Mais que a Minha Própria Vida - Capítulo 27

Ainda faltava pouco mais de uma hora para o horário no qual Connor me buscaria quando comecei a me arrumar. Essa precaução era apenas uma das manias que eu havia aprendido com Grace - que naquele momento estava a milhas de distância de Londres. Deixei a água quente do banho escorrer do topo de minha cabeça até o nariz, queixo, pescoço, ombros, barriga, pernas, até que atingisse o chão, provocando aquele som que sempre teve o poder de me acalmar. Eu poderia passar horas debaixo da água tendo, assim, um efeito prolongado de relaxamento. Poderia mudar de ideia, entrar no carro, dizer a Connor que a minha 'amiga' havia mudado de ideia e ir ao baile, realmente ir. Mas não. A decisão fora tomada dezenas de vezes naquele dia, enquanto eu testava todas as alternativas que eu tinha e todas as coisas que poderiam dar errado, em um desgastante duelo com as coisas que eu queria. Eu não voltaria atrás. Seria como trair a mim mesma. Eu já havia me decidido.

O conjunto de lingerie que Grace e Rachel haviam me ajudado a comprar na manhã do dia anterior estava disposto sobre a cama ainda com as etiquetas. Meu coração disparava só de olhá-lo. E eu duvidava seriamente da minha capacidade de agir como uma pessoa normal quando eu estivesse vestida no conjunto de algodão azul e em frente á pessoa que era a principal razão de eu tê-lo comprado. Ao seu lado e devidamente passado, estava o vestido do baile que eu usara dois anos antes, no meu primeiro baile, na primeira vez em que Connor e eu havíamos nos falado. É claro que ele tinha um significado especial para mim. Teria ainda mais naquela noite, ainda que ele fosse somente um pretexto. Uma mentira.

_ Será que ele vai ficar muito bravo quando descobrir? - perguntei-me enquanto terminava de tirar os resíduos do shampoo dos meus cabelos.

Cuidei de cada mínimo detalhe. Os cabelos secos ao secador na função 'frio', para dar brilho a eles, uma maquiagem clássica que Grace me ensinara, os brincos e colar herdados da minha mãe, o perfume que Connor mais gostava. Tudo tinha que estar perfeito, e o mais importante de tudo: eu deveria agir como se realmente fosse a um baile. Eu tinha de encontrar uma forma de esconder o meu nervosismo, ou ao menos fazê-lo menos intenso, pois garota nenhuma ficaria tão nervosa assim somente por ser o seu baile de formatura. Pensando bem...Ficaria sim. Mas não eu.

Devo ter checado cerca de uma dúzia de vezes na bolsa que eu levaria se a chave estaria lá. Aquela chave que Rachel me dera uma semana antes.

_ Não se preocupe, os meus pais compraram na intenção de alugá-lo, mas há uns dois meses ele está vazio. Nós teremos de ir até lá uns dias antes para dar uma limpada nele. E quanto à decoração para o dia especial, bem, pode deixar que cuido disso. - ela dissera com um sorriso no rosto. Ela e Grace ajudaram-me na limpeza de todo o apartamento alguns dias antes da partida dela. E Rachel havia me ligado alguns minutos atrás para avisar que estava tudo pronto, que ela arrumara tudo para parecer que realmente morava alguém ali. Eu não fazia a menor ideia de como ela havia feito aquilo, mas confiava cegamente em suas palavras.

Olhei no relógio mais uma vez. Faltavam cinco minutos para Connor chegar. E ele costumava ser bem pontual, então sequer adiantava desejar que ele atrasasse uns quinze minutos a mais para que eu melhor me preparasse psicologicamente. Mas eu tinha certeza...Não tinha? Olhei-me mais uma vez no espelho, retocando o batom sem precisão alguma e por um tempo desnecessário apenas para ter com o que me ocupar. Meu avô entrou de repente no quarto e eu pulei de susto.

_ Calma criança. - ele riu.

_ Sua gripe melhorou, vô?

_ Ainda não, mas vai melhorar. Eu estou tomando os remédios que o médico mandou. Pare de se preocupar tanto, Jennifer. Hoje é o grande seu dia. E a propósito, você está linda. Quando foi que você se tornou uma mulher, hein? Foi tão rápido que sequer percebi.

_ Vô...

_ É sério, querida. Queria que os seus pais a vissem.

_ É, eu também. - eu disse, pensando em como minha mãe conseguiria acalmar-me naquele momento.

_ Bem, eles devem estar vendo você sim. Lá de cima.

_ É... - murmurei, com um sorriso que transparecia facilmente o quão nervosa eu estava.

_ Não fique nervosa, querida. Vai dar tudo certo. É só um baile. Você vai se divertir tanto que logo esquecerá esse nervosismo bobo.

_ Claro. Só um baile... - murmurei. O som da campainha no andar de baixo fez com que um arrepio percorresse toda a minha espinha.

