Mais que a Minha Própria Vida - Capítulo 22

Desde que o aniversário de Brandon começara a se aproximar, Rachel, Ethan, Richard (o novo namorado de Brandon e o primeiro que ele assumira perante todos) e eu estávamos planejando uma festa surpresa para ele. Ele ia completar vinte anos e nunca havia tido uma festa surpresa. Richard teve a ideia e nós demos todo o apoio e ajuda necessários. O dia finalmente havia chegado e todos não víamos a hora de ver a cara dele quando entrasse em casa, ligasse as luzes e visse todos aqueles que ele amava lá, para ele.

_ Você já vem pra cá? Estamos precisando de ajuda com os balões. - disse Rachel pelo telefone.

_ Relaxa, eu estou indo. Onde nós vamos nos arrumar?

_ Aqui mesmo. Traga as suas roupas. - ela disse, e então eu coloquei na mala o mesmo vestido preto do dia em que encontrei Eric na festa. Lembrando-me disso agora, não sei, creio ter alguma magia naquele vestido. Algo assim.

A festa estava planejada para nove horas da noite. Richard o levaria para algum lugar e o manteria ocupado até que a hora finalmente chegasse. Eram três horas da tarde quando cheguei em sua casa e todos que estavam lá tiveram um dia muito cansativo mas, felizmente, produtivo. E quando a hora chegou e todos se esconderam em um canto após as luzes serem apagadas.

_ SURPRESA! - gritamos todos ao mesmo tempo, despertando primeiramente uma cara assustada e depois de felicidade extrema por parte de Brandon.

_ Vocês fizeram tudo isso...Por mim? - perguntou com os olhos cheios de lágrimas.

_ Sim, porque nós te amamos muito. E você merece. - eu disse, abraçando aquele amigo querido que eu jamais imaginaria um dia amar tanto.

Rachel, Leah e Grace dançavam mais animadas que nunca na pista de dança. Com razão. Vivíamos nas melhores épocas de nossas vidas, tínhamos os melhores amigos e não poderíamos estar mais felizes. As músicas dançantes as quais o DJ escolhia só nos fazia querem dançar a noite toda. Os garotos olhavam para mim o tempo todo. No começo eu ficava um pouco envergonhada, mas depois começei a gostar. Não porque eu quisesse ficar com todos eles. Eu não pretendia ficar com ninguém. Mas é que era tão bom me sentir bonita. Eu havia mudado muito em todo aquele tempo,aprendera uma porção de coisas novas, sentia-me muito mais madura e confiante. Não creio que Connor fazia ideia do quanto me fizera sofrer, mas tudo o que se passou depois de sua partida só fez com que a minha vida melhorasse cada vez mais. E, logo eu, aquela que era uma lástima em dança estava lá, a mais animada da pista, a que não saía um segundo sequer, aquela que transmitia total felicidade e liberdade...Porque era assim que eu me sentia.

_ Nossa!Toda vez que a Jenni vai numa festa dá merda. - Grace cochichou para Leah, que concordou com a cabeça. Era quase meia noite e as pessoas não paravam de chegar. A música estava muito alta mas, ainda assim, eu ouvi.

_ O quê? Por que? - perguntei.

_ Hã?

_ Por que toda vez que eu vou numa festa dá merda? Como assim?

_ Er...Nada, nada não amiga. - disse Leah desviando-se do meu olhar.

_ Eu fiz alguma coisa?

_ Não. Você não.

_ Então...O quê?

_ Amiga...vamos sair daqui. - disse Rachel puxando-me pelo braço.

_ Por que? Por que tenho que sair? O que tá acontecendo?

_ Nada, é só que...Não queremos que você fique mal.

_ Por que eu ficaria?

