O Aventureiro e a Feiticeira

História escrita em 2015.

O Aventureiro e a Feiticeira

Haviam várias lendas e histórias em um pequeno reino de que pela floresta uma

cidade sobre uma tartaruga vagava. Era uma cidade itinerante, uma cidade mágica de povos

mágicos. Todas as crianças gostavam de ouvir as histórias sobre a tal cidade. Umas diziam que

a tartaruga que carregava a cidade era tão grande que com um único passo poderia destruir

suas casas. Outras crianças contavam que seus avós já tinham visto a tartaruga e que juraram

ter conversado com ela. A história era contada de toda maneira possível, mas aquele povo,

pouco provável se quer havia visto a cidade da Tartaruga.

Fred, era um aventureiro e desde criança ouvia as grandes histórias da Cidade da

Tartaruga. Uma vez quando criança, jurou ao seu irmão mais novo um dia encontrar a tão

famosa cidade, mas o tempo passara, e aquele puro sonho infantil foi se dissolvendo no meio

das responsabilidades da vida de um adulto. Atualmente, Fred ainda acredita na Cidade da

Tartaruga, mas devido a sua loja de Boltels que herdara logo após a morte de seu pai, não

tinha tanto tempo para as suas aventuras. Seu irmão, Alf, que logo após a morte de seu pai

juntou com uma moça e do outro lado da cidade foi morar. Fred, viu que da loja de Boltels

deixada por seu pai seria seu único meio de sustento. Mesmo sem os pais e com o irmão

morando longe, Fred era um homem feliz, preparava Boltels e vendia alegremente. Fred

aprendeu com seu pai a fazer Boltels. Boltel é um pão que a receita vem das gerações

familiares de Fred. Mais uma herança deixada por seu pai. A loja não era muito grande, mas o

pouco espaço interno e uma pequena varanda aonde as mesas e cadeiras ficavam, Fred

conseguia administrar e trazer-lhe sustento.

Era mais uma manhã normal na rotina de Fred. Se levantou, colocou a água para

ferver, e enquanto a água esquentava, Fred lavava o rosto. A água já fervia no Bule e Fred

colocava as flores de Hibisco para poder tomar seu chá matinal. Após o chá, Fred se

encaminhava para loja, que ficava na parte da frente de sua casa. Abriu as portas e começou a

preparar a massa de Boltel. Fred mal dava inicio em sua receita e o primeiro cliente já chegava,

desejando-lhe bom dia. Fred respondia calorosamente o seu bom dia e já pedia paciência que

os primeiros Boltels do dia sairiam em instantes. O cliente aguardou sentado na varanda

enquanto Fred concluía a receita. O cheiro dos Boltels assando já pairava pelo ar, e logo era

percebível a clientela aparecendo para garantir os Boltels em seu café da manhã. Fred atendia

a todos enquanto no forno mais Boltels eram assados. A grande movimentação da clientela

aos poucos ia diminuindo e Fred já não assava mais Boltels por enquanto, para que não

ficassem frios quando forem servidos mais tarde. Após o sossego pairar pela loja, Fred se

permitiu sentar um pouco na varanda para sair um pouco daquele ambiente fechado que era o

interior da loja. Sentado em uma cadeira na varanda, cansado, Fred olhou para o alto da

montanha dos três picos e lembrou da história da Cidade da Tartaruga. Fred ficou ali parado e

por instantes se perdeu em seus pensamentos e lembrando de como eram boas aquelas

histórias que ouvia quando era criança. Fred voltou para a realidade e se direcionou para

dentro da loja. Assim como a manhã, o dia se passou rapidamente e sem perceber, viu que o

sol já se punha e a penumbra deixava aquele fim de tarde pouco escuro. Fred fechou a loja e

encaminhou para sua casa na parte de trás da loja. Lavou-se, fez um chá, sentou-se em uma

velha poltrona para ler seu livro “Paraíso Perdido” e logo adormeceu com o livro sobre o peito

e com metade de seu chá de camomila em sua caneca.

Logo amanhecera, e naquela noite, Fred dormiu ali mesmo em sua poltrona velha.

Acordou assustado com os primeiros raios de sol que atravessavam a janela e aqueciam seu

rosto. Fred estava cansado, era um rapaz jovem, mas cuidar sozinho da sua loja e aquela rotina

estava o deixando exausto. E ali foi novamente, aqueceu a água para fazer seu chá, lavou o

rosto, tomou o chá e se encaminhou para a loja. Mas dessa vez havia algo diferente em Fred,

ele não aparentava estar feliz.

Fred colocava as massas dos Boltels para assar, quando o primeiro cliente chegava lhe

desejando bom dia.

- Dia. Fred respondeu sem energia.

O cliente percebeu que os Boltels estavam no forno e já se encaminhou para a varanda

para esperar ficarem assados. Mal servia o primeiro e a clientela entrava na loja e pediam os

Boltels. Os pedidos já haviam ultrapassado seu ápice, e Fred como fizera no dia anterior foi se

sentar na cadeira frente a loja. Observou novamente a montanha dos três Picos e lembrou-se

da promessa dada a seu irmão quando eram crianças “Encontrar a cidade da Tartaruga”.

