American Idol - EPISÓDIO 14

EPISÓDIO 14

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Diário de Calvin Harris – Página 35

Não posso falar muito, pois tenho que me aquecer junto com os outros candidatos, estou no banheiro, pois não podia deixar de registrar esse momento aqui no diário. Eu vislumbrei de longe alguns dos quatro jurados, entre eles Steven Tyler e Jennifer Lopez. Estou tão nervoso que é bem capaz da minha voz travar.

Calvin Harris (nove horas) 07 de Julho, Estúdios Fox. – CA

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Então saí correndo do banheiro e nos bastidores um profissional nos juntou e começou a dar dicas e nos aquecer.

— Meu nome é Michael, eu sou o apresentador do programa. É o seguinte, vocês podem estar nervosos por que há grandes personalidades no júri, mas não deixem que esse nervosismo atrapalhe no desempenho. Se descontraiam, não fiquem parados num canto, não cruzem os braços nem foquem apenas nos jurados. Vocês estão aqui para agradar a eles, não para bajulá-los. A platéia tem grande influência no programa, mas só a partir da sexta fase é que a platéia estará junto conosco no outro estúdio. Lembrem-se do que eu falei. Agora vamos relaxar os músculos e estalar todos os ossos!

Fizemos o exercício de aquecimento, eu tomei mais um gole de pinga (escondido é claro) e depois ficamos sentados nos bastidores em fila esperando tudo estar certo para começarmos.

— Oi, eu sou Tessa. — uma garota me cumprimentou, talvez ainda houvesse concorrentes legais que não fossem egoístas.

— Eu sou Calvin. — apertamos nossas mãos.

Negra de olhos castanhos, cabelos cacheados num semi-balck-power.

— De onde você é Calvin?

— Eu sou de New York, e você? — questionei, deve haver pessoas de vários lugares diferentes aqui.

— Eu sou de Washington, o Cooper é daqui mesmo, Mary da

Flórida e Stefan de Louisiana. Nós nos conhecemos hoje. — disse Tessa.

— Oi gente. — cumprimentei-os.

Recebi respostas calorosas, mas os outros que estavam de fora da conversa se irritaram.

— Vocês querem calar a boca? Estão atrapalhando nossa concentração. — disse um homem cujo crachá estava o nome Tommy.

— Tão previsível. — comentei.

Cooper e Stefan riram comigo, as meninas ficaram mais tensas. No

primeiro dia ninguém quer criar caso com concorrentes. É muito mais sábio fazer aliados, o American Idol não é aquela perfeição que as pessoas vêem na TV. Há muito mais nos bastidores, acabo de perceber.

— Se a gente chegar até a sexta fase... Vamos dividir um quarto nós três? Eu vou com a cara de vocês e os outros concorrentes não são confiáveis. — disse Stefan.

Ele possui um estilo preto no branco, provavelmente tem uns vinte anos.

— Como assim dividir um quarto? — perguntei confuso.

— Desinformado. A partir da sexta fase, que é onde o jogo realmente começa, os concorrentes são confinados no hotel, três pessoas (do mesmo sexo) por quarto. Eu vou ficar com Tessa e Ashley, apesar de achar que essa última não passará da dessa fase. Demos são ótimas, por que o Autotune é mágico, mas ao vivo são outros quinhentos. — disse Mary, com seu jeito punk.

— Então combinado Stefan, se chegarmos lá juntos, vamos dividir um quarto com o Cooper, se é que podemos escolher...

— Vamos ver quem cometeu a maior loucura para estar aqui. — Cooper anunciou. — Você Mary, o que fez? — perguntou.

— Larguei minha família e meu namorado na Flórida para tentar a sorte. Passo a bola pra você Tessa. — disse tristonha.

— Eu não cometi nenhuma loucura, me preparei desde as três edições anteriores. Acho que sou uma forte concorrente. E você Cooper? — Tessa exalava autoconfiança.

— Eu briguei com minha mãe viúva. Não gosto de falar nisso, Stefan?

— Larguei uma orquestra, quebrei meu violino e decidi cantar, já que nunca fui aceito como cantor na orquestra onde toquei desde o colegial. Cansei de ser um pingüim sem graça. — justificou-se, apesar de ter deixado seus trajes formais, ele ainda parecia um pingüim. — Calvin? — chamou-me.

— Eu humilhei o meu patrão que vivia me escravizando, mostrei aos meus colegas de trabalho que eu sou forte e que ninguém se mete comigo. Pedi demissão e saí correndo para me inscrever, depois gravei as demonstrações com um cara do subúrbio, amigo de um amigo meu, daí fui aceito e vim com o mesmo amigo para Los Angeles, tentar a sorte, desafiar a mim mesmo. É sempre bom. — contei.

Eles ficaram boquiabertos.

Não entendi por que, mas Mary me abraçou como se sentisse pena. Stefan apertou minha mão e disse que eu podia contar com ele. Cooper apertou minhas mãos também.

— Te desejo boa sorte amigo. Muita sorte, você merece estar aqui mais que qualquer um. — disse-me ele.

— Nós merecemos. — o corrigi.

Depois das tagarelices, o primeiro candidato foi chamado por Steven Tyler. E ele cantou bem, os outros candidatos ficaram observando à espreita, eu não me preocupei em ver os outros candidatos, continuei sentado esperando ser chamado.

