1°Capitulo do meu Livro - Edward Drake e as Ruinas do Sol

PRÓLOGO

O planeta Terra, um planeta insignificante nos parâmetros da economia universal, não chega nem a ser um planeta registrado. As poucas informações sobre esse planeta no universo estão em uma anotação em um caderno no fundo de uma biblioteca velha no fundo de um beco de uma cidade no interior do planeta Ulates. Para os poucos seres que escreveram a anotação a Terra é um planeta relativamente pequeno com seres inferiores que não tiveram a capacidade de desenvolver uma tecnologia convincente em 4,5 bilhões de anos. Por causa dessa incapacidade tecnológica, muitos terráqueos nunca tiveram a oportunidade de realmente conhecer o espaço, fazer compras no Aglomerado de Abel ou curtir a noite na Grande Nuvem de Magalhães.

Seus habitantes, seres entediantes e ignorantes, vivem uma vida óbvia e previsível, suas maiores ambições são conseguir comprar uma máquina locomotiva que nem ao menos pode voar.

Mas enquanto esses pobres terráqueos curtem suas vidas normais, com suas máquinas locomotivas não voadoras, normais, duas mil naves colonizadoras do planeta COROT 7b planam há um ano luz dela.

- CAPÍTULO UM -

O garoto dos olhos vermelhos

Minimercado Europa. Era o que dizia as letras pichadas no topo do de um muro. Esse muro fazia parte de uma pequena construção, com paredes cor de um azul sujo, como se nunca tivessem sido limpas. Dentro se viam apenas três pequenas fileiras de estantes empilhadas de produtos, a maioria destes desorganizados, alguns provavelmente vencidos.

No caixa, um homem gordo com poucos cabelos e uma expressão ranzinza roncava na frente de uma pequena TV, que passava um reality show em uma péssima sintonia.

A única pessoa além do homem gordo dentro do minimercado era um garoto no final do corredor três. O garoto estava virado para prateleiras como se quisesse esconder o que estava fazendo. Brilhando no reflexo da prateleira de metal podia-se ver que seus olhos estavam estreitos como se tivesse tentando ler algo. Os olhos do garoto eram vermelhos, não um tom de vermelho qualquer, mas um que lembrava fogo vivo, algo incomum no planeta Terra.

Ele mexia rápido na prateleira e depois na camisa. Quando parou por um momento, olhou apreensivo para os lados e acabou por fixar seu olhar no caixa dorminhoco, com um sorriso malicioso voltou aos movimentos repetidos. O sorriso se desfez mais rápido do que se formou quando um ronco relativamente alto do gordo do caixa ecoou no minimercado inteiro.

O garoto pulou de susto, teve que se segurar para não derrubar o que escondia na camisa. Depois de se recompor, decidiu que já era hora de sair. Em passos lentos e cuidadosos moveu-se em direção à saída. Provavelmente, teria conseguido sair sem acordar o caixa dorminhoco se não fosse um barulho ensurdecedor, acompanhado do barulho do caixa caindo da cadeira, que estremeceu todo mercado, derrubando várias latinhas de refrigerante vencidas.

O garoto não pensou duas vezes, como um corredor que dispara com o apito, começou a correr sem nem ameaçar olhar de volta para o minimercado. Da porta podia se ouvir o caixa agora acordado, mexendo o punho raivosamente e berrando:

- Edward Drake, seu ladrãozinho de merda.

Edward só parou de correr quando estava uns quatro quarteirões do mercado, ofegante, encostou-se à parede para recuperar o ar. Agora mais relaxado, sorriu vitorioso, abriu seu moletom repleto de refrigerantes e salgadinhos que acabara de roubar e se serviu animadamente. Mais um roubo com sucesso, pensou se orgulhando do seu feito.

Edward passou um tempo ali sentado comendo quando percebeu que estava escurecendo resolver voltar para casa. Seguiu seu caminho pela avenida, as lojas já estavam se fechando, seus donos agora em suas portas, olhavam para Edward com caras bravas. O dono de um bar chegou a ameaçá-lo mostrando os punhos. Edward decidiu que aquele seria o lugar onde faria seu próximo roubo.