Rapidamente Fred percebeu que monotonia trazia para sua vida, logo ele que era tão

“elétrico” e aventureiro quando era mais novo. Fred observou que está ali naquela loja,

servindo Boltels não era a sua vontade. Fred sempre se disse aventureiro, mas após a morte de

seu pai, Fred não vivia como vivia antes. A monotonia da rotina tomou conta dele e naquele

dia Fred fechou a loja mais cedo.

Correu rapidamente até sua casa, vestiu-se com sua roupa de viagem, pegou sua

mochila e colocou as primeiras roupas que avistou, colocou chá e sus mantimentos dentro,

trancou a casa e saiu em busca da cidade da Tartaruga. Sua casa não era muito longe da

floresta. Bastou andar pouco tempo e já estava adentrando na mata. Seu destino era a

montanha de três picos. A montanha podia ser vista de quase toda a cidade, mas na mata

fechada eram poucas as horas que Fred conseguia vê-la.

Naquela tarde, Fred caminhara bastante, e a sua animação era o que mais lhe

motivava. Não parou para descansar, não parou para lanchar, não parou se quer para almoçar.

O entusiasmo tomou conta de Fred. Havia tempo que Fred não sentia isso, aquela rotina

monótona estava deixando-o louco e iniciar uma nova aventura o deixava motivado

novamente.

Passando por uma grande clareira na floresta, Fred percebeu algumas marcas no chão,

mas que essas não se pareciam com pegadas. Eram marcas como se arrastassem pelo chão e

pelas árvores, mas não as arrancavam. Fred mudou seu rumo e foi seguindo aquelas marcas.

Fred caminhou e caminhou, a cada passo que dava, menos a luz do sol era vista no horizonte.

A noite estava chegando. Como não havia nenhuma tocha ou lampião, Fred optou por parar,

descansar e pernoitar. Encontrou um local aconchegante de baixo de uma árvore. Lá acendeu

uma fogueira para se aquecer e preparar seu chá. Aquecido, e de chá tomado, Fred

adormeceu encostado na árvore. As estrelas brilhavam no céu, a noite era calma e serena,

fazia um pouco de frio, mas o frio que se fazia era por conta do grande lago que ficava ali

próximo. Fred dormia tranquilamente até que acordou incomodado com um grande barulho

que aproximou dele. Quando Fred abriu os olhos, ele viu a coisa mais magnifica que já vira em

sua vida. Fred via uma gigante tartaruga, ele a via de costa, ela devia ter em torno de uns dez

metros de altura até o topo de sua carapaça, em cima da carapaça, Fred via pedaços da cidade,

via algumas torres, pedaços dos telhados de algumas casas. Fred ergueu-se em um pulo e foi

correndo atrás dela, deixando todos os seus pertences para trás. Ele rapidamente se

enganchou na pata traseira da tartaruga gigante e em movimento foi escalando. Fred explodia

de felicidade, entusiasmo e medo, tudo ao mesmo tempo não acreditava que conseguira

encontrar a tartaruga em apenas uma noite. Escalando a pata da tartaruga, Fred percebeu o

quão rápido ela pode andar e que poderia ser por isso que poucos a avistaram.

Ele já se encontrava a uns quatro metros do chão, e ainda faltava cerca de seis metros

para chegar até a cidade. Com cuidado ele foi escalando pela rígida carapaça até que chegou

na beira de um parapeito e curioso, Fred ficou um tempo olhando para aquela linda cidade. A

cidade estava vazia, pois já era noite. Haviam casas uma por cima da outra, torres estreitas,

pequenas ruas tortas, pequenos jardins, chafariz tudo muito junto, o espaço ali era escasso,

porém a peculiaridade daquela cidade a deixava linda. Era bem diferente de onde Fred

morava. Fred pulou o parapeito e conseguiu entrar na cidade. Lá dentro, ele se sentou

encostado na parte de dentro do parapeito, pois a subida lhe valeu bastante esforço. Sentado

e recuperando o folego, Fred foi surpreendido por uma mulher que rapidamente o

questionou.

- O que você está fazendo aqui?

Em um susto súbito, Fred olhou para trás para descobrir de onde saía aquela voz. Era

uma mulher, de cabelos longos e negros enfeitados com penas coloridas, seus olhos negros

eram grandes como a lua, sua pele era lisa e pálida, suas roupas eram longas e escuras, a moça

vestia uma blusa que aparentava ser velha, uma saia longa e folgada. Fred ficou encantado

com a moça. Ela nem se deu o trabalho de refazer sua pergunta, e disse em tom de ira.

- Você não pode ficar aqui!

Assustado antes de fazer qualquer questionamento, a linda mulher começou a fazer

alguns movimentos com a mão, Fred assustado segurou suas mãos, ela usou de sua força e os

dois começaram a ter uma briga corporal. Fred tentando acalmá-la segurando seus pulsos e

ela se contorcendo e usando da força para se livrar de Fred. Ela empurrou Fred contra o

parapeito, ele tentou se segurar, mas acabou escorregando para além do parapeito. No

momento da queda, Fred continuou segurando a moça, que acabou escorregando junto com

ele. Os dois acabaram caindo da grande tartaruga. Durante a queda eles escorregaram pelo

casco da tartaruga e encontraram o chão.

