Mais que a Minha Própria Vida - Capítulo 45

Dormi aconchegada em seus braços o resto da noite. As noites eram sempre menos agitadas quando ele me abraçava daquele jeito. Ele me acalmava e acalmava a Hailie. Não me lembro se tive algum outro pesadelo ou sequer um sonho normal. O que sei é que, antes mesmo de abrir os olhos, me veio um enorme desejo de comer mousse de maracujá. Logo eu, que sempre tive tamanha aversão a maracujá que sequer gostava de sentir o seu cheiro. Quando eu sentia desejo de comer alguma coisa, era bem diferente das vontades que eu tinha quando não estava grávida. Era como uma fome intensa que só será saciada com a ingestão daquele alimento específico. Eu sentia o cheiro, sabor, até o gosto, e a vontade que nunca passava.

_ Bom dia. Como se sente? - Connor sorriu, enquanto andava pelo quarto abotoando a calça jeans e colocando uma camiseta.

_ Melhor. - eu dei um meio sorriso, forçando pra me levantar da cama. Senti minha barriga roncar.

_ Mousse de maracujá.

_ Hm?

_ Eu quero comer mousse de maracujá.

_ Você odeia maracujá.

_ É, eu odeio. E daí? Eu preciso comer e preciso muito.

_ Mulheres... - ele riu, enquanto amarrava o tênis.

_ Você vai comprar ou não?

_ Eu preciso comprar algumas coisas pra ajudar com a festa de hoje. Posso trazer na volta.

_ Connor...Não...Você não tá entendendo. Eu não quero comer mousse de maracujá mais tarde. Quero comer agora. Nem que eu mesma tenha que ir comprar.

_ Só vou comprar uns copos e pratos descartáveis. Vai ser rápido.

_ Então tá. Tchau. - eu disse irritada.

_ Jenni...

_ Tchau!

_ Tem mousse de chocolate aqui. Não pode ser mousse de chocolate?

_ Não!

_ Tá bom. Eu compro a mousse primeiro, passo aqui pra deixar com você, depois compro as coisas que preciso.

_ Eu posso ir com você?

_ Comprar as coisas pra festa?

_ Não. Comprar a mousse. Assim eu posso comer mais rápido.

_ Tá, Jenni. Se arruma que a gente vai naquela confeitaria onde eu te levei semana passada ás 4 da manhã pra que você comesse bolo de chocolate.

_ Reclamão.

_ Sim, extremamente reclamão. - ele riu com ironia.

Coloquei um vestido cor-de-rosa confortável, uma das poucas roupas que ficavam confortáveis naquele estágio da gravidez. De certa forma eu sabia o quão irritante estava sendo. Mas eu não conseguia controlar. Eu não conseguia controlar nada em mim. Nunca pensara que uma pessoa pudesse ficar tão emocionalmente instável daquela forma.

Connor me levou até a confeitaria e pediu duas porções de mousse de maracujá para mim. Em minutos eu já havia comido tudo com muito gosto, me sentia muito mais calma e alegre. Ele estava sentado ao meu lado e com o pensamento nas núvens. Fiquei a sorrir observando-o.

_ Obrigada. - coloquei minha mão por cima da dele.

_ Satisfeita?

_ Sim. Me desculpa? - eu corei, desviando os olhos. - Eu estou tão cansada, sei que sou uma chata, não queria agir assim com você. Você não merece. Aliás eu é que não mereço nada do que você faz por mim.

_ Não é nada demais.

_ É sim. É tudo. E obrigada. Sei que daqui a umas horas eu vou ficar brava demais ou feliz demais sem motivo algum e isso vai acabar influenciando no jeito como eu falo com você. Mas quero que saiba que só tenho a agradecer. Obrigada. Por tudo. Não sei se conseguiria lidar com tudo sem você.

_ Conseguiria. Você é Jennifer Summers. Você consegue tudo.

_ Até parece.

_ É sim. Eu só estou aqui pra tornar o processo mais divertido. - ele brincou.

_ Não é divertido pra você.

_ É sim. Eu me divirto como nunca. Em que outra situação normal eu acordaria de manhã e viria numa confeitaria comer mousse de maracujá? Comer isso parece até que melhorou o meu humor. Nunca comi uma mousse tão gostosa.

_ Seu mentiroso. - sorri - Eu amo você. - sussurrei perto do seu ouvido. Ele sorriu e beijou meus lábios. Ele ainda não havia dito e eu não achava justo exigir reciprocidade. Eu não podia obrigá-lo a me amar. Além do que já era mais do que o suficiente tudo aquilo que ele fazia por mim. Aquilo era a própria concretização do amor, ainda que ele não dissesse ou não tivesse plena consciência. E eu jamais me esqueceria daquilo.