Por mais calmo que ele aparentasse enquanto seguia seu caminho, estava se remoendo de raiva, aqueles donos de lojas só o acusavam. A maioria dos roubos na região era obra de gangues de delinquentes e não de Edward, mas ele sempre levava a culpa. Provavelmente por ser o mais bonzinho, afinal não roubava dinheiro, não ameaçava os donos das lojas, e não andava em grupo, desse modo era o alvo mais fácil de acusações. E o que Edward podia fazer? Não podia negar que não roubava e para quem reclamaria das injustiças? A polícia, com certeza, não ligava a mínima.

Os pensamentos de Edward foram interrompidos por uma conversa. Em um bar, cujo letreiro estava escrito bar do Zé, Edward teve a expressão de ouvir seu nome, e claro parou para ouvir.

Parecia haver dois homens conversando, Edward reconheceu um deles, era João, o gordo dono do minimercado Europa, já o outro, Edward não fazia a mínima idéia de quem era.

- Aquele Ed... Ed.. Eduade. Ah não consigo pronunciar seu nome – Falou uma voz de João, à beira de um ataque de nervos – Quem em santa consciência usa um nome desses no Brasil?

- A família dele é britânica, seus pais vieram para cá quando o garoto era pequeno. – A segunda voz era mais suave, mas determinada.

- Andou pesquisando sobre ele não é? Afinal, faz parte de seu trabalho! Mas deve ser fácil conseguir informação sobre esse delinquentezinho, nunca vi um garoto tão famoso na região. Mas conseguir tudo isso em menos de uma hora é impressionante.

- Eu tenho meus meios.

- E então quando começa seu trabalho?

- Amanhã.

- Ótimo, mas não se esqueça, não é para machucá-lo, é só para dar um susto, quem sabe assim ele aprende a não roubar dos outros.

- Sem problema.

Edward não ouviu mais nada, a conversa aparentemente havia acabado. Teve que segurar o impulso para não entrar no bar e tirar satisfação, estava sendo alvo de novo. Só tinha roubado alguns salgadinhos e umas latinhas de refrigerante, uma gangue mesmo tinha roubado muito dinheiro do dono do minimercado antes de Edward entrar lá, mas quem recebia a culpa era ele.

Deu as costas para o bar e foi andando em direção a sua casa, não estava muito abalado com a notícia de que ia ter que enfrentar um adulto, provavelmente bom de luta, estava mais estressado por ser o alvo daqueles idiotas, mas ia mostrar a eles, amanhã, quando aquele idiota viesse, ele iria fazê-lo levar um susto, prometeu Edward para si mesmo.

O caminho para casa dele era longo, por isso Edward sempre pegava atalhos pelos becos. Agora mesmo atravessava despreocupadamente um beco atrás do shopping que era todo pichado e com lixo espalhado pelos seus cantos, nele ainda podia se ver símbolos da antiga gangue que dominava aquele espaço há pouco tempo atrás. Edward foi o responsável pelo sumiço deles, depois que insistiram em ficar no seu caminho.

Ao continuar seu caminho no beco percebeu que o lugar tinha novos donos. Perto de uma pequena escadaria, também pichada, havia um grupo de grandalhões sentados como se fossem os donos da cidade. No meio deles, no degrau mais alto, havia um grandalhão mais forte e mais feio, de cabelos cinza com cara de pitbull, Pedro Silva, ou como era chamado pelos seus amigos, cachorro louco. Pedro era o líder daquela gangue, umas das mais influentes do bairro, ou seja, a que mais apanhava de Edward.

- Olha quem veio nos visitar – disse o Pedro levantando-se do degrau – O garoto dos olhos vermelhos.

Edward parou o encarando sem o menor sinal de medo ou preocupação. Sabia que o coitado estava fazendo um esforço enorme para não aparentar medo para seus subordinados, Edward não o culpava, tinha batido tanto nele que era admirável que não tivesse aprendido a lição

- Tudo bem Pedro – cumprimentou Edward – Estou vendo que mudaram de território.

- Esse é mais legal.

Edward olhou em volta, se esforçou, mas não conseguia fazer a mínima idéia de como um beco fedido, sujo, coberto por lixo podia ser de alguma forma legal.

- Então – disse Edward retomando a conversa – Vai me deixar passar ou vou ter que tirar você do caminho.

O sorriso de Pedro vacilou um pouco. Edward riu, lembrava da última vez que Pedro ficou em seu caminho, o coitado acabou com a cabeça entalada em um vaso sanitário.

