até ouvir uma batida na minha porta.

- Lucian? (perguntei)

- Adrian me deixe dormir aí. (pediu)

Não sei o porquê disto, mas o deixei entrar, abri a porta ainda de cueca e ele nem pareceu se importar, ele entrou e se jogou na minha cama.

- Está um forno aqui. (notou o calor)

- é melhor assim que uma geladeira não acha? (brinquei)

- Sim, mas vou ter que me despir também. (disse-me tirando a camisa)

- tudo bem, somos jovens responsáveis. (brinquei)

Me passou pela cabeça o que as pessoas achariam de dois irmãos dormindo semi-nus na mesma cama com o mesmo lençol. Era engraçado.

- Ok. Eu me sinto melhor, apenas com sono. (disse enquanto ficou de pé pra tirar a calça)

- Durma bem. (falei sinceramente)

Nos deitamos um do lado do outro, ele me deu um abraço esquisito por baixo da coberta e disse num sussurro.

- Obrigado.

- Não há de quê. (ele voltou pro seu lado e dormiu)

Logo dormi, na manhã acordei com o brilho do sol no meu rosto, meu irmão ainda estava dormindo do meu lado, quase em cima de mim, eu me levantei cuidadosamente pra não acordá-lo e fui pro banheiro, escovei os dentes, tomei um banho, vesti uma bermuda e desci sem camisa mesmo.

O relógio do microondas indicava onze da manhã, o dia estava ensolarado e as flores das arvores começavam a desabrochar, peguei cereais e leite e deixei a mesa, como eu pensei logo depois de um tempinho meu irmão desceu ainda como acordou, só colocou uma calça.

- Também ta com calor? (perguntei)

- Sim, bom dia. (respondeu-me)

- Dormiu bem? (perguntei curioso)

- Perfeitamente. (riu)

- Como podia ser o contrário se você se agarrou em mim a noite toda. (rimos e ele olhou estranho)

- Desculpa não foi por querer. Não conta pra ninguém se não eu te mato. (ameaçou e eu ri)

- Ok ok. Por que o abraço ontem? (perguntei)

- Instinto, eu não quero ter vontade de te abraçar quando você não tiver por perto. (confessou)

- você sabe que não vou a lugar nenhum sem você. (lembrei-o)

- Ok. Mas só na dúvida. (disse)

Ele me abraçou de novo, muito forte sua pele quente tocou a minha e foi uma sensação estranha, era como se estivéssemos pressentindo algo, uma partida, eu retirei isso de minha mente e o abracei de novo.

- Você gosta tanto de mim. (refleti)

- É claro que sim. Eu não gosto de você, eu amo você, eu te adoro, eu te idolatro. Você sabe o que representa pra mim. Simplesmente tudo. (seus olhos estavam se enchendo)

- Temo que você se separe de mim, é bizarro, mas dói só de pensar em você longe de mim. (confessou)

- isso não vai acontecer. Abrace-me novamente. (pedi)

Permanecemos abraçados por uns cinco minutos, isso nos acalmava. Ele tentou disfarçar suas lágrimas, mas consegui percebê-las. Eu o afastei e segurei seu rosto, era patética a cena, mas era linda ao mesmo tempo, dois irmãos que se adoram assim não se vê todos os dias.

- O que você teme? (perguntei sem entender)

- É um pressentimento, você vai se distanciar mais cedo ou mais tarde, talvez no fim do ano, não sei explicar. Eu sinto. (explicou-me)

Eu continuei segurando seu rosto e olhando em seus olhos, uma lágrima caiu. Eu o abracei de novo.

- Isso não pode acontecer. Nós somos como siameses, não nos separamos pra nada. (reconfortei-o)

- Vamos parar com esse chororô e vamos comer.

(ele sugeriu pra minha surpresa)

- O dia está muito lindo hoje. Vamos dar uma volta. (afirmou, não era uma pergunta)

- Que tal irmos a agencia de viagens? (sugeri o melhor)

- é bom, escolheremos nosso destino? (concordou perguntando)

- É. Se nos agradar. Eu quero viajar até na terça-feira. (afirmei)

Eu não queria ficar em casa quando nossos pais estivessem. Era sábado, e dava tempo bastante pra escolher o destino e arrumar as coisas.

