Mais que a Minha Própria Vida - Capítulo 39

Rachel me deixou em casa. No caminho, é claro, ficou ouvindo-me chorar e contar sobre todo o diálogo que havia se passado. Ela repreendeu-me por ter ouvido a conversa, mas na altura em que ela acontecera, de qualquer lugar daquele corredor podia-se ouvir. Até algumas portas se abriram e homens engravatados me lançavam olhares de pena, de reprovação ou repulsa. Niguém fazia ideia de quem era o pai de Connor. Nem mesmo Ethan, seu melhor amigo. Era como se ele escondesse de todos o tempo todo por não querer ser visto como o próprio pai era. Por não querer que gente interesseira se aproximasse. Ela tentou me acalmar de todas as formas. Porém, quando eu disse minha decisão, foi ela quem precisou ser acalmada. Eu lhe disse que estava determinada a lidar com aquilo sozinha. Eu não precisava do Connor, não precisava e nem queria lançar-me no meio daquele tipo de vida. Ter de enfrentar as coisas que eu enfrentaria. Ter de acabar com o futuro dele, que era muito mais viável do que o meu, já que eu não tinha nada, e ele, tinha tudo. Mas Rachel não tinha escolha. Ela tinha que me apoiar em qualquer decisão que eu tomasse, afinal a vida era minha.

_ Você tem certeza que não quer dormir lá em casa hoje?

_ Não, querida. Eu preciso ficar um pouco sozinha. Preciso pensar. Eu vou ficar bem, não se preocupe.

_ Eu vou estar com meu celular. Qualquer coisa, você sabe que pode ligar, não sabe?

_ Tanto sei que liguei, não foi? - eu dei um sorriso triste.

_ Se cuida. E cuida da minha sobrinha. - ela tocou minha barriga - Eu te amo.

_ Também te amo.

Eu tinha de ser forte. Tinha que lutar contra a dor, tinha de me acostumar com ela. Era óbvio que ela sempre existiria. Sempre fora dessa forma. Eu tinha de aprender a lidar com essas dores, para que a criança que eu trazia dentro de mim não sofresse também. Eu era a única família, a única proteção que ela tinha. Não podia transferir para ela os meus problemas.

A minha casa estava toda suja e empoeirada. Não havia nenhum tipo de alimento na geladeira ou na despensa, todos os eletrodomésticos estavam desligados, haviam capas de plástico por todos os móveis, além de contas de luz e telefone a pagar. Eu morava naquela casa, não tinha de viver como um fantasma. Não fazia bem pra mim.

_ A mamãe vai deixar essa casa linda só pra você, querida. - eu acariciei minha barriga, sorrindo ao lembrar da imagem dela que eu tanto conhecia. Eu sentia falta de sonhar com ela. Quanto mais sozinha eu me sentia, mais eu a desejava em minha frente, em meus braços, queria acelerar o tempo só para tê-la de uma forma mais concreta.

Passei o dia a fazer telefonemas para as empresas de água, luz, telefone, a quem devia, a limpar a casa e retirar as capas de proteção dos móveis, além de ter feito supermercado. A parte boa era que eu poderia comer qualquer coisa que eu quisesse. Poderia fazer qualquer coisa que eu quisesse. Mas sequer era grande coisa. A idéia de morar sozinha parecia bem mais divertida antes, quando era só uma idéia.

Já anoitecera quando resolvi tomar um demorado banho e me deitar para descansar. Eu não fazia idéia se Connor, Rachel, ou qualquer outra pessoa haviam me ligado. O meu celular ficara desligado e o telefone fora da tomada. Eu precisava ficar sozinha, precisava me acalmar, não ficar todo o tempo pensando em problemas. Eu havia acabado de desligar a luz do meu quarto e deitar em minha cama, quando soou a campainha.

_ Você não esperou. - era Connor. E essa foi a primeira coisa que ele disse quando abri a porta.

_ O que você queria? Que eu ficasse parada ouvindo aquilo?

_ Jenni, eu sinto tanto por isso. Não queria que você tivesse ouvido. Foi totalmente desnecessário, meu pai é um idiota. É muito pedir pra que você esqueça tudo o que aconteceu lá dentro?

_ Sim, é muito. - eu cruzei os braços, virando-me de costas para ele e andando pela sala.

_ Aquela não é você. Aquela de quem ele falou. Você sabe quem é. Não precisa escutar esse tipo de coisa.

_ Não mesmo. É por isso que eu fui embora.

_ Me desculpa por aquilo. - ele tocou meu braço.

_ Não foi culpa sua, Connor. Eu o entendo. Você tem todo um futuro brilhante e eu sou a garota que surgiu do nada pra arruinar com tudo.

_ Não. Você não estraga nada. Para de agir como se fosse tudo culpa sua.

_ Olha. Você tem coisas que eu nunca tive e não teria nem em um milhão de anos. Aproveite isso, viva isso. Eu não quero mais te atrapalhar. Estou saindo do caminho. Não quero que você fique ao meu lado.

_ Eu quero ficar.

_ Acredite, você não quer. Vá pra casa, Connor. Tá tarde. Eu já ia dormir.

