Brigadeiro a Flores - Cap. 34: Perdão a Gabriela

Sair com ele? O coração de Erva estava disparado.

Benício começou a dar risada. "Calma! Eu estou brincando."

"Ah..."

"Você achou que eu estava dizendo a verdade?" Ele ria.

"Ah... eu..." Erva ficou sem jeito. Eu pensei que sim.

"Não posso fazer isso com o Ber, ele é meu amigo. Se ele disse que vocês estão saindo, por mais que não estejam, ele deve ter os motivos dele." Benício disse parando de rir e olhando termalmente para Erva. "Mas se você quiser, podemos sair escondido" ele propôs.

Erva que estava cabisbaixa, envergonhada, o olhou surpresa novamente. Ele não ria. Mas ela forçou uma risada. "Aaah, claro!!! Outra piada! Você está muito brincalhão". Ela disse arrumando suas coisas. Preciso sair daqui. "Eu tenho que ir". Ela juntou tudo no braço e caminhou para a escada.

"Erva" Benício a chamou e ela se virou. "Você está mais bonita do que quando fui embora."

"Ah... o-obrigada". Ela desceu as escadas correndo e não parou até chegar em seu armário. O que deu nele? Quem é ele?

"Erva?"

"O que foi?" Erva disse alto e se virou brava, então viu Gabriela.

"Ah desculpa, eu não quero incomodar."

"Ah, não. Eu me assustei. Estava perdida nos meus pensamentos. O que foi?" Erva disse se acalmando.

"Ah é... eu só gostaria de te agradecer por ter me defendido."

"Não precisa. Está tudo certo." Erva disse se voltando para o armário e arrumando suas coisas."

"Eu... Aaah, me desculpa." Gabriela disse e Erva a olhou. "Me perdoa mesmo por tudo o que fiz."

"Por que você fez tudo isso comigo? Em algum momento você realmente me viu como amiga? Você foi verdadeira?"

"Sim. No início." Gabriela disse e Erva franziu a testa. "Olha, eu não planejei te conhecer. Quando eu te vi na loja de brigadeiros, eu realmente te achei incrível. E então te vi aqui na facul. Você realmente era diferente das pessoas daqui e eu gostei de você." Gabriela sorria enquanto lembrava. "Mas..." ela fechou o sorris. "Mas Bernardo se apaixonou por você."

"Ele não..."

"Ele sim, Erva." Gabriela disse séria. "Olha, eu nunca ouvi ele dizendo, mas ele se importa contigo. Se não está apaixonado, eu não sei o que é. Só sei que não era para você ter me protegido. Meu plano era esbarrar nele, fazer ele me notar, me aproximar dele e ouvir ele né chamar de bonita."

"Que belo plano". Erva disse irônica.

"Na minha cabeça tudo funcionava, mas você se intrometeu."

"Eu me intrometi?"

"Sim! Você gritou com ele e dai ele TE notou. Você virou o alvo."

"Aaah então você queria ser o alvo."

"Não!" Gabriela falou alto e Erva arqueou as sobrancelhas. "Quer dizer. Eu não planejava essa dimensão das ações. Mas enfim, o fato é que você foi uma peça que eu não contava. Quando fiquei sabendo que vocês se beijaram."

"Nós não nos beijamos!"

"Mas a universidade inteira achou que sim. Independente de você ter só encostado a boca nele. Vocês tinham tido contato."

Se eles soubessem que agora nós nos beijamos de verdade, iriam surtar então. Pensou.

"Eu fiquei muito mal e precisei reorganizar meus planos."

"Por isso você não vinha na faculdade e nem falava direito comigo."

"Não podia mais ser sua amiga".

"Entendi."

"Bom, de qualquer forma. Eu fui idiota. Peço perdão por tudo e... eu não quero perder sua amizade."

"Aaaah entendi. Agora você quer ser minha amiga."

"Você é você, Erva. Única". Gabriela disse com olhos brilhando e sorriu. Erva não sabia o que dizer. "Eu pensei muita coisa errada, estava cega por vingança, e quando avalio toda a situação, apenas consigo pensar que eu pelo menos conheci você nisso tudo."

"E me fez mal."

"Sim, eu sei. Por isso quero teu perdão. Quero recomeçar e prometo não te fazer mais mal. Podemos ser amigas de novo?" Gabriela sorriu.

"Não sei. Vocês acham que é simples assim 'te fiz mal, agora me perdoa, esquece tudo.'" Erva disse se lembrando também de Bernardo.