_ Que susto você levou, hein? - meu avô riu - Deve ser o seu namoradinho.

_ Vô, eu já disse que ele é só um amigo.

_ Claro, claro. - ele sorriu um daqueles sorrisos desconfiados que só avôs costumam saber fazer.

_ Bem, realmente deve ser ele. Vou descendo.

_ Você precisa mesmo dormir na casa da Rachel, hoje? Não tem problema nenhum você me acordar tarde, querida. Sabe que eu durmo depressa.

_ Tem problema sim, vô. Você está gripado e precisa descansar. Além do mais é perigoso pra nós dois que eu chegue em casa de madrugada e você venha abrir a porta. Na Rachel terá muita gente em casa, é melhor, e estarão todos acordados, pois vão nos buscar.

_ Está certo. Então vá. Boa sorte e fique calma, certo? É o seu último dia aqui e você tem mais é que aproveitar com as pessoas de quem gosta. - ele disse, fazendo que eu sentisse uma dor grande no coração. Uma vontade de ficar em casa com ele, ligar para Rachel, Brandon, Ethan, e pedir para eles desistissem do baile e passassem a noite comigo em minha casa. Uma lembrança de que no dia seguinte eu iria embora e não sabia qual seria a próxima vez que eu os veria. Mas eu não poderia ficar. Meu avô não permitiria jamais. Ele queria mais do que tudo que eu fosse ao baile, que eu vivenciasse todas as fases que uma garota normal tem o direito de vivenciar. Então, decidida a não mais hesitar, eu abri a porta e caminhei até aquele carro.

_ Oi. - ele sorriu, beijando-me os lábios.

_ Oi.

_ Você está mesmo a fim de ganhar o concurso, huh?

_ Concurso?

_ É. De rainha do baile. - ele sorriu bricalhão.

_ Ah...claro. - murmurei. - Você também está bonito.

_ Obrigado. - ele sorriu - Bem, qual é o endereço?

_ Ah é. O endereço. Está aqui. - eu disse, entregando-lhe aquele papel já amassado de tanto ser apertado por mãos nervosas e impacientes.

_ Bem, vamos ver...Sei onde é. Não será difícil chegar.

_ Ótimo.

Connor levou cerca de quinze minutos para chegar àquele prédio branco com detalhes marrons. A viagem até lá havia sido um pouco estranha. Silenciosa demais. Segundo Connor, todo assunto que ele puxava eu respondia com monossílabos. Coloquei toda a culpa no famoso 'nervosismo pré baile-de-formatura' e, depois de outras tentativas falhas por parte dele, o silêncio tomou conta de vez. O prédio não era muito grande. Deveria ter no máximo sete andares. Os batimentos cardíacos acelerados recomeçaram e eu me agarrava ao banco do carro como uma criança se agarra ao suporte de segurança em sua primeira vez em uma montanha russa.

_ Chegamos. - ele disse - 'Fields Spring Condominium'.

_ É... - murmurei. - Acho que é aqui.

_ Você vai ligar pra garota descer? Vai interfonar?

_ Vamos subir até lá. Ela pediu.

_ Então tá. - ele disse, estranhando o pedido da suposta amiga. - Qual o nome dela mesmo?

_ Gabrielle. - eu disse, por ser o primeiro nome que me veio á mente. Na verdade eu o vira minutos atrás, em um outdoor de uma marca de roupas.

_ Será que ela já está pronta?

_ Provavelmente.

Por mais que eu desejasse que o elevador demorasse, ele chegou em poucos segundos e totalmente vazio. Apertei o botão que levava ao quinto andar com as mãos trêmulas, e olhei no espelho mais uma vez. A maquiagem ainda estava perfeita. Tudo estava dando certo. Nada poderia mais impedir-nos. Claro que era uma coisa boa, era tudo o que eu queria, mas não impedia que o meu estômago revirasse violentamente.

_ Boa noite, jovens. - cumprimentou educadamente uma senhora baixinha que esperava o elevador justamente no andar em que desceríamos. - Boa noite. - respondemos juntos.

Connor andou até o apartamento que estava anotado no bilhete. Quinhentos e dois. Clicou várias vezes no botão da campainha sem que nada acontecesse. Rachel prometera-me que estava estragada. Ainda assim tive medo que ela funcionasse. Estragaria tudo.

_ A campainha está estragada. Temos de entrar. - eu disse, tirando as chaves de dentro da bolsa e colocando-as na fechadura.

_ Como você tem as chaves da casa dela? - ele perguntou, assustado.

_ É que somos bem amigas.

_ Sério? Você nunca tinha me falado nela.

_ Pois é. Somos meio primas também. E venho muito aqui. Por isso ela confia tanto em mim. - repondi, sentindo o 'novelo de lã' embaraçando-se cada vez mais. 'Novelo de lã' era como a minha mãe se referia à mentira. Disse que quando você mentia uma vez, o meio te levava a criar dezenas de outras mentiras para sustentar a primeira. Com o tempo, a mentira inicial ficava cada vez maior, como um novelo de lã, sendo sempre reabastecido com dezenas de novas 'linhas'. Ter de mentir tão compulsivamente para ele fez com que eu me sentisse mal. Mas era a única forma. Eu jamais teria coragem de contar-lhe a verdade de minhas pretensões. E, de qualquer forma, a mentira estava prestes a acabar.