_ Quero que você vá jantar comigo. Eu já vim te buscar, então...Você não tem escolha. Vá se arrumar, coloque um vestido bonito e me encontre no carro.

_ Você acha que eu vou colocar um 'vestido bonito' só porque você quer?

_ Vista o que quiser, pequena. É só um jantar. Eu não aceito um não como resposta. É uma trégua. Você mal chegou, eu senti sua falta. É só quero passar um tempo contigo. Não precisamos conversar sobre problemas, sobre o meu pai, sobre nada que incomoda você. Por favor, aceite. - ele pediu com os olhos, aqueles olhos hipnotizantes, aquele tom de voz proferido de forma doce, que deslumbra a qualquer pessoa. Ele tocou meu rosto, e grande parte do meu sangue foi para aquela direção.

_ Tá. Só porque tô com fome. - eu disse, finalmente.

_ Ótimo. - ele abriu um enorme sorriso. - Te espero no carro. Demore o tempo que desejar.

Ele saiu pela porta, entrando no carro e eu fiquei observando pela janela seu caminho até lá. Não adiantava fazer mais nada, ele não desistiria. É claro que grande parte de mim queria aquilo, queria ter um encontro com ele e fingir que nada havia acontecido. Mas a outra parte se sentia confusa. Eu não podia mais perder tempo, não podia continuar apostando em incertezas. Eu estava esperando uma criança, teria de fazer aquilo sozinha, não podia continuar levando tudo como se confiasse plenamente em um futuro mais fácil. Nada mais era fácil.

Voltei até o meu quarto e tirei as roupas em frente ao espelho, observando o quanto meu corpo mudava. Eu me sentia estranha, inchada, era como se não fosse eu mesma me fitar no espelho. Rachel havia dito que mal dava para perceber a diferença, mas eu sentia que minha cintura se tornava cada vez mais estreita e isso sem contar o inchaço e enorme sensibilidade dos meus seios, o que os tornava um pouco desproporcionais ao resto do meu corpo. Ao menos para mim. Como eu havia demorado tanto a perceber que estava mudando?

_ Que droga. Nenhum vestido vai cair bem em mim. - cruzei os braços em frente ao espelho. Que tipo de cara busca uma garota para jantar sem sequer avisar antes? Eu precisava de, no mínimo, meia hora de preparação física e psicológica. Mas que nada. Aquele dia, em especial, já estava sendo imaginavelmente perturbador. Eu já não esperava mais nada.

Experimentei um vestido verde que não caiu nada bem. Depois um azul, um cor de rosa, um bege e um branco um pouco transparente. Mas não. Nada ficava bem. Connor já devia estar impaciente naquele carro. Talvez fosse até melhor que ele desistisse e fosse embora. Mas, quanto mais eu o conhecia, mais percebia que era ele tão teimoso quanto eu.

Não pude deixar de pensar no quão mais fácil seria se Grace estivesse ali comigo. Ao contrário de Rachel, que era excessivamente realista, Grace usaria todas as suas técnicas de manipulação para me fazer acreditar que aquele seria o encontro mais incrível do mundo, que Connor estava perdidamente apaixonado por mim, que tudo ficaria bem, que não havia motivo algum para me preocupar. Ela escolheria um vestido do armário que magicamente ficaria bem em mim, me faria uma maquiagem incrível e daria um jeito de disfarçar o aspecto de sujo do meu cabelo. Mas, naquele momento, Grace estava a centenas de quilômetros de distância e mal sabia o que se passava comigo. Eu mal havia percebido o quanto sentia falta dela, até aquele momento. Voltar áquela casa me trazia milhões de lembranças, e eu tinha de lidar com elas todas de uma vez.

_ Bem, é melhor eu andar logo. - murmurei.

Lavei o meu rosto na pia, e me maquiei, tentando esconder todo e qualquer indício do quanto as últimas noites haviam sido difíceis. Tentei usar todo tipo de combinação de sombras, blush e lápis, até que eu gostasse do resultado. Sorri para o espelho. Estava bem diferente da imagem de minutos atrás. Eu estava bonita.

Soltei o coque do meu cabelo, fazendo com que ele caísse em meus ombros como pequenas ondas. Coloquei grampos em algumas mechas, para dar um aspecto mais arrumado. Mentalizei que encontraria algo que caísse bem em mim e fechei os olhos, estendo uma das mãos e puxando a primeira roupa que toquei. Era um vestido preto. Tinha alças bem finas e um decote sutil feito de renda. Descia até pouco antes do meu joelho, e era bastante solto e leve, o que me deixava mais confortável. O efeito do preto em minha pele clara deixava menos evidentes as mudanças em meu corpo. Não poderia haver escolha melhor. Escolhi uma roupa de baixo que combinasse com o vestido e um salto preto de tirinhas finas e delicadas.

_ Você tá linda. Ainda bem que convidei você pra jantar primeiro. - Connor sorriu assim que saí pela porta. Até aquele momento, eu não havia percebido o quanto ele estava bonito. Ele estava encostado em seu carro, e trajava um sapato social e um bonito casaco preto. Ele estava com um pouco de barba. Sua barba tinha aquele tom de ébano dos seus cabelos,contrastava com sua pele clara demais, lhe dava um aspecto de mais velho e o deixava incrívelmente sensual. Havia se arrumado todo para sair comigo. E por muito pouco eu não o havia mandado de volta para casa.