- Ok. Então terminando a refeição iremos. (concordou glorioso)

Terminamos de comer e subimos, ele foi pro quarto dele, fomos nos arrumar, não podemos ficar sem camisa em qualquer lugar.

Eu saí primeiro e gritei por ele. Ele veio em seguida, descemos à garagem, peguei meu Citroën c4 e saímos sem destino certo. Passamos por algumas agências de viagens durante o resto da manhã e não encontramos um lugar legal. Fomos a uma pizzaria e almoçamos lá, depois fomos à outra agência no centro da cidade e lá havia várias opções a considerar.

- Nova York, Vancouver, Seattle? Eu prefiro Vancouver. (atirei logo de primeira)

Eu não gosto do frio, mas meu irmão gosta e, além disso, Vancouver é perto o bastante pra voltar a tempo.

- Vancouver então. Mas nas feria de fim de ano iremos ao Brasil. Quero visitar outra America.

- Vamos de carro mesmo. São cinco horas e alguns minutos de viagem, e passaremos por varias cidades legais. (sugeriu)

- Então não precisaremos da agência mais. Vamos. (concordei como sempre)

Decidi parar em algum lugar da cidade, fazia um tempinho que só íamos à escola e pra nossa casa.

- Vamos pra casa. (pediu)

- Você está bem? (perguntei)

- Perfeitamente, só quero ir pra casa. (concluiu)

Eu o levei de volta, entramos em casa eram duas e cinco da tarde, Margareth estava em casa.

- Hey mãe. (a cumprimentou Lucian entusiasmado)

- Não me atrapalhe agora. Estou fazendo umas contas. (disse-lhe)

Eu não sei por que ele ainda insistia nisso, ela não dava a mínima importância para nós. Ele ficou emburrado e subiu pro quarto. Eu permaneci ali.

- Será que você não podia falar um “OI” pro seu filho Margareth. (resmunguei)

- Saia da minha frente, eu tenho mais com o que me preocupar. (respondeu-me)

Eu disse megera, baixinho e ela nem ouviu. Subi até meu quarto e tomei outro banho e de toalha amarrada na cintura me joguei na cama, estava um pouco cansado, mas era apenas o dia quente que me deixava preguiçoso.

- Adrian? (chamou-me Lucian)

- Oi Lucian entre. (disse-me enquanto me acordava)

- Nossa você nem se trocou ainda. Bem, olha só. Vamos viajar amanhã mesmo. (pediu)

- Tão rápido? (estranhei)

- Margareth disse que não vai pro restaurante amanhã e depois, não quero ficar em casa com ela aqui. (explicou com raiva)

- Ok. Então vá arrumar sua mala. Se tivermos sorte saímos ainda hoje. (mandei e ele saiu sem pensar novamente)

- Ei. Espera. Vou convidar James. Ele tem familiares por lá. (repentinamente me veio à cabeça que poderíamos ficar em uma casa dos familiares dele)

- Seria ótimo. (respondeu-me)

- Convide alguém. (pedi)

- Ok. Vou saber do Wade. (disse-me)

- Faz uns dois meses que você não fala com Wade. (lembrei-o)

- Talvez outro. Vou ver na minha lista. (corrigiu)

- Chame outro, mas traga o Wade também. É bom viajar em grupo. (pedi)

Ele saiu e não me respondeu. Ele e Wade brigaram há um tempo, por que Wade viajou sem avisá-lo. Wade é um bom rapaz, tem 17 anos estuda com Lucian, tem o mesmo porte físico que nós. Era diferente de Lucian em algumas coisas, mais alto alguns centímetros, um pouco mais musculoso que ele, sua pele era de um tom moreno muito claro quase branco, olhos castanhos claros. Lucian era menos musculoso que ele, olhos cor de Wisk, como os meus. pele branca como eu também. Nossa diferença era que eu era mais musculoso que Lucian também, mais alto alguns poucos centímetros, meu cabelo era todo bagunçado no topo e cortado baixinho ao redor da cabeça, Lucian tinha o cabelo no mesmo tom moreno-ruivo que o meu, mas seu corte era menos apropriado, cortado ao redor e uma franja enorme se formava do topo. Ele era menos organizado que eu.