_ Certo... E tem certeza que podemos ir entrando assim do nada?

_ Ela não se importa. - respondi rapidamente, girando a maçaneta e empurrando a porta antes que ele fizesse mais perguntas.

Liguei a luz devagar, com medo de Rachel ter sido exagerada demais colocando flores e música por toda a casa, quebrando totalmente o meu disfarce. Mas não. Estava tudo perfeito. O sofá velho da sala estava coberto por uma manta lilás tão bonita que parecia novo. Um tapete redondo e branco cobria quase todo o chão de madeira. As almofadas estavam bagunçadas e o controle remoto na mesinha de centro como se alguém realmente houvesse assistido televisão naquele dia. E onde é que ela arrumara aquela tv? A mesa da sala tinha uma fruteira com pêras e maçãs frescas, haviam algumas panelas sobre o fogão da cozinha. A geladeira, antes desligada e vazia, estava ligada e carregada por dezenas de imãs em forma de frutinhas e animais, além dos anúncios da compania de gás e do supermercado. Estava tudo impecável. Eu jamais pensaria naquilo tudo.

A porta do quarto era a única que estava fechada, porém podia-se ver alguma luz por debaixo da porta. Conforme Rachel e eu havíamos combinado, aquela deveria ser a hora em que eu atrairia Connor até o quarto com a desculpa de apresentar-lhe a minha amiga. Mas, naquele momento, pensando nisso, percebi que seria inadequado demais. E estranho. E errado. Eu odiaria que ele fizesse algo assim comigo. Já estava bom de mentiras. Era a hora de falar a verdade. Doesse a quem doesse.

_ Acho que ela está no quarto. Vá chamá-la. Eu espero aqui na sala. - ele se sentou no sofá e eu me sentei ao seu lado.

_ Connor, eu...Eu preciso te contar um coisa. - eu disse, sentindo uma gota de suor escorrer pelo meu pescoço.

_ O que foi? Por que você tá tão estranha?

_ Bem, eu...Eu sou uma mentirosa. - eu disse. Ele olhou-me de uma maneira curiosa e depois riu, levando na brincadeira.

_ Não se preocupe, o seu nariz não vai crescer - ele sorriu - o que você mentiu?

_ Não ria. - eu o olhei séria - Eu sou uma pessoa muito ruim. Definitivamente não mereço você. Eu nem acredito que eu planejei tudo isso, e... - disparei a falar. Connor segurou delicadamente o meu queixo e eu parei de falar. Olhando em seus olhos, envergonhada, eu sentia todas as palavras presas em minha garganta. Minha vontade era de levantar dali e sair correndo. Ele acabaria descobrindo sozinho a minha armação. No outro dia eu iria embora e nunca mais precisaríamos nos falar. Eu nunca mais voltaria para Londres, nem que tivesse de arrumar dois empregos para pagar as passagens do meu avô até Liverpool.

_ O que você planejou?

_ Bem, é complicado...- respirei fundo - Este apartamento não pertence á Gabrielle. Pertence aos pais da Rachel.

_ E por que a Gabrielle está aqui?

_ Não existe nenhuma Gabrielle, tá bom? - eu gritei.

_ Então por quê...? Como assim, Jenni? Se a gente tinha que buscar a Rachel, por que você inventou essa outra garota? Não faz nenhum sentido. E Ethan disse-me agora a pouco que estava indo buscá-la.

_ Sim, ele foi. Eles devem estar no baile neste exato momento.

_ Então qual a razão disso? O que estamos fazendo na casa dela, se ela nem está por aqui? Nós já deveríamos estar no baile.- ele continuou perguntando. Como é que ele ainda não havia ligado as coisas?

_ Ela não mora aqui. Ninguém mora. Os pais dela alugam esse apartamento, mas há dois meses ele está vazio. Ela me emprestou a chave. - eu disse, enquanto ele me olhava em silêncio - Eu nunca quis ir a este baile. Eu tinha outros planos. Outra coisa que eu queria fazer antes de ir embora. Então acabei planejando tudo, enganando você...Só pra ter isso. Não sei porque menti. Sou muito egoísta.

_ Outros planos?

_ Sim, outros planos. Uma coisa que eu queria fazer antes de ir embora. Simplesmente porque eu queria que fosse com você. Ah, vamos Connor. Você sabe. - eu disse sem parar nem um segundo para respirar. Quando resolvi fazê-lo, senti uma maior parte do meu sangue dirigindo-se até a minha face. Reconheci aquele calor na hora. Aquele que indicava que eu estava visivelmente vermelha. - Droga! - sussurrei.