"Vocês?"

"Aí, nada, esquece." Erva suspirou. "Olha, vamos tentar, ok? Não digo que confiarei em você ou que ainda gosto muito de você e te perdoei, mas sei lá, me doeu te ver comendo no banheiro e chorando".

"Ah... você viu" Gabriela disse olhando para baixo. "Eu só..."

"Eu entendo, tá? Então... vamos ver o que vai ser."

Gabriela sorriu sem mostrar os dentes. "Obrigada".

"Agora eu preciso ir, a gente se vê".

"Esse pessoal é estranho, não é?" Bianca disse para Erva após ela lhe contar sobre Gabriela.

"Que bom que você acha isso também, eu achei que eu tava ficando rancorosa demais".

"Acho que não!" As duas sorriram.

"Ah não". Erva disse olhando para porta da Brigadeiria.

"O que houve?" Bianca perguntou e logo entendeu: Bernardo entrou no local, de óculos de sol, regata cavada, calça canelada moletom e uma bolsa de uma alça. "Oi, Bernardo!" Ela disse educada, enquanto Erva o olhava séria.

"Oi." Ele disse tirando o óculos e colocando na gola da camisa. "Estava na academia aqui perto e lembrei desse lugar. Quero um brigadeiro não muito doce, você tem?" Erva sorriu. "Que foi?" Ele questionou.

"Brigadeiro não muito doce?"

"É que eu não curto muito doce."

"Então por que você veio em uma BRI-GA-DEI-RI-A?"

"Ué, porque quero brigadeiro."

"Mas..."

"Erva, para de implicar." Bianca disse interrompendo a amiga que fechou a boca em um bico. E Bernardo sorriu. "Nós temos umas versões mais lights". Bernardo olhou para Erva triunfante. "Eles não são muito doces, pois não são feitos com leite condensado..." Bianca explicou tudo para Bernardo, que mesmo não entendendo ou se importando, ouviu atentamente. Ele escolheu um tradicional e um café sem açúcar. Erva, obrigada pela amiga, foi levar para ele na mesa.

"Isso é para você". Ele disse apontando um caixa de celular na mesa. Erva olhou para caixa e para ele. "Preciso falar contigo e geralmente seu celular está sem bateria. Achei melhor te dar um."

"Eu não preciso."

"Mas eu quero".

"Mas eu não."

"Você é muito teimosa."

"Não sou obrigada a ouvir isso justo de você".

Eles se encararam.

"Ok, eu vou comer meu brigadeiro e tomar meu café e irei embora, vou deixar aí porque eu já tenho um."

"Você é idiota!"

"Igual você!"

Erva bufou.

"Só aceita!"

"É que eu posso usar o meu ainda."

"Por quantos minutos?"

"Ha ha, engraçadinho."

"Só quero poder te ligar e não dar caixa".

"Eu nem gosto de ligação."

"Ok, mandar mensagem e você responder na hora, não 5 horas depois".

"O fato de eu demorar, não necessariamente é porque meu celular está sem bateria."

Bernardo cerrou os olhos para ela. "Ah é?"

Erva sorriu. "Sou ocupada demais!"

"Você me irrita sabia?"

"Eu sei!" Erva disse sorrindo. "É minha dose de diversão no dia."

"Besta!"

Erva continuou sorrindo. "Onde é sua academia aqui?"

"No Jardins!"

"Jardins não é tão perto assim."

Bernardo desviou o olhar. "Ah, de carro é perto."

"Sei! Huuum você não treina na sua casa?"

"Geralmente, mas hoje quis fazer algo diferente."

"Huuuum..." Erva estava desconfiada. "Você não veio aqui só para me dar o celular, certo?"

Bernardo ficou sem graça. "Claro que não! Eu quis comer isso daqui mesmo".

"Brigadeiro!"

"Ah pare de me encher".

Erva sorriu. "Obrigada pelo celular." Erva pegou a caixa. Se eu não pegar ele vai deixar aqui mesmo. "Eu preciso voltar a trabalhar, espero que goste do brigadeiro!"

"Certo! Huum que horas você sai?"

"Às 19h".

"Amanhã você trabalha?"

"Não, amanhã é meu sábado se folga, por quê?"

"Nada, só queria saber!"

"Tá..." Erva continuou desconfiada, mas voltou a seus afazeres.

Bernardo foi embora após seu café.

Às 19h, ele estava na porta esperando por Erva.