Até acabar ia demorar muito, são cem candidatos e desses cem, vinte serão desclassificados hoje.

Que Deus esteja ao meu favor.

Michael, o apresentador falava com todos, um a um, antes e depois de se apresentarem, quando chegou minha vez, fiquei ansioso, mas segui seu conselho, concentrei meu nervosismo nos meus dedos e não na minha voz ou movimentos.

— Então Calvin Harris, o que você acha de ser julgado pela belíssima e intimidadora Jennifer Lopez? — perguntou-me antes de entrar.

— Tenso...

— Vai lá garoto, agora você vai saber o que é o American Idol.

Entrei no palco trêmulo, mas mantive meus olhos focados e calmos. O banco do júri ficava bem de frente e havia câmeras e luzes por todos os lados.

— Olá, Calvin não é? — disse Tim Diouf, um dos três jurados.

Assenti.

— Está preparado Calvin? — Perguntou J Lo com seu sotaque latino.

— Pronto, porém nervoso. — falei firmemente.

— Faz parte do espetáculo. — Steven piscou para mim.

Michael tomou a frente e anunciou.

— Então, diretamente do American Idol, Calvin Harris pra vocês de casa!

A melodia ecoou de todos os lados, a acústica perfeita. Então fechei os olhos e tentei parecer à vontade no palco, comecei a cantar como se fosse o último dia da minha vida e juro que vi os jurados arregalar os olhos diante de mim.

Abri os braços no refrão de Paradise como se estivesse realmente em um paraíso, a pinga ajudou bastante para não me fazer pigarrear, limpou minha garganta de uma forma que eu nunca imaginei ser possível.

Fechei os olhos no momento de êxtase e fiz minha performance não ensaiada de uma forma agradável e não bajuladora, nem exagerada.

Foquei meu olhar no fundo do estúdio, numa das muitas câmeras de HD, e terminei a canção me esforçando para manter a afinação e finalmente terminei.

Tim Diouf me aplaudiu de pé.

— Não precisa nem me perguntar Michael, ele está dentro com certeza! — disse Tim. Michael passou um braço por meus ombros descontraidamente.

— Você é bom hein garoto! Jennifer Lopez, minha diva. A palavra é toda sua.

— Calvin, eu acho que você é bom, tem muito a aprender ainda, mas seu desempenho no palco, seu esforço para não desafinar, vejo que você nasceu para isso. Meu voto é sim!

Pensei que levaria um não. Curvei-me em agradecimento e ouvi meus colegas conhecidos há pouco festejando por mim nos bastidores.

— Steven Tyler, nosso mestre! — disse Michael, ele me deu um beliscão que não entendi bem o que significava.

— Calvin Harris, bem comum, mas acho que ainda vamos ouvir falar muito nesse nome. Eu vou te dar uma chance garoto. — disse ele com sua boca imensa.

Eu sorri e fui ao banco de júris, apertei as mãos de cada um e voltei pros bastidores. Cooper, Mary, Stefan e Tessa me receberam com pulos e gritos, que foram calados por uma bronca do diretor.

Então Michael veio de novo.

— Então Calvin, como acha que foi?

— Foi incrível! Eu posso não chegar até o fim, mas chegar aqui já é uma vitória. Tomara que dê tudo certo. — comentei.

Minha testa suando fria.

— Esse é o nosso Calvin Harris diretamente do American Idol!

Michael saiu de volta ao palco e chamou o próximo concorrente. O dia foi passando lentamente enquanto um a um entrava e saía do palco, almoçamos nos bastidores mesmo, até que restavam três candidatos e um a ser desclassificado. Entre eles estava Stefan.

Cooper, Mary, Tessa e eu ficamos na torcida com os dedos cruzados e espiando de lá, mas uma garota e um garoto voltaram aos bastidores e Stefan saiu pela porta dos desclassificados, então...

— É o primeiro que perdemos... — comentei triste.

Tessa chorou.

— E nós nem temos o número dele. — Mary lamentou.

Deixei de ser um completo bruto e chorei também, junto com elas, mas Cooper ficou do meu lado, chorando também. Consolamos um ao outro.

— Por isso que eu sou previsível. Não dá pra manter relações aqui, por que cedo ou tarde a pessoa a quem você se apega vai embora. — disse Tommy, o otário previsível de antes. Ele tinha razão, mas já tínhamos criado uma aliança aqui.

Michel chamou os oitenta sobreviventes ao palco de uma só vez e nós ouvimos os conselhos e as palavras de apoio dos jurados. Eles explicaram que estamos aqui para realizar um sonho e não para fazermos amizades. Isso é triste, por que é da natureza humana nos relacionarmos com os nossos iguais em quaisquer circunstâncias.

Ganhamos novos números de identificação, fiquei com o sessenta e dois e por coincidência, Cooper ficou com o sessenta e um.

— Eu sei que corremos o risco de que essa possível amizade que iniciamos hoje seja interrompida pela desclassificação no futuro, mas eu quero manter contato com vocês. — falei para nosso grupinho.

Todos concordaram, então trocamos números e logo eu tinha mais três amigos na minha lista telefônica. Fomos informados, por fim, que a próxima audição será na próxima sexta-feira onze de julho. Ou seja, temos terça, quarta e quinta-feira para aproveitar a cidade. Quando saí, Logan estava a minha espera no lado de fora da guarita.

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E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 05/05/2012
Código do texto: T3650749
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