_ Primeiro?

_ Sim. Não ficou sabendo? Os garotos aqui da rua estão todos brigando pra ver quem te convida pra sair primeiro.

_ Sei. - sorri sem graça.

_ Ainda bem que sou muito mais esperto do que eles,não é?

_ Com você aqui eles não teriam a menor chance.

Ele estava certo. Eu precisava daquilo. Uma trégua. Uma noite calma, depois de tantas outras conturbadas e confusas. Eu precisava rir e me sentir livre sem ter de pensar em ser responsável e tomar decisões a toda hora. Nós fomos na mesma pizzaria em que jantamos com meu avô e Rachel após a apresentação do meu primeiro grande papel no teatro. Mas, ao contrário do que pensava, não me senti mal por retornar àquele lugar repleto de lembranças. Pelo contrário. Era acolhedor. Fazia com que eu me sentisse bem e feliz. É claro que meu acompanhante foi o principal responsável por isso. Ele havia me contado sobre sua vida durante toda a manhã e parte da tarde daquele mesmo dia. Durante a noite foi minha vez. Connor tratou de me deixar sempre ocupada, perguntando sobre minha universidade, minha colega de quarto, meus colegas, meus professores, as festas e fraternidades.

Connor me tratou carinhosamente durante todo o encontro. Abriu a porta do carro, puxou a cadeira para que eu sentasse, portou-se de forma verdadeiramente gentil. Falou pouco sobre si mesmo. Na maior parte do tempo fazia perguntas e ouvia as respostas sem sequer desviar os olhos dos meus. Vez ou outra ele brincava com uma mecha do meu cabelo, tocava o meu pescoço e acariciava-me o braço, deixando-me desconcertada e fazendo-me esquecer totalmente do assunto do qual falava. Ele sorria daquele jeito especial, tal qual soubesse exatamente o que provocava em mim. Três horas se passaram e nós sequer percebemos. Percebi que há muito eu não me divertia tanto.

O garçom, sem graça, aproximou-se da mesa e disse da forma mais educada possível que eles estavam fechando. Já era quase uma hora da manhã e nos assustamos ao ver que chegara tão rápido. Nós fomos os últimos clientes a ir embora e Connor me levou pra casa.

_ Eu me diverti muito hoje. - sorri, olhando para baixo, já que seria muito difícil resistir a ele se eu olhasse em seus olhos, já que estavam tão perto. Connor havia me levado até a porta de casa e nos despedíamos na soleira.

_ Eu também. Precisamos de mais tréguas como essa.

_ É... - eu ri.

Ele levantou o meu queixo para que eu o olhasse nos olhos. Era o meu ponto fraco. Eu dei um passo para trás e encostei-me á parede, e ele deu o meio passo que faltava para que seu corpo se colasse ao meu.

_ Tá tudo bem entre a gente? - ele perguntou, tão perto que pude sentir seu hálito quente, entrelaçando seus dedos nos meus. Eu não respondi. Não precisava e eu nem conseguiria responder. Estava naquele estado hipnótico ocasionado por ter passado tempo demais naquele mundo imaginário onde nada ruim pode me alcançar. Eu toquei a sua nuca. Estava quente assim como seu hálito. Puxei sua boca para mim, me entregando a toda aquela urgência e paixão de seu beijo. Seus braços puxaram a minha cintura, apertando forte o meu corpo contra o dele, e por mim aquilo duraria o resto da noite. Mas eu precisava respirar.

_ Você não tem medo de dormir aí sozinha? - ele perguntou assim que me afastei.

_ Hm...Não. Eu meio que me acostumei nos três meses em que estive em Liverpool. Minha colega de quarto passava quase todas as noites nas festas da fraternidade dela e eu ficava com o quarto só para mim.

_ Ah, claro. - ele sorriu sem graça - Então eu acho que já vou.

_ Tudo bem. A gente se vê.

Ele soltou o braço que me prendia e fiquei a fitar suas costas enquanto ele caminhava até o carro. Até que eu percebi que não era bem aquilo que ele pretendia.

_ Sua burra! - pensei - Era uma indireta.

Eu então respirei fundo, criei coragem, e chamei seu nome antes que ele entrasse no carro.

_ O quê? - ele virou-se para mim.

_ Você...Digo, se não se não estiver muito tarde pra você...Hm...Você gostaria de entrar?

_ Você não está cansada? Não precisa dormir?

_ É que um chocolate quente cairia muito bem agora. Você não acha? - mordi os lábios, ainda sem ter certeza de que queria que ele entrasse. Mas ele caminhou até junto de mim e respondeu com um sorriso.

_ Perfeitamente.

E então nós entramos.

Era uma noite fria e eu havia deixado as janelas abertas, levando todo o ar da minha casa a ser congelante. Entrei e tratei de ligar o aquecedor, antes de fechar as janelas maiores. Connor tirou o seu casaco e, antes de pendurá-lo no cabideiro, passou os olhos por toda a casa, soltando um longo assobio.

_ Nem mesmo parece a casa de hoje cedo. Você arrumou isso tudo sozinha?