- Estou esperando sua resposta.

Pedro estremeceu de novo, mas se recompôs.

- Você tem muita coragem em aparecer no meu território.

- Pedrinho, ameaças não vão levar a nada – disse Edward fazendo cara de cansaço. –Vamos logo com isso, quero chegar a tempo de assistir o jornal hoje.

Edward ficou observando Pedro perder a fala. Vendo que o oponente não se manifestava, continuou a provocação.

- Olha, eu sei que você está com medo, mas não pode recuar com todo seu bando atrás.

Pedro olhou bravo para Edward, mas com uma cara de concordância. Edward deu uma risada e continuou.

- Então, hoje, como estou com pena de você, vou usar apenas meu braço esquerdo.

Edward colocou a mão direita no bolso, olhou para Pedro e disse:

- Então vamos começar.

Pedro continuou parado como uma estátua, demonstrando raiva, provavelmente estava fazendo força para tomar a decisão certa.

- Vai chefe, pega ele.

Os subordinados começaram a berrar da escada, há uma distância segura de Edward. Os berros pareceram acordar Pedro, que começou a se mostrar mais disposto e confiante.

Edward estendeu a mão em direção a Pedro e fez o sinal de venha, ao melhor estilo filme de artes marciais.

A provocação foi o suficiente para começar a briga. Pedro avançou como um touro raivoso em direção a Edward que esperava descontraído, como se esperasse o troco de uma compra. No momento que Pedro chegou a um passo de distância, Edward tirou o corpo para lado, deixando apenas o pé na frente do grandalhão raivoso. Pedro tropeçou e caiu de cara no chão do beco, fazendo um barulho alto, com certeza devia ter machucado.

Edward começou a ter uma crise de risos, que só servia para irritar mais ainda seu oponente, ele podia fazer esforço para evitar brigas, mas achava muito divertido dar uma lição nesses grandalhões que se achavam donos do mundo.

Pedro levantou como um touro e avançou ainda mais raivosamente. Edward novamente esperou até o momento certo, quando foi se esquivar para os lados, percebeu que Pedro abrira os braços para impedi-lo de desviar, Edward rapidamente deu um pulo, pisou na coxa do Pedro logo em seguida no braço e escapou por cima do ataque. Pedro se assustou com aquele movimento inesperado, virou o rosto para trás no momento que um cano baixo pairava bem à frente de sua testa.

- Pow.

Pedro foi ao chão com a mão na cabeça, seus subordinados se esforçavam para não rir, já Edward estava achando difícil parar de rir.

Edward ao ver Pedro se levantar, começou a sapatear como um boxeador ameaçava ao avançar e ria toda vez que Pedro tropeçava nas próprias pernas quando Edward dava um passo na direção dele.

- Que foi Pedrinho está com medo do Edward malvado.

- Cale a boca.

Pedro observava Edward com um ar amedrontado, de tal modo que preferiu avançar lentamente a disparar sem rumo. Edward percebendo a evolução no oponente fez um –Oh- sarcástico de surpresa.

- Está aprendendo lutar.

Edward levantou o braço na direção de Pedro e fez sinal para este vir. Percebendo que Pedro estava muito amedrontado para avançar Edward resolveu fazer as honras.

Com apenas um passo aproximou-se de Pedro, este tentou acertá-lo com um soco, mas Edward era mais rápido, abaixou-se e deu dois socos com a mão esquerda na barriga de Pedro e um último no queixo para finalizar a luta.

Pedro caiu no chão. Nocaute.

Edward se virou para os outros grandalhões que evitaram seu olhar, então ele resolveu continuar seu caminho para casa. Ao final do beco, começou a ouvir os berros dos valentões.

- Ele é o diabo.

- É olha seus olhos vermelhos.

-Vamos fugir o cara é um monstro.

Edward, parou um momento, chegou a pensar em ir atrás deles, mas estava sem vontade, toda a raiva de ser alvo dos donos de lojas voltou. Monstro, repetiu mentalmente. Olhou um momento diretamente para o sol que se punha, sempre gostava de olhar o astro quando estava se sentindo mal. Sabia que a maioria das pessoas não conseguia fazer isso, mas ele podia, a maioria das pessoas nunca saberia como realmente era belo o sol.