_ Ah, eu desisto! - gritou Grace virando os olhos. - É por isso! - ela disse, virando o meu corpo para a direção que ela olhava. Então tudo fez sentido. Era ele. Era Connor. Lá estava o garoto misterioso por quem eu me encantei na primeira vez que vi. Aquele que fazia meu corpo quase entrar em colapso com uma simples aproximação, com seu beijo, com sua voz. Aquele que viajara por meses, fazendo com que eu me sentisse completamente rejeitada e sofresse por tanto, tanto tempo. Ele estava ali, a pouco mais de cinco metros de mim. Carregava uma taça de vinho e ria enquanto conversava com um grupo de amigos. Procurei por Brandon. Ele não estava na roda. Então eu entrei dentro da casa procurando-o sem dizer uma palavras sequer para as meninas. Ele estava na cozinha, de costas, enchendo um copo de refrigerante.

_ Por que você não me avisou? Por que você não falou nada? Droga! - gritei. Ele se virou bruscamente e depois me olhou como se já esperasse por aquilo.

_ Eu tentei te dizer Jennifer. Você não quis ouvir nada, lembra?

_ Mas...Mas você deveria...Sei lá! Ter me obrigado a ouvir.

_ Jennifer, eu respeito as coisas que você quer. Seus sentimentos. Você disse que falar sobre ele te faria sofrer. Então não falava.

_ É...Mas isso é bem pior! - eu disse com raiva. Segurei-me na bancada da pia percebendo o quanto os meus sentidos estavam alterados. As pernas bambas, mãos geladas, coração disparado. - Eu me sinto uma idiota.

_ Você não é idiota. - ele disse, aproximando-se de mim e colocando uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha. Você é uma menina linda com um coração enorme.

_ Eu achei que seria tudo diferente, sabe? Se eu mudasse, se eu começasse a cuidar melhor de mim mesma, dos meus amigos, da minha família... Sei lá, eu pudesse esquecer ele. Pudesse mudar o que eu sentia. Eu imaginei que, quando o visse, não seria a mesma coisa. Imaginei que perceberia que ele não era tudo aquilo pelo que eu fantasiava. Mas continua igual. Eu me sinto exatamente igual. Eu não consigo fingir que ele não significa nada pra mim, porque é uma mentira grande demais. Ah, porque é que eu estou te contando isso? Você é o melhor amigo dele.

_ Sou seu melhor amigo também. Ainda que você não me contasse, eu já sabia. Eu te conheço, sei exatamente como se sente. E o seu segredo tá guardado. Sempre esteve.

_ Eu sei. Desculpa.

_ Ei, dá um tempo pra você. Não precisa pirar sua cabeça assim. Deixa as coisas acontecerem. Sempre acaba dando certo. Você não aprendeu isso ainda? - ele sussurrou no meu ouvido enquanto me abraçava.

_ Eu sei, eu sei. É só que...Quando ele aparece eu não sei como agir. Eu nunca me senti assim com ninguém. É estranho pra mim. - eu disse, sentindo as lágrimas quentes escorrendo dos meus olhos e molhando a blusa dele.

_ Ninguém disse que é fácil gostar de alguém. Ninguém disse sequer que conseguir ser feliz é fácil. Mas se você quer de verdade você consegue, Jenni. Pode ser difícil o quanto for, mas você consegue. Não chora, meu bem. Não chora, vai. - ele disse acariciando as minhas costas. E então ele começou a cantar pra mim. Uma música bem calma, bem baixinho. Isso fez com que eu chorasse mais ainda.

_ Que foi?

_ Meu pai cantava pra mim quando eu chorava. Ele não aguentava me ver chorando.

_ Desculpa. Era só pra te acalmar. Não era pra te fazer sofrer mais.

_ Tudo bem. Eu gosto. Obrigada por ser sempre tão doce comigo, Brandon. Não sei o que seria de mim sem você. - eu disse, deitando a cabeça em seu ombro.

_ Você é minha amiga e eu amo você. Não conseguiria te tratar de outra forma. O carinho que sinto por você é o mesmo que sinto pela minha irmã. Não quero ver você triste.