Fred mantinha seus olhos fechados, e pela temperatura do sol, provavelmente ele

dormiu em sua velha poltrona novamente. Fred não conseguia mexer suas mãos, abriu os

olhos e viu a linda mulher em sua frente, e rapidamente se lembrou do que aconteceu na

última noite, parecia que tinha sido um sonho, mas foi real e já era dia e Fred estava sentado

encostado em uma árvore com suas mãos mobilizadas para trás e amarradas com galhos e

raízes. A moça, com raiva em seu tom de voz, questionou.

- Quem é você? Como nos encontrou?

-Calma moça, não sou nenhum inimigo, somente conhecia a história da grande cidade

da tartaruga e decidi procurá-la, e encontrei. Respondia Fred atordoado

A moça, agachou diante Fred, e movimentou suas mãos no ar, olhou para Fred e ela

começou a sufoca-lo sem que ela o tocasse. Ela afirmou em tom de ameaça.

- Não minta para mim, com um simples movimento eu consigo te deixar sem vida!

Fred com pouco ar, e sentindo o aperto em seu pescoço, respondeu.

- N-n-n-ã-ã-o e-s-s-t-o-u m-e-e-n-n-t-i-n-do, d-e-s-d-e quan-do e-u e-ra cri-ança, conhe-

cia a his-to-ria da su-a ci-da-de, pro-me-ti à mim mesmo que um dia iria encontra-la, e nessa

noite a encontrei.

Aos poucos enquanto Fred ia respondendo a moça diminuía sua força e ele conseguia

falar e respirar confortavelmente. A moça demonstrou compaixão por Fred o ouvindo falar.

Pareciam verídicas suas palavras, mas ainda irritada, a moça retrucou.

- Mas olha o que você fez! Graças a você, eu caí da cidade e agora não sei se

conseguirei voltar. Você me meteu nessa confusão!

- Poderia me soltar primeiro por gentileza, assim não poderei te ajudar em nada, e

essas raízes estão apertando meus pulsos. Pediu Fred.

Assim que Fred pedira, a moça fez alguns movimentos com as mãos, e os galhos e

raízes se desenrolaram das mãos de Fred e ele tinha suas mãos livres. Fred se levantou e disse

a moça.

- Eu posso te ajudar a encontrar sua cidade! Eu já a encontrei, e posso encontrá-la

novamente.

- Certo. A moça respondeu secamente.

Fred, estendeu sua mão direita para a moça, e apresentou-se.

- Prazer, sou Fred. Com um largo sorriso no rosto.

A moça com uma expressão séria, retribuiu o aperto de mão e respondeu brevemente.

-Agnes.

Fred ressaltou a importância de caminharem no sentido oposto ao que a grande

tartaruga ia, pois debaixo de alguma árvore encontrava-se seu acampamento e lá continha

seus mantimentos e pertences. E os dois seguiram caminhando lado a lado o caminho oposto.

Não era muito longe o acampamento de Fred, mas caminhar com Agnes, fazia parecer

que já estavam caminhando a horas. Era perceptível a falta de intimidade dos dois. Se quer

olhavam um para o outro. Fred, desajeitado mantinha seu olhar para o céu ou para o chão.

Agnes de olhos cerrados olhava diretamente para frente e evitava qualquer troca de olhares

com Fred. Mesmo parecendo bastante tempo, a caminhada não durou muito, até que Fred

avistou seu acampamento. E com sua voz um pouco recolhida anunciou; “Veja, já chegamos

aos meus pertences”. Agnes não esbanjou resposta, Fred calado, agachou-se e recolheu suas

coisas. Agnes afirmou; “Agora retornaremos para o sentido correto!”. Fred sem hesitar,

concordou balançando a cabeça. Colocou sua mochila nas costas e seguiram para a direção

oposta.

Era manhã ainda, e a caminhada se estendia pelo redor do grande lago, eles não

conseguiam ver o lago por conta das árvores da floresta, mas sabiam que o estava

contornando. O clima continuava sério e silencioso. Por Fred, ele já teria feito várias perguntas

à Agnes, mas percebia que aquele ainda não era o momento de fazer nenhuma pergunta. Fred

pensou alguma maneira de puxar algum assunto, mas nada que fosse tão intimo a ser

perguntar a ela. Como os dois estavam em busca da grande cidade, Fred tomou coragem e

perguntou, “Em algum momento a tartaruga para?”. Agnes, respondeu sinteticamente,

“Somente nos rios para que ela possa beber água”. Fred incrivelmente espantado por saber

dessa informação, esbanjou um belo sorriso, mas Agnes não correspondeu. A caminhada

continuava calada, e Fred não conseguia se segurar para fazer perguntas, até que então

perguntou, “Como você conseguiu me desamarrar daquelas raízes e me enforcar sem as

mãos?”. Agnes com um olhar frio e sério respondeu, “Eu sou uma feiticeira”. Um silêncio

pairou pelo ar, as bochechas de Fred coraram. Bastou essa resposta, para aquele “gelo” se

formar novamente entre os dois. Fred não se espantara por saber que ela era uma feiticeira, já

que momentos antes ela estava o enforcando sem usar as mãos, mas ouvir aquelas palavras

saírem da boca dela com muita naturalidade, fez com que Fred se sentisse envergonhado.

