"Meninas de Sallen" cap. 8

"Revelação de sangue"

-ola Mary querida, como foi o primeiro dia de aula?- perguntou Rita que ajeitava um pequeno arranjo de flores numa mesinha.

-Bom, bom...- respondeu Mary subindo direto para o quarto, sem nem ao menos olhar para o rosto da mãe.

-Ih, o que será que deu nela?- perguntou-se a mãe continuando a ajeitar o seu arranjo.

Mary jogou a mochila na cama e bateu a porta com raiva (a mãe deu um grito lá de baixo), estava irritadíssima com aquele lugar tedioso, de mentes fechadas e teimosas, queria voltar para Boston, ou ir para qualquer outro lugar, desde que saísse dali, com certeza aquele era o pior lugar que a mãe poderia ter inventado para elas morarem.

E na tentativa de extravasar a raiva deu um chute na mesa de cabeceira fazendo um pequeno embrulho branco cair com um barulho roco.

-e agora, que diabos é isso?- reclamou apanhando o embrulho e desembrulhando.- ah, é isso!?

O colar de rubi estava lá, brilhante magnífico, como Mary deixou na noite passada.

-o que tem em você heim?- perguntou a garota para o colar, como se esperasse que este falasse.- eu sei que tem algo diferente em você, já estive perto de descobrir muitas vezes. Vamos, me mostre.

Como que obedecendo a ordem de Mary o colar brilhou intensamente, ofuscando a visão da garota, todo o quarto se iluminou com uma luz avermelhada, reluzente como sangue e Mary caiu no chão. Os olhos vidrados, olhando para a luz, a boca aberta, travada, numa espécie de transe.

Imagens passaram rapidamente, como se estivesse rebubinando um filme, da imagem clara, nítida e colorida tudo foi ficando mais velho, mais gasto, como se estivesse voltando no tempo, num tempo em que a pequena cidade de sallen era mais rústica e primitiva.

“Os habitantes estavam reunidos na praça, com muitas arvores, bancos de pedra; todos pareciam revoltados, e alguém falava, alguém discursava e aumentava ainda mais a raiva do povo.

Em cima de um banco, uma mulher alta e esbelta, de cabelos loiros e compridos, com um vestido de camponesa, discursava, falava ferozmente tão irritada quanto os outros:

-já basta! Não vamos mais toleras as bruxarias dessa mulher.- berrava ela revoltada.- mulher não, mulheres somos nós que vamos a igreja e cuidamos de nossas famílias...

-é...isso mesmo!!- apoiaram as outras.

-Aquilo é um demônio traiçoeiro!- continuou a mulher.- uma criatura pecadora que veio para matar nossas crianças e encantar nossos maridos!!!

-É...!!

-Que veio para acabar com a paz de nosso lindo vilarejo, para plantar o pecado em nossos lares, para nos destruir com seus artifícios malignos!!!!

-É..!! vamos matar a bruxaa!!!!- gritou um homem barbudo no meio da multidão, erguendo uma foice e uma tocha.

-Exato, vamos matar a ultima ameaça maligna que anda por nossas terras, vamos matar a ultima bruxaaa!!!!

-Sim, vamos matar a bruxa!!!- concordaram os outros, também erguendo tochas, pedaços de pau, foices, facões, garfos de varrer grama.- para a casa da bruxa!!!

Em uma grande casa velha e mal iluminada, uma mulher de cabelos e olhos negros como a noite olhava a multidão que se aproximava, suas portas e janelas apesar de bem trancadas não iam segurar todo aquele povo por muito tempo.

-preciso sair daqui! – disse apavorada para si mesma.

Com dificuldade se levantou, a barriga, já perto do parto, pesava e se mover com velocidade já era difícil.

Apanhou uma capa e uma velha vassoura esfarrapada, procurava alguma coisa quando a primeira batida fez a porta estremecer.

-abra bruxa, quem sabe teremos piedade de seu espírito pecador!- ordenou um homem de voz grave.

-Não...nunca!- disse a bruxa num sussurro para si mesma.- onde esta? Onde esta?

Procurava algo desesperadamente, atrás dos quadros que a retratavam bela e imponente e que retratavam um gato preto como olhos verdes como esmeraldas.

-salem! Salem!- chamava ela.

-Sim minha senhora.- respondeu um gato preto que veio saltando escada abaixo.- eles estam perto my lady, sugiro que se vá.

-É o que estou tentando salem,- respondeu a bruxa se apavorando mais com as fortes batidas em sua grande porta de carvalho, e com as pedras que voam janela adentro.- mas não acho o colar, procure o colar salem, o colar.