Liguei pra James e ele havia voltado e adorou a idéia, liguei pra Wade, pois eu sabia que Lucian não ligaria. James também disse que ficaríamos na casa de seus pais. Concordei. Combinamos de nos encontrar em minha casa às dez da noite.

Às oito da noite meu celular tocou.

- Alô? (perguntei por não conhecer o numero)

- Sou eu. É numero novo. (disse James)

- Ah. E aí? (perguntei sem saber o que ele queria)

- Já está tudo combinado, sairemos as dez, chegaremos mais ou menos as três e alguns minutos ou quatro da manhã. Meu tio vai tá esperando agente no porto de Deep Cove. (informou-me)

- Porto? (perguntei surpreso)

- Ah, é. A casa de meus pais fica na floresta, pegaremos uma lancha até lá. A casa já está abastecida. Há varias distrações por lá. Trilhas, piscina entre outras. (explicou)

- Então é melhor do que pensei. Te vejo as dez. (despedi-me)

- Até lá. (desligou)

Às nove e meia já estava tudo pronto, Lucian estava na sala com uma mala e duas mochilas nunca usadas antes, eu desci com as minhas três mochilas, parecia um exagero para apenas três semanas, mas uma delas era apenas com comidas.

Capitulo 2

A Linda Vancouver

– Você ligou pro Wade? (perguntei sabendo a resposta)

- Na verdade sim. Ele disse que você já tinha ligado. (explicou)

- É eu não tinha certeza que você ia ligar. (me envergonhei)

- É claro. Às vezes suas preocupações me incomodam. (refletiu)

- Desculpe. Olha... (a campainha tocou)

Eu me levantei eram nove e quarenta e sete.

- Oh! Oi Wade, você foi o primeiro a chegar. Esperaremos James e iremos. (o recebi)

- Eu vim de ônibus, já que não precisaríamos do meu carro. (explicou a chegada antes)

- Faltam poucos minutos. Ele chegando agente vai embora. (expliquei)

Minha mãe desceu as escadas.

- Onde vocês estão indo? (perguntou fingindo interesse)

- Para a floresta perto da casa de James acampar. (disse Wade antes que eu pudesse pensar em algo pra inventar)

- Quanto tempo vão ficar por lá? (porque esse interesse?)

- Umas duas semanas, mas viremos pra casa de vez em quando. (disse Lucian pra minha surpresa)

- Tudo bem então. Cuidado na vida. (recomendou)

Lucian saiu sem prestar atenção nas palavras dela, ela foi pra cozinha. Estávamos na sala, eu e Wade.

- Wade, qual o motivo certo pra Lucian não gostar de você? (me intrometi)

- Bem, como você sabe naquele dia eu viajei e não tinha avisado a ele, Lucian nunca mais foi mesmo comigo desde então. Eu tentei me reaproximar, mas ele nem se importou, foi uma surpresa pra mim quando ouvi sua voz no meu telefone. (explicou aborrecido)

- Você ainda gosta dele? (perguntei)

- É claro, ele foi meu melhor amigo. Me dói não poder conversar com ele mais. (desabafou)

- E tudo por uma viagem. (continuei)

- Pois é. (concordou)

- Essa viagem vai ajudar vocês, ou piorar. (pensei nas duas hipóteses)

Ouvimos passos lá fora e então a campainha.

- Entre James. Desde quando você toca a campainha aqui? (perguntei brincando)

James não tocava a campainha, pois já era de casa, assim como eu não tocava na casa dele.