Eles caminharam durante toda a tarde, o sol já deixava o céu que antes estava azul,

agora em um tom de rosa avermelhado. Eles estavam cansados, e partiu de Fred a ideia de

parar para montar o acampamento. “Vamos montar o acampamento nessa clareira” Fred

disse. Agnes concordou e sentou-se em posição de lótus debaixo de uma árvore. Agnes fechou

os olhos e começou a meditar, em instantes Fred viu vários troncos secos se acumularem

parecendo uma fogueira apagada pouco à frente de Agnes. Após todos os galhos e troncos se

reunirem, um fogo súbito surgiu no meio das lenhas e a fogueira se acendeu. Fred não

acreditava no que estava vendo e ficou maravilhado. Agnes abriu os olhos e disse “Já temos

fogo! Você poderia nos preparar um chá”. Totalmente sem jeito, Fred vasculhou sua mochila e

retirou de lá de dentro seus potinhos de chá, prontificou em colocar água na chaleira e

perguntou para Agnes, “Temos chá de Hibisco, Erva doce e Cravo e Canela, qual desejas?”

“Cravo e Canela” respondeu Agnes. Fred colocou a chaleira no fogo, com o chá que Agnes

escolhera. Afastou-se um pouco da fogueira e se acomodou sob uma árvore, enquanto Agnes

ainda se mantinha ainda na posição de lótus debaixo de outra árvore próxima. Depois daquela

parada e da atitude de Agnes de acender o fogo, Fred percebeu que o clima entre os dois

estava mudando e que ele se sentia mais confortável em estar ao lado dela, e ele percebia isso

dela também. Fred percebendo a pequena aproximação, perguntou logo a pergunta que

queria ter feito desde a hora que conheceu Agnes. “Por que vocês decidiram construir uma

cidade em cima de uma tartaruga gigante?”. Agnes olhou fixamente para ele durante um

tempo de 3 segundos, como se tivesse pensando se contaria ou não. Agnes respirou fundo,

molhou os lábios e começou; “À muito tempo, meu povo vivia em uma pequena vila na

floresta, éramos poucos, a vila era pequena, e minha vó quando ainda era jovem, se aventurou

pela floresta para conhecer um reino que fica próximo. Nessas aventuras, minha vó conheceu

um rapaz, que pelo qual ela se apaixonara. Era um amor proibido, pois uma das primordiais

regras do meu povo eram não manter contato com alguém que não seja um Gicien, pois bem

antes de minha avó nascer, meu povo era perseguido por outros povos, pois nosso sangue tem

poder de cura e rejuvenescimento. Por isso é proibido qualquer contato com outros que não

sejam do meu povo. E minha vó já estava apaixonada por esse rapaz que vivia no outro reino e

eles começaram a se encontrar em locais escondidos, pois se amavam muito. Com o tempo,

esse amor proibido passou a ser suspeitado pelo nosso Grande Conselheiro, que um dia,

escondido fora atrás de minha vó, e descobriu que ela se encontrava com o jovem rapaz em

uma velha casa que ficava na floresta. Ao descobrir, nosso Conselheiro, jurou matar o rapaz,

mas minha vó o impediu, deixando nosso povo e fugindo junto com seu amor. Passou-se um

tempo, e minha vó retornara para nosso povoado, pedido abrigo novamente, pois ela estava

gravida, e para nós, uma mulher gravida é a pureza do divino, pois gera e carrega dentro de si

uma nova vida e uma segunda alma, e precisa de cuidados especiais. Logo todos a receberam

muito bem, mas ela queria que seu amado morasse com ela na vila. Nosso Conselheiro

retrucou, afirmou que não, repensou, e decidiu fazer uma escolha pela maioria que aceitaria o

rapaz ficar ou não. Após a votação, a maioria deixou que o rapaz ficasse, e pela primeira vez

moraria alguém que não fosse um Gicien em nossa vila. O tempo passava e minha mãe

nascera, meu vô, em tempos ia até seu reino para comprar alguns itens, e em uma dessas idas,

uns rapazes o seguiram e descobriram nosso povo. Era noite, a chuva caia forte do lado de fora

da janela, e minha mãe era apenas uma bebezinha ainda, quando fomos atacados. Ouviam se

gritos de ódio contra meu povo. As pessoas do reino que vieram nos atacar, continham tochas

e facas, e vieram atrás de sangue. Se travou uma batalha, mas eles eram muitos. Mesmo com

nosso poder, foi difícil derrotar eles, e muitos pessoas do meu povo morreram na luta, alguns

chegaram a ter seus corpos levados apenas para que pudessem ter seu sangue levado. Na luta,

minha vó e meu vô foram mortos, e minha mãe ficou sozinha. Após meu povo conseguir fazer

com que os poucos inimigos que restaram fossem embora por medo, nosso Conselheiro

invocou as forças da natureza e pediu para nossa grande mãe que nos enviasse uma ajuda

para nos proteger. Foi quando que um estrondoso terremoto acontecera e do chão saiu uma

gigantesca tartaruga. A Grande Tartaruga cortejou meu povo, e inclinou sua cabeça para o

nosso Grande Conselheiro. Nosso Conselheiro apenas olhando para a tartaruga parecia ter

recebido dela um sinal para que todos subissem nela. Todos os sobreviventes pegaram os

seus pertences mais importantes a subiram na Grande Tartaruga, e lá em cima construíram

nossa cidade.”