Os seus olhos curiosos continuaram me fitando. Connor ainda estava absorvendo tudo. Talvez ele não estivesse acreditando ainda que eu fora capaz de armar tudo aquilo para praticamente obrigá-lo a dormir comigo. Beirava o ridículo. Era ridículo. Pensando daquele ponto, eu não compreendia bem o por quê de ter levado o plano adiante. Eu poderia ter simplesmente dito o que eu queria. Poderia parecer a coisa mais difícil do mundo, mas naquele momento eu podia ver que não chegava nem perto da situação a qual eu mesma me submetera. Então, de repente, tudo se tornou claro para ele. O seu olhar pensativo foi substituído por uma feição de quem se divertia, que logo se projetou em um sorriso. Logo ele estava rindo. Rindo de mim. A forma como ele me olhava fazia com que eu me sentisse como uma garotinha de dez anos.

_ Desculpa. - eu murmurei fitando o chão.

_ E como você fez para parecer que realmente morava alguém aqui?

_ A Rachel. Ela veio aqui mais cedo e preparou tudo.

_ Tinha que ter dedo dela nessa história. - ele sorriu. - Aposto que a Grace ajudou também.

_ Um pouco. - respondi em voz baixa, enquanto a única imagem que eu tinha era a do chão. Eu sequer conseguia olhar para Connor.

_ Você realmente planejou isso tudo por mim?

_ Você tá muito bravo comigo?

_ Por que eu ficaria?

_ Bem, eu menti pra você. Eu trouxe você até aqui achando que ia buscar essa amiga minha, e... Era tudo uma mentira enorme.

_ Ei, eu não estou bravo. - ele escorregou um de seus dedos até embaixo do meu queixo, levantando-o. - Isso foi muito legal. Bom, é claro que não precisava de tudo isso, né? Você poderia ter me contado.

_ Claro. Isso é muito simples. É uma coisa que você conta de forma super casual. - eu disse de forma irônica.

_ Você não tem que ter vergonha do que você quer. Se você tivesse me contado, bem, nós poderíamos ir até a minha casa. Está tudo arrumado agora que me mudei para lá. Bem diferente do que a primeira vez que você viu. Não precisaria ter se dado tanto trabalho. A gente nem precisaria estar vestido tão...Hm...Formalmente. - ele riu.

_ É, eu sei. Mas ainda assim. Eu morreria de vergonha. Não saberia nem por onde começar quando fosse contar a você.

_ Bem, essa parte é simples.

_ É?

_ Você poderia começar assim. - ele disse, puxando-me pela cintura para que os nossos corpos ficassem perto o suficiente para que as nossas bocas se tocassem naquele seu beijo tão intenso que me relaxava e agitava ao mesmo tempo. Eu não podia acreditar que havia sido tudo tão simples. Ele realmente não estava bravo? Ele realmente queria estar lá...Comigo?

_ Promete que não vai ter nenhuma 'Gabrielle' naquele quarto? - ele brincou.

_ Ah, sim. eu prometo. - eu ri.

_ Que bom. - ele levantou-se do sofá. Levantei-me junto meio sem saber o que fazer e caminhei devagar até ele, que sorria para mim. Meu coração começava a agitar-se, as minhas mãos suavam e eu não acharia nada estranho se, de repente, eu acordasse em minha cama. Mas não. Aquilo era real. Ele estava lá comigo. O 'garoto do terceiro ano'. O 'garoto misterioso'. Eu definitivamente nunca me acostumaria com aquilo.

_ Connor Garrel... - eu sussurrei, aproximando-me dele, abraçando-o por baixo da camiseta e sentindo como o seu corpo era quente e aconchegante.

_ Sim? - ele perguntou, com os lábios tocando os meus ouvidos.

_ Eu quero você...

_ Viu como é fácil dizer o que você quer? - ele encostou sua testa na minha.

E, antes que eu percebesse, nós já estávamos na porta de quarto. Os meus braços envolvendo o seu pescoço, nossas bocas sem deixarem de se tocar um segundo sequer, enquanto andamos até ali. Ele finalmente empurrou a porta e eu virei-me para ver o que Rachel havia feito por lá.

Dei um passo para trás. A iluminação do quarto não vinha de alguma luz ligada. Sem sombra de dúvidas. Rachel tivera muito mais criatividade, uma disposição infinita ao colocar todas aquelas velas pelo quarto, além dos incensos e da música baixa que vinha de algum lado não identificável. Quanto aos móveis, havia o básico. Uma cama, um armário embutido na parede, uma prateleira acima da cama e uma mesinha de canto. Mas por todos os lados inimagináveis haviam velas acesas.

_ Eu não sabia que ela era tão exagerada. - eu disse, provocando uma risada dele.

_ Vem cá. - ele disse, puxando-me pelas mãos. Dirigiu-se até o armário, a prateleira, a mesinha de canto, apagando cada uma das velas. Somente três sobraram. As três que estavam bem próximas da cama, causando uma iluminação fraca e um teatro de sombras dançantes. - Vamos precisar só dessas. - ele olhou para mim e eu assenti. com a cabeça.