Passei o dia todo tentando ajudar a preparar a casa pra festa da melhor forma que eu conseguia. Rachel e Connor corriam para lá e para cá, colocando balões, colocando decorações e ajeitando os quitutes que ela havia feito e os que ele havia comprado. No fim do dia a casa já nem parecia a mesma. Estava toda decorada com balões coloridos e enfeites de temas infantis. Achei engraçado que um chá-de-berço precisasse ser decorado com temas infantis, já que era muito mais uma festa pros pais do bebê do que necessariamente pro bebê, visto que ele ainda nem havia nascido. Mas Rachel já havia ido em vários e eu em nenhum. Então eu é que não ia discutir isso com ela.

Rachel e seu namorado Ethan haviam se encarregado da lista de convidados e da convocação deles. Como a festa toda era meio que um presente para mim, ninguém me deixou opinar muito, então eu nem tomara conhecimento das pessoas convidadas. Mas a princípio eu achei que seria algo só para os amigos mais próximos, já que nem parentes vivos eu tinha.

A medida que o horário da festa foi se aproximando, Rachel foi comigo para o quarto, me ajudou a me vestir, fez uma trança simples em meu cabelo e uma maquiagem básica em meu rosto. Ela não era tão boa nisso quanto Grace, não tinha tanta noção de moda e nem tanta prática em cabelos e maquiagem, visto que quase não saia pra festas e ambientes que necessitavam desse tipo de noção. Mas era ela quem estava por perto naquele momento. E ela realmente me ajudou, esteve presente e me fez bem durante toda a gravidez e todo momento em que precisei dela.

Levamos um bom tempo para nos arrumar. Minha barriga estava muito grande e pesada, dificultando muitas coisas para mim. Eu até estava conseguindo lidar bem com aquilo, tentando ser independente e fazer a maioria das coisas sozinha para não sobrecarregar mais ainda ao Connor. Mas nos ultimos dias até ficar em pé no chuveiro era muito difícil.

Entretanto, quando eu estava a descer escadas me apoiando nos braços da Rachel, eu tive uma enorme surpresa. Eu esperava ver a mesa de presentes quase vazia e no máximo dez rostos conhecidos perambulando pela casa. Mas não. A casa estava cheia como eu nunca a vira. Haviam pelo menos cinquenta pessoas conversando alto, mexendo nas coisas e dançando. A mesa de presentes estava tão cheia que o sofá e uma parte do chão também tiveram de ser utilizadas para tal. Eu fiquei parada, surpresa, olhando para as pessoas e tentando identificar de onde é que eu as conhecia. Eu nunca fora muito popular e não tivera muitos amigos além de Rachel, Leah e Grace e, claro, Ethan e Brandon.

_ Surpresa! - Rachel sorriu.

_ Quem são todas essas pessoas? - olhei assustada pra ela.

_ Você não gostou? Foi idéia do Ethan. Ele queria chamar o máximo possível de pessoas pra que você ganhasse muitas coisas. São todos pessoas que te conhecem, de certa forma.

Os sofás haviam sido arrastados de forma que ocupassem um espaço menor. No seu espaço original havia sido montado um simples palco provisório, onde a banda de Ethan e Brandon tocavam, os nomes dos integrantes sendo gritados por algumas meninas, o que fez com que Rachel torcesse o nariz. Passando os olhos pela sala eu comecei a reconhecer outros rostos. Meu professor de álgebra, minha professora de biologia, o capitão do time de basquete do colégio, além de pessoas com quem eu já havia estudado, como as meninas que sempre falavam mal de todos, o 'palhaço' da sala, o garoto mais inteligente, o pessoal das aulas do teatro, de dança... Vários daqueles que fizeram parte dos meus anos de escola.

_ Rachel, eles não sabiam. Ninguém sabia que eu tava... - sussurrei, mordendo os lábios e encolhendo todo o meu corpo. - Eu não queria que eles soubessem.

_ É meio tarde pra você ainda ter vergonha disso. Não acha?- disse Leah, que subiu as escadas e se aproximou assim que nos viu. - E a propósito...Parabéns.

_ Não, não acho. É claro que eu ainda tenho vergonha. Só quem é idiota fica grávida aos desessete anos. Ah meu Deus, eles devem ter falado tão mal de mim. Isso vai ser pior do que o dia que eu briguei com a Susie na faculdade.

_ Primeiro que você não tem desessete, tem dezoito.

_ Eu engravidei com desessete.

_ Que seja.

_ Segundo, quem é que liga pro que as pessoas falam? Você é corajosa, enfrentou isso até o final. E Connor está com você, suas amigas estão com você, você está fazendo tudo certo, não há o que falar. E terceiro...quem é Susie?

_ Uma amiga da faculdade.

_ Uma loirinha empolgada?

_ É. - eu sorri.

_ Parece que seu namorado convidou ela. Ela tava procurando você, tava doida pra subir pro seu quarto.

_ A Susie tá aqui?

_ Tá. E o irmão super sexy dela também. Você precisa me apresentar ele. Sério.

_ Ah, o Drake. - torci o nariz.

_ Você vai descer ou não?

_ Vou...Eu acho.

