Mais que a Minha Própria Vida - Capítulo 11

Os dias contados que tínhamos das férias passaram tão rapidamente que, em um piscar de olhos, já chegava a época de efetuar matrícula e providenciar os meus materiais escolares para o segundo ano do Ensino Médio. Fazia quase três meses que eu não tinha nenhuma notícia de Connor. Era bom, de certa forma, pois ficara mais fácil me distrair com outras coisas. Não posso dizer que o superei, claro, pois quando você supera alguém não sonha com ela à noite, não se perde em pensamentos por ela e não lamenta por sua ausência. Entratanto, depois de tudo o que eu havia passado, tornava-se mais fácil me acostumar com a ideia de minha história com ela jamais seria da forma como eu almejava.

Sei que tive sorte de ter tido a oportunidade de tentar, ao menos tentar algo. E, considerando a falta de atenção que tivera durante todo o ano anterior, comparado aos nossos últimos encontros, eu não tinha o que reclamar. Mas ele havia ido embora e eu queria mais. Quando você prova a droga, você sente falta da sensação que ela provoca. Não é o que dizem? Connor sempre fora a minha droga.

Nos primeiros dias foi muito difícil. Prostrada em minha cama eu reconstituía o nosso último encontro centenas de vezes procurando por algo, qualquer coisa, que eu pudesse ter dito ou feito diferente que o fizesse ficar. Com o tempo fui parando de me culpar e pensava nele cada vez menos. Eu não mais pulava da cama e nem corria entusiasmada para atender o celular considerando a possibilidade de ser ele ( e por quê mesmo ele me ligaria?), eu não mais sonhava acordada com todos os momentos que poderíamos ter vivido caso ficássemos juntos (e estava começando a conseguir controlar também os meus sonhos noturnos), e a vontade inútil de perguntar à Ethan sobre ele diminuía cada vez mais.

Rachel continuava saindo com Ethan, apesar de nunca admitir que aquilo que ela chamava de 'passeio com o meu amigo' eram encontros com um garoto que gostava dela. E estava muito na cara que, mesmo que jamais dissesse com essas palavras, ela sentia o mesmo. Eu podia ver o brilho dos seus olhos quando estavam juntos. Mas ela preferia se enganar e continuar sofrendo pelo Brandon. De forma que eu fiquei meio que aliviada no dia em que a encontrei, em pleno desespero, anunciando que houvera um 'desastre'.

_ Que houve, Rachel?

_ O Ethan me beijou. - ela respondeu, com os olhos arregalados. Eu não pude deixar de rir.

_ Finalmente!

_Pare de rir Jenni!

_ O Ethan te beijou? Você fala como se tivesse acontecido contra a sua vontade. - ironizei.

_ Bem, foi meio estranho, eu meio que não pensei na hora. Eu só...

_ Deixou rolar?

_ Foi.

_ É assim que acontece quando a gente gosta de alguém.

_ Eu não gosto dele. E olha só quem fala. A expert em relacionamentos.

_ Sim, você gosta. E vou ignorar sua segunda consideração.

_ Mas e o...Brandon?

_ O que é que tem ele, meu Deus? Até parece que ele é seu namorado. Que ele tem alguma dominação sobre você. Isso porque vocês nem conversam! O Ethan é uma pessoa muito mais agradável do que ele. E ele gosta de você, Rach.

_ É que depois que ele viu a mim e ao Ethan juntos, ele ficou diferente.

_ Diferente como?

_ Bom. Ele começou a conversar comigo. Do nada. E ele tem sido muito legal comigo. Até das minhas piadas sem graça ele ri. E eu fico meio sem saber como agir quando ele tá perto.

_Talvez porque agora ele tenha percebido que, por você estar ficando com o amigo dele, você não vai dar em cima dele. Logo, ele pode ser seu amigo.

_ Ou talvez...

_ Talvez o quê, dona Rachel?

_ Talvez ele esteja com ciúmes.

_ E você vai magoar o Ethan logo agora? Não é hora de seguir em frente? O fato de precisar de que você fique com o amigo dele para ser percebida, não prova que o Brandon é só um idiota?

_ Não sei por que você o odeia tanto.

_ Eu não o odeio. Eu só conheço o tipo. Um romance com ele duraria uma semana. Até que ele te magoe e corra para os braços de outra.