_ E fiz as compras e paguei as contas atrasadas. - tirei o meu casaco, esfregando as mãos perto do aquecedor para que o frio fosse logo embora.

_ Como você é determinada. - ele riu.

_ É só você depositar toda a sua raiva em algo bom. - eu disse, meio que sem pensar, já sendo tarde quando percebi.

_ Raiva... Desculpa pelo meu pai, tá? Não é nada contra você especificamente. Ele é assim com todo o mundo. É por isso que tive que sair de casa, principalmente. Não queria que meus amigos tivessem sempre que passar por esse tipo de coisa. Você é a última pessoa que eu gostaria que passasse.

_ Eu já disse. Não tem que se desculpar. Não foi sua culpa.

_ Eu tenho sim. Não deveria ter levado você lá.

_ Ele iria acabar descobrindo de qualquer forma.

_ Ele demoraria mais para descobrir. Eu poderia prepará-lo psicologicamente.

_ Não vai demorar muito tempo até que todos descubram, Connor. Já está começando a ficar bem evidente. - olhei para minha barriga.

_ Evidente? Onde? - ele me olhou de cima a baixo com uma expressão divertida. Eu fiquei vermelha como um tomate pelo simples fato de ele estar olhando ao meu corpo. Então desviei os olhos e coloquei uma panela com achocolatado no fogo.

_ Eu falei sério quando disse que não pertenço a esse mundo.

_ Jennifer, é a vida do meu pai. Não é a minha. Não é a vida que vamos ter. Eu prometo a você que não sou nem nunca serei como ele.

_ Eu não sei se deveria acreditar em você.

Ficamos alguns minutos em silêncio. Eu fiquei sem fitá-lo por uns momentos, concentrando-me apenas no leite achocolatado que, aos poucos, começava a borbulhar. Nada como algo quente e doce para cortar ao frio e ao clima de tensão. Desliguei então o fogão e, quando me virei para colocar o conteúdo da panela nas duas canecas que esperavam na bancada, ele estava parado bem atrás de mim, os olhos esgueirando-se sob os meus ombros para o chocolate pronto.

_ Ai! - exclamei,pousando a mão no meu seio esquerdo - Quer me matar do coração?

_ Meninas de dezoito anos não tem ataques do coração. - ele sorriu - Estava a observá-la.

_ Observar-me?

_ Sim. Você disse que a sua gravidez já estava começando a ficar evidente. Mas...pra mim parece a mesma.

_ Eu me sinto estranha e inchada. - resmunguei, desviando-me dele, colocando o chocolate quente nas duas canecas e servindo uma a ele.

_ Pra mim o seu corpo continua tão lindo quanto...Naquela vez. - ele sussurrou, colocando a sua caneca de volta á bancada tendo que, para isso, passar o seu braço rente á minha cintura, levando todos os meus pêlos a se arrepiarem. - Muito quente ainda.

_ Obrigada. - eu disse. Um branco vapor gelado saiu pela minha boca juntamente com minha voz.

_ Com frio?

_ Um pouco. Eu já liguei o aquecedor. Logo vai melhorar.

_ Seus dentes estão batendo. - ele riu. Estavam mesmo. Droga!

_ Não estão nada. - tentei disfarçar.

_ Estão sim, pequena. - Connor sussurrou, deixando-me apoiada na bancada enquanto pegava algo na sala. Voltou com o seu casaco, que era maior e provavelmente muito mais quente que o meu e passou-o por meus ombros.

_ Obrigada. - sorri sem graça.

_ Não há de quê. - seus penetrantes olhos negros prenderam os meus, ficando tão perto que eu pude sentir o nariz gelado dele encostar-se no meu.

Ele também estava com frio. Também tinha que se agasalhar. Mas não tive tempo sequer de propor que ele colocasse também um casaco. Num piscar de olhos, seus braços envolveram a minha cintura abruptamente, enquanto seu corpo me empurrou mais acima da bancada, de forma que eu não ficasse mais só apoiada, mas totalmente sentada nela. Sua cintura postou-se entre as minhas pernas, e ele me abraçou mais apertado. Seu nariz gelado aproximou-se do meu ouvido. Aquele frio provocou um choque no meu corpo que com certeza ele percebeu, porque me provocou ainda mais beijando meu pescoço antes de voltar a olhar para mim.

Quando vi seus olhos novamente, tudo o que eu sentia era um desejo enorme de me entregar totalmente a ele, deixar-me levar sem medo do que aconteceria. Era um tipo de desejo novo, que eu não conhecia muito bem, nem mesmo com os homens bonitos que já me atrairam no decorrer da minha vida, nem mesmo com Eric ou Drake. Acontecera justamente naquele momento e justamente com ele. Eu sentia uma falta enorme de ter seu corpo daquele jeito, tão próximo, tão unido ao meu. E pensar que todos aqueles dias em que passei longe, eu nem me dera conta disso. Eu não sentia só falta de fazer amor. Eu sentia falta de fazer amor com ele. Era por isso que homem nenhum me interessava suficientemente. Era por isso que não poderia ter acontecido com Drake.

