[Original] Ela me faz - Capítulo 9

Capítulo 9 - Aquele que semeia a paz também pode iniciar a discórdia

Meu primeiro pensamento ao acordar foi de que eu teria que pedir desculpas pra Isabel o quanto antes. No caminho do serviço liguei para o seu celular. A voz dela completamente grog de sono dividia-se com a emoção por minha ligação.

“Rafa, me perdoa por não ter sido uma boa amiga, eu nunca devia ter deixado vocês de lado, desde aquela época que não vou a...

Interrompi seu pedido de desculpas. Não é ela que tem que fazer isso.

- Isabel, calma, cala a boca. Deixa eu falar.

“Pode falar.”

- Me perdoa por ter te tratado daquele jeito. Você não merece. Nunca mereceu. Eu sei o que está acontecendo comigo e talvez você imagine, só não me peça pra falar isso. Não agora... Enfim. Você, eu e a Iasmin sempre fomos um trio e isso não vai acabar. Eu te amo muito, Bel.

“Bah!! Tu nem sabe o quanto eu estou chorona. Não me fala essas coisas...”

- É só a verdade. Fica tranquila, tá? Eu não quero perder a sua amizade...”

“Eu amo tu, Rafa. E sabes como eu sempre te vi como uma filha. Conversei com o Lennon, estamos pensando em comprar uma casa ou apartamento próximo à casa de vocês. Ele tá morrendo de saudades do irmão...”

- Bel, não quero que se sinta culpada e queira mudar pra cá por minha causa.

“Bah, não. Lennon não muda pra São Paulo nem se eu implorasse. Mas é bom ter uma casa aí, sinto falta de São Paulo.”

- Bom, tudo bem. E como você está?

“Eu estou bem, graças a Deus... Meio preocupada.”

- Com o que?

“Eu te conto depois! Estou morrendo de sono.”

- Vou aguardar.

“Te cuida viu? Amo você!!”

- Também amo você, Bel. Durma bem.

Finalizei a ligação com um sorriso no rosto e vi que no visor tinha uma sms de Fernando, abri e a li.

“Bom dia,

Não sei porque (juro que não mesmo) acordei pensando em você. Sei que mediante aos nossos sentimentos por outras pessoas, não vamos cair na bobagem de nos apaixonarmos, mas não posso mentir pra mim mesmo que te beijar me deixou com vontade de fazer isso de novo. Você entendeu, né? Espero que sim. Nem sei porque to mandando mensagem pra você tão cedo.

Bom trabalho, chata.”

Respondi na mesma hora.

“Bom dia!!

Acordou pensando em mim porque tá com saudades, Fê. Já tentou pensar assim? Gostei do beijo também e da sensação boa que seu abraço me dá. Eu não quero relacionamento, você também não. Mas eu gosto da sua presença. Do seu cheiro. De saber que tenho você...

To falando bonito, né?

Passa lá em casa mais tarde? Beijos”

E mais tarde, quando faltavam poucos minutos pro fim do meu expediente de trabalho, Lucas me mandou uma mensagem.

“Então tu achou que eu não entenderia a nossa noite juntos como um motivo pra não te esquecer?”

É claro que eu poderia ter respondido aquela mensagem à altura, da forma que o Lucas merece, mas simplesmente fiquei olhando o visor do celular fixamente, pensando em várias respostas e no fim não respondendo nada.

- E ainda preciso de um motivo pra ser odiada. – Bufei. – Eu só me meto em roubada mesmo!

(...)

E mais tarde, depois de uma aula monótona de idiomas, eu e Iasmin seguimos pra casa numa conversa leve e descontraída. Novamente o tema era a festa do Henrique.

- Ah, você teve até um rolo bacana com ele. – Lembrei, fazendo-a revirar os olhos. – Se não fosse a Kayra talvez virasse até paixão.

Ela riu, parecendo recordar de algo.

- Ele era até uma boa pessoa, mas ficou meio escroto depois que se juntou ao Conrado.

- O Conrado faz mal as pessoas. – Balancei a cabeça e dei um sorriso leve. – Você decidiu se vai a festa ou não?

- Essa sua curiosidade tá me deixando confusa, Rafaela. Você vai aprontar algo e quer que eu veja?

- Mais ou menos. Quero ter uma ideia se levarei um sermão caso eu faça alguma coisa. – Dei de ombros, fingindo inocência. Ela cerrou os olhos. – Talvez eu vá, nem sei também.

- Vou pensar. Você sabe que o Lucas vai, não é?

- Sim.

- E que levará a mala sem alça da Olívia.

- Sei também.

- Então tá, não quero reclamações sobre a presença dele, hein?

- Positivo, senhora.

Ela sorriu com cumplicidade.

- Vamos dizer que se você fizer algo com a Olívia talvez eu te cubra, talvez.

Trocamos um aperto de mão cúmplice.

- Vamos ver o que eu posso fazer.

Iasmin pode ser certinha, mas ela não se nega a entrar nas minhas aventuras. Senti uma ansiedade gostosa ao pensar na festa de amanhã. A ansiedade foi intensa, pois mal consegui dormir à noite.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 26/05/2014
Reeditado em 06/12/2020
Código do texto: T4820265
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