- É que fiquei dois dias sem vir aqui, então estranhei. Senti-me um invasor. (todos nós rimos)

- Então nem precisa entrar. Vamos embora logo. (apressei)

- Ok. Que bela recepção. (notou minha pressa)

Eu dei um abraço estranho nele como sempre fazia quando nos encontrávamos.

- Retiro o que eu disse. Vamos então. (brincou)

- Vamos Lucian! (gritei chamando)

Ele desceu e pegou suas coisas, eu peguei as minhas e levamos tudo pro carro de James que era mais espaçoso.

- Tem certeza que não quer que eu leve o meu carro também? (perguntei a James)

- Fique tranqüilo Adrian. Um carro é o bastante, com três motoristas, quando um dormir tem outro pra dirigir. (todos nós rimos com a piada que ninguém entendeu)

- ok. (entramos todos no seu novo Uno)

Wade e Lucian no banco de trás, eu no da frente e James dirigindo. Saímos antes das dez.

- Onde deixaremos o carro? (perguntou Wade)

- A balsa vai levá-lo pra lá também. Nós iremos de lancha. (explicou-nos)

- Quantos quartos há na sua casa? (perguntou Lucian pra nossa surpresa)

- Digamos que dois. Na casa mesmo apenas dois, tem um quartinho do meu tio que é o caseiro de lá. Mas a casa é bem espaçosa. Vocês vão gostar. (refletiu)

- Ok. Espero que sim. (disse Lucian)

Ele se virou pro vidro do carro e fechou os olhos, Wade fez o mesmo pro lado oposto, a noite estava com muita neblina, mas dava pra enxergar bem, não havia muito trânsito, apenas uns carros de vez em quando. Eu permaneci acordado pra garantir que James não dormisse ao volante, eu o distraí com lembranças das férias passadas, quando fomos à argentina.

- Você acha que os dois vão reconciliar a amizade? (James perguntou-me)

- Bem. Digamos que pode ser que sim. Lucian faz 16 anos em poucos dias, quem sabe esse seja um bom presente. (refletiu)

- Não sei como eu ficaria se você não quisesse mais ser meu melhor amigo. (pensei)

- Não tem como isso acontecer. (concluiu)

Passamos o resto da viagem conversando enquanto Wade e Lucian estavam dormindo no banco de trás.

Chegamos ao porto em Deep Cove pelas três e quarenta da manhã. Esperamos um pouco e logo deu pra enxergar faróis de dentro do mar.

James saiu e foi falar com o tio, falaram algumas coisas enquanto eu fiquei no carro.

- Vamos Adrian! Acorde os dorminhocos, nós vamos ter que ir de balsa mesmo. (então pra quê acordá-los)

- Não precisa acordá-los então. (falei educadamente)

- Precisamos deixar o carro vazio pra equilibrar. (explicou)

- Wade e Lucian acordem. Estamos indo pra balsa. (falei sem êxito)

James buzinou bem alto fazendo os dois pular.

- Nossa. (reclamaram)

- Anda logo gente. Eu quero ir pra casa dormir. (disse James)

Saímos do carro e fomos para o banco da balsa.

- Lucian você está dormindo em pé. (notei)

- O que é que eu posso fazer? (perguntou)

- Pode se apoiar em mim. Quando chegarmos eu te acordo. (ofereci meu ombro)

- Agradeço. (se deitou no meu ombro e apagou-se)

Do lado de Lucian estava James e do outro estava Wade na ponta.

- essa balsa é diferente. (notei)

- É especial. É como um barco comum, mas atrás só há lugares para carros e ainda assim tem esse banco. (explicou)

- Você já falou sobre essa casa, mas eu não sabia que ficava na floresta. (afirmei)

- Acho que me esqueci de mencionar essa parte. (se envergonhou)

Uns quinze minutos depois chegamos a entrada da casa dele. Havia algo como uma rampa especial para os carros saírem da balsa direto pra garagem.

James levantou-se e eu acordei Lucian.