-Sim minha senhora, mais se proteja, eles estam entrando.- disse o gato e correu para procurar o colar.

O gato mal sumiu de vista e um golpe realmente forte fez a grande porta desabar com um estrondo seco.

-aha! Ai esta ela, a bruxa!!- berrou um homem apontando a mulher na sala.- peguem-na!

A multidão correu para dentro como um furacão, derrubando e quebrando tudo o que tinha pela frente.

A bruxa correu para a escada e subiu para o segundo andar, a loira que discursava a seguiu de perto, com um grande facão na mão.

-não adianta fugir Sarah, você vai pagar pelo que me fez!- berrou ela correndo atrás da bruxa pelo corredor da casa.

Sarah subiu a longa escada que levava ao sotom, no grande como havia um grande piano de calda, no centro um grande caldeirão e nas paredes muitos vidros com coisa reluzentes, pós-brilhantes e varias outras coisas estranhas.

-você esta perdida Sarah, não tem por onde escapar aqui.- disse a loira se aproximando ameaçadora de Sarah com o facão na mão.

-Melissa, eu sei o que você esta sentindo, mas não foi assim.- disse Sarah se afastando de Melissa.- eu não seduzi Peter, na verdade não precisei fazer nada para ir aos braços dele, ele veio até mim, disse que me amava, que sempre me amou, que queria ser meu.

-Haha! E você acha que eu vou acreditar nessa história esfarrapada?- perguntou melissa se aproximando mais. Passos pesados vinham da escada.

-Essa é a pura verdade, pergunte a Peter, melissa. Pergunte a Peter.- disse Sarah segurando a grande barriga.

Homens e mulheres ferozes entraram nos sotom, prontos a atacar Sarah, e foi quando uma grande tocha voou na direção de Sarah que o grande gato preto pulo na frente da dona trazendo na boca um grande colar com uma imensa pedra vermelha, que como um escudo rebateu a tocha para longe, caindo de volta na multidão.

-peguem o gato do demônio.- berrou novamente o velho barbudo.

Todos avançaram ferozmente para Sarah, jogando facões, machados, tochas, indo para cima da bruxa como cachorros ferozes, na tentativa de feri-la.

-não vão me ferir!- berrou Sarah colocando o colar e o apontando para a multidão.

Alguns homens viraram sapos, mulheres se transformaram em cabras, as facas e tochas viraram palha, Sarah derrotava a multidão, logo estaria livre e poderia fugir; um jato de água apagou mais uma tocha que veio em sua direção, já dava para fugir, era só apanhar a vassoura perto do caldeirão e ir-se embora.

-aaahh!!!- com um grito profundo, como o uivar de um lobo Sarah caiu de joelhos, uma imensa dor fazendo suas forças se esvaírem.

-Agora morra bruxa maldita.- sussurrou melissa as costas de Sarah, com seu grande facão enterrado nas costas da bruxa.

- Vamos leva-la para a fogueira!- berrou um outro velho pegando Sarah pelos braços e arrastando para fora do quarto.

Amarram as mãos de Sarah, e a bruxa fraca e ferida, mais ainda viva, se deixou conduzir até a praça, onde haviam construído uma grande fogueira com pilhas de lenha e palha.

- vamos queimar a bruxa e acabar com esse demônio!- berrou melissa amarrando Sarah num grande tronco no centro da fogueira.

-queimem a bruxa! Queimem a bruxa!!- berrava multidão.

Uma grande tocha voou na palha e na lenha que se incendiaram imediatamente, e em poucos minutos Sarah estava no centro de uma imensa fogueira. A chamas se aproximavam rápidas e impiedosas, Sarah tentava se libertar das cordas que a prendiam mais não conseguia, a dor do ferimento sugava suas forças, o medo de perder o filho a dominava mais do que as chamas da fogueira, o medo a tirava o ar, estava enlouquecendo de pavor.

-socorro! Socorro!!- começou a berrar sem entender porque, sabia que ninguém ali lhe daria socorro.

-Ora, não tem poderes suficientes para seduzir o marido das outras?- debochou melissa observando prazerosa o pavor de Sarah.- então use seus poderes para escapar da morte, bruxa!!

Como que obedecendo as ordens de melissa, Sarah fechou os olhos e começou a murmurar palavras; o colar em seu pescoço se erguia no ar, como se uma mão invisível o ergue-se.

-tire-me daqui!!- berrou Sarah como se pedisse ajuda ao colar.

O colar brilhou por um instante e em seguida ouve um imenso clarão vermelho e no momento seguinte Sarah não estava mais lá e uma chuva forte começou a cair pela cidade, apagando a fogueira e todas as tochas que restavam.