Fiquei parada no meio do quarto, mordendo o lábio inferior, sem ter a mínima ideia de como agir, do que eu deveria fazer. Fora tão mais fácil aquela vez, na festa, quando nenhum de nós esperávamos nada. E, naquele momento, quando tudo estava dando perfeitamente certo, quando eu tinha certeza do que queria, o nervosismo tomava conta de cada uma das células do meu corpo. Connor aproximou-se de mim e sem querer recuei um passo. Pensei em me desculpar, pensei em dizer o quão estava nervosa e em contar-lhe que eu não tinha a mínima ideia do que fazer. Mas talvez isso o fizesse pensar melhor. Pensar que eu não estava realmente pronta, que eu me arrependeria depois. Porém resolvi não dizer-lhe. Já era óbvio o suficiente. Mas ele saberia o que fazer. Ele sempre soube.

_ Só lamento por uma coisa. - ele disse.

_ O quê?

_ você não vai ganhar o concurso do baile. - ele sorriu.

_ Eu não me importo.

_ Nem eu. - ele sussurrou no meu ouvido, mordendo-o de uma forma que me fez arrepiar e segurar forte o seu terno. Logo as suas mãos dirigiram-se para a gravata em em seguida, para o casaco do terno, que escorregou facilmente pelos seus braços e caiu no chão.

A camisa branca era tão fina, quase transparente, que, com a luz das velas, revelava todos os contornos que o seu corpo tinha, ele era tão bonito que eu poderia passar horas ali, somente o observando. Um impulso fez com que eu abrisse o primeiro botão. E depois eu continuei. Um por um. Eu não recuaria mais. Eu preferia estar ali, com ele, do que em qualquer outro lugar do mundo. Puxei a camiseta em direção ao chão, que também deslizou pelos seus braços, deixando parte de seu corpo totalmente descoberta. Eu toquei as suas costas devagar, cada parte dele estava tão mais quente que o normal. Pareceu uma vez que eu tive febre de 39°, quando criança. O calor da pele dele era o mesmo. Afastei as mãos, de uma vez, e ele percebeu.

_ Que foi?

_ Você está tão quente... - eu disse. Ele sorriu, aquele sorriso lindo e confiante que eu adorava.

_ É normal. Estar com você provoca isso. - os seus dedos quentes tocaram a pele fria do meu braço, provocando mais e mais arrepios. Naquela altura, qualquer toque ou sussurro dele tinham os efeitos mais intensos. Ele mordeu-me o pescoço, mas desta vez não foi como aquele dia na festa. Foi melhor. Quanto mais percebia o estado em que me deixava, mais forte ele mordia. Os nossos braços entrelaçados no corpo um do outro apertavam-se com força, como se a qualquer momento um de nós pudesse escapar. Sentei-me na cama e, então, o peso dele em cima de mim fez que nos deitássemos.

Connor firmou a mão em minhas costas e, com um único e forte movimento, puxou-me para uma posição mais confortável na cama, onde a minha cabeça ficasse sobre o travesseiro. Quanto mais perto estava de acontecer o que eu mais queria e, ao mesmo tempo, temia, a minha respiração acelerada evidenciava-se. E ainda nem havia começado.

_ Jenni... - ele olhou em meus olhos, passando a mão em meu rosto para tirar o cabelo que estava na frente.

_ O quê?

_ Você tem certeza?

_ Certeza?

_ É. Que você quer que seja comigo. Você vai embora, podemos acabar nos afastando. Eu não quero que você se arrependa de nada.

_ Eu quero que seja com você. - eu sorri, pousando a mão em suas costas esculturais.

_ É que eu nunca fui o primeiro de uma garota, sabe? Eu sei que isso é especial pra você, não quero estragar seu momento ou frustrar as suas expectativas.

_ Você não vai estragar. Eu já fiz minha escolha. É você. - eu disse, encostando o meu nariz ao dele. Um sorriso formou em seus lábios, e ele abraçou-me forte. Eu desejei poder contar-lhe os motivos pelos quais eu o havia escolhido. O fato de que eu já sabia que seria ele desde o começo, anos atrás. O fato de que, desde que o conhecera, eu nunca, em momento algum, deixei de pensar nele. E, principalmente, o fato de que eu amava. E era intensamente, e era real. Mas eu não poderia contar. Não naquele momento.

_ É que....uau... Isso é tão difícil de acreditar. Eu nunca me senti tão especial. Você me escolheu, e... Eu não sei bem como agir agora para não parecer estar estupidamente encantado por você.