Eu estava tão confusa. Durante todo aquele tempo me preparei psicologicamente para saber ficar sem tê-lo por perto e sempre evitei pensar em como seria quando ele voltasse. Mas, agindo daquela forma, eu estava indo contra todas as minhas regras do caderno. Eu queria ser forte, mas estava sendo fraca. Eu sabia que seria o objetivo mais difícil. Eu queria me apaixonar por outra pessoa mas não sabia se conseguiria com ele por perto. Com o namoro de Rachel com Ethan, o nosso grupo de amigos era o mesmo. Isso significava que teríamos que conviver juntos. Eu não me afastaria dos amigos que amo por puro egoísmo sentimental. Então talvez Brandon estivesse certo. Se eu deixasse as coisas acontecerem, se eu parasse de me preocupar tanto, as coisas iam acabar se ajeitando. Eu não precisava ficar com Connor novamente se eu sentisse que me faria mal. E ele mesmo havia dito que eu não precisava esperá-lo. Que garantias eu tinha que ele havia me esperado? Nenhuma. E eu duvidava veemente de tal hipótese. Ele era jovem, era bonito e havia viajado pelo mundo todo. O que o impediria? Eu? Então por que eu me importava tanto?

_ Chega! - eu disse. - Eu decidi ser forte um dia, me preparei para isso, agora é hora de botar em prática. Eu estou tão feliz e realizada, não quero deixar que nada estrague isso. - eu disse, enxugando as lágrimas com aquela determinação que costumava se apoderar de mim quase sempre nas horas certas.

_ Você é forte, J. sempre foi. Talvez você precise só parar de pensar tanto, dar um tempo a si mesma. O Connor está aqui. E daí? Você sabia que ele voltaria. E você sabe que ele não faz ideia da maneira como você se sente. Ele não é uma pessoa ruim, ele não faria você sofrer por pura maldade. Então pare de se martirizar tanto. O motivo da sua tristeza não era o fato de ele estar tão longe? Bem, ele está aqui. O que você vai fazer agora? Vai ficar se lamentando para sempre? E se lamentando pelo quê? Vocês ainda não viveram nada e tem uma vida inteira pra viver alguma coisa. Ou talvez seja a hora certa de você decidir de uma vez por todas se quer se apaixonar por outra pessoa e esquecê-lo.

_ Eu me preparei tanto pra aprender a seguir em frente sem ele, já que ele estava tão longe, e agora que ele está de volta eu percebo que me sinto exatamente igual em relação a ele. Eu mudei, é verdade. Mas o que eu sentia nunca saiu de dentro de mim. E isso dá medo, muito medo.

_ Enfrentar os medos é a parte mais difícil...Mas você pode tudo, lembra? Você é a Jennifer. A garota que se tornou a melhor dançarina da academia, conseguiu um papel principal em uma grande peça, aprendeu a falar francês, tudo isso em apenas alguns meses e começando do zero. Não é qualquer pessoa que consegue, meu bem. Você tem uma determinação muito forte dentro de você. Só tem de aproveitá-la. E aí? Como você vai aproveitá-la?

_ Eu não sei...Mas eu vou descobrir.

_ Sei que vai. - ele sorriu.

_ Fala pra ela! Vai! Fala pra ela! - disse Rachel que chegava à cozinha dando uma porção de tapas no braço de Richard.

_ Desculpa, Jenni. Eu que convidei ele. Eu não sabia que vocês... Digo...Que não era uma boa coisa convidá-lo. É que eu lembro que ele era o melhor amigo do Brandon, e ele voltou de viagem agora...Então eu liguei e o convidei.

_ Tudo bem, Richard. - eu sorri - Ele ainda é o melhor amigo do Connor e você fez bem em chamá-lo. Sem remorsos. É sério.