- Não vai levar o carro? (perguntei quando ele já estava fora da balsa)

- Meu tio cuida disso. Vamos. (explicou novamente)

Saímos da balsa pelo gramado até a entrada da magnífica casa. Estava escuro, exceto pelos faróis do carro, havia uma área aberta no gramado com cadeiras especiais e com vista pro mar que mais parecia um lago.

Ele abriu a porta e acendeu as luzes de dentro e de fora. A casa era bem linda, a sala na entrada era espaçosa, tinha dois sofás brancos, uma poltrona na mesma cor, uma TV de LED enorme, um tapete de urso branco, entre outras coisas. Uma janela de vidro grande que dava para a floresta e um pedaço do mar. Uma escada tomava um espaço mais atrás que foi pra onde nos direcionamos.

Em cima havia uma sala com um computador alguns sofás uma mesa com bebidas, um lustre esplêndido, e quatro portas. Duas provavelmente eram dos quartos.

- Essas aqui são os quartos, aquela é o banheiro principal e a outra porta é a varanda aberta. (explicou-nos)

- Como nos dividiremos nos quartos? (perguntou James)

- Eu e James em um, Wade e Lucian em outro. (eu disse rapidamente)

- Ok. Vamos então. (disse James)

Lucian não gostou muito, mas não se opôs.

Entramos no quarto enorme. Tinha uma cama de casal, uma TV grande, um closet enorme e vazio, uma janela de vidro e uma porta que dava pro banheiro particular.

- Você acha que fez bem em deixá-los sozinhos? (perguntou James a mim)

- Talvez. Amanhã saberemos. (disse-lhe)

- Ok. Vamos dormir que amanhã o dia será longo. (disse-me enquanto tirava a camisa)

- Estou surpreso que esteja quente aqui. (disse a ele)

- É. A climatização aqui é excelente. (riu)

Deitou-se, eu tirei minha camisa e me deitei do lado dele.

Virei pro lado da janela, ele virou pro outro e dormimos.

Enquanto isso no outro quarto...

Maldita hora em que Adrian teve a idéia de me colocar em confinamento com Wade. Eu me tranquei no banheiro assim que entrei e fiquei por alguns minutos embaixo da água quente que quase me queimou. Saí do banheiro e procurei algo em minha mochila, enquanto isso ele foi pro banheiro.

Vesti-me, fiquei apenas de bermuda e me deitei virando pro lado e deixei o lençol na altura da cintura. Um tempo depois ele saiu e se vestiu. Ele vestiu uma regata grande e uma boxer e se deitou.

- Boa noite. (disse-me)

- Boa. (respondi amargamente)

Não houve mais palavras, o sol já estava começando a brotar então dormi antes que não conseguisse.

De manhã, ou melhor, ao meio dia quando acordei ouvi algum barulho lá de baixo. Wade ainda dormia. Escovei os dentes e desci. Passei pela sala da entrada indo pra de jantar e acabei na cozinha.

- O que estão fazendo? (perguntei ao Adrian e ao James)

- Tentando fazer panquecas. (explicou James)

- Como dormiu? (perguntou-me Adrian)

- Muito bem. (respondi-lhe)

- Me deixe fazer estas panquecas. Eu sei como prepará-las. (pedi)

Adrian deixou e James também, sentaram-se no balcão enquanto faziam planos para a tarde. O dia estava incrivelmente quente para o Canadá, o aquecimento global estava fazendo coisas improváveis acontecer.

Terminei as panquecas.

- Pronto. Aqui estão. (ofereci)

- Comemos aqui mesmo. Ou vocês querem a sala de jantar? (perguntou James)

- Aqui mesmo sem problema algum. (respondi)

- É. Aqui é melhor. (Adrian disse)

- Hum... Que cheiro maravilhoso. (notou Wade vindo da porta)

- Vamos comer na mesa à beira da piscina lá de trás? (perguntou James)

- Vamos. (todos nós concordamos)

A mesa da piscina era coberta e dava uma vista espetacular para a floresta.