As suas mãos tocaram as minhas costas, procurando onde começava o zíper do vestido. Após encontrá-lo, abriu-o facilmente. Eu só conseguia olhar para a vela, aquela que iluminava toda a cama. Que iluminaria todo o meu corpo depois que ele conseguisse tirar todas as minhas roupas. Ele seria o primeiro homem a me ver daquela forma, tirando o meu pai e vovô, claro. Comecei, inclusive, a pensar se quando ele visse o que eu havia comprado com Grace e Rachel, ele saberia, passaria por sua cabeça que havia sido só para ele. Só para aquele momento. Suas mãos puxaram as alças com tanta prática e delicadeza, que o vestido escorregou pelo meu corpo tão facilmente quanto julguei que pudesse ser. Ele olhou para mim, por completo. E depois olhou no meu rosto, que já demonstrava que eu estava morta de vergonha.

_ Você é linda.

_ Não tenho nada de especial.

_ Você realmente não tem a menor consciência sobre si mesma, não é? Sobre como os homens olham para você.

_ Você pode só... Parar de dizer essas coisas?

_ E, além de muito bonita, é encantadora. - ele continuou, divertindo-se com o meu embaraço.

_ Então tá.

_ Feche os olhos. - ele sussurrou em meu ouvido.

_ Pra quê?

_ Você confia em mim?

_ Você ainda sente a necessidade de perguntar?

_ Confia?

_ É claro.

_ Então fecha. - eu fechei. - Você vai se sentir menos constrangida.

Foi naquele momento, por detrás daquele simples pedido, que Connor me fez ver que eu não fazia ideia do que era sentir prazer. O nosso primeiro beijo na praia, a sensação de tê-lo nos meus braços, a primeira vez que fui até a casa dele, a nossa reconciliação naquele quarto na festa, nada daquilo sequer chegava perto do que ele me fazia sentir ali, naquele momento. Sua respiração quente estava próxima á minha nuca, o silêncio do quarto era tal que somente se escutava as nossas respirações e os sons de satisfação que soltávamos a cada toque, a cada simples toque. Os seus lábios percorriam da minha boca, ao meu queixo, pescoço, clavícula, os beijos cada vez mais fortes e intensos, trazendo suspiros tão fortes quanto a paixão que sentíamos. Suas mãos percorriam todo o meu corpo, como se ele já me conhecesse muito bem e soubesse sempre o lugar certo a tocar. Provocavam rastros e calor no caminho que faziam pelos meus braços, seios, barriga, pernas e no meio delas. E eu me descobria, e o quanto aquela sensação era incrível. Cada toque, uma sensação diferente. Mais intensa, melhor, sempre melhor.

_ Eu nunca...Nunca me senti assim antes. - eu suspirei.

_ Pode abrir os olhos agora.

Eu os abri devagar, e percebi que ele me olhava de uma forma carinhosa, de uma forma que me fazia sentir em casa. Primeiro eu percebi que cravara as unhas em suas costas, involuntariamente, e provavelmente aquilo doera.

_ Desculpa.

_ Não dói.

Só então eu percebi que ambos estavamos inteiramente nus. A luz da vela, quase no final, iluminava-nos e era tão bonito quanto aqueles filmes de romance que eu via e me faziam arrepiar. Mas era o nosso próprio filme que estava acontecendo ali. Aos poucos eu ia perdendo a vergonha de observá-lo por completo. Eu nunca havia visto um homem daquela forma, em minha frente. E vê-lo assim só fez com que o meu encanto fosse cada vez maior. Ele era perfeito. Não conseguia encontrar um defeito, uma falha sequer naquele corpo que me envolvia. Eu o amava por completo, cada parte dele, eu queria que aquele momento não acabasse nunca.

Suas mãos acariciavam minha cintura, devagar, e percebi que ele somente me olhava, como que esperando um sinal. Era o motivo dele ter dito para que eu abrisse os olhos novamente. Ele queria ter certeza de que eu sabia o que estava fazendo. Senti uma pontinha de medo se formando dentro de mim. Não era medo de me arrepender. Era medo do desconhecido. Do que ia acontecer naquele momento, medo de como seria, medo de como as coisas ficariam depois. Mas, sobre o arrependimento, não havia preocupação nenhuma. Eu tinha toda a certeza do mundo. Cada segundo com ele só a fazia aumentar. Fiz um sinal afirmativo com a cabeça, abraçando-o forte, sentindo como era bom tê-lo daquela forma.

_ Acho que vai doer um pouco. - ele me olhou, meio receoso.

_ Tudo bem.

_ Se doer, você pode me arranhar, tá bom?

_ Tá. - eu ri.

_ E se você quiser que eu pare, você pode...

_ Connor!

_ O quê?

_ Eu tenho certeza. É sério. - eu disse claramente, olhando fundo em seus olhos, para que ele soubesse. Ele nada disse. Apenas me beijou. Mas não daquela forma selvagem de minutos atrás. De uma forma doce, gentil, cuidadosa. 'Como se pudesse me quebrar',seria a denominação correta.

O seu corpo se ajeitou por cima do meu, suas mãos puxaram as minhas pernas, com cuidado, para que as suas pernas se encaixassem nas minhas. E eu o abracei com toda a minha força.