Respirei fundo e terminei de descer as escadas. Tentei fazer o menor barulho possível para não chamar a atenção, mas não adiantou muito. Antes mesmo de chegar ao último degrau, as pessoas foram se virando para olhar pra mim. Na maior parte dos rostos eu reconheci aquele olhar de pena com o qual eu já estava me acostumando. Alguns sorriam para mim, outros levantavam o nariz e cochichavam com a pessoa do lado, muitos me observavam com estranhamento. Eu estava morta de vergonha. Me senti uma alienígena ali, no meio deles. Acho que só não saí correndo por causa da mão do Rachel que me segurava firme e porque, no estado em que estava, eu provavelmente tropeçaria e a cena se tornaria muito mais cômica.

Procurei Connor com os olhos e o vi encostado em uma das mesas, com um copo de refrigerante na mão e a sorrir para mim. Eu o olhei com tanta agonia que ele percebeu o que eu estava sentindo e andou até mim, me abraçando forte e colocando uma mecha de cabelo que soltava da trança atrás da minha orelha.

_ Você viu, amor, quantos presentes eles trouxeram pra Hailie? Isso não é ótimo? Amanhã a gente pode passar o dia decorando o quarto dela se você quiser.

_ Seria legal. - tentei sorrir.

_ Tá tudo bem?

_ Sim.

_ Vem, tem umas pessoas que querem ver você.

_ Até sei quem é. - sorri, e antes que eu terminasse a frase, uma Susie saltitante de vestido cor-de-rosa foi até mim arrastando Drake pelas mãos.

_Jennifer! Eu não acredito! Que saudade. - ela me abraçou forte.

_ Eu é que não acredito que você...Vocês...Vieram. Obrigada. Isso é muito legal.

_ Não foi nada.

_ O cara que dirigiu até aqui que deveria dizer que não foi nada, não acha Su? - Drake sorriu, abraçando-a pela cintura. Confesso que a beleza dele ainda me deixava meio nervosa e sem fala. - Não foi nada Jenni.

_ Querida, eu vou pegar mais alguma coisa pra beber. Você quer algo? - Connor segurou-me pela cintura.

_ Suca de tomate.

_ O quê? - todos me olharam meio surpresos.

_ Não tem?

_ Claro que não. Ninguém bebe isso. - Leah disse.

_ Bebe sim. Senão não tinha nos cardápios de restaurantes.

_ Tá, mas só gente com gostos bem duvidosos bebe isso.

_ Deixa pra lá. - eu corei, desviando os olhos para o chão.

_ Eu faço pra você. Bem, eu tento. - Connor disse.

_ Eu ajudo. - Rachel se ofereceu, seguindo-o até a cozinha.

_ Desde quando você gosta dessas coisas estranhas? - perguntei Leah.

_ Desde que eu estou grávida.

_ Você já viu falar que os desejos que se tem na gravidez estão relacionados com a carência de alguma coisa que o organismo precisa? - Drake disse.

_ Não. Então meu organismo tá carente de...Tomate?

_ Não. - ele riu - Provavelmente de alguma vitamina contida nele.

_ E como você sabe dessas coisas?

_ Li em algum lugar. Eu andei lendo algumas coisas sobre gravidez desde que a Susie me contou.

_ Por quê?

_ Não sei. Acho que pensei que se pudéssemos te ajudar você talvez continuasse na universidade.

Sorrimos sem graça e logo ficamos sem assunto. Eu nunca contara pra ele que estava grávida. Bem, talvez Susie houvesse lhe contado logo que eu fui embora, ela nunca fora muito boa em esconder as coisas do irmão. Mas eu me sentia meio desconfortável perto dele. Não queria que ele me visse daquele jeito. Não queria que ele pensasse que eu era estúpida, coisa que ele deixou claro em nossa última discussão. Mas de uma coisa eu estava certa: eu sentia um alívio enorme por não ter dormido com ele quando tive a chance. Eu estava exatamente onde queria estar. Não importava o quão atrativo ele fosse pra mim, ele nunca seria o cara certo. Ele nunca provocaria em mim o que Connor provocava. Ele nunca acordaria no meio da madrugada pra procurar um ladrão inexistente pela casa ou comprar comidas estranhas. Ele nunca conseguiria me acalmar somente com o olhar. Ele não estaria na cozinha fazendo 'suco-de-tomate'. Ele não olharia uma Jennifer grávida e exausta com os mesmos olhos que olhou para uma Jennifer jovem, bonita e enérgica. Ele nunca seria o Connor, nem que se esforçasse muito.

_ Eu nunca tive a oportunidade de te cumprimentar. Parabéns. - ele estendeu a mão meio sem graça.

_ Obrigada.

_ Você pensa em voltar pra faculdade?

_ Não sei. Não agora pelo menos. E, quando eu voltar, será na mesma cidade em que o Connor estiver. Provavelmente a daqui.

_ É uma pena. Você faz falta.

_ Vocês também. - cruzei os braços, para que eles ficassem quietos. Eu tinha mania de fazer gestos muito exagerados quando estava nervosa.