- Essa casa é muito incrível. (disse Wade)

- É. É a minha preferida. (respondeu James)

- Vamos tomar banho de piscina hoje? (perguntei)

- Pensei em algo mais radical. Que tal banho de mar. Tem umas pedras na costa que dá pra pular de cima. (sugeri)

- Parece bom. Pra quem sabe nadar. (disse Wade envergonhado)

- Você não sabe? (perguntei no impulso da curiosidade)

- Eu nunca tomei banho em águas profundas. (explicou)

- Agente te segura. (disse Adrian)

- Deve ter algum colete salva vida por aqui. Alem disso tem umas bóias enormes na dispensa. (disse James)

Terminamos o café da manhã almoço e fomos tirar as roupas para tomar banho no mar.

No quarto eu dentro do banheiro vestindo uma sunga e do outro lado da porta Wade fazendo o mesmo. Eu bati na porta antes de sair.

- Já tá vestido? (perguntei)

- Não, mas pode entrar. (disse pra minha surpresa)

Eu saí e ele estava terminando de vestir a sunga.

- Nós somos homens, não há porque ter vergonha. (explicou-me)

- Acho que sim. Vamos? (perguntei)

- Sim vamos. Olha... (tentou começar, mas eu não o deixei terminar)

- Não vamos iniciar esse papo agora. (falei bruscamente)

Saí na frente e ele me seguiu.

Encontramos com James e Adrian na porta e descemos todos juntos. Pegamos duas bóias grandes e saímos pela trilha da floresta rodeando a casa e acabamos em cima de umas pedras um pouco altas na beira do mar. Joguei as bóias e fui o primeiro a me jogar. A água estava gelada e me fez sentir frio apesar do sol quente no centro do céu.

James veio em seguida e logo Adrian veio também.

- Vamos lá Wade. (disse James encorajando-o)

- Aí vou eu. (disse e pulou)

Eu instintivamente mergulhei atrás dele e o puxei pra cima.

- Obrigado. (agradeceu-me)

- suba na bóia pra não se afogar. (ajudei-o a subir)

Continuamos a nadar pela tarde até umas três horas. Depois nadamos até a rampa da balsa que ficava um pouquinho distante, eu puxei bóia com Wade em cima.

Saímos tremendo de frio.

- Foi divertido. (disse Adrian)

- Vamos logo antes que dê um resfriado. (chamei)

- Ok. Vamos. Tem um banheiro ali, eu vou pegar as toalhas e agente toma banho ali mesmo. (disse James)

Tinha um banheiro no quintal próximo a piscina, na verdade era um chuveirão e não um banheiro, nós tomamos banho como no vestiário da escola, todos juntos e pelados, revezando no chuveiro. Depois pegamos uma toalha cada e subimos pros quartos. Eu aderi o naturismo e me vesti no quarto na frente do Wade sem problema algum.

- Você acha que agora dá pra gente conversar? (perguntou-me vestindo o casaco)

- Tudo bem. Vamos pra varanda. (não queria, mas concordei)

A varanda era toda aberta apenas coberta no teto, mas não havia parede ali tinha dois sofás e uma mesinha de centro.

- Olha só. Você sabe que não foi a minha intenção. (disse-me com os olhos sinceros)

- Naquele dia tínhamos combinado de ir ao show e na hora que eu fui te buscar você estava em Washington visitando a família. O show que tínhamos marcado com três meses de antecedência. (doeu lembrar)

- eu estava devendo isso a minha família, a meus amigos de Washington. (explicou-me)

Fiquei sem fala, apenas movi a cabeça em negação.

- Qualquer pessoa deixaria um amigo pra ir ver a família. (refletiu)

- Eu não faria isso. (disse e fiquei olhando pra floresta)

- Não estamos falando de sua família Lucian, sua família não da a mínima pra você. (essa me atingiu no peito)

- Talvez eu não saiba o que é uma família. (falei e saí Dalí)

Deixei o sozinho, não fazia sentido aquela conversa, sempre que tentamos conversar eu me magoava. E principalmente se o assunto era família. Eu sabia o que era ter um irmão, mas não sabia o que era ter uma família. Percebi que o errado nessa história toda era eu mesmo, eu o crucifiquei porque não entendia o que a família significava pra ele. Eu ia pedir desculpa, mas eu queria esperar um pouco mais. Aproveitei a exaustão obtida durante a natação no mar e resolvi dormir um pouco mais.