_ Jenni, eu não tô entendendo. Há cinco minutos atrás você saiu transtornada, e... - foi dizendo Rachel.

_ A gente tá numa festa e vai ficar triste? - interrompi - De jeito nenhum. Eu quero dançar com as minhas amigas. - sorri abraçando-a. - Vamos voltar?

_ Hm...tá né. Estranha.

Voltamos à festa, exatamente no lugar em que eu o vira pela primeira vez. Ele ainda não havia percebido que eu estava lá. Talvez sequer me reconhecesse. Naquele momento ele já estava mais longe, mas já dava para perceber uma mudança. Ele estava mais alto, mais velho e, uau, ainda mais bonito. Mas o modo como ele se portava...Ah, ainda era o mesmo! Tão sedutor, tão misterioso, que fazia todos os pêlos do meu corpo se eriçarem só de pensar em tocá-lo nele novamente. Nos seus cabelos, seus lábios, seu corpo...

_ Jennifer?

_ Hm?

_ Você tá no mundo da lua.

_ Não tô nada, Rachel.

_ O que você achou daquele menino ali? - ela disse apontando para um garoto que estava alguns metros, dançando e olhando furtivamente em nossa direção. Ele tinha a pele morena e olhos amendoados de um mel muito bonito.

_ Hm...É bonitinho. Por que?

_ Ele não para de olhar desde que você chegou.

_ E daí?

_ Acho que ele quer dançar com você.

_ E você acha que eu devo ir?

_ Espera aí. - ela sorriu - Você tá pedindo a minha opinião em relação a garotos? Tá mudada, hein?

_ Estou ué. Você é minha melhor amiga.

_ Acho que você deve ir. Ele é bem bonito e parece estar bem interessado. E bem, é uma festa, não é? Então divirta-se. O que acontece nas festas fica nas festas. - ela piscou pra mim.

_ Rachel utilizando os ensinamentos da Grace? Meu Deus, o mundo tá perdido. - eu ri.

_ E, ao menos, um certo cara vão perceber o que perdeu enquanto esteve de bobeira viajando pelo mundo.

_ Eu não me importo com isso.

_ Ah, não? - ela sorriu irônica.

_ Não...Mas...É uma festa, não é? - eu ri, e dei o primeiro passo em direção ao garoto. Ele percebeu e começou a andar sorridente em minha direção. O sorriso dele era muito bonito. E já era tarde demais para que eu me arrependesse.

_ Oi. - ele sorriu enormemente.

_ Oi.

_ Sou Grant. Prazer.

_ Prazer. Jennifer.

_ Já te disseram que você é a garota mais bonita da festa? Eu tava te olhando ali do canto, e... Nossa, você é estonteante.

_ Obrigada. - eu corei. - Você é bonito também.

_ Acha?

_ É. Acho. - eu sorri, surpresa com a minha enorme falta de capacidade de paquerar alguém. Dava até vontade de rir.

_ Do que tá rindo?

_ Nada. E aí? Você quer dançar?

_ Pra mim você não precisa nem pedir nada. - ele disse, puxando-me para longe das minhas amigas.

Ele dançava bem perto de mim e isso já estava me deixando nervosa. Mas eu havia passado tanto tempo sozinha que, de certa forma, a sensação era boa. Ser tão admirada, tão desejada. Só a pessoa que estava errada. Não era ele que deveria estar fazendo aquilo. Mas eu já não me importava. Eu não queria mais ficar triste. Eu estava numa festa, então qual era o problema de dançar com quem eu quisesse?

_ Você dança pra caralho. Onde você aprendeu?

_ É que eu... Fiz umas aulas de dança. - eu respondi baixinho. E, como que reconhecendo minha voz, Connor virou-se bruscamente e fixou os olhos em mim. Eu estava de costas e fingi não perceber. Tentei continuar dançando como se nada estivesse acontecendo. Na verdade nem estava mesmo. Só dentro de mim.