_ Olha só quem fala. - ele murmurou, como se estivesse pensando alto. Não demorou para que eu percebesse o que ela estava supondo: era exatamente o que o Connor havia feito comigo. Era mesmo? Bem, eu não poderia provar que ele estava esperando por mim. Até porque nós estávamos brigados quando ele foi embora.

_ Isso foi cruel, Rachel.

_ Desculpa Jenni! Não foi isso que eu quis dizer! - ele se assustou consigo mesma, segurando-me pelos braços. - É que eu fico muito brava quando você fala mal do Brandon. E eu me sinto tão confusa. Não sei o que fazer.

_ Faça o que você quiser. - eu disse, irritada - Magoe o Ethan e fique com o Brandon. Mas depois não diga que eu avisei.

_ Desculpe... - ela murmurou outra vez.

_ Tanto faz. - sussurrei.

Caminhei, ainda brava, até o lado de fora da garagem onde a banda de Ethan treinava. Leah estava sentada na calçada com um fone de ouvido conectado ao celular, e cantando tão alto que mal percebeu quando me sentei ao lado dela.

_ Oi. - eu disse, puxando o fone de um de seus ouvidos.

_ Ei, não faça isso! Por que você não tá lá dentro?

_ Minha presença é tão desagradável?

_ Boba! - ela sorriu, sem graça. - Foi só uma pergunta. Por que tá brava?

_ A Rachel ás vezes diz umas coisas que machucam.

_ Normal. Minha irmã é uma idiota. - ela deu ombros.

_ Ei! Não fale assim dela.

_ Mas é verdade.

_ Não é.

_ Bem, tanto faz. De qualquer forma ela fez algo de bom para mim hoje. Agora que ela está de namorico com Ethan, e Ben acabou de se mudar para Leeds, quando sairmos todos juntos o Brandon estará sobrando. E aí que eu entro. - ela sorriu maliciosamente.

_ Isso não é legal.

_ Por que não?

_ Você vai magoar a sua irmã.

_ Ela está com o Ethan agora. Ela não pode ter todos os homens do mundo só pra ela não acha?

_ Mas Leah...

_Não tem mais. Não importa o que você disser. Eu vou ficar com o Brandon hoje nem que eu tenha de agarrá-lo à força. Ah, isso significa que você não pode sair conosco hoje, tá? Senão vai atrapalhar tudo. Você entende, né Jennizinha?

_ Claro. - respondi ríspidamente, levantando-me em pulo. - Eu vou embora. Já vi que não sou muito bem vinda aqui.

_ Não é isso. Corta essa, Jenni. Você me entendeu.

_ Aham. Sem problemas.

_ Certo. Eu levo você para casa.

_ Não precisa. Eu quero ir a pé.

_ Sério?

_ Sim. Até mais.

_ Não vai me desejar sorte?

_ Eu deveria? Você sempre consegue tudo o que quer. - ironizei.

_ É verdade. - ela riu. - Depois eu te ligo para contar tudo.

_ Não se incomode. - eu pensei, afastando-me antes que eu perdesse o controle e estourasse de vez com ela.

Ainda que tivesse tomado a decisão de ir para casa e deixar que as meninas resolvessem todo aquele problemão sozinhas, não pude deixar de ficar com a consciência pesada por consentir que Leah magoasse Rachel daquela forma. Até porque Rachel gostava platonicamente de Brandon desde sempre, e o gostar que ela guardava dentro de si era o mais puro possível. Leah já tivera outros homens, estava sempre agarrada aos cantos com algum garoto bonitinho que aparecesse. Rachel só queria Brandon, queria que ele fosse o seu primeiro beijo, seu primeiro amor. E agora ela tinha o Ethan, alguém que realmente gostava dela. E se ela tivesse alguma reação negativa quando Brandon e Leah se beijassem? E se isso botasse tudo a perder entre ela e o Ethan? Eu não queria que ela acabasse sozinha e machucada. Rachel mais do que tudo tinha o direito de ser feliz. Mas o que eu poderia fazer? Leah era tão determinada que, talvez, se me visse na lanchonete onde eles se encontrariam, veria como um desafio e faria com muito mais gosto. Não, eu decididamente não poderia ir. Além do mais, aquilo não era mesmo da minha conta.

De tão perdida em pensamentos que eu estava não vi o garoto que corria na calçada próxima a minha casa. Isso fez com que esbarrássemos e isso resultasse numa queda muito dolorosa.