-oohhh!!!- exclamou a multidão impressionada com o desaparecimento da bruxa.

-Onde esta ela?!?- berrou melissa exaltada.- achem-na novamente, não dormirei enquanto não vê-la queimada nessas chamas!!

-Vamos encontra-la melissa!- disse um homem apanhando uma foice e reunindo um grupo de homens fortes.

-Quero ela de volta antes do amanhecer.- berrou melissa.- ela vai pagar pelo que me fez!

No entanto a espera de melissa pela recaptura de Sarah sanderson foi em vão, pois Sarah nunca mais foi vista em sallen, fugiu para uma terra distante onde deu a luz a uma pequena menina, a qual deu o nome de Ravena.

Porem o ferimento que melissa lhe causou venceu e horas depois do parto complicado, exatamente pelo fato do ferimento, Sarah sanderson morreu e de sua lembrança ficou apenas o velho colar com a pedra vermelha e Ravena, que ficou sobe os cuidados de uma velha amiga Rina.

Porem, com o tempo Ravena foi crescendo, descobrindo seus poderes, como manejar o poder contido no colar que herdou da mãe e os segredos das poções, das ervas e da natureza, todos ensinados por Rina.

E assim e a pequena menina se tornou uma grande e bela mulher, assim como sua mãe. E o desejo de conhecer suas origens, voltar a terra onde foi gerada, o lugar onde sua mãe viveu praticamente toda sua vida, o lugar onde estava todos os segredos de sua família, todos os segredos de seu sangue, segredos que ravena nunca quis contar, pois sempre disse que algumas coisas são importantes que devem ser descobertas sozinhas.

Sendo assim, Ravena, seguindo seus instintos e seu coração voltou a sua terra de origem.

Mas a pequena sallen estava muito diferente, da noite em que mandaram Sarah sanderson para fogueira: as casas estavam modernas, as pessoas menos rústicas e a cidade até que havia crescido um pouco mais.

Tudo havia mudado, muito ou pouco mais havia mudado, exceto a velha casa de numero treze, grande e velha, com seu jardim morto e as janelas quebradas; a velha casa de Sarah sanderson continuava do mesmo jeito em que a bruxa a deixou quando foi capturada, até mesmo os vasos e mesas que foram quebrados naquela noite ainda estavam lá. Estava tudo velho e caindo aos pedaços, mas estava lá e poderia ser mudado.

Ravena passou a viver em sallen, organizou a velha casa, as coisas mais velhas que e mais preciosas como jóias, velhas roupas, quadros antigos, livros, etc. ela guardou no velho sotom juntamente com o velho piano e o caldeirão; os antigos ingredientes de poções de Sarah, matilda pegou para si mesma e os transferiu para a cozinha parcialmente modernizada.

Mas apesar das mudanças, do tempo e da época, sallen ainda tinha velhos hábitos que não mudavam, nem o mesmo com o passar dos anos; e logo as pessoas começaram julgar matilda, a tratar-la mal, a perturbá-la quase que da mesma forma que fizeram com Sarah, a única diferença é que agora não podiam mais queimar as pessoas na fogueira, se não o fariam.

Com o passar de mais alguns anos Ravena conheceu um homem, um belo homem com quem teve um curto romance; desse romance veio uma criança, uma pequena menina, Matilda sanderson.

Muitos rumores surgiram com o nascimento da garota, assim como quando Sarah estava grávida de Ravena, muitos diziam que a criança que nasceria era fruto do demônio, e infelizmente matilda cresceu assim, entre muitos preconceitos e dificuldades e quando gerou sua própria filha, Rita a mandou para a cidade vizinha, para que morasse com o pai e a garota cresceu e se tornou uma grande mulher, e como sua mãe e sua avó desenvolveu os dons da magia, porem sem nunca utiliza-los e de sua união com um homem mortal nasceu mais uma garota: Mary sanderson.”

A luz vermelha brilhou forte mais uma vez antes de se extinguir e toda a imagem desaparecer com um flash.

Mary caiu deitada no tapete, estava fraca, soava muito, seu corpo estava febril, os olhos embaçados, ia perder os sentidos e...

-o que houve com ela?- perguntou Rita sentando-se ao lado da mãe na cama de Mary.

-Não foi nada grave,- respondeu matilda colocando um pano quente na testa de Mary.- ela apenas teve uma visão através do colar; o corpo não suportou o esforço e excesso de poder, não tem costume, por isso desmaiou. Mas logo estará boa novamente.

-Ah, que bom! Eu me assustei muito.- disse Rita mais aliviada.- qual será a reação dela quando acordar? O que será que ela vai fazer quando se der conta?

