VALQUIRIA IV

A VISITA AO DOUTRO JOBIN

A menina alada resolveu visitar um velho amigo da família, o Doutor Jobin.

O Doutor Jobin é um senhor de cabelos grisalhos, dentes amarelados, de uma magreza visível por conta dos quarenta cigarros fumados por dia. Tem uma casa grande num condomínio de luxo nas redondezas de São Paulo. Uma casa estilo Europeu com grandes janelas de madeira, escadas de jatobá maciço vindo do Mato Grosso, piso de madeira e tapetes Chineses. Na entrada um jardim com hortênsias e um gramado pisoteado pelo seu cachorro de raça fila brasileiro que cria há doze anos.

A enorme casa é um sobrado e na parte inferior que dá acesso à rua, tem uma sala grande, decorada com objetos antigos e no canto esquerdo próximo à escada que dá aceso ao piso superior, tem um piano Fritz Dobbert que herdou da sua família por parte de mãe. Ainda na grande sala além dos objetos antigos, tem um lustre gigantesco com mais de 20 lâmpadas, também antigo e sob o lustre, enormes teias de aranhas e muito pó.

No andar superior do grande sobrado fica os dormitórios, cozinha, lavabos com pias de cobre e torneiras europeias e logo na entrada fica o escritório do Doutor Jobin com uma porta de madeira maciça e um puxador cromado com as mesmas características dos objetos da sala inferior.

A menina Valquíria, alada, como anda desde que ganhou suas grandes asas, chegou na casa do Doutor Jobin por volta das 11:00 da manhã de uma quarta feira do mês de dezembro. Ao chegar, não percebeu o cachorro na grama esmeralda. Apenas muitas correspondências no chão do jardim por conta da caixa dos correios estar abarrotada de papéis e outras correspondências não recolhidas.

Valquíria não chamou no portão, fez uso de suas grandes asas e adentrou o recinto voando por cima das grades de ferro e cerca elétrica, pois o interfone teria sido quebrado.

Ela entrou devagar, pisou a grama, pisou os retângulos de cimento com decoração Portuguesa do século XVIII até chegar à porta de entrada que se encontrava aberta.

Parou na sala, fitou o piano, fitou também os instrumentos de metais e um celo pendurados no parede dos fundos da sala.

Chamou. Não apareceu ninguém. Ela gritou:

- Doutor Jobin!

- Doutor Jobin!

Do meio da escada onde se encontrava ouviu o grito rouco, fraco e com mistura de uma tosse forte:

- Quem é?

- Como entrou?

A menina respondeu:

- Sou eu, Valquíria, a menina alada!

O Doutor Jobin não respondeu mais anda. Mas a menina era de laços de amizade e continuou a subir.

Ao deixar o último degrau da escada e olhar o corredor que ligava a cozinha ao escritório, levou um grande susto!

Encontrou pratos, sujos, talheres, guardanapo, restos de comida, muita sujeira.

Por trás da porta, o Doutor Jobin lhe falou da sua depressão.

Ele já estava ali por 15 dias sem banho, sem visitas, escondido..

Uma empregada da família passava sem muito tempo para deixar apenas a comida que ele recebia por debaixo da porta.

Os processos que o Doutor Jobin acompanhava estão subestabelecidos com sua irmã de Curitiba. Metade deles já sem solução por conta da revelia, outros por abandono.

A menina ouviu suas histórias e voou rápido pra sua casa que fica ha uns 23,5 km dali com muitas, mas muitas histórias que te deixou pensativa

Uelton Nogueira
Enviado por Uelton Nogueira em 10/02/2015
Reeditado em 11/02/2015
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