_ Aquela é a Jennifer? - o ouvi perguntar a alguém em voz baixa.

_ É.

_ Aquela Jennifer do primeiro ano? Do baile? Da praia?

_ É, é ela.

_ Caramba,ela... - ele ia dizendo. E Grant interrompeu minha escuta.

_ Vamos lá pra fora?

_ Pra que?

_ Pra conversar,ué. - ele sorriu maliciosamente.

_ Não, vamos ficar aqui mesmo. Dá pra gente conversar aqui.

_ Nesse som alto? - ele perguntou, aproximando-se a ponto de quase me beijar sem nem mesmo perguntar se eu queria aquilo.

_ Eu escuto você perfeitamente.

_ Vamos só conversar, sério. Eu gostei de você.

_ Não sei não.

_ Vamos. O que foi? Tem alguém aqui que não iria gostar disso? Você não para de olhar para os lados.

_ Disso o quê? Você não quer só conversar?

_ Claro que sim. - ele sorriu. - Vem. - ele disse , puxando-me pelas mãos sem sequer ouvir minha resposta. Quando percebi já estávamos do lado de fora da festa. E eu só conseguia pensar em Connor.

_ Bem, mas de que importa? Sei que ele não pensou em mim quando estava com as outras garotas que ele deve ter conhecido. - eu disse para mim mesma em pensamento.

_ Você é sempre difícil assim?

_ Eu? Por que tá falando isso?

_ Não tem problema. Eu gosto. - ele sorriu. Todos os sorrisos dele era exageradamente maliciosos, o que me deixava bastante constrangida. Estava encostada na parede e ele apoiou as duas mãos nela. Eu estava no meio. Ele começou a se aproximar até que os lábios dele tocaram os meus por uma fração de segundo. Eu abaixei a cabeça e ele tirou as suas mãos da parede.

_ O que foi agora?

_ Você...disse que a gente iria conversar.

_ Ah. - ele riu - Tá bom. A gente conversa então.

Grant não era totalmente desinteressante. Eu é que estava totalmente desinteressada. Ele tinha dezenove anos e trabalhava na empresa do pai. Acabara de entrar para a faculdade e era jogador do principal time de Rugby da mesma. Parecia bastante interessado em saber com quem eu morava, o que eu fazia, do que eu gostava. Mas o tempo todo ele não tirava as mãos da minha cintura, os olhos da minha boca, e isso me incomodava. Naquela altura eu já não sabia mais o que eu estava fazendo ali. Estava tentando enganar a quem? Por que é que eu não ficara na festa com as minhas amigas? E pensar que naquela hora todos já tinham certeza de que eu estava em algum lugar escondido beijando um garoto que eu nem conhecia.

_ Ei, no que você está pensando? - ele perguntou acariciando meu rosto.

_ Nada.

_ Sabe em que eu estou pensando?

_ Em quê?

_ Em como seria da hora beijar você agora. - ele disse, puxando forte a minha cintura para que eu não escapasse e se aproximando dos meus lábios.

_ Ei, para! - eu pedi, tirando as suas mãos da minha cintura.

_ Eu não te entendo. Você vem aqui fora comigo, e...

_ Pra conversar.

_ Eu chamo você aqui pra fora da festa porque você tava flertando comigo. Você achou que ia acontecer o quê?

_ Eu nem tava flertando com você.

_ Estava sim,

_ Grant...você é legal, mas... Sabe? Nós acabamos de nos conhecer. Eu não sou muito boa nisso. Sei lá.

_ Não é boa em quê?

_ Beijar caras que mal conheço.

_ Ah. Isso foi meigo. - ele riu. E eu não consegui identificar se ele estava sendo sincero ou apenas tirando onde comigo. - Tá bom. Eu entendo. Eu posso te conhecer melhor então? Você me dá seu telefone?

_ Vamos deixar só assim.