_ Sabe, Jenni, você poderia ter me contado. Eu poderia te ajudar. Sei lá, a gente poderia dar um jeito.

_ Dar um jeito? Drake, um filho não é algo que se 'dá um jeito'. Eu não podia ficar lá. Eu tinha que voltar. Tinha que dar um jeito na minha vida pra receber essa outra vida. Tinha que tomar dezenas de decisões. Eu não tinha tempo pra matérias de faculdade, festas e...Garotos.

_ É. Eu sei. É só que...Você não merecia isso.

_ Eu estou feliz.

_ Está?

_ Claro. As coisas foram acontecendo meio de repente, sem aviso e tal. Mas nunca significou que ia acabar com minha vida. As circunstâncias mudaram e os sonhos mudaram com elas. Eu faria tudo novamente. Claro que depois de terminar a faculdade e com muito mais idade e maturidade. Mas ainda faria igual. Pra estar aqui, grávida da Hailie e morando com o Connor.

_ É. O famoso Connor. - ele disse, com um pouco de sinismo na voz.

_ É. Até que ele não é tão moleque quando você pensava, não é?

_ Parece ser um cara legal.

_ Como você tá linda grávida, amiga. Você já tirou fotos? Eu quero tirar um monte de fotos com você assim. - Susie disse em voz alta, passando o braço pela minha cintura e me afastando de Drake e Leah antes que o clima ficasse mais chato. Antes de nos afastarmos novamente eu pude ouvir Leah dizer algo como 'festa legal, né?'. Sorri discretamente. Ela estava de olho nele desde o começo da festa. E eu não me importava.

Susie e eu passamos um bom tempo conversando. Ela me contou sobre como havia conseguido entrar para o grupo de líderes de torcida do time de Rugby da faculdade, sobre as festas da irmandade, os garotos com quem ela andava saindo, as provas da faculdade, e a briga que tivera com a mãe. Eu lhe contei sobre o meu dia-a-dia com Connor, meu emprego novo, as complicações e alegrias da minha gravidez e todos os meus planos futuros. Era evidente o quão diferentes nossas vidas estavam. Ela tinha a vida que a maioria das garotas da nossa idade estava tendo. Já comigo tudo era diferente. Ás vezes eu sentia falta de poder sair com minhas amigas e de não ter de me preocupar. Sentia falta de estudar para as provas ou ficar até tarde fazendo trabalhos. Sentia falta de ser e me sentir jovem. Mas, ainda assim, eu amava a ideia de que, dali a alguns dias, eu teria uma família. Uma família de verdade. E daria o meu máximo para que tudo desse certo.

A festa durou um bom tempo, bem mais do que imaginei. Mesmo que tivesse que tomar uma boa dose de coragem para atravessar aquele rio de gente bisbilhoteira, fiquei feliz por meus amigos estarem ali. Foi legal da parte dos garotos trazerem a banda para tocar.

Brandon resolveu assumir o namoro com o garoto da banda e ambos estavam radiantes por isso. Eu fiquei super feliz por eles, sempre achei que eles não deveriam se importar com que os outros achavam. A única coisa que importava era o amor. O amor existe de várias formas e não deve ser questionado. Não tem sexo, idade ou cor. Mas é claro que as outras pessoas não pensavam daquela forma. A maioria das meninas daquela festa eram e sempre foram apaixonadas por Brandon e, para elas, era impossível aceitar que nunca teriam chances com ele. Consideravam um absurdo. Virou basicamente uma disputa para ver quem era mais mal falado na festa. Eu ou Brandon. Mas ele não se importava. Estava feliz demais para isso.

Depois de passar um tempo com Connor e meus amigos eu me senti um pouco cansada e fui até a parte de trás da casa, onde estava a piscina, para relaxar um pouco. Era o lugar que estava mais tranquilo. Havia um casal conversando perto de uma das cadeiras e quatro garotas envolta de uma mesa de plástico redonda. A música estava mais baixa. Cheguei de fininho e tirei a minha sandália para sentar na beirada da piscina e colocar os pés na água. Era relaxante. Eu adorava fazer isso quando me sentia muito esgotada. Sei que era meio difícil chegar 'de fininho' com o barrigão que eu estava, mas ninguém pareceu notar que eu estava ali.

_ Quem diria, né? Que a Jennifer Summers era desse tipo. - disse uma das meninas que estava envolta da mesa. Uma loirinha com uma voz fina e irritante. Eu me lembrava bem dela. Capitã do time de ginástica olímpica. Só podia ser amiga dela quem era 'boa o suficiente'.

_ Nem fala. Dá pra acreditar? - respondeu uma das amigas.

_ Eu fiquei sabendo que o pai desse Connor é o dono das empresas CJGarrel. Tipo, cara, eles são muito ricos.

_ Eu fiquei sabendo disso também.

_ Você acha que foi golpe do baú?

_ Ah, com certeza foi. Depois de toda a educação sobre métodos contraceptivos que a gente tem na escola, só quem é muito burra fica grávida. Ou muito esperta, né? - ela deu uma gargalhada.