Então era aquela a sensação de entrega, aquela que você sente quando ama tanto alguém que é capaz de se entregar de corpo e alma? Significava que eu não seria mais aquela garota que sentiria tudo com um passo atrás, para o caso de não dar certo, com medo de sofrer como sofri quando perdi meus pais? Seria diferente agora? Eu estava entrando de cabeça naquilo. A minha vontade era de desistir de tudo e de fugir com ele, fugir para longe de tudo e de todos. Mas eu não podia. Aquele momento era tudo o que tínhamos.

Ele estava certo, a primeira sensação era de dor. Mas não era o tipo de dor que você sente quando cai de bicicleta ou da primeira vez que quebra a perna fazendo estripulias. É uma dor estranha e aguda. Como se ele estivesse me rasgando por dentro. Mas o que permanecia era a vontade de ir até o fim por Connor, que estava fazendo de tudo para para que não doesse tanto. Com ele tudo ficava fácil. Eu nunca havia percebido aquele seu lado doce e cuidadoso que fiz despertar naquela noite.

Mas, por estranho que fosse, aquela dor levava apenas alguns minutos, sendo substituída por outro tipo de sensação. Era como se o meu corpo pedisse por aquilo, e a cada vez em que ele entrava em mim eu me sentia completa. E era bom. Completamente diferente e melhor de tudo em que em imaginara nas minhas fantasias. Tudo misturado com aquele carinho imenso que eu sentia por aquele homem que me beijava e tocava daquela forma, a quem eu podia abraçar, que me dava uma segurança tão grande de forma que não importava onde estivéssemos, eu sempre me sentia extremamente bem. Naquele momento não éramos mais tão somente eu e ele. Nós éramos um só. Connor fazia parte de mim e eu fazia parte de Connor. Era tudo o que eu desejava. A lembrança que eu queria levar comigo e, ao mesmo tempo, deixar com ele. O que faria com que fôssemos únicos um para o outro. Que nos ligaria para sempre.

Ele se esforçou e me esperou de forma a fazer-nos chegar juntos ao ápice. Após aquela sensação indescritível, eu me sentia em tamanho êcstasy que cheguei a pensar que, se eu morresse naquele exato momento, eu não me importaria. Minhas pernas estavam bambas e eu me corpo era todo sensações.

Olhei para Connor deitado ao meu lado, em silêncio e me observando. Tive toda a certeza do mundo que o último obejtivo da lista tinha se cumprido da melhor forma que poderia ser. E que eu jamais me arrependeria, ainda que nunca mais nos encontrássemos.

_ Oi. - ele sussurrou meio rouco.

_ Oi.

_ Doeu muito?

_ Não doeu. Foi bom.

_ Foi tão bonitinho você planejar isso tudo, Jenni. Eu não esperava mesmo isso de você.

_ Gosto de ser imprevisível. - sorri.

_ Você vai ter de voltar pra casa hoje?

_ Não. Falei que ia dormir na casa da Rachel.

_ Você pensou em tudo mesmo, né?

_ É. Tive bastante tempo pra isso.

_ Mas nós vamos mudar um pouco esses planos.

_ Como assim?

_ Eu vou levar você pra dormir na minha casa nova. Na minha cama.

Ele estava certo: a casa estava completamente diferente da primeira vez que eu vira. Não era muito grande, mas era o suficiente para uma só pessoa morar. Talvez até duas. Tinha um grande sofá branco na entrada e, em sua frente, uma televisão (que funcionava, desta vez). A mesa de jantar para três pessoas ficava dentro de uma cozinha laranja e toda montada em tons daquela cor. A casa era bem arrumada, com quadros decorativos e cores aconchegantes. Obra da mãe de Connor, que segundo ele, cuidou de tudo relacionado á decoração e compra de móveis.

O quarto de Connor acabou virando o meu local preferido da casa. Não tão somente porque eu dormiria lá com ele, mas por ser tão acolhedor e aconchegante. Todo o chão era coberto de madeira e as paredes eram brancas e aveludadas. Todos os móveis seguiam esta lógica de cores, com a cama de madeira e pintada de branca, uma escrivaninha, um armário embutido na parede, e o enorme quadro de uma paisagem. Na parede, perto da janela, havia uma televisão e, um pouco depois, a porta do banheiro.

_ Você fica assistindo televisão enquanto eu tomo banho? - Connor perguntou, ligando a tv pelo controle remoto. Eu ainda me sentia meio constrangida, ainda que ele houvesse pedido para que eu me sentisse em casa. Sentada na beirada da cama, assenti com a cabeça.

_ Então tá. Eu já volto. Tem certeza que não quer tomar banho primeiro?

_ Tenho sim. Pode ir você.

_ Tá. Então quando você for eu peço alguma coisa pra gente comer.