Após ouvir aquela história, Fred encontrava-se paralisado sem nenhuma reação, e se

quer conseguia perceber que a chaleira ao seu lado estava apitando. Agnes em um gesto

rápido disse; “Acho que o chá está pronto”. Fred, em silêncio serviu chá para Agnes e apenas

disse “Sinto muito pelo seu povo”. Agnes respondeu um leve “Obrigado”. Os dois tomaram o

chá em silêncio. Após o chá, Fred desejou boa noite para Agnes e ela disse o mesmo. Cada um

deitado de cada lado da fogueira dormiram.

O sol ainda não aparecia no horizonte, mas a manhã pouco fria já estava clara. Agnes

levantou-se e acordou Fred. “Ei! Levanta, precisamos ser rápidos”. Em um susto, Fred levantou

e disse meio sonolento. “Estou pronto!”. Agnes deu um leve sorriso, pela rápida e sonolenta

reação de Fred. Aquela era a primeira vez que Fred via Agnes sorrir, ele a observou e sorriu

também. Ao perceberem que os dois tinham dado um leve sorriso, logo pararam de sorrir e o

rosto dos dois coraram. Mudando o foco da atenção de Fred, Agnes disse. “Vamos comendo

caminhando, para sermos mais rápidos. O que tem na sua mochila que possamos comer?”

Fred respondeu. “Tenho Boltels, que eu mesmo fiz, são melhores quentes, porem estão frios”

“Boltels?” Perguntou Agnes. “Sim, eu tenho uma pequena loja aonde vendo esses bolinhos. A

loja e a receita desse bolo é uma herança herdada do meu pai.” Agnes olhou com um pouco de

admiração para Fred, mas não quis transparecer o que sentia, deu uma leve mordida no Boltel

e com uma expressão de surpresa falou “Que delícia! São ótimos!”. Fred abriu um grande

sorriso, por ter recebido um elogio de Agnes. Ele retirou o pote de Boltels de sua mochila,

colocou a mochila nas costas e os dois seguiram o caminho comendo os Boltels feitos por Fred.

No caminho, a viagem parecia longa, mas dessa vez o tempo parecia passar mais

rápido, Fred e Agnes dessa vez, conversavam sobre vários assuntos. Fred contara para Agnes

sobre a morte de seus pais, sobre o casamento de seu irmão e de como desde criança queria

conhecer a cidade de Agnes e que sua cidade era uma grande lenda aonde Fred morava. Agnes

também contava sobre sua vida, de como eram as coisas em cima da tartaruga, o que seu

povo precisou fazer para se adaptar a viver em um local aonde o plantio não era possível no

chão, mas precisaram fazer plantações elevadas, contou da crença de seu povo e alguns

costumes de sua cultura, que cada Gicien tinha um animal parceiro que o destino da natureza

os traziam quando eram crianças e esse ficavam juntos para toda vida. Alguns tinham

macacos, outros tinham aves e até mesmo insetos. Era bonito de se ver os dois caminhando

juntos, o interesse que um tinha pelo outro. Culturas e costumes diferentes de cada um,

gerava cada vez mais curiosidade no outro. O dia já se estabelecera, e o sol encontrava-se em

seu auge, aquele fim de verão anunciava que o outono estava para chegar. Fred avistou o lago,

e percebeu que a sua jornada já o tinha feito contornar o grande lago, eles estavam no lado

oposto de onde Fred iniciou sua aventura. Logo a frente se percebia uma grande clareira que

ficava na beira do lago, e curiosamente nessa clareira havia uma casa. “Uma casa?” perguntou

Fred e Agnes ao mesmo tempo. Era uma coisa inesperada, que nenhum dos dois imaginava

encontrar uma casa ali na beira do lago. A casa era grande e feita de madeira, aparentava ser

antiga, mas continha suas janelas e pinturas em perfeito estado. Na parte da frente tinha uma

larga varanda coberta pelo teto colonial da casa, as janelas continham cortinas e no fundo

havia uma chaminé, mas não saia fumaça. Tudo parecia e indicava que morava alguém

naquela casa. Fred e Agnes foram de encontro a casa, e de acordo que chegavam mais perto

mais nervosos ficavam. Subiram os dois degraus da escada que dava acesso a varanda. A porta

de madeira estava semiaberta. Fred bateu duas vezes na porta e gritou “Olá? Boa tarde” e

ninguém respondeu. Fred abriu a porta levemente, e ao olhar para dentro, observou que

aparentemente não havia ninguém na casa. Eles entraram, e na grande sala da casa que se

juntava com uma grande cozinha haviam velhos moveis e todos empoeirados. Um velho sofá,

estava na sala, enquanto entre a sala e a cozinha havia uma grande mesa de jantar com um

vaso de plantas em cima, que aparentemente deveria ter uma rosa ali que provavelmente

morreu a bastante tempo. A cozinha tinha uma velha pia, e grandes armários encostados na

parede logo atrás. À esquerda havia uma escada que dava acesso ao segundo andar. Fred

olhou toda aquela casa e comentou para Agnes. “Que lugar é esse? Quem construiria uma casa

aqui?” Agnes mais interrogativa do que Fred respondeu “Se você que é dessa região não sabe,