_ Ela não parecia ser esse tipo de gente.

_ Ah, sabe que desde o começo eu achei que ela era meio vadia? Você sabe o que dizem,né? As quietinhas são as piores.

_ Sortuda ela que vai ter uma pensão bem grande pra vida toda.

_ E você viu o tanto que ela tá gorda e esquisita? Quer dizer, eu sempre achei ela esquisita, né? Mas ela tá gorda.

_ Grávidas ficam gordas, Becky.

_ É, mas ela é uma grávida feia pra caramba. E o namorado dela até que é bonitinho,né? Consegue coisa muito melhor que ela. E agora vai ser obrigado a perder a vida do lado dela. Coitado.

_ Você viu o jeito que ela tá andando? Parece uma pata.

_ Você acha que dura esse relacionamento?

_ Que nada. Já vi casos do tipo. Vai durar só um tempinho até que ele perceba que não precisa ficar com ela. Que pode conseguir coisa muito melhor. Daí só vai ter que pagar uma pensão,e...Tchauzinho Jenni!

_ Ou talvez ela seja muito boa de cama. Lembra da Naomi? O namorado dela sempre deixou bem claro que ficou tanto tempo com ela só pelo fato dela ser muito boa de cama.

_ A Jennifer? Ah, eu duvido. Você olhou bem pra ela hoje? Quem transaria com uma garota tão gorda e feia? A barriga dela tá tão grande que parece que vai explodir. Ela mal consegue andar. E, aliás, ela sempre foi super sem sal. Não acho que seja lá grande coisa na cama.

Eu queria simplesmente sumir. Por que é que elas tinham de ser tão cruéis? Se me odiavam a tal ponto, porque então estavam ali, na minha casa, no meu chá-de-berço? Bem, eu nem mesmo tinha certeza do ódio delas por mim. Garotas como elas não aguentavam guardar para si qualquer tipo de fofoca ou comentário maldoso, ainda que elas mal conhecessem a pessoa que serio 'alvo'. Eu até já imaginara que aconteceria. Que falariam de mim pelas costas. Afinal de contas, uma garota de dezoito anos grávida e morando junto com o namorado, não era algo muito comum. Mas ouvir tudo o que elas tinham a dizer, ouvir cada coisa que não só elas, mas a maioria das pessoas pensavam de mim, doeu muito mais do que eu imaginava.

Prendi minha respiração ao máximo para não ser notada. Eu não queria que elas vissem a minha dor, as lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto, a vergonha e humilhação por estar naquela situação. Quanto mais daquilo eu ouvia, menor eu me sentia. Era como se cada palavra maldosa fosse me fazendo diminuir de tamanho, aos poucos, até que eu ficasse invisível aos olhos. Era assim que eu me sentia. Pequena. Sem poder me defender ou ter quem tivesse a coragem de colocar a mão no fogo por mim, bem ali, bem naquela hora.

_ Bem, quando o Connor se cansar dela, pode ter certeza que eu vou estar bem aqui pra mostrar a ele o quão melhor que ela eu sou. Quem sabe até posso fazer com que ele se apaixone por mim, já pensou? Se ele é capaz de se apaixonar pela Jenni, é capaz de se apaixonar por qualquer coisa. E então eu vou ser a namorada do filho do dono das CJGArrel. Ah, eu não preciso querer mais nada.

_ Nem mais uma palavra, vadia! - gritou uma garota. - Você está falando da minha amiga e do pai da bebê dela. E, acredite, se você me conhecesse, ia ser a última pessoa a querer mexer com as minhas amigas.

Eu não consegui me segurar. Na hora eu esqueci de me esconder e me virei para ver quem é que estava me defendendo. Susie estava lá, ao lado da garota loira, olhando-a com cara de ódio e segurando com força seus cabelos. Não pude evitar de sorrir. Era engraçada a cena. E era lindo o que ela fazia por mim. Até porque ela não precisava.

_ Eu...Não,não tem nada a ver. - sorriu sem graça a garota - Eu estava falando de outra pessoa.

_ Acho que você fica muito melhor de boca fechada. Aliás, o que você é da Jennifer mesmo?

_ Eu...Colega...Digo...Ex-colega - gaguejou a garota. Eu até entendia. Aquele olhar da Susie metia medo em qualquer um.

_ Bem, meio que isso é uma comemoração para amigos. Então acho que já passou da hora de você, não, de todas vocês irem embora.

_ É, boa ideia. - disse uma das outras garotas, levantando-se depressa da cadeira e agarrando sua bolsa.

As garotas trataram de sair rapidinho dali. Mas não antes de perceber a minha presença e soltar um discreto sorriso de satisfação por suas palavras terem me atingido tão profundamente. Depois Susie se sentou ao meu lado, me abraçou e eu desatei a chorar no ombro dela.

_ Liga não, amiga. Você sabe que isso tudo é inveja.