O resto do caminho foi relativamente tranquilo, apenas uma situação com um garoto que fez a triste tentativa de roubar Edward, o garoto acabou com o nariz quebrado.

Virando a esquina, Edward chegou a uma rua bem iluminada, cercada de casas bonitas, construções simples, mas bem cuidadas. Apenas a casa do número 21, com portões cor de tijolo, aparentava sujeira e descuido, apesar de ser umas das melhores construções da rua. Edward caminhou exatamente para essa casa.

Ao lado da número 22, havia uma menina parada à porta. Edward a reconheceu, era sua vizinha, nunca tinha conversado com ela, não fazia a mínima idéia de qual era o nome dela, só sabia que ela era sua vizinha.

Ela era uma menina muito bonita, de tirar o fôlego, devia ter a mesma idade que ele, tinha cabelos ondulados e loiros que caiam sobre seus ombros.

Ela virou-se e olhou para Edward e deu um sorriso. Edward surpreso tentou acenar de volta apressadamente, mas só acabou por derrubar o chaveiro no chão. Atrapalhado, olhou de novo para a menina, ela riu de novo graciosamente, acenou para Edward e sumiu pela porta da casa dela.

Edward ficou ainda um tempo lá acenando que nem bobo, até que se ligou, pegou o chaveiro do chão, abriu o portão cor de tijolo logo em seguida a porta de madeira e, por fim, entrou na casa, ainda sorrindo.

O interior da casa era bonito, não muito luxuoso, seria de aparência confortável e hospitaleira, se não fosse pela mesma sujeira que infestava toda a casa.

- Pai cheguei.

Nenhuma reposta veio. Edward deduziu que seu pai estava no escritório, ficava lá por dias sem dar o mínimo sinal de vida, provavelmente estudando, pensava Edward, afinal seu pai era um físico, devia estar tentando concluir alguma pesquisa.

Edward caminhou até a porta do escritório, deu duas batidas fortes.

- Pai cheguei – gritou para porta – Quer alguma coisa para comer?

Depois de alguns minutos de silêncio uma resposta veio pela porta.

- Já comi. Preciso estudar.

A voz que respondeu era fraca e desanimada, como se viesse de alguém cansado da vida. Edward obviamente estava preocupado com seu pai, nos últimos anos, ele estava cada vez mais se isolando em seu escritório, mais exatamente há dois anos.

Edward olhou tristemente para porta, virou a costa e foi para cozinha. Mexeu na geladeira, nos armários e por fim pegou um pão no saco em cima da mesa, um refrigerante na geladeira, e foi se acomodar na sala junto a TV.

Nada melhor que assistir TV enquanto se está comendo. Seu pai provavelmente não gostaria que ele comesse em cima do seu sofá estofado amarelo, tinha custado muito esforço para comprá-lo, mas como seu pai não saia do escritório, Edward não ligava a mínima para as regras dele.

Pegou o controle e ligou da TV. 20 horas, horário do jornal nacional, Edward gostava de ver jornal, sempre é bom se manter informado, era o que ele pensava.

A música da entrada parou e os âncoras se apresentaram com seu costumeiro boa noite, Edward assistiu as primeiras notícias; enormes filas nos hospitais públicos, roubo na casa de uma senhora chamada Maria Magalhões, e os gols do jogo de futebol.

Logo após os intervalos, o jornal retornou com uma notícia de acidente de carro, um repórter velho, obviamente com uma peruca marrom, narrava o acontecimento. Aparentemente, um motorista embriagado, dirigindo um carro prata, invadiu a pista contrária na rodovia e bateu de frente em um carro com uma família, todos morreram. O motorista bêbado fugiu.

Edward desviou o olhar da TV quando a cena dos carros batidos entrou, sentiu um ódio remoendo seu estômago, queria ir atrás do bêbado e ensinar para ele a respeitar mais a vida das pessoas. Infelizmente ele não podia fazer nada.

Na verdade, essa reação em Edward era devido a um trauma em relação a batidas de carro, principalmente envolvendo motoristas embriagados. Sua mãe morreu em um acidente de carro exatamente devido ao erro de um motorista embriagado.

Parou para pensar tristemente, já fazia dois anos desde o falecimento de sua mãe, ela era o pilar da família, sua falta mudara radicalmente a vida dele e o tornara um marginal. Um dia era um garoto normal de classe média, no outro, um delinquente sem futuro.