Assim que ele entrou para o banheiro, deitei na cama e tentei relaxar um pouco da sensação estranha de se estar em um lugar diferente. Imagens de tudo o que acontecera pouco antes, na casa dos pais de Rachel, rodavam pela minha cabeça. Lembranças incríveis demais para serem reais. Finalmente havia acontecido. Eu transara com ele e, naquele momento, não sabia mais como lidaria com isso quando fosse embora. Era como se a minha ligação com Connor tivesse se tornado muito mais forte, de forma que eu sentiria sua falta todo o tempo. E como ficaria tudo depois? Quanto tempo ele demoraria para me esquecer? As dúvidas e medos povoavam o meu pensamento, por mais que eu tentasse relaxar e aproveitar o meu último dia em Londres.

O som do chuveiro ligado ecoou por todo o quarto e foi daí que percebi que ele sequer havia fechado a porta. O boxe era de um vidro fosco que permitia com que quem estivesse de fora visse apenas os contornos de quem estava dentro. Até mesmo os contornos do corpo dele me eram atrativos. Ainda que ele não tivesse tido tal intenção ao não fechar a porta, já que era a sua casa e ele estava acostumado a isso, eu não conseguia tirar os olhos dele. Ele era tão bonito e conseguia deixar-me completamente fascinada por cada gesto que fazia. A lembrança do corpo dele junto ao meu, provocava pequenos choques em minha pele, aquela mesma sensação que eu tinha sempre que ele estava perto demais. Observá-lo no banho, daquela forma, não me permitia pensar em nada, toda a minha mente estava centrada nele. A minha vontade era ir até lá, mas eu sequer conseguia me mexer. Será que ele sempre teria tais efeitos sobre mim?

Sem dúvidas, é assim que você se sente quando está apaixonado. Por mais que seja receoso em cada gesto e palavra, quando se está perto da pessoa a razão lhe foge totalmente, de forma que você passa mesmo a temer qual será o seu próximo gesto e o quão insano ele poderá ser. Meus pés andaram até a porta do banheiro sem qualquer controle de minha mente. Eu estava tão atraída. Eu tinha de estar lá com ele. Eu precisava estar lá. O meu coração estava acelerado, eu sabia que o surpreenderia se entrasse daquela forma, mas era uma vontade incontrolável. E, por nunca ter sentido tal coisa por ninguém antes, eu não sabia como lidar com aquilo. As minhas roupas escorregaram até o chão do banheiro em questão de segundos. Caminhei até a porta e entrei.

Connor quase deu um pulo com a minha entrada repentina. Mas ao perceber as minhas feições meio confusas, ele riu e puxou-me pelas mãos.

_ Oi. Não conseguiu esperar até a sua vez, hein? _ ele brincou, fechando a porta logo que entrei.

_ Não consegui ficar longe de você.

_ Você é linda. - ele puxou-me pela cintura, beijando-me. A água do chuveiro escorria por nossos cabelos, desmanchando o meu penteado, e tirando qualquer resquício de maquiagem que ainda havia. Permancemos os dois em silêncio. O som da água caindo, o calor de estar próximo ao seu corpo, dava uma sensação de aconchego. Eu me sentia como se todos os meus problemas fosse se esvaindo a partir do momento em que a água tocava minha pele. Aos poucos, fui me esquecendo de que eu ia embora, do medo de deixar a todos, e principalmente o de perder Connor. Eu não precisava mais pensar em nada. Precisava somente estar ali, entre os braços dele.

_ Acho que não vai ser nada confortável dormir com esse vestido. Vou te emprestar umas roupas minhas, tá? - Connor disse, enquanto eu estava sentada na cama enrolada à toalha que ele havia pegado para ele mesmo. Depois de se vestir, ele vasculhou o armário a procura de uma roupa que não ficasse grande demais em mim. Não havia nenhuma, então ele decidiu me emprestar uma de suas camisetas.

_ Ficou enorme. - eu ri, olhando-me no espelho.

_ Mas você fica muito sexy com ela. - ele sorriu com os lábios - Você gosta de pizza?

_ Pizza?

_ É. Eu posso pedir uma. Ou outra coisa, caso não goste.

_ Não tem comida aqui?

_ Er...então. - ele sorriu sem graça, levando a mão ao pescoço.

_ Você não sabe fazer comida, né?

_ Er...Não.

_ Sabia. - eu ri. - Que vergonha, um homem deste tamanho, morando sozinho, não saber fazer comida. O que você come normalmente?

_ Eu costumo pedir meu almoço nos restaurantes, ou então eu saio.

_ É tão fácil cozinhar. Eu é quem sempre faço o almoço para o meu avô.

_ Ah, é?

_ Sim. Um dia eu vou ensinar pra você como se cozinha.

_ Tá bom. - ele riu, abraçando-me por trás, enquanto eu ainda estava em frente ao espelho. - Vou cobrar essa aula quando você voltar. Mas enquanto isso...Pizza!

Melissa J
Enviado por Melissa J em 22/02/2015
Código do texto: T5146615
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