_ Inveja? Quem em seu estado normal teria inveja de mim? Eu sou uma adolescente grávida que abandonou os estudos e tem todos os familiares mortos. E pra completar eu fiquei gravida do filho de um empresário, o que me torna uma prostituta ainda que eu não soubesse na época. Como se eu tivesse escolhido ficar grávida...Como se eu tivesse escolhido tudo o que aconteceu.

_ Elas tem inveja porque você é feliz. Enquanto a maioria das pessoas vivem suas vidas medíocres tentando ser melhores que todo mundo com a ilusão de que só assim serão felizes, a felicidade foi até você. Você passou por coisas horríveis, Jenni, eu presenciei sua dor, mas você passou por cima de tudo e isso a tornou uma mulher muito mais forte e interessante. E você pode ter ficado grávida aos dezesete anos. Mas vai ter uma linda menininha fruto do amor que viveu com o cara dos seus sonhos. E ele aceitou vocês, acolheu vocês, dá pra ver nos olhos dele o quanto ele ama vocês duas. Você tá vivendo um sonho, amiga. Você estão vivendo juntos, você vai ter uma família como sempre quis. Não se importe com o que as outras pessoas acham e falam. E você não é uma prostituta, amiga, você amou ao Connor desde a primeira vez que o viu, antes de saber quem ele era, antes de saber sequer o nome dele. Você é um doce, Jenni, não deixe que os outros estraguem sua felicidade.

_ Eu não mereço tudo isso, Susie. Quando coisas boas acontecem comigo eu não consigo deixar de achar que algo vai acontecer e que eu vou perder tudo. Sempre foi assim. De certa forma elas estavam certas, sabe? Ele é Connor Garrel. E eu estou longe de ser a garota mais interessante do mundo. Ainda mais agora que eu tenho essa aparência e tudo a perder.

_ Você realmente acredita nisso? Você é linda. E fica linda grávida. Tem dezoito anos, cabelos lindos que chamam a atenção, um rosto lindo, um olhar doce. E tem um corpo bonito. Mesmo com a gravidez o seu corpo tá bonito. Você nem engordou muito. Depois de ter a Hailie ele rapidinho vai voltar ao que era antes. Confia em mim. E você é interessante, amiga. Qualquer garoto adoraria te conhecer melhor. Você é determinada, é forte e é talentosa. Você já se viu atuando? Já se viu dançando? Como pode achar que Connor não tem interesse por você? Ele tem é muita sorte. E ele ama você.

_ Ele nunca disse que me ama. Mesmo eu já tendo dito algumas vezes.

_ Cada pessoa tem um jeito diferente de demonstrar o amor. Ele pode nunca ter dito. Mas olhe envolta. E tudo o que ele fez por você? E a casa que ele comprou? E toda a paciência e esforço que ele teve durante sua gravidez? E o fato de que, mesmo estando difícil, mesmo vocês sendo tão novos, ele está fazendo de tudo para ser um suporta pra você? Jenni, se isso não é amor então eu não sei o que é.

_ É. Acho que você tá certa. - mordi os lábios envergonhada por ter duvidado da sinceridade do que Connor sentia por mim.

_ Ei, o que vocês estão fazendo aí? A festa é lá dentro. - Drake apareceu de repente e Susie cortou de vez o assunto.

_ Estamos relaxando só. - ela sorriu, enquanto eu limpei rapidamente as minhas lágrimas.

_ Susie, já tá na hora de irmos embora. E, Jenni, acho que o seu namorado está procurando por você.

_ Tá bom. Eu já vou lá. Vocês tem mesmo que ir?

_ Sim. Já tá anoitecendo. Não gosto de ficar pegando estrada á noite.

_ Eu vou sentir falta de vocês dois. Principalmente de você, Su. - eu segurei forte sua mão.

_ Ainda podemos nos falar pelo telefone. E eu prometo vir ver você depois que a bebê nascer.

_Promete mesmo?

_ Claro que sim. - ela sorriu.

Fiquei mais alguns minutos sentada á beira da piscina, pensando. O céu escureceu rápido demais. Já era noite quando me levantei com muito esforço e voltei pra dentro de casa. Quase todo mundo havia ido embora. Haviam ficado basicamente os meus amigos mais próximos. Leah, Rachel, Brandon, Connor e mais umas cinco pessoas perambulavam pela casa pegando copos e guardanapos caídos, além de guardarem a comida que havia sobrado. Estava um frio agradável e uma música animada tocava baixinho. Connor levantou os olhos assim que eu entrei pela porta e foi até mim.

_ Eu estava te procurando.

_ Eu só estava sentada um pouco lá fora. Precisava de ar fresco.

_ Tá tudo bem? Você tá se sentindo bem?

_ Estou sim. Só estou me sentindo um pouco cansada. Parece que minha barriga pesa 50 kg a mais a cada dia que passa. - eu disse, fazendo-o sorrir.

_ Você quer dormir mais cedo hoje?

_ Sim, eu vou assim que o resto do pessoal for embora.

_ Eles já estão indo. Estávamos só organizando o resto das coisas e esperando você aparecer.