_ AAi! Você não olha por onde anda? - gritei, morrendo de dor nas costas e na cabeça, que tinha batido no muro.

_Desculpa. Eu não vi você. Bem, na verdade...Você é que não me viu, né? Se machucou?

_Calçada não é lugar de correr. - eu o desafiei, olhando fundo em seus olhos.

_ Oi 'Só Jenni'. - ele sorriu, com as mãos apoiadas na parede muito próximas a mim. Fitei-o de baixo para cima. Tênis de corrida, meias até o joelho, camiseta de um time de Rugby, aqueles cabelos claros e suados e aqueles olhos azuis e curiosos, sempre a me observar, como se não quisessem perder nenhum detalhe.

_Eric? - perguntei,surpresa comigo mesma por ainda lembrar o nome dele.

_Oi. - ele sorriu - Parece que nós só nos encontramos em más horas pra você,hein? Ou você é sempre tão brava?

_ Eu sou sempre tão brava e sempre que você aparece é uma má hora. - eu retruquei, mas me arrependi imediatamente por ter sido tão grosseira. - Desculpa Eric. Eu não quis ser grossa.

_ Tudo bem. Você está com problemas, né?

_ Mais ou menos isso.

_ Dessa vez você quer conversar? Eu posso pagar um sorvete pra você e nós conversamos. - ele sorriu, simpático. Péssima ideia. Sorvete. Essa palavra me lembrava o Connor. Aquela pergunta dirigida a mim, a imagem dele caminhando na areia, o corpo dele deitando-se ao meu lado e acariciando meus cabelos. E o seu beijo. Ah, aquela sensação indescritível dos nossos lábios tocando-se, o seu gosto, a sensação provocada pelo toque da sua pele na minha... Com um simples convite, Eric conseguiu dissolver três meses de auto-controle.

_ E então? Topa? - ele tentou novamente. Eu me perguntei porque é que ele ainda estava parado. Por que é que estava tão interessado em mim? Eu não era interessante e tudo que ele sabia sobre mim naquele curto período de tempo era que meu apelido era 'Jenni' e que eu era extremamente grossa. E, o pior, era que na verdade eu não era grosseira. Ele é que me encontrava só em horas ruins. E era sempre tão legal comigo que chegava a ser injusto eu tratá-lo daquela forma. Afinal, ele não havia feito nada. Só queria ser gentil.

_ Tudo bem. Eu topo. - eu disse, tentando sorrir um pouco. Ele sorriu entusiasticamente e pegou a minha mão, conduzindo-me até o carrinho de sorvetes. O seu jeito era tão alegre e descontraído que me fazia querer querer sugar um pouco daquela energia também.

_ E então? - ele perguntou, depois que já estávamos com os sorvetes na mão e sentados em um banco qualquer de um praça qualquer.

_ Então o quê?

_ Você quer desabafar?

_ Meus problemas são muito complexos para um garoto da sua idade. - eu disse, rindo um pouco de minha própria resposta.

_Garoto da minha idade? Quantos anos você acha que eu tenho?

_Uns 16?

_ Nossa. Você é boa. - ele riu. - E quantos você tem?

_ A mesma idade que você.

_ Problemas de quem que são muuuito complexos para um garoto da minha idade, hein?Hein? - ele perguntou repetidas vezes, rindo muito.

_ Não seja ignorante!

_ Eu só estava brincando. - ele me olhou cheio de tensão - Desculpa.

_ Eu é quem peço desculpas. É que eu sinto que deveria estar em um lugar para impedir que pessoas que eu amo muito saiam magoadas de uma certa história que já dura anos.

_ E por que você não está lá?

_ A questão é essa. A história já dura anos e já passa da hora de ser resolvida. Então não é muito da minha conta e errado eu me meter.

_ Sei.

_ Mas a Rachel é minha melhor amiga. E agora que ela tem uma oportunidade de ser feliz...Ah, ela não pode acabar estragando tudo. Eu não posso deixar.

_ Então não deixe.

_ Mas, se eu for, eu vou fazer o quê? Eu não posso amarrar a Leah em uma cadeira pra evitar que ela faça besteira. Até porque o Brandon não é de nenhuma delas, e ela tem tanto direito de ficar com ele quanto qualquer garota. Mesmo se eu for, ela vai fazer. Não tem como eu não deixar.

_ Então não vá.