_ Eu não posso te conhecer melhor?

_ Vamos voltar pra festa?

_ Posso te levar pra casa pelo menos?

_ Eu já combinei com as minhas amigas que eu ia com elas.

_ Bem, eu não acho que elas vão se importar.

_ Ah, elas vão sim. - disse uma voz conhecida. Uma voz que me fez sorrir aliviada. Salva pelo gongo...digo, pela Grace.

_ Grace?

_É. Você prometeu que ia dormir lá em casa, lembra? Tem um tempão que você não dorme lá em casa.

_ Ah...É...Dormir na sua casa...Isso.

_ Isso mesmo. Você não vai me dar bolo. Eu tô com saudade. E vamos voltar pra festa? Você já aproveitaram muito tempo aí fora, não acham? - ela disse, olhando para Grant para provocá-lo. Era a cara dela.

_ Poxa, Jennifer.

_ Eu adorei te conhecer também, Grant. A gente se vê por aí, tá? Tenho que voltar pra festa.

_ Tá. A gente se vê. - ele disse, virando de costas. Eu me senti mal por aquilo. Mas sabia que seria pior ainda se eu o beijasse e me arrependesse depois.

_ Como você sabia que eu precisava de você?

_ Intuição feminina. - Grace riu.

_ Sério?

_ A Rachel pediu pra ficar por perto. Acho que ela te conhece direitinho.

_ Ai, como eu amo você. - eu disse, apertando a sua mão.

_ Mas, Jenni... Que ele era bonitinho ele era, hein?

_ Tá, tá. Ele era. Mas não teve clima.

_ Claro que não. A Jennifer só tem olhos pra um certo bonitão misterioso.

_ Não é verdade. Não é por ele que eu estou fazendo isso. É só por mim. - eu me irritei.

_ Certo, certo. Desculpa. Você quer voltar pra pista de dança?

_ A Rachel tá lá?

_ Não. Ela tá lá no quarto do Brandon com o Ethan.

_ Fazendo o que no quarto do Brandon com o...Ah tá.

_ Bobinha. - ela gargalhou. - Vem dançar. Não vá ficar triste de novo.

_ Eu não vou ficar triste.

Caminhamos até a pista de dança e ele, o 'bonitão msiterioso' do qual Grace se referia estava lá parado no mesmo lugar. A diferença foi que ele me percebeu chegando. E os nossos olhares se encontraram. Ele me olhou de uma maneira penetrante, curiosa, pude até ver um esboço de sorriso que ameaçou formar em seus lábios. E o olhar só durou um segundo. Ambos desviamos sem graça. Mas durou o suficiente para que o meu coração ficasse disparado de uma forma que há muito, muito tempo não ficava.

_ Brandon! Tava te procurando, cara. - ele disse.

_ Que foi? Já vai?

_ Já. Tá meio tarde e eu ainda tenho que desfazer as malas. E tô cansado, né? Foram horas de viagem. Mas eu só vim aqui pra te dar os parabéns mesmo. Senti muita falta de todos.

_ Tá bom. A gente se vê mais então. Temos muita conversa pra botar em dia, né?

_ É, isso aí. Até mais. - ele disse, passando a apenas alguns metros de mim. Tive que ser muito forte para segurar o impulso de ir até lá e puxar assunto com ele. Talvez até tentar ser sincera, dizer o que eu sentia uma vez na vida. Mas eu não poderia fazer, não deveria ser daquele jeito. Tinha de ser algo que nós dois queríamos. E eu já estava cansada de sentir tudo sozinha. Era um sentimento muito grande e eu não poderia mais carregá-lo sem a ajuda dele. Se ele não estivesse disposto a fazer com que tivesse valido à pena tudo aquilo que passei por ele, então poderia ser tarde demais. Eu já havia aguentado por muito tempo.

Melissa J
Enviado por Melissa J em 03/02/2015
Código do texto: T5123965
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