Minha boca procurou a dele com urgência, e eu o beijei exatamente da forma que o beijaria se, por algum motivo, aquela fosse a última vez na qual nos veríamos. Seus dedos apertaram forte a minha cintura, e sua respiração foi ficando muito ofegante. Ele tirou o casaco que havia acabado de colocar em mim e deixou que caísse ao chão, passando os dedos pelos meus cabelos como um pente. Então olhou pra mim de uma forma que nunca havia olhado, ou melhor, até havia, mas não com tamanha intensidade, urgência, desejo. Era um olhar ao mesmo tempo amedrontador e irresistível. É como o olhar de uma fera que sai de seu controle e se prepara para atacar,deixando a presa hipnotizada, sem tempo para pensar em fugir. Ele havia saído de seu controle. Totalmente. E eu não estava muito longe disso.

Eu o empurrei o mais gentilmente que pude, descendo então da bancada e postando-me em frente a ele. Eu não queria que fosse ali, daquele jeito. Eu esperara tempo demais para tê-lo novamente em meus braços. Tinha de ser perfeito. Connor franziu a testa, meio sem entender o motivo de eu tê-lo empurrado. Para não dar tempo que ele tivesse dúvidas, eu passei os meus braços por sua cintura, beijando-o docemente. Sua camisa havia levantado um pouco e pude sentir em meus braços a pele quente das suas costas. Nada mais sobrava nele do frio de segundos atrás. Aproximei o meu rosto do dele, devagar. Ele estava com um cheiro bom, aquele cheiro marcante que fica no corpo da gente e faz com que a gente fique a pensar nisso todo o tempo. Era bom tê-lo daquela forma. A sua pele esquentava o frio dos meus braços, e aquela era uma sensação tão gostosa que eu quis mais.

Eu sequer tive medo da reação dele quando levantei sua camisa. Foi por impulso. Mas ele não pareceu achar ruim. Me deu um sorriso carinhoso e me ajudou a tirá-la. Connor alterava seu estado e reações estando, hora fora de si, hora com um forte sentimento de carinho e cuidado para comigo. Era como se eu estivesse ali, beijando e abraçando a dois homens diferentes, duas personalidades em um só corpo. Duas personalidades que eu amava na mesma medida.

Admirei por um instante o seu corpo. Os seus ombros largos, costas bem desenhadas, tudo nele remetia a uma sensualidade de tirar o fôlego. Eu adorava a cor da sua pele, adorava aquele contraste que fazia o branco demais com o negro demais de seus olhos, cabelos, cílios, pêlos. Não havia nada nele que não me fosse atrativo. Eu nunca antes me imaginara a me sentir daquela forma por um homem. Me era um pouco estranho, era novo, mas aquele jeito que ele me olhava não me deixava ter medo de sentir.

Connor segurou o meu queixo, puxando minha boca novamente para perto da dele. Acariciei a sua nuca enquanto fitava seus olhos. Ele me olhava curioso, seus lábios faziam uma linha fina que parecia um sorriso. Ele pousou firmemente uma de suas mãos nas minhas costas, fazendo-me aproximar ainda mais e, com a outra, acariciou delicadamente minha perna, sem tirar os olhos de mim, e levando o meu vestido a começar a subir pelas minhas coxas. Soltei um longo suspiro, cravando forte as minhas unhas em suas costas. Ele se arrepiou e eu imaginei que fosse de dor.

_ Epa! - relaxei minhas mãos - Desculpa.

Mas ele não parecia se importar muito com a força em que minhas unhas o agarraram. Ele sequer respondeu. Voltou a me beijar e puxou-me forte pela cintura, dando um impulso para me tirar totalmente do chão, entrelaçando minhas pernas em sua cintura. Eu fiquei um pouco envergonhada por estar daquele jeito, mas ele colocou meu cabelo atrás da orelha de forma doce, e voltou a me beijar sem sequer dar-me tempo pra pensar. Ele foi andando pela casa, tropeçando em algumas coisas pelo chão, eu estava de olhos fechados, mas pude sentir que ele subia as escadas e caminhava pelo corredor.

_ Seu quarto. - ele murmurou com a voz meio rouca.

_ Quê?

_ Seu quarto. Onde é?

_ Ali. - apontei.

Ele empurrou a porta semi-aberta do meu quarto. Estava escuro, mas as luzes do andar de baixo faziam um sombreado, de forma que nem tudo ficasse absolutamente não visível. Cuidadosamente ele me deitou em minha cama de solteiro, pequena demais, bagunçada demais, mas não parecia incomodá-lo. Ele não parou de me beijar. Ele nada disse. Suas mãos tatearam minhas costas até descobrir a origem do zíper que me livraria do meu vestido, puxando-o para baixo, e deslizando vagarosamente o tecido por minha pele até que estivesse no chão. Seus braços me envolveram de forma carinhosa, e eu me senti segura como nunca ali, em meio ao calor do corpo dele.

Connor observou as roupas de baixo que eu usava, envergonhando-me, fazendo com que, dessa vez, eu quem puxasse seu queixo em direção ao meu rosto.