_ Então tá. Eu vou subir e tomar um banho.

_ Agorinha eu subo pra te ajudar.

_ Tá bom. - sorri.

Despedi-me das pessoas que ainda estavam em casa e agradeci à Rachel por ter ajudado a preparar pra mim uma festa tão linda. Me foi uma surpresa ver a todos os meus antigos colegas ali, mas, ainda que eu não gostasse da companhia de alguns deles, eu havia ganhado muitas coisas que seriam bem úteis quando Hailie nascesse. Não precisaríamos comprar quase nada.

Tirei as minhas roupas e as joguei no cesto de roupas. Depois lavei o meu rosto e soltei as tranças que Rachel havia feito. Minha barriga estava tão grande que eu podia sentir qualquer pequeno movimento que Hailie fazia. Eu me sentia mais ligada a ela do que nunca. Fiquei me observando nua no espelho. Eu me sentia muito diferente. As palavras ácidas daquelas garotas não paravam de martelar em minha cabela. "Gorda", "feia" , "esquisita", "sem graça". Eu tentava lutar contra isso, mas era meio difícil me sentir atraente estando no último estágio da gravidez. Isso me fez começar a questionar se Connor ainda sentia atração por mim, se ainda me desejava como era antes. Havia um bom tempo que nós dois não fazíamos amor. Quanto mais minha barriga crescia, mais diminuía a frequência com a qual ele me procurava. Será que eu estava mesmo tão feia?

Entrei no chuveiro segurando forte nas laterais e apoios que haviam no caminho, tomando todo o cuidado do mundo para não escorregar e cair. Cair era a última coisa que poderia me acontecer. Poderia machucar a mim e à minha filha. A água quente caiu sobre minha cabeça, escorrendo pelos meus cabelos e ombros e eu encostei na parede tentando relaxar e não pensar em mais nada. Aquilo era tão bom. Até Hailie pareceu ficar mais calma, diminuindo quase que por completo os movimentos. Eu sentia cada articulação do meu corpo relaxando aos poucos, me sentia tão calma que poderia dormir ali mesmo. Até que a minha voz favorita me tirou do meu estado de pensamentos, fazendo-me abrir os olhos.

_ Precisa de ajuda aí?

_ Vem cá. Entra aqui. - estendi o braço para que ele tomasse banho comigo. Na maioria das vezes ele não entrava. Apenas me ajudava a entrar e a sair do chuveiro, coisa que sempre deixava suas roupas encharcadas.

Connor deu alguns passos para trás, tirando as suas roupas e jogando-as no chão. Meu coração, é claro, disparou, mas eu nem ficava mais envergonhada que ele percebesse. Ele adorava as reações exageradas que provocava em mim. Ele andou para junto de mim e beijou-me sob o chuveiro, enquanto o jato de água molhava nós dois.

_ Precisa de ajuda com o que? - ele brincou, pegando o sabonete das minhas mãos.

_ Com a saudade.

_ O quê? - ele riu.

_ Eu quero você. - passei minha mão pela sua nuca e sussurrei junto ao seu ouvido, tentando parecer o mais natural possível.

_ Você já me tem.

_ Eu quero você do outro jeito. - puxei o seu rosto para perto do meu e o beijei, abraçando o seu corpo com toda a minha força, como se, caso eu não o fizesse, talvez ele pudesse fugir de mim.

_ Jenni... - ele murmurou, recuando.

Ele recuou. Pela primeira vez em todo o tempo em que estivemos juntos ele recuou. E eu senti todas as minhas armaduras caírem. As vozes daquelas garotas, as palavras delas voltaram a ecoar em minha mente, porém com muito mais força. Elas estavam certas. Ele não me queria mais. Ele não me achava mais bonita. Ele só estava comigo por pena. Eu não podia suportar a ideia de perder o Connor. Era demais pra mim.

_ Você recuou.

_ Não recuei.

_ Recuou sim.

_ Jenni, é só que...

_ O quê?

_ Você precisa descansar. Hoje não, tá bom?

_ Eu não quero descansar. - eu disse ríspidamente, agarrando forte o seu pescoço e beijando-o. Ele se afastou gentilmente. - Não me faça implorar.

_ É só que...

_ É só que eu estou 'grávida' demais pra você? Você não sente mais atração por mim? Não quer mais estar comigo?

_ Não é isso.

_ É o que então? - eu perguntei com raiva, segurando as lágrimas que teimavam em cair.

_ Você tá tão frágil. Nossa filha vai nascer daqui a três semanas. Eu só...Não consigo. Eu não consigo parar de pensar que vou machucar você, vou machucar a Hailie.

_ Você não vai nos machucar. O médico disse que não tem problema, lembra?

_ Não, não dá. Eu não consigo fazer amor com você sabendo que nossa filha tá dentro de você. Eu me sinto estranho fazendo isso.É como se...Eu não sei...Como se ela tivesse olhando.

_ Isso não faz nenhum sentido. Você fez amor comigo um monte de vezes quando eu estava grávida.