imagine eu”. Os dois foram caminhando cautelosamente até o final do grande cômodo, e

devagar foram subindo a escada que dava acesso ao segundo piso da casa. Assim como tudo

ali dentro, o corrimão da escada também estava empoeirado. No segundo piso, a escada saia

no final de um grande corredor. Seguindo em frente se via duas portas do lado direito do

corredor, e três no esquerdo. Fred abriu a primeira porta do lado esquerdo, e identificou um

pequeno quarto com apenas uma cama de solteiro. Agnes abriu a primeira porta do lado

esquerdo, e encontrou um banheiro com uma velha e suja banheira. Fred abriu a segunda

porta da esquerda e encontrou outro quarto, com apenas uma cama de casal. Na outra porta

do lado direito também encontrava uma cama de casal parecido com a do outro. E no ultimo

quarto, Fred e Agnes entraram juntos e lá encontraram o maior quarto da casa, com uma

grande cama de casal, uma poltrona e um roupeiro. Todas as janelas e cortinas da casa

estavam fechadas, o ambiente lá dentro estava abafado devido ao grande calor que fazia lá

fora. Fred olhou para aquela cama, e lembrou da ultima vez que teve uma noite bem dormida

e que já tinha um tempo que não sentia o conforto de uma cama. Ele olhou para Agnes e ela

aparentava ter a mesma ideia. “Podíamos passar essa noite aqui” Sugeriu Fred. “Eu já ia dizer

exatamente isso.” Respondeu Agnes. Os dois se prontificaram em abrir todas as janelas e

cortina, apara que aquela poeira saísse da casa. Fred encontrou debaixo da escada umas

velhas vassouras e foi varrendo para fora da casa a poeira que conseguia. Agnes Sentou-se em

posição de lótus em cima da cama, e logo uma grande ventania invadiu a casa, deixando

rapidamente todos os cômodos sem poeira, Fred que estava no andar debaixo, ficou na rota

da ventania e toda aquela “tempestade” de poeira passou por ele, o deixando todo sujo. Pela

ventania inesperada, Fred soltou a vassoura e caiu na gargalhada, pois sabia que fora Agnes

que causara aquilo, mas não esperava que fosse daquele jeito. Escutando a gargalhada de

Fred, Agnes desceu correndo, e vendo a cena de Fred todo sujo no chão da sala, não aguentou

e riu junto com ele. “Você queria mesmo varrer toda essa casa?” perguntou Agnes rindo. “Eu

estava fazendo o que eu podia” Respondeu Fred com um grande riso no rosto. “Agora estou

completamente sujo, acho que vou tomar um banho no lago”. Fred, ainda sentado no chão,

retirou seus sapatos, e se encaminhou para fora da casa e retirou sua blusa. Agnes ficou

apoiada no portal da porta de entrada, vendo Fred indo a caminho do lago sem blusa e usando

apenas sua calça. Fred entrou com a água até o joelho, olhou para trás e perguntou para

Agnes. “Você não vem?”. Agnes abriu um leve sorriso, retirou seus sapatos e saiu de encontro

à Fred. A água estava bem fria, mas o calor daquela tarde deixava o ambiente agradável. Antes

que Agnes chegasse de encontro a Fred, ele já ia dando o primeiro mergulho no lago. Agnes

entrou em seguida, completamente vestida, deu seu mergulho e quando voltou a superfície da

água, parou diante a Fred. Os dois se olharam sorrindo por alguns segundos, Fred ficou sério,

olhou nos olhos de Agnes, e aproximou sua boca da dela. Agnes correspondeu o beijo de Fred.

Parecia uma explosão de energias o que estava acontecendo entre os dois. O abraço, o beijo e

o toque parecia ser único, nunca nem Fred e nem Agnes haviam sentido aquilo. Eles pararam

de se beijar, Fred que olhava para Agnes com um largo sorriso, mudou quando ela teve uma

repentina reação de espanto. Agnes jogou água em Fred e disse “Você não deveria ter feito

isso!”. Agnes nadou até a parte rasa, e correu para dentro da casa. Fred foi logo atrás. Agnes

havia subido para o segundo pavimento e ficou dentro do grande quarto. Ainda molhada e

sentada no chão, Agnes se perguntava, “Por que eu deixei isso acontecer?”. No momento em

que ela se perguntava, Fred entrava no quarto, e ouviu o que ela acabara de dizer. Fred entrou

cauteloso, e foi devagar na aproximação e perguntou porque Agnes havia se arrependido de

tê-lo beijado. Agnes se levantou, e disse para Fred, “Não que o problema seja você, é que eu

não deveria ter me permitido passar por uma situação como essa. É complicado para mim!”.

“Você é compromissada?” Perguntou Fred. “Não! Não sou!” Agnes respondeu rapidamente. “É

que você não entenderia. Pode ir lá para fora por favor. Preciso passar um tempo sozinha”.

Recuado e com os olhos cheios de água, Fred se recolheu do quarto e desceu, passou direto

pela sala e saiu da casa. Agnes estava na janela do quarto e avistou Fred saindo da casa e se

sentando na beira do lago. Ela ficou parada o observando, e de seu olho caía uma lagrima.