_ E se o Brandon der um fora nela? Todo mundo vai sair magoado. O Ethan, porque vai perceber o ciúme da Rachel, ela porque vai ficar sem nenhum dos dois, e Leah porque terá perdido sua última chance. Só o idiota do Brandon é que não sai magoado. Eu não sei qual o problema dele. Se acha a última das maravilhas terrestres, e acha que por isso nenhuma garota é boa o suficiente para ele. Deve ser um vazio de cabeça.

_ Caramba. Sua mente é mesmo confusa, hein? - ele exclamou de repente, fazendo com que eu risse.

_ O que eu faço então?

_ Você vai ouvir meu conselho? Qualquer conselho? - ele animou-se.

_ Sim. Pode mandar.

_ Acho que você deve seguir o que seu coração manda. O que ele manda?

_ Manda que eu largue tudo e saia pelo mundo a procura do Connor. - eu pensei. - Meu coração manda que eu vá até eles. Mas a razão diz que...

_ É por isso que você está sempre tão triste. Você tem de parar de seguir só a razão. Muitas vezes o coração sabe o que faz.

_ Esse foi o pior conselho que eu já ouvi na minha vida...Mas...Faz totalmente sentido. - eu disse, pensativa. - Obrigada Eric. Até que você é legal. - eu sorri, segurando o seu rosto e beijando-lhe a bochecha.

_ Você vai até lá?

_ Vou.

_ E será que eu posso...Hm...Ir com você? - ele perguntou cheio de nervosismo.

_ Tá Eric. Você pode vir também. Por que não?

_ Obrigado. - ele sorriu, levantando-se e estendendo as mãos para que eu me levantasse também.

Fiz com que o pobre Eric andasse o mais rápido possível para que tivéssemos alguma chance de chegar à lanchonete onde eles estavam antes que fosse tarde demais. Isso nos levou a chegar suados, cansados e resfolegantes, chamando a atenção de todas as pessoas que lá estavam. Menos de um grupo em especial. Um grupo que estava tenso o suficiente para não perceber nada que acontecia em volta. Leah jogava todo o charme possível para Brandon, que parecia estar em uma agonia sem fim devido à situação. Rachel olhava para a irmã sem tentar disfarçar toda a sua raiva, e Ethan já portava uma expressão de mágoa, quase entendendo o que estava acontecendo. Mas ele ainda não sabia. E ele não poderia saber. Aquela paixão platônica tinha de acabar, nem que eu mesma expulsasse Brandon daquela mesa.

_ Até imagino quem são os amigos a quem você se referia. - zombou Eric, apontando para a mesa onde só havia tensão.

_ É. São eles.

_ E o que você vai fazer?

_ Não faço a mínima ideia. Para começar eu vou até lá, né?

Ter caminhado até aquela mesa foi a pior decisão que eu poderia ter tomado. Talvez se eu tivesse apenas me calado e ido embora, Leah cansaria de tentar impressionar Brandon sem obter resultados, e tudo voltaria a ficar como estava antes. Mas o fato de ter aparecido ali, quando era na verdade para eu estar em minha casa, foi visto como um desafio para Leah. Depois de lançar-me um daqueles seus desafiadores sorrisos, prendeu as mãos com força atrás da nuca de Brandon, de forma que pudesse puxar sua cabeça para ela sem possibilidade de lutar. E então foi o beijo mais forçado e estranho do mundo. Mais estranho ainda porque ela era bonita, era divertida e, ainda que não tivesse o mínimo interesse, não tinha razão nenhuma para que ele a empurrasse daquela forma.

_ Larga de ser folgada! Quem você acha que é pra ir me agarrando desse jeito? Acha que pode ter tudo o que você quer, princesinha? As coisas não são assim não.

_ Claro! Você é bom demais para qualquer garota. - ela retrucou.

_ Bom, eu tenho certeza de que eu sou bom demais pra você, menininha imatura! - ele alfinetou, fazendo-a levantar-se da cadeira e correr até a rua com lágrimas nos olhos. Rachel olhou para Ethan sem entender o por quê de uma reação tão intensa e cruel. Ele a havia empurrado com muita força. Não precisava de tudo aquilo. Ethan então aproximou-se e lhe segredou algo. Algo que a deixou tão fora de si que fez com que o copo que sustentava nas mãos se estilhasse em mil pedaços no chão.