_ Mas é que agora que ela está tão grande, que eu já a vi no ultrassom, que eu tenho vivido a realidade da vinda dela a todo momento, é tudo tão mais real. Por favor, não me olha assim. Tenta entender isso.

_ Não, eu não vou tentar entender isso! Fala a verdade! Você sente repulsa por mim! Eu estou gorda e estou horrível! - eu gritei, empurrando-o e caminhando com raiva para fora do boxe. Ele segurou meu pulso e eu o olhei de forma fulminante. - Aquelas garotas estavam certas. É uma questão de tempo até você ir embora.

_ Que garotas?

_ Isso importa?

_ Jennifer... - ele se aproximou, segurando meu rosto com cuidado - Como eu poderia sentir repulsa por você? Eu amo você.

Pareceu que todo o tempo e espaço haviam desaparecido. Eu me sentia no meio de um sonho, uma ilusão, um acontecimento impossível. Ele havia dito que me amava. Disse da forma mais natural possível, como se já o houvesse feito milhares de vezes, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. O que é que ele queria? Fazer minha mente entrar em colapso?

_ Você...me Ama? - perguntei timidamente, em meio de lágrimas e sorrisos.

_ É claro que sim. Não é tão óbvio?

_ Você tá dizendo só pra apartar a briga.

_ Eu não preciso dizer isso só pra apartar a briga. Essa briga não tem sentido nenhum. Eu estou aqui e eu não vou embora, Jennifer.

_ Eu amo você também. - sorri.

_ Você é linda, Jennifer Summers. E fica mais linda ainda estando grávida de uma filha minha. Não ouça o que as outras pessoas dizem. Não importa, tá legal?

_ Tá. - eu o abracei forte.

_ Vem, vamos sair daqui.

_ E você não vai tomar banho?

_ Mais tarde.

Era engraçado a forma como as minhas emoções ficavam confusas quando eu estava grávida e cheia de hormônios. Como eu conseguia passar de fumegante de raiva a morrendo de amores em questão de segundos. Eu sentia vontade de chorar e de rir ao mesmo tempo. Era tudo tão instável, tão confuso. Mas, acima de todos os problemas e complicações, eu amava me sentir assim. Eu amava estar grávida.

Depois de nos vestirmos, Connor e eu descemos para ver os presentes que havíamos ganhado. Nunca, em nenhum aniversário, eu havia visto tantos embrulhos de presente juntos. Eu não podia esconder a minha excitação. Todas aquelas caixas...Eu me senti tão especial. Haviam dezenas de roupas e sapatos pequenos. Eu podia imaginar a Hailie usando-os, podia imaginá-la acolhida em meus braços. Havia uma banheira, várias fraldas, talcos, pequenos cobertores, meia e luvinhas, além de ursinhos e outros objetos de decoração. Eu mal podia esperar para ver o quarto pronto. Já o havia projetado dezenas de vezes e agora ele seria possível.

Percebi então que, devido ao nervosismo por estar no meio de todos aqueles olhares acusadores dos meus antigos colegas, eu passara a festa toda sem comer nada. Com excessão do suco de tomate feito por Connor, é claro, mas ele nunca fora muito bom com culinária, e o suco acabou com gosto estranho. Então eu acabei jogando todo o resto numa plantinha no primeiro minuto em que ele se afastou.

_ Sobrou alguma coisa pra comer do chá-de-berço?

_ Sobrou um monte de coisas. Tá com fome?

_ Faminta.

_ Eu vou colocar alguns salgados pra esquentar então. Pode terminar de abrir os embrulhos enquanto isso. - ele se levantou da cadeira em que estava sentado, indo em direção á cozinha.

Antes que eu me sentasse novamente, Hailie fez um movimento muito brusco em minha barriga. Eu senti uma pontada forte e desagradável.

_ Ai! - reclamei, colocando a mão na barriga e me sentando.

Mas aquela sensação ruim continuou por alguns segundos. Parecia uma cólica leve, mas logo se tornava muito mais desconfortável. Eu sentia meu abdómen se contrair como se tivesse uma corda que se apertava em toda a minha barriga. E ela se apertava mais e mais, a ponto de causar uma dor diferente de qualquer outra que eu já havia sentido.

_ Aaai! - eu apertei forte a minha barriga.

_ Que foi? Que foi, Jenni? - Connor correu até a sala e me olhou preocupado.

A contração logo foi embora e eu suspirei longamente antes de olhar novamente pra ele.

_ Tá acontecendo.

_ O quê? O que tá acontecendo?

_ A Hailie tá querendo nascer.

_ Mas...Isso tá errado. Era pra ela nascer em duas semanas.

_ É, Connor. Fala pra ela isso! - joguei bruscamente o meu cabelo pelas minhas costas. Eu me sentia muito irritada quando sentia dor.

_ Você tem certeza?

_ Liga pro nosso médico.

_ Ok, ok. - ele correu em direção á sala.

Melissa J
Enviado por Melissa J em 28/04/2015
Código do texto: T5223879
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