Fred sentado na beira do lago se segurando para não chorar, preferiu observar o

horizonte para que aquele sentimento de dor amenizasse dentro de seu peito. Ao observar o

horizonte, Fred via o reino em que morava de uma outra perspectiva, conseguia ver até o

reino vizinho ao seu que eram separados por um trecho do lago que desaguava no mar. Nunca

tinha os vistos daquele lugar, era lindo. Fred por um momento lembrou o motivo de sua

viagem, e lembrou do tanto de coisa que já acontecera até ali. Por um momento se sentiu feliz

novamente, pois se deu conta de até onde havia chegado e mesmo que sendo por pouco

tempo, conseguirá encontrar a cidade da tartaruga, e que como aquela aventura estava

mudando completamente sua vida, Fred estava percebendo que com aquelas experiências sua

vida estava mudando e que ele faria de tudo para que ela não voltasse a se tornar monótona.

A tarde começava a chegar ao seu fim, e Fred ainda estava sentado na beira do lago

com os pés dentro da água. Ele ouviu Agnes se aproximar, mas fingiu não ter visto-a para

esperar o que Agnes falaria para ele. Agnes se aproximou e disse. “Fred, não quero que você

pense que há algo de errado com você, muito pelo ao contrário, você é uma grande pessoa,

mas para mim, me envolver com alguém que não é do meu povo, é proibido, pois após o

último ataque, nosso conselheiro deixou bem claro o quanto isso é proibido, e que em um

próximo acontecimento ele não abriria exceções, pois em uma exceção, o nosso povo todo

quase morreu.” Fred, cabisbaixo e concordando com a cabeça Fred respondeu. “Tudo bem

Agnes, eu que lhe peço desculpa por te deixar nessa situação, eu não deveria tê-la beijado. Só

estraguei as coisas. Vamos passar somente essa noite nessa casa, e amanhã de manhã,

voltaremos a procurara a Grande Tartaruga e você estará entregue.”. Com os olhos cheio de

água, Agnes disse. “Me desculpe também por qualquer coisa. Acho que está na hora de me

recolher. Dormirei no grande quarto.”. Fred olhando para o horizonte concordou com a cabeça

sem se quer olhar par Agnes. Ela se recolheu, e foi para dentro da casa. Fred, se recolheu

também, e foi procurar uma roupa seca, antes que escurecesse.

Aquele fim de tarde havia sido triste e silencioso. Agnes no grande quarto no segundo

pavimento, e Fred deitado no velho sofá, parado e olhando para o teto. A noite já se apossara

do dia lá fora, a casa já estava escura. Fred apenas estava a hora do sono vir, até que acordou

com Agnes o sacudindo. “Fred, Fred, levanta!! A Grande Tartaruga está passando por detrás da

casa!”. Em um susto Fred se levantou, e saiu correndo para fora da casa, que não conseguiu

calçar sua bota e nem pegar sua mochila. Fred e Agnes saíram correndo de mãos dadas de

dentro da casa, e somente quando pisara nas pedras, foi quando Fred se deu conta de que

estava descalço. A Grande Tartaruga estava logo a frente deles, mas seria necessário eles

correrem bastante se quisessem alcançá-la. Fred descalço, conseguia correr bastante, as

pedras machucavam seus pés, mas ele não podia perder a tartaruga de vista. Agnes ainda

segurando a mão de Fred, corria do seu lado e dando força dando gritos como “Vamos!

Vamos!”. A tartaruga saía da clareira, e voltava a entrar na floresta, devido as arvores que

passavam debaixo dela, a tartaruga ficou mais lenta, e com essa vantagem para Fred e Agnes,

eles conseguiram alcançar a tartaruga, mas ela ainda se movia. Agnes levou dois dedos a boca,

e assoviou agudamente, “FIIIIIIIIIIIIIII!!”. Após o assovio, Fred e Agnes viram um Urso aparecer

no parapeito da cidade. Era Dimitri, o urso parceiro de Agnes. Dimitri apoiou suas patas no

parapeito e elevando seu focinho para cima, ele rugiu em um tom grave e forte. Não demorou

muito para alguns lampiões se acederem lá de cima. Logo alguns moradores apareceram ao

lado de Dimitri e avistaram Fred e Agnes correndo atrás da tartaruga. Logo após avistarem os

dois lá embaixo, o Grande Conselheiro dos Giciens, foi até a cabeça da tartaruga e pediu para

que parasse. Aos poucos a Grande Tartaruga parou, agachou-se e Fred e Agnes correram até a

grande cabeça da tartaruga para poderem subir. Fred se espantara de como era grande aquela

bela criatura. A cabeça dela era escura, com grandes olhos azuis, que ficavam abaixo de dois

curtos chifres que pareciam sair de sua sobrancelha. A boca enorme era grande e com vários

dentes afiados. Mesmo daquele tamanho, chifres e dentes afiados, a tartaruga não parecia ser

ameaçadora, ela tinha um rosto pleno e dócil. A tartaruga abaixou sua cabeça até o chão e

Fred e Agnes subiram pelo seu focinho, e escalaram pelo curto chifre da tartaruga que nesse

momento erguera sua cabeça para que os dois alcançassem o parapeito da cidade.

Ao pularem o parapeito, todo os Giciens estavam parados esperando os dois subirem.