-Eu não sei, esta tudo nas mãos do destino.- respondeu matilda misteriosa.

- Se bem a conheço vai ficar furiosa por não termos contado nada antes.- disse Rita alisando os cabelos da filha.

-Por não ter contado o que?- Mary abriu os olhos devagar e com esforço.- o que vocês não me contaram?

-Mary, como você esta?- perguntou Rita sem dar atenção a pergunta de Mary.

-Estou bem, quer dizer, minha cabeça esta doendo muito.- respondeu a garota esfregando a testa e sentando-se desajeitada na cama.

-Calma Mary, devagar.- disse Rita preocupada.

-Estou bem mamãe, mas o que vocês não me contaram, que eu devia saber?- perguntou novamente Mary.

-Bem querida, é uma longa história,- disse Rita tentando evitar o assunto.- conversamos depois, você precisa descansar mais, não esta tão boa assim.

-Estou ótima mamãe,- teimou Mary irritando-se com a mãe.- e quero saber o que é que vocês têm pra me contar.

-Mary...

-Ora Rita, vamos para de enrolar e vamos contar logo toda a história para a garota.- disse Matilda levantando-se aborrecida.- esta na hora de Mary conhecer toda a verdade, e do que nos adianta mais esconder, ela já viu tudo através do colar.

-Oh! Então não foi um sonho?!- exclamou Mary impressionada.- pensei que eu tinha apenas sonhado. Mas o que aquilo quer dizer? O que foi aquilo que aconteceu?

-Aquilo que aconteceu foi uma visão Mary querida,- respondeu matilda sentando-se novamente.- uma visão sobre o passado da nossa família, uma visão sobre sua tataravó, Sarah sanderson. E como acho que você entendeu bem, Sarah sofreu grandes perseguições aqui em sallen e quase morreu queimada em uma fogueira.

-Mas por que?- interrompeu Mary se assustando com a revelação.

-Se você me deixar falar eu explico.- ralhou matilda.- pois bem, tudo isso pelo fato de que Sarah sanderson, era uma bruxa.

-Uma bruxa de verdade?- interrompeu Mary novamente, impressionada.

-Sim Mary uma bruxa de verdade.- respondeu matilda não gostando nada da interrupção.- a primeira sanderson, aquela que nos deu através do sangue o poder e os dons da magia. Ou seja, todas nós, eu,você e sua mãe, sendo descendentes de Sarah sanderson e tendo nas veias o mesmo sangue que ela, somos bruxas. Autenticas bruxas de sallen.

Mary não respondeu, não disse nada, apenas olhava para a mãe e para avó boquiaberta. As palavras e as imagens ainda rodopiavam em sua cabeça, não conseguia entender nada, ou melhor, não queria entender. Aquilo só podia ser loucura, talvez a avó estivesse tomando muito extrato de ervas.

-o que?!- foi só o que consegui dizer.

-ora Mary você entendeu bem,- respondeu a avó impaciente.- nós somos bruxas. Somos descendentes daquela mulher que você viu na visão, daquela mulher que esta nos quadros da casa, daquela que um dia tentaram queimar na fogueira, porque uma louca qualquer pensou que Sarah havia seduzido seu marido por meio da magia. Você é inteligente, sei que entendeu.

-Mas...mas...-balbuciou Mary pasma.- então toda a história que sheila contou é verdade? Então realmente somos parentes daquela bruxa de mil seiscentos e pouco?

-Sim, nós somos as sandersons, descendentes de Sarah sanderson, a ultima bruxa que tentaram queimar em sallen, e a única que sobreviveu. Quer dizer, só sobreviveu o tempo suficiente para dar a luz a minha mãe, pois logo após o parto morreu, não resistiu ao ferimento que melissa buldstrep a causou.

-Uau!! Eu não posso acreditar nisso!- exclamou Mary sem saber se ficava irritada ou feliz.- mas por que não me contaram antes?!

-Ah Mary, querida é porque....porque...-tentou responder Rita a beira do choro.

-Porque você não estava pronta.- respondeu a avó sem mais nem menos.- você ainda era muito nova e cresceu longe de toda essa coisa de bruxaria, se tivéssemos contato antes você sairia por ai dizendo a todos que era uma bruxa e te tachariam de louca, ou você iria realmente ficar louca ao saber de tal coisa. Como dizia minha velha mãe, Ravena, tudo tem seu tempo certo.

-Então é por isso que as pessoas daqui nos tratam assim não é?- disse Mary concordando com a avó (não queria ser tachada de bebê lunático).- porque sabem que somos bruxas não é?

-Sim e não.- respondeu a avó.- