Mais que a Minha Própria Vida - Capítulo 53

Mais uma vez eu fui transportada de volta àquela noite chuvosa. Senti novamente a sensação de fome e o frio aplacado por minha mãe que me envolvia com o cobertor. Cada vez que eu sonhava com o acidente eu me sentia como se tivesse sete anos outra vez. Como se meus pais nunca houvessem ido embora. Como se tudo aquilo que aconteceu após a morte deles fosse apenas um longo e confuso sonho. Só que eu não podia mudar nada. Por mais que eu me lembrasse que não deveria enfrentar meu pai, que deveria ter ficado quietinha enquanto ele dirigia na chuva, involuntariamente eu fazia tudo de novo, obrigando-o a virar para mim para me explicar por que é que eu deveria usar o cinto de segurança. Ás vezes eu tentava mudar o percurso e tirava o cinto assim que o carro batia no caminhão para morrer junto com eles e eventualmente acompanhá-los para o céu ou seja lá onde eles fossem parar. Mas ele se prendia á minha cintura magicamente. Não adiantava, eu não podia mudá-lo.

Daí eu era inundada de novo e de novo por aquela sensação de culpa. Novamente eu me sentia responsável pela morte deles. Tudo por eu ser tão mimada e desobediente. Eu não podia evitar me punir por ter saído ilesa quando toda a culpa era minha, mesmo que na época eu fosse só uma criança. Uma criança não muito mais velha do que minha filha era. Mas não, ela nunca precisaria provar de tudo aquilo que eu provei. Eu a protegeria de toda a dor que estivesse ao meu alcance proteger. Só que só de ver o pai dela magoando-a já era prova o suficiente de que eu não era nem nunca seria invencível. Isso me deixava morrendo de medo.

Novamente eu fui agarrada pelos braços e puxada pela janela quebrada. Novamente eu fui deitada cuidadosamente numa maca por aquele enfermeiro de jaleco branco. Era todo sempre tão previsível? Por que é que eu não ficava insensível àquela lembrança? Quando é que ela pararia de atormentar-me?

_ Ta tudo bem agora, querida. Como você se chama? – ele perguntava. Mas eu não podia responder porque eu abria a boca para gritar e não saía nada. Eu estava em estado de choque. Vi o rastro de sangue deixado por meus pais assim que foram tirados no carro e tentei fechar os olhos bem forte com o intuito de acordar, mas o som do enfermeiro insistindo por meu nome era cada vez mais nítido. Abri os olhos devagar e ele ainda estava lá.

_ Menina! Qual o seu nome? Você tem algum parente pra quem possamos ligar?

Eu provavelmente diria que queria minha mãe. Mas eu já havia vivido aquelas cenas vezes o suficiente para saber que minha mãe já estava morta. Então resolvi apenas responder o meu nome e acabar logo com aquilo. Mas, assim que abri a minha boa para dizer a ele o meu nome, acabou saindo outra coisa.

_ Meu nome é...- gaguejei – Meu nome é Hailie.

O pânico foi tomando conta do meu corpo aos poucos, mas não o suficiente para me fazer acordar. Meu coração batia tão forte e estridente que eu podia ouvir claramente cada batida. O que é que estava acontecendo? O que é que havia mudado? Provavelmente eu andara tão preocupada em proteger a minha filha das coisas pelas quais eu passei na minha infância e adolescência que aquilo ficou no meu subconsciente e acabou se incorporando ao sonho. Era a única explicação lógica. Mas...E se não fosse? E se fosse um aviso de que aconteceria tudo exatamente igual? De que Connor e eu morreríamos num acidente horrível e Hailie ficaria sozinha? Sei o que vocês estão pensando. As pessoas não simplesmente recebem avisos por sonhos. Mas eu tinha fundamentos para ter esse tipo de medo. Eu sonhara com uma linda garotinha de olhos enigmáticos muito antes da minha filha nascer. É claro que a aparência que Hailie tinha na vida real não era exatamente igual á que ela tinha nos meus sonhos quando eu estava grávida. Mas a semelhança era impressionante. Talvez isso de sonhar com o futuro fosse um tipo de dom...Ou apenas uma coincidência boba. Eu esperava mesmo que se tratasse da segunda opção.

_ Vai ficar tudo bem. – o enfermeiro mentiu, acariciando os meus cabelos.

_ Não! Isso tá errado. Tá tudo errado. – gritei, empurrando-o tão forte que ele caiu no chão. Era óbvio que uma criança não conseguiria fazer isso. Mas era um sonho. Um louco e assustador sonho.

Os vidros das janelas da ambulância eram negros e refletiam o triste cenário daquela noite. Uma multidão curiosa, carros despedaçados, rastros de sangue pelo chão, corpos inertes e enfermeiros em ação. Antes que alguém me pegasse e me obrigasse a entrar na ambulância, postei-me em frente em vidro para ver o meu reflexo. Aquilo me deixou ainda mais apavorada. Eu era a Hailie. Mais do que isso, eu me sentia a própria Hailie. Sentia o terror de se perder os pais, de se estar sozinha pela primeira vez na vida.

_ Não pode ser... – sussurrei, passando os dedos pelos cabelos e sentindo a agonia tomar o meu corpo – Isso não tá certo.

Tentei então botar em prática minha última ideia. Eu tinha de ter um choque grande o suficiente para acordar. Uma dor tão intensa que eu não pudesse suportar dentro de um sonho. Eu sempre costumava acordar quando via os rostos dos meus pais no enterro. Talvez isso também servisse se eu os visse naquele exato momento. Daí tudo se normalizaria e o pesadelo acabaria. Desviei-me de dois enfermeiros que tentaram segurar o meu braço e parei no meio das duas macas onde jaziam os meus pais. Curiosamente todas as pessoas se acalmaram e começaram a se afastar de mim. Ninguém mais tentava me arrastar dali e me enfiar dentro de um caminhão. Era como se eles quisessem que eu visse os meus pais. Parada ali, abracei os meus ombros e mordi forte o meu lábio inferior. Até sentir gosto de sangue. Comecei a duvidar da minha capacidade de fazer aquilo. Viver o acidente repetidas vezes por sonho eu até agüentava. Mas aquilo? Aquilo era masoquismo.

Mas se aquele sonho queria me dizer alguma coisa eu ia descobrir. Então suspirei fundo e olhei demoradamente para aquelas duas macas. Uma coberta fina e clara cobria os dois corpos, mas pequenas poças de sangue manchavam o seu branco. Senti o meu corpo estremecer quando segurei em cada mão a ponta de cada coberta e puxei-as simultaneamente. Primeiro eu fechei os olhos bem apertados. Então, num ato de coragem, ou ao menos dos restos dela, abri os olhos devagar e dei alguns passos para trás.

Quando voltei a mim minha cabeça latejava furiosamente. Minha garganta ardia, minha respiração estava acelerada e eu tremia muito. Eu me encontrava em tamanho estado de choque que demorei alguns segundos para perceber que Connor se enroscava em mim, abraçando-me bem forte e acariciando minhas costas com a ponta dos dedos como sempre fazia para me acalmar. Percebi também que a manga da camisa dele estava encharcada. E que eu chorava feito um bebê.

_ Tá tudo bem. Foi só um sonho. Eu estou aqui. – ele dizia. Mas quanto mais eu ouvia a sua voz mais eu tinha vontade de chorar. E eu chorava, soluçava e agarrava forte o seu braço para que ele não fosse embora. – O que é que você sonhou dessa vez, hein? – ele suspirou. Aquilo já devia o estar cansando. Quem é que não se cansaria?

_ Connor...- eu sussurrei, mas as lágrimas não me deixavam falar. Eu não conseguia falar nada. Não queria falar, não queria contar a ele.

_ Não é real Jennifer. É só coisa da sua cabeça.

_ Foi tão assustador. – mergulhei o meu rosto eu seu ombro buscando o seu calor, aquela sensação de proteção que me acalmava. Eu estava resfolegante e certamente ele estava indignado com a minha reação tão intensa a um simples sonho.

_ Meu Deus, Jenni. Me conta. Você estava gritando. O que é que você viu? – ele segurou firme o meu rosto, afastando-o de seus ombros e colocando-o em frente ao dele. Tentei limpar as lágrimas com o dorso das mãos, mas isso não diminuía minha vontade de chorar.

_ Eu vi...Você...Eu...Eu era a Hailie e a gente...Nós dois estávamos mortos. – gaguejei.

_ Como assim? Tenta falar com calma.

_ Eu sonhei com o acidente de novo. Só que de repente eu era a Hailie. Eu me olhei pelo vidro e vi a imagem dela. Daí eu corri até as macas onde os meus pais eram levados e tirei os forros que os cobriam... E eles não estavam lá. Nós é que estávamos. Nós dois. Mortos, ensangüentados...Foi tão assustador.

_ Ah minha querida. – ele acariciou-me o rosto. – Você precisa superar isso. Olha só pra você. Ta acabando consigo mesma. Você precisa parar com esse sentimento de culpa ou então os sonhos vão continuar. Você era uma criança, você não teve culpa.

_ Sabe o que fez com que eu me sentisse ainda mais culpada? – funguei.

_ O quê? _ Eu me senti mal no enterro dos meus pais, eu me senti mal quando me vi morta naquela maca, mas quando eu vi o seu corpo... Foi a pior dor que eu já senti na minha vida. Foi como se enfiassem a mão no meu peito e literalmente arrancassem o meu coração sem anestesia nem nada. Eu acho que o que eu sinto por você é até maior do que o meu próprio conceito de amor. Como é que a dor do simples pensamento de perder você pode ultrapassar a dor da perda dos meus pais? Eu sou uma filha horrível. – enterrei o rosto novamente em seu ombro e ele me envolveu com os braços.

_ Você é só humana...

_ Eu estou pirando, só pode.

_ Eu não vou morrer. E nem você. São apenas sonhos. É só o seu medo se manifestando. Você teme tanto que a Hailie passe pelas coisas que você passou quando criança, que fica com isso o tempo todo na sua cabeça. Talvez você devesse só relaxar um pouco. Quando a gente se casar eu vou levar você pra passar a nossa lua de mel em um lugar bem calmo. Os Marshall já até se comprometeram em ficar com a Hailie.

_ Eu não vou viajar sem ela.

_ Ah, você vai sim. É uma lua de mel, querida. São só duas semanas. E você sabe que a Molly é melhor do que nós dois para cuidar de crianças. E nossa filha adora os filhos dela. E você precisa mesmo de um tempo sozinha comigo. Pra relaxar e não se preocupar tanto com ela. Eu pretendo planejar essa viagem nessa semana. Sei que você também vai se manter bem ocupada com os preparativos do casamento. – ele sorriu estonteantemente.

_ É...Acho que sim.

_ Se sente melhor agora?

_ Connor, não vamos brigar mais. Eu odeio quando a gente não está bem e odeio quando você me trata friamente. Eu preciso que você se esforce mais.

_ Eu sei disso. – ele encostou a sua testa na minha – Desculpa. Eu vou dar um jeito nos meus problemas, logo tudo vai ficar bem.

Aos poucos os seus braços se afrouxaram da minha cintura e ele andou até o armário, jogando na cama uma calça jeans e uma camisa social. Depois ele caminhou até a penteadeira, passou desodorante e começou a pentear o cabelo. Eu olhei no relógio e percebi que não passava de 5:30 da manhã.

_ Por que você ta se arrumando? – andei até ele, abraçando sua cintura.

_ Problemas no trabalho.

_ Connor, você entra no trabalho ás 8:00. Não são nem seis horas da manhã. Nós ainda nem tomamos café-da-manhã juntos. E você sabe bem que se for embora sem se despedir da Hailie ela vai ficar arrasada.

_ Eu vou comprar algo pra comer no caminho. E passo no quarto dela pra dar um beijo.

_ Você não precisa ir agora. – reclamei com voz dengosa. – Fica na cama comigo. Só um pouquinho.

_ Poxa, você não liga mesmo pro meu trabalho, né? Se eu tô saindo a essa hora é porque é importante.

_ Desculpa. – fitei o chão – Eu só tô com saudade. Seu trabalho meio que está te roubando de mim.

_ Nós não vamos ter essa discussão de novo, vamos?

_ Ao menos tome café comigo. A gente come cereal, qualquer coisa que seja rápido.

_ Nós nos vemos á noite. Agora me deixe ir. – ele disse, dando um beijo em minha testa e saindo a passos rápidos antes que eu contestasse. Apenas fiquei lá parada, sem reação. Até cogitei ir atrás dele. Como se fosse possível ele deixar o trabalho só para ficar mais uns minutinhos na cama comigo. Um simples capricho meu. Ele estava mesmo cada dia mais parecido com o pai.

Como era de se esperar, eu perdi o sono. Normalmente eu passava as manhãs inteiras com a Hailie e só após o almoço a deixava na escola. Por essa razão eu não ficava entediada facilmente. Mas eu não podia acordá-la tão cedo. Então fiquei a enrolar a maior parte do tempo possível. Tomei um banho, hidratei os meus cabelos, retoquei o esmalte das minhas unhas, arrumei a casa, fiz algumas ligações, li alguns capítulos do livro que eu gostava. Quando Hailie acordou eu estava literalmente com as mãos na massa, tentando seguir uma receita de panquecas que ensinavam na televisão. Ele caminhou até a mesa da cozinha devagar, sonolenta, arrastando os pés, esfregou os olhos e se colocou na ponta dos pés para ver o que é que eu estava fazendo.

_ Bom dia meu amor. – sorri para ela, tentando colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha sem sujá-lo de farinha.

_ O que você ta fazendo, mamãe?

_ Panquecas.

_ Por quê?

_ Por quê a mamãe estava entediada e com tempo de sobra. – eu disse, fazendo com que ela pendesse levemente a cabeça para os lados com uma expressão confusa.

_ Cadê o papai?

_ Foi trabalhar mais cedo.

_ Mas ele nem se despediu de mim.

_ Ele saiu apressado, querida.

_ Ele me odeia! – ela gritou, fazendo o maior barulho possível ao correr para o quarto e se jogar na cama.

_ Pare com isso, Hailie. – eu repreendi, encostada á sua porta. Ela havia se enfiado da cabeça aos pés debaixo de uma coberta. – Ele só trabalha muito porque ama você.

_ Eu o amo e não passo o dia inteiro na escola.

_ Filha... - me sentei ao seu lado, puxando a coberta de seu rosto. – Sei que você sente falta dele. Mas isso é só uma fase ruim. Vai passar logo. Seu pai ama você e eu sei disso mais do que ninguém. Sabia que quando você nasceu e ele pegou você no colo pela primeira vez não quis mais largar? Todos os nossos amigos foram ao hospital pra te conhecer e ele não deixava ninguém te pegar no colo. Era um ciúme que só.

_ Sério? – ela riu, engatinhando pros meus braços.

_ Ele dizia que você era a menininha mais linda do mundo. Que era só porque era parecida com ele.

_ Todo mundo diz que eu pareço muito mais com você.

_ Acho que você tem um pouquinho de cada um. – eu sorri, - Você pegou a melhor parte do seu pai. A minha favorita.

Depois de nos empanturrarmos de panquecas, fomos ficar um pouco na sala. Hailie resolveu dar uma festa de aniversário para as bonecas. Liguei o estéreo numa rádio que eu gostava e logo estávamos brincando e dançando pela sala. Até que ouvi duas vozes estranhas a conversar do lado de fora da casa. Não dava para ouvir direito o que diziam, mas parecia uma discussão. A campainha não tardou a tocar, e Hailie subiu nas minhas costas e fomos dançando e rindo atender a porta. Eram dois policiais robustos e com uma expressão tão séria que me deixou sem graça. Coloquei Hailie no chão e segurei a sua mão. Um deles era bem novo e parecia inexperiente. Tinha cabelos claros e um olhar de aflição que sugeria que ele preferia estar em qualquer lugar menos ali. O outro transpirava experiência. O seu rosto não expressava emoção alguma, enquanto ele sorrateiramente espiava o ambiente da minha casa após olhar bem para mim e para a minha filha.

_ Hm... Posso ajudá-los? – falei finalmente.

_ A senhora é esposa do Connor Garrel?

_ Eu não diria esposa, mas... Algo do tipo. – sorri, acariciando os cabelos da nossa filha. – Por quê? Que houve?

_ Bem... – disse o mais novo – A senhora faz alguma ideia de para onde ele foi quando saiu de casa hoje?

_ Pro trabalho?

_ Só um segundo. – pediu o policial mais novo, puxando o outro pelo braço para perto do carro. Eles cochichavam, mas pude ouvir trechos da conversa enquanto esperava.

_ Olha, eu não sou pago para dar esse tipo de notícia. Eu já vim até aqui. Você tem mais experiência. Fale você. – disse o mais jovem.

_ Eu me recuso. Estou tão farto disso. Esse trabalhozinho de merda. Eles nunca me dão algo realmente importante para fazer. – disse o outro.

_ Eu não posso fazer isso, cara. Eu não sei lidar com pessoas. Vou soltar a bomba e vou fazer o quê depois? Você viu como o garoto era novo. A esposa deve ser uma criança também. O que é que vou falar pra ela depois?

_ Policial covarde eu nunca vi. – deixa que eu falo então. – se irritou o mais velho, andando determinado em minha direção. – Então suponho que seja a senhora Jennifer Summers?

_ Hm... Sim. E essa é nossa filha, Hailie. – olhei para a Hailie.

_ Nós somos os policiais Benjamin e Richard. – ele disse, enquanto ambos mostravam os distintivos. – Será que nós podemos conversar...a sós? – ele fitou Hailie.

_ Querida, você pode ir brincar no quarto um pouquinho? – eu disse, sentindo todos os músculos do meu corpo enrijecerem.

_ Mas mamãe... _ Pro seu quarto, Hailie. – eu disse, séria.

_ Tá, ta. – ele cruzou os braços, correndo emburrada pelas escadas pela segunda vez no dia.

_ Aconteceu alguma coisa? – me virei para os policiais assim que escutei a porta do quarto da Hailie bater. – Cadê o Connor?

_ Sra. Summers. Houve um tiroteio há duas horas em um galpão do St Giles (bairro). Haviam quatro pessoas lá dentro. Os atiradores conseguiram fugir a tempo. Uma das vítimas é desconhecida, mas imaginamos que tenha saído sem danos maiores, visto que ele também conseguiu fugir. Um deles foi baleado três vezes na cabeça e não houve nada que os paramédicos pudessem fazer. Era Connor Garrel. Eu sinto muito.

Melissa J
Enviado por Melissa J em 24/05/2015
Código do texto: T5253653
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