_Qual o teu problema? - eu perguntei ao Brandon de tão zangada que estava, e corri até Leah na tentativa de consolá-la.

Nem Rachel e nem Leah disseram uma única palavra assim que saímos da lanchonete. Elas entraram em silêncio no carro de Ethan que, apesar de tudo o que acabara de acontecer, fora o único a dirigir-se a mim para oferecer carona.

_ Vem. Eu levo você pra casa. - ele sorriu de forma simpática.

_ Eu quero ir pra casa delas. - eu disse, apontando para as gêmeas.- Vou dormir lá hoje.

_ Vai é? Quem chamou? - perguntou Leah.

_ Eu chamei. - mentiu Rachel, olhando a irmã de cara feia.

_ Então entre. - Ethan abriu a porta para mim, acenando logo depois para Brandon, que entrou em seu próprio carro e foi embora sem se despedir de ninguém. Seu semblante transparecia toda a sua irritação e, naquele momento, eu o odiei mais do que nunca.

_ Espere. - pedi, olhando para Eric.

_ Obrigada por vir. E pelo conselho. - eu sorri.

_ Por nada. Só queria ter passado um pouco mais de tempo perto de você.

_ Hm...então...você quer carona?

_ Não precisa. Eu volto andando. É perto.

_ Você tem certeza?

_ Sim. - ele sorriu sem graça. - Até mais.

_ Até mais.

_ Qual o problema? - perguntei para Rachel, fitando-a. Ela permanecera calada por muito tempo e sequer conseguiu se despedir de Ethan sem deixar uma ponta de desconfiança. Sua expressão era pensativa, e era estranho estar com ela no quarto com aquele silêncio todo.

_Como assim? - ela perguntou, fitando a parede.

_Você está em outro mundo. Olha eu aqui. Sua melhor amiga, lembra? Dez minutos atrás o seu namorado foi se despedir de você e você o tratou super friamente. Esta não é você. Isso tudo é raiva da Leah?

_ Ele não é meu namorado. E eu acho que a Leah teve a lição que merecia.

_ Pare Rachel. Pare de agir assim.

_ É assim tão perceptível? - ela me desabou. Os olhos marejados de lágrimas.

_ Totalmente.

_ Ele...Ele é gay, Jenni. Gay! Você pode acreditar nisso? O. Brandon. É. Gay!

_ Não. - sussurrei assustada com a notícia. - Era a última coisa que eu esperava.

_ Não é que ele não gostasse de mim, não é que eu fosse tão desinteressante e imperceptível. O problema não era eu...era ele! Quanto tempo da minha vida eu perdi imaginando como seria beijá-lo pela primeira vez, sonhando com o dia em que nos conheceríamos, na história que poderíamos viver juntos. E o meu alto estima era totalmente estilhaçado por cada vez que eu tentava arrancar-lhe um olhar, um olhar sequer. E ele nunca olhava.

_ Agora tudo faz sentido... - eu sorri.

_ Você ri? Isso não é engraçado.

_ Toda aquela ignorância, aquela frieza com que ele tratava as outras garotas, era simplesmente porque ele não suportava que elas flertassem com ele daquela forma. Eu pensei tão mal dele, imaginei que ele fosse tão ignorante e narcisista. Coitado. Deve ter sido tão desagradável ter que passar por tudo que passou e por todo esse tempo. Foi por isso que ele começou a dar atenção a você depois que você ficou junto com o Ethan, Rachel. Porque foi aí que ele soube que podia aproximar-se sem iludir você, já que você estava com o amigo dele.

_ E o que eu sinto por ele? Como fica?

_ Eu não sei. Eu não sei o que você ainda sente por ele, mas eu vejo nos seus olhos o que você sente pelo Ethan. E vejo nos olhos dele e nos gestos dele o que ele sente por você.

_ Seria egoísmo da minha parte ficar com uma pessoa para esquecer outra?

_ Seria. - eu disse, depois de alguns segundos - Mas não é isso que você está fazendo. Você gosta do Ethan. Vocês podem fazer felizes um ao outro.

_Eu não sei se gosto assim. Eu não sei o que sinto. AH!Não sei de mais nada. - ela disse, jogando-se sobre a cama e colocando o travesseiro por cima da cabeça.

_Sim, você sabe. Você apenas não se deixa ver.

Melissa J
Enviado por Melissa J em 14/01/2015
Código do texto: T5100963
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.