Fiquei algum tempo pensando no meu irmão Jon, como seria pra ele ter vivido tanto tempo sem uma família, sem ao menos um irmão. Ele se tornou amargo pelo fato de ter sido expulso de casa e nós não termos feito nada.

Logo apaguei perdido em meus pensamentos.

Depois de termos nos trocado eu e James estávamos ansiosos para saber o resultado da conversa de Lucian e Wade. Estávamos assistindo um filme na enorme TV da sala de estar.

Wade desceu as escadas com uma cara aborrecida.

- O que foi Wade? (perguntei)

- Acho magoei ele ainda mais. (disse-me)

- Como assim? (perguntou James)

- Eu fui falar de família e estraguei tudo. (explicou)

- Acho que não. Eu não ouvi a conversa, mas se você falou de família eu acho que ele vai considerar. (acalmei-o)

- Vamos ver no que dá. (disse e sentou-se na poltrona)

Depois de um longo tempo em silencio.

- Parece que o clima está mudando. (disse James)

- É verdade, está ficando frio. (notei)

- James. Posso usar o computador? (perguntou Wade)

- É claro Wade, aproveitando dá uma olhada na previsão do tempo. (pediu Wade)

- Ok. (disse-nos)

- James eu vou ficar lá fora um pouco. (disse-lhe)

- Eu vou acabar o filme e depois vou lá. (disse-me)

Eu saí indo em direção ao gramado da frente de casa, sentei-me em um sofá de couro que havia lá e fiquei olhando o mar, o vento começando a bater no meu rosto. Era a paisagem perfeita, mar, floresta, cidade. Tudo num conjunto mesmo distantes um do outro. Veio-me a cabeça de mandar Jon vir pra cá. Se ele estivesse de férias ele viria. Eu sei que ele viria.

Peguei meu celular e disquei o numero, depois de três toques.

- Si? (perguntou uma voz encantadora)

- Sou eu Jon. (expliquei)

- Oh! Adrian. Que saudades irmão. Como você está? Faz mais de um mês que você não liga. (alegrou-se)

- Estamos bem Jon. Estamos em passando uns dias em Vancouver. (disse-lhe)

- Oh, que incrível. Você não vai adivinhar onde estou. (disse-me)

- Londres? (perguntei)

- Não. Eu também estou de férias. Estou e Montreal. (disse-me feliz)

- Oh irmão, eu queria tanto te ver. Venha pra cá. Estamos entre amigos. (convidei-o)

- É seguro? Tem certeza que Margareth não saberá? (duvidou)

- Claro que tenho. Vou te passar a localização. Você tem GPS? (perguntei)

- Sim. Estou com ele ligado, pode falar. (afirmou)

- Ok, coloque Canadá Deep Cove. (comandei)

- Já achei. Onde te encontro? (perguntou)

- vá para o porto de Deep Cove. Encontro-te lá em quanto tempo? (perguntei)

- Não posso ir imediatamente, mas talvez em seis horas? (perguntou)

- Tudo bem. (concordei)

- Eu te ligo quando chegar aí. Obrigado irmão. (agradeceu)

Ele desligou. Ele nunca tinha me atendido tão feliz. Tudo que ele precisa é matar a saudade que foi guardada durante dois anos.

Eu entrei correndo pra dizer a Lucian e topei com James na porta.

- Oh! James, o Jon virá nos visitar. Eu consegui. (pulamos de felicidade)

- Oh que bom! Adrian você vão matar a saudade dele. Que coisa ótima. (me deu um abraço)

Eu corri subi a escada na pressa e invadi o quarto que Lucian estava.