_ Você tem noção do quanto é incrivelmente linda? - ele sussurrou, boca colada em meu ouvido. Fiquei feliz por, naquele momento, estarmos á pouca luz, assim ele não veria o quão vermelha havia ficado minha face. Mentira ou não era como ganhar da loteria ouvir aquelas palavras da boca dele. Seus braços me envolviam de forma tão protetora que nada em mim havia de hesitação, mais do que nunca eu me sentia em casa. O que não era exatamente muito seguro, pois confiando totalmente nele daquele jeito, eu poderia acabar dizendo alguma besteira.

_ Eu...amo...você.

Eu disse em voz baixa, quase um sussurro. Mas eu sabia que ele havia ouvido. A forma como ele parou de acariciar os meus cabelos e afastou a sua face da minha para me olhar, apenas confirmava a minha intuição. Eu daria qualquer coisa para poder apagar aquilo daquele momento. Para voltar ao tempo e agir como se nada houvesse acontecido. O que é que eu poderia dizer? Como eu poderia lhe explicar que, quando estou com ele, digo coisas e faço coisas que parecem meio sem sentido ás vezes, que ele não deve se importar tanto por não ser algo que reflita meu estado natural? Ele nunca entenderia.

_ Connor, eu...Eu não quis... - tentei reverter aquele deslize. Mas de que adiantava? Ele havia ouvido, não poderia passar em branco.

Connor não fugiu, desconversou ou mostrou-se temeroso pela revelação. Muito pelo contrário. Ele sorriu para mim. Sim, caros leitores. Depois de eu voltar para Londres de surpresa, revelar uma gravidez, dar um tapa em seu rosto, fazer com que ele brigasse feio com o pai e fazer uma revelação tão assustadora como aquela, ele ainda permaneceu ali. E sorriu para mim. Não foi nenhum sorriso sem graça. Não foi nada que transparecesse que ele iria embora no momento seguinte. Não. Ele sorriu de verdade. E foi quando eu percebi que talvez eu houvesse sido injusta nos julgamentos que fizera quanto á sua frieza e indiferença.

Seria então um sonho? Todo aquele dia, aquelas sensações que ele, Connor Garrel, me fazia sentir tão intensamente, era apenas algo da minha cabeça? Sabe quando você vive um momento que parece tão perfeito que te faz imaginar se é realidade ou sonho? Não te faz pensar o quão frustrante seria se você acordasse derrepente? Eu o olhava e piscava várias vezes, estava quase a ponto de me beliscar para ver se acordaria. Mas ele continuava ali. E não importava o que dissesse, não importava o quanto eu agisse de maneira estranha, ele não ia embora. Ele sorriu para mim e voltou a me beijar. E o medo foi embora de novo.

Cada vez que eu achava que não poderia mais me surpreender havia uma coisa nova, um gesto, por pequeno que fosse. E a cada segundo que eu conhecia de verdade aquele homem dos meus sonhos, mais real ele se tornava, e mais eu o amava. E eu já nem precisava esconder. Ele sabia. Não há palavras para explicar o peso que saiu de minhas costas, a serenidade que senti com a aceitação dela a essas três simples palavras. Eu o amava. E nada do que já houvesse acontecido antes, nenhuma mágoa ou lembrança triste importavam naquele momento. Tudo o que eu conseguia sentir era amor. E a forma duplamente doce e intensa como ele me olhava fazia com que eu me sentisse especial. Fazia com que eu me sentisse completa...Ou quase. Ainda faltava uma coisa.

Os seu abraço forte se soltou, aos poucos, do meu corpo, e ele deu uma leve mordida no meu pescoço que fez com que meus músculos se contraíssem involuntariamente, como se eu estivesse a tomar pequenos choques. As suas mãos passaram a percorrer o meu corpo e, sem sequer tirar os lábios dos meus, ele acariciou os meus braços, ombros, cintura e barriga e pararam nos meus seios, onde meu coração batia como louco. Quando suas mãos passavam pelas minhas costas, ele me arranhava um pouco, e ficava cada vez mais forte de acordo com a intensidade da minha respiração que só aumentava.

Ele separou sua boca da minha e, antes que eu pudesse protestar e puxá-lo de volta, ele a colocou em meu pescoço, percorrendo um caminho parecido com o que ele fizera com as mãos. Eu sentia o calor de seus lábios percorrendo caminhos incertos e deixando um rastro de fogo. Ele não tinha pressa alguma. Era como se quisesse prolongar ao máximo aquele momento, me dar esse presente por ter esperado tanto tempo por ele, por ter sido somente dele. Eu nunca estive tão certa de uma pessoa, de uma coisa, quanto eu estive naquela noite.

Sua boca desceu pelas minhas pernas, fazendo caminhos circulares por dentro das minhas coxas, e o meu coração estava tão descontrolado, mais do pensei que um coração pudesse ficar. Era normal ficar assim? Eu procurei as suas mãos e, assim que ele entrelaçou os seus dedos nos meus, eu os apertei o mais forte que consegui. Ele afastou sua boca do meu corpo devagar e sorriu quando olhou para o meu rosto.

_ Não fica com vergonha. - ele sussurrou, quando voltou o seu rosto para perto do meu. A frase dele teve um efeito totalmente contrário e eu corei mais ainda.

_ Eu não estou.

_ Não? - ele sorriu de forma sedutora.

_ Eu...Hm...

_ Fecha os olhos, querida. - ele sussurrou em meu ouvido.

