Era mais uma viagem de ônibus, igual a tantas outras.
 
Os lugares preferenciais ocupados por jovens deseducados, o para aqui, freia ali, segura firme, o sono embalado pelo ir e vir.
De repente surgiu uma moça deixando as pernas chegarem primeiro. Disfarcei, tentei ser discreto, mas a missão parecia impossível.
 
Como não olhar pernas tão carnudas, saudáveis, atraentes?
Pensei em oferecer o lugar, porém talvez a flor indagasse o motivo. Caso eu respondesse a verdade, poderia soar ofensivo ou constrangedor.
_ Você é muito gostosa! Suas pernas são demais!
Preferi apenas continuar observando, buliçoso, bem inquieto, contendo o desejo de provar as curvas pedindo minha aprovação, forte tentação.
Não demorou a princesa desceu, ainda pude conferir seus passos na rua serena, pois não havia o mundo nem nada profundo.
Suas pernas enlouqueciam, aqueciam, as dores esqueciam.
 
A viagem voltou, ficou como era antes, os jovens deseducados seguiam roubando os lugares dos idosos, o motorista parava, freava, quem não segurava firme tropeçava.
 
Almejei muito a calma, respirei fundo, tentei recuperar as idéias ternas, evitando recordar as lindas pernas, contudo eu precisava de um refresco, uma saborosa bebida, reencontrar a violeta querida, sugerir o prazer, sentir a emoção da vida, a paixão enlouquecida, ela nos meus braços envolvida, completamente entretida.
 
Imaginei o destino trazendo o doce reencontro.
Chamar, gamar, inflamar, acalmar, amar, Ilmar!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 11/03/2016
Reeditado em 11/03/2016
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