A mãe de Agnes veio de encontro a ela e a abraçou dizendo. “Minha filha, pensei que tivesse

fugido. O que aconteceu?”. Agnes explicou para sua mãe a para o grande conselheiro o que

havia acontecido e que o mal-entendido havia derrubado ela e Fred lá de cima. Contou que

Fred sempre se prontificara de trazê-la de volta para casa, e que ajudou ela em todos os

momentos. Enquanto Agnes contava os acontecimentos do último dia, Fred observou aquela

cidade e aquele povo. Cada um tinha uma vestimenta diferente e peculiar. Uns usavam

grandes roupas como as de Agnes, enquanto outros vestiam apenas poucas peças. Umas

mulheres não haviam cabelos, enquanto outras usavam belos e longos cortes. Todos eram

diferentes e juntos não pareciam ser do mesmo povo. A única coisa que continham em comum

era que tinham todos um animal junto de si, mas também eram diferentes animais. Um

homem mais velho tinha enganchado em sua cabeça, uma grande cobra, enquanto outro tinha

ao seu lado um belo tigre, uma garota tinha em seu braço uma grande e amarela águia e até

um garoto tinha em seu ombro uma pequena libélula. Fred nunca havia visto aquilo em sua

vida, e nunca imaginaria ver um povo como aquele. Fred observara também de que após sua

chegada, o urso que rugiu e os ajudou a subir não saia do lado de Agnes. Fred se deu de conta

que aquele povo era merecedor daquela cidade, e que tão triste seria se a cultura daquele

povo se perdesse por conta da ambição de outros.

Agnes terminou de contar toda aventura que passou, logo o Grande Conselheiro que

era um homem alto, com uma grande barriga e careca e continha ao seu lado o

acompanhando um lobo negro, foi de encontro a Fred para lhe agradecer por ter trazido Agnes

com vida para casa. “Certo rapaz, eu lhe agradeço imensamente, não tenho tamanha gratidão

que possa lhe dizer, mas infelizmente o senhor deverá deixar a cidade. Temos uma regra que

não permite a entrada de outros povos em nossa cidade, e isso já fora permito outras vezes e

apenas trouxe dor e sofrimento para meu povo.”. Quando o Grande Conselheiro disse essas

palavras, Agnes encheu os olhos de água, e não conseguiu segurar o choro. “Certo senhor, não

quero trazer sofrimento algum para esse belo povo, eu irei me retirar, apenas me permita me

despedir de Agnes.” Respondeu Fred, com um olhar de tristeza. Fred aproximou-se de Agnes, e

deu-lhe um profundo beijo. Todos Ginciens espantarem-se ao ver a cena. “Fica bem moça bela

de grandes olhos negros, nunca me esquecerei de você!” Disse Fred olhando para Agnes e

soltando suas mãos. “Agnes mal conseguia responder, mas disse um triste “Adeus!”.

Fred se despediu do Grande Conselheiro e aos demais Ginciens que estavam ali

presentes, sentou-se no parapeito e quando ia tocando o pé no curto chifre da tartaruga,

Agnes gritou, “Fred, me espere!”. “NÃO!” Disse a mãe de Agnes, “Minha filha, o mundo lá fora

é perigoso para nós, você estará segura aqui”. “Mãe, ninguém saberá que sou uma Gincien

caso eu não fale. Eu tive experiências que nunca tive, senti coisas que nunca tinha sentido. Eu

sou um espirito livre mamãe, me prender aqui acabará comigo todos os dias. Eu irei, e a

senhora saberá que estarei feliz.” Fred, esperançoso, abriu o seu largo sorriso, e ainda sentado

sobre o parapeito, estava esperando sua amada vir. “Um dia mamãe, eu voltarei cheia de

histórias para contar. O destino colocou Fred em minha vida, e dias depois me fez encontrar

com minha cidade novamente, um dia mamãe, um dia, a senhora pode ter certeza que

voltarei, e o acaso me trará de volta. Seguirei minha vontade, e serei eternamente feliz.”. A

mãe de Agnes, com os olhos cheios de lágrimas abraçou-a tão forte, que todos ali presentes se

emocionaram. Ela retirou de seu bolso, um cordão que continha uma ametista na ponta e

disse. “Leve minha filha, esse cordão, sua vó fizera para mim, e estou deixando com você. Essa

pedra irá protegê-la aonde quer que você vá. Seja muito feliz minha filha, que as forças da

nossa mãe terra possa está guiando em seu caminho”. Agnes abraçou novamente sua mãe, e

chorando, despediu-se do Grande conselheiro e de seus amigos Ginciens.

Agnes assoviou para Dimitri, e disse “Vamos amigão! Temos um longo Caminho pela

frente.”. Dimitris foi atrás de Agnes, que se encontrou com seu amado no parapeito da cidade.

Os três; Fred, Agnes e Dimitri apoiaram-se no curto chifre da tartaruga que os desceram até o

chão. Os três saíram do caminho da tartaruga, e de lá debaixo, se despediram dos Ginciens lá

em cima. A tartaruga continuou seu caminho, enquanto Agnes perguntou para Fred. “E agora

grande aventureiro, para onde iremos?” “Não sei bela feiticeira, vejamos o que esse

inesperável destino nos guarda!.

João Paulo Ramos
Enviado por João Paulo Ramos em 17/09/2023
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