_ Não, eu não vou fechar como da outra vez. Eu quero ver tudo. Eu quero ver você. Nunca sei como vai ser depois, eu não quero perder nada. - eu disse, rápido demais, receosa demais, e a expressão divertida dele me deixou ainda mais envergonhada. Era tão fácil para ele. Tão fácil que me fazia pensar com quantas outras garotas ele estivera antes de mim. Haviam sido tantas assim para que ele aprendesse a ser tão confiante? Será que ele olhava para as outras da mesma forma que estava a olhar para mim? Eu não podia evitar de pensar nessas coisas e sentir um aperto enorme no peito com qualquer possibilidade que me viesse à mente.

_ Jennifer...

_ O quê? - murmurei, extasiada pelo desejo que os seus olhos me faziam sentir.

_ Na universidade, você conheceu... Outros caras?

_ Sim, tinham dezenas de homens por lá. - franzi a testa.

_ Não. O que eu quero saber é...bem...Você já esteve com outra pessoa?

_ Não assim. - eu disse, fugindo dos seus olhos.

_ Nunca? Nem uma vez? Eu sou o único com quem você já transou?

_ Sim Connor. - mordi os lábios. Tínhamos mesmo que conversar sobre aquilo? Não era uma coisa sobre a qual eu conseguia falar livremente como ele.

Ele me olhou por alguns segundos só para ter certeza. Depois abriu um enorme sorriso e me beijou de forma doce. Então ele se importava. Tinha aquelas mesmas dúvidas, os mesmos medos que me corroíam. Então era importante para ele ser especial para mim, ser amado por mim, ser único. Ele não precisava ter dúvidas. Ela sempre fora único e todas as minhas tentativas de fugir desse fato davam errado. Porém eu nunca imaginaria que saber desse fato o faria sorrir daquela forma.

Quando ele voltou a me beijar, em um início lento que se acelerava e intensificava aos poucos, aquele descontrole que ele sempre sabia como provocar foi voltando. Ele foi tirando o restante das minhas roupas e tudo o que eu conseguia fazer era abraçá-lo mais forte, cravar as unhas em suas costas, e respirar descompassadamente. Quanto mais eu o aceitava, o abraçava, demonstrava a confiança e desejo que eu tinha de continuar com aquilo, mais liberdade ele sentia para me tocar. E ele tocava de forma cada vez mais completa, sem nenhuma vergonha ou hesitação. Os arrepios e espasmos vinham de forma cada vez mais violenta e quanto mais eu achava que não poderia existir sensação melhor mais ele me mostrava novas sensações,novas descobertas. Tudo o que ele fazia era tão certo e tão maravilhoso que parecia conhecer o meu corpo muito mais do que eu mesma.

_ Connor... - eu gemi baixinho, como uma reação quase involuntária.

_ Diga de novo. - ele pediu, com um olhar de quase tortura.

_ Connor. - eu sussurrei em seu ouvido.

_ Adoro quando você fala meu nome assim. - ele me beijou, apertando-me forte.

Eu queria poder lhe explicar, poder lhe demonstrar de alguma forma o quanto irreais e maravilhosas eram todas aquelas sensações que o seu toque provocava. Cada parte do meu corpo que ele tocava trazia algo diferente, mais ou menos intensa, que me acalmava ou que me fazia querer avançar nele imediatamente. Eu me perguntava se ele sentia aquelas mesmas coisas. Eu queria que ele sentisse, queria lhe mostrar, lhe agradecer por casa segundo daquilo.

Me afastei um pouco para que parássemos de nos beijar e acariciei carinhosamente os seus cabelos. Ele me olhou um pouco confuso, mas toda a tensão do seu corpo desapareceu quando eu lhe sorri. As reações que ele tinha ali comigo era tão lindas que me derretia o coração. Pobre do meu coração, aliás. Já havia parado, se acelerado e derretido centenas de vezes num espaço de minutos. Se eu continuasse com aquilo tinha certeza que nunca sobreviveria até os trinta anos. Mas eu não me importava. Seria uma vida curta e feliz.

Connor pareceu surpreso quando o empurrei para que se deitasse no travesseiro e impulsionei meu corpo por cima dele. Ele me deu um meio sorriso que me dizia saber de duas coisas: que eu estava morrendo de vergonha por ele poder ver ao meu corpo ainda mais completamente, com uma visão privilegiada, e de que ele estava adorando tudo aquilo. Eu não sabia direito o que fazer, então comecei a beijá-lo para tentar me acalmar. Como se fosse possível. O beijo dele me deixava ainda mais descontrolada. Eu sorri ao lhe provocar um longo suspiro com o toque dos meus lábios em seu pescoço e comecei a percorrer os seus ombros e braços com a ponta dos meus dedos, conhecendo aos poucos a forma como o corpo dele reagia a cada estímulo. Fechei os olhos e comecei a delinear as suas costas largas, sua cintura, quadril, barriga, todos perfeitamente desenhados. Aquilo era tão bom para mim quanto para ele. Eu adorava sentir o calor da sua pele, sentir a forma como os seus dedos acariciavam as minhas costas com delicadeza, adorava ouvir ele sussurrar meu nome baixinho.