- Lucian! Acorde. Jon virá nos ver. (contei-lhe)

- Como? (perguntou atordoado)

- Ele está em Montreal e virá nos ver aqui. (a felicidade jorrava de mim)

- Ai meu Deus. (disse pulando da cama)

- Calma. Ele só virá em seis horas. (tranqüilizei-o)

- Ok. Eu preciso falar com Wade. (disse me surpreendendo)

Está bem. Mas vista uma camisa o tempo está mudando rápido de mais. (pedi)

- Ok, ok. (saiu procurando uma camisa)

- Vai brigar com ele de novo? (perguntei)

- Claro que não. Vou pedir desculpas pela injustiça. (disse-me)

Fiquei boquiaberto com as palavras dele. Ele até horas atrás não queria nem tocar no nome Wade e agora estava a fim de fazer as pazes.

- Como percebeu que era injustiça? (perguntei surpreso)

- Ele explicou que tinha que ver a família e eu entendi, eu não sabia o que era família. (explicou-me)

- Ok. Então vai antes que você mude de idéia. (encorajei-o)

Ele saiu correndo do quarto atrás de Wade.

Corri pela salinha de cima e Wade não estava lá, desci as escadas e passei pela sala num vulto. James estava desligando a TV.

- James. Você viu Wade? (perguntei sem fôlego)

- No gramado. Porque a pressa Lucian? (perguntou-me)

Eu nem ei ouvidos a ele, apenas corri até o sofá de couro onde ele estava sentado, Wade levou um susto quando me viu correndo em sua direção. Eu pulei em cima dele e dei-lhe um abração de urso bem forte. Ele não entendeu nada e ficou paralisado.

- Me desculpa Wade. Eu fui um tolo. (supliquei)

- Ok, mas me deixe respirar. (pediu sem fôlego)

Eu sentei-me do lado dele.

- Eu vi que eu estava errado. Por favor, me desculpa. (pedi de novo)

- Para com isso. Não há nada a perdoar. Fingiremos que nunca aconteceu. (disse compreensivo)

Eu o abracei de novo, não sei como consegui

Ficar longe dele por tanto tempo e por causa de uma besteira, minha vontade era de amassá-lo pra tirar qualquer ressentimento que ficasse.

- É tão bom tê-lo de volta. (suspirou)

- Se acostume, pois não vai se livrar de mim tão cedo. (disse-lhe)

- Vamos entrar. Eu não quero ficar encharcado. (disse-me direcionando a entrada de casa)

Eu não havia percebido estava começando a chover. Entramos e não havia ninguém em baixo, fomos ao primeiro andar, Adrian e James estavam no computador juntos fazendo uma pesquisa. Eu bisbilhotei atrás deles e eram sites das universidades.

- Vocês já sabem pra onde vão? (perguntou Wade)

- Estamos considerando Yale, Harvard, Oxford, Princeton, Stanford, Cambridge e Mcgil. (listou James)

- Hum... Só as melhores. (notou)

- Não podemos pensar pequeno e alem do mais temos tanto dinheiro. (disse James)

- Eu te falei que Pequim não está esquecido ok? (lembrou Adrian a James)

- Tá bem. Mas Harvard é o objetivo. (disse James)

- Não é um pouco cedo pra isso? (perguntei)

- Sim, mas queremos deixar tudo preparado. Minha mãe certamente não vai me querer em casa depois do próximo natal. (lembrou-me Adrian)

- É verdade. É uma pena que não possa ir. (lamentei)

- Não se preocupe. Eu e Adrian sempre viremos ver você e Wade. Nossa aliança não será destruída. (disse James)

- eu vou fazer um café, está ficando frio. (disse Wade)

- Eu te ajudo. (ofereci-me)

Descemos à cozinha e eu me sentei no balcão enquanto ele preparava o café.

- Você acha que eles vão se lembrar de nós? (perguntei a Wade de supetão)

- Bem, digamos que tudo é possível. Essas universidades pra onde eles estão planejando podem mudar o rumo deles. Mas como o James alou, mesmo que ela nos

E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 03/08/2010
Reeditado em 14/01/2011
Código do texto: T2416299
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