Seus pensamentos foram interrompidos por outra notícia, Edward virou o rosto para assistir a um repórter de topete oleoso anunciar o acontecimento:

“No começo da tarde de hoje, pôde-se ver estranhos riscos prateados nos céus do mundo inteiro, a população mundial se mostra intrigada, alguns movimentos religiosos radicais anunciam o fim do mundo. Os cientistas descrevem esses riscos como mudanças incomuns na atmosfera, apresentam a tese de que devido à alta emissão de poluentes ocorreu uma mudança química na atmosfera, ainda não temos informações se essas mudanças realmente podem causar algum mal à saúde mundial”.

Todo esse estardalhaço por risquinhos, isso tudo é culpa desses apresentadores sensacionalistas, pensou Edward.

A notícia mudou, uma repórter com uma aparência de anêmica, com cabelos curtos, entrevista uma senhora com ar humilde.

“Ainda na tarde de hoje, ouvimos estranhos barulhos ecoando em diversas partes do mundo. Diversas pessoas alegam terem ouvido o forte barulho enquanto outras na mesma localidade não notaram nada. Aqui estamos com a senhora Aparecida dos Santos que alega ter ouvido.”

Edward se lembrou do barulho no minimercado, realmente aquele barulho era alto e estranho, além de ter rodado quase o bairro inteiro e não ter visto nada incomum.

Edward se levantou para levar o prato e o copo para a cozinha, quando deparou com a figura de seu pai parado na porta da sala. O susto o fez derrubar o copo, espalhando vários cacos pela sala.

Ele olhou mais atentamente para o pai, que realmente estava com uma aparência horrível, via-se olheiras espessas debaixo dos seus olhos pretos, seu cabelo, antes preto, estava mais grisalho que nunca, além da expressão assustada e surpresa em direção a TV.

Edward hesitou mais resolveu quebrar o silêncio:

- Ah, ahn... Pai... algum problema?

O Pai de Edward não respondeu imediatamente, continuou olhando para TV até a reportagem a acabar, tossiu e respondeu ao filho:

- Do que as notícias estavam falando?

- Ah, tinham várias, teve um roubo na casa de uma tal Maria Magalhães.

- Não. Algumas notícias eram incomuns. Quais foram?

Edward observou o pai preocupado, há semanas não se viam e, agora, que estava tendo sua maior conversa em anos, ele parecia realmente perturbado.

- Teve uma de uns risquinhos no céu do mundo inteiro.

- Risquinhos?

- É. Os cientistas estavam falando que é culpa dos poluentes, sabe?! Todas aqueles frescuras de gás carbônico e efeito estufa.

- Certo e a outra?

- Ah... parece que houve uns barulhos estranhos ao redor do mundo.

Edward observou seu pai, aparentemente essa notícia o deixou mais perturbado.

- Você ouviu o barulho? – perguntou o pai de Edward.

- Sim. Quando eu estava rou..., quer dizer, comprando algumas coisinhas no minimercado.

O pai de Edward se virou, andou de um lado para o outro na sala. Finalmente, parou.

- Edward, vá dormir! Amanhã, você tem aula.

- Não vou dormir agora! – Protestou Edward. – Além disso estou cansado de escola, já não vou faz semanas.

- Eu disse para ir dormir!

A última frase soou tão imponente que Edward não teve coragem de contrariar. Apenas foi obedientemente para a cama. Chegou à porta do quarto, deu uma última olhada para o pai, que agora se sentava na poltrona amarela, obviamente mergulhado em pensamentos.

Edward fechou a porta com força, fazia dias seu pai não conversava com ele e quando finalmente resolveu aparecer, age como um louco mandão. Ele perdeu muito tempo, agora sou eu que faço minhas regras, pensou Edward.

Deitou-se na cama com a cabeça cheia, pensava em quem João contratou para pegá-lo. Pensou nos deliquentes idiotas, em seu pai agindo de forma estranha, no final, olhou para cabeceira da cama, onde tinha uma foto de sua mãe, estava muito bonita como sempre fora, com seu cabelo preto ondulado e seus olhos verdes. Um verde que lembrava a natureza. Por um momento, sorriu e acabou dormindo.

Augusto Ferreira
Enviado por Augusto Ferreira em 13/02/2011
Reeditado em 15/02/2011
Código do texto: T2790105
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