Ficamos um tempo entretidos nas carícias, suspiros e sussurros, prolongando ao máximo aquele momento que eu tanto esperei e que agora desejava que durasse para sempre. Até que Connor pegou a minha mão e a empurrou em direção aos botões de sua calça. Ele queria seguir em frente, mas queria que eu o fizesse. Senti a vergonha começar a tomar conta de mim novamente, mas tentei pensar que não havia nada tão certo quanto aquele momento. Eu sempre fora dele. Não havia nada mais que eu desejasse.

Eu tirei o que restava de suas roupas com rapidez, embora tentasse aparentar a calma de quem já soubesse exatamente o que fazer. Da última vez fora ele quem fizera praticamente tudo. Eu não sabia muita coisa, e aquilo era constrangedor. Mas ele sabia e tentava me deixar completamente á vontade para aprender com ele. Acariciei a sua coxa devagar, sentindo na ponta dos dedos que ele era dominado pelas mesmas ondas de choque que me dominavam. Quanto mais eu explorava seu corpo, cada parte diferente que eu tocava e a forma como eu tocava, o fazia ter reações parecidas com as que ele me fizera sentir. Era maravilhoso saber que eu lhe provocava aquele mesmo prazer que ele provocava em mim. Era aquilo, exatamente aquilo o conceito de pertencer um ao outro. Eu sabia que, naquela hora, naquele quarto, ele era meu,somente meu, e nem o tempo existia mais. Procurei os seus olhos por mais uma vez e ele me sorriu de forma doce, segurando a minha mão e puxando-me de volta para o seu peitoral. Eu quis dizer que o amava novamente, eu quis dizer um monte de coisas que sabia que acabaria me arrependendo. Mas ele não deixou que eu fizesse nada. A sua boca não abandonava a minha.

Connor me abraçou forte, fazendo com que nossos corpos rolassem de forma que ele voltasse a ficar em cima de mim. Ele enterrou o rosto ao lado do meu e pude sentir o calor, a sua respiração ofegante, o vapor quente que saia de sua boca entreaberta. Eu desejava mais do que nunca ser completamente dele. E não havia dúvidas que ele só pensava nisso. Ele me pedia, sussurrava no meu ouvido, beijava meu pescoço tão carinhosamente que não restava dúvidas. Então nós nos encaixamos. E aquela sensação tão gostosa que senti em nossa primeira vez deixou de ser somente uma lembrança boa para voltar a acontecer de forma infinitamente melhor e mais intensa. Naquele momento já não havia dor, só desejo e carinho. Nós nos abraçávamos com força, e eu pude sentir que nossas respirações e pulsações começavam a entrar em sintonia. Os nossos corpos se encaixavam tão perfeitamente e isso me fazia sentir tão completa que era como se fôssemos duas partes de um só.

A cada movimento de nossos corpos, mais eles pediam. Eu nunca, jamais, de forma alguma, imaginara que fosse possível sentir-se daquela forma. Nós nos beijávamos de forma tão intensa que já nem havia necessidade de que nossas bocas se separassem. Tudo foi ficando mais e mais intenso, até que chegou um momento em que senti um tremor subir pelo meu corpo e aquilo fez com que eu saísse de mim por alguns segundos. Eu me senti fora do meu corpo, senti uma satisfação e êxtase tão grandes que eu jamais conseguiria explicar. Sabe quando dizem que é como estar no céu? Bem, é melhor do que isso. Connor e eu nos abraçamos forte por uma última vez e, quando nossos braços se relaxaram, todo o meu corpo se relaxou. Eu não queria ter de me mexer, ter de dizer ou fazer qualquer coisa. Sentia todo o meu corpo mole e não conseguia pensar em outro lugar melhor e mais confortável do que aquele espaço entre os braços do Connor no qual eu me deitei.

Connor voltou a si, aos poucos, e me envolveu em seus braços, puxando-me para perto dele. Ele afastou uma mecha do meu cabelo que caia sobre o meu rosto, e beijou-me os lábios, abrindo um enorme sorriso para mim.

_ Ah...meu...Deus! Você é incrível. - ele sussurrou com uma voz meio rouca que, para mim, era extremamente sensual.

_ Eu sou? - sorri.

_ Absolutamente. Você me deixa louco por você. - ele disse, me abraçando forte.

Ele começou a acariciar as minhas costas e eu me senti cada vez mais relaxada. Depois de ajeitar minha cabeça na parte mais macia de seus ombros eu tive certeza de que ele não iria embora. Eu acordaria no outro dia e ele ainda estaria ali. Era só o que eu queria.

_ Você vai ficar, não vai?

_ Vou, pequena. Dorme um pouco.

_ Tá bom. - e eu fui me acalmando, fechando os olhos devagar.

Porém eu tenho certeza, absoluta, que ainda estava acordada quando ele sussurrou:

_ Eu quero mais do que nunca amar você de volta da mesma forma como você me ama. Você consegue ser tão incrível, me surpreende a cada dia. Se você deixar, pequena, eu prometo que farei de tudo pra aprender a amar você do jeito certo. Da forma como você precisa e merece.

Melissa J
Enviado por Melissa J em 16/04/2015
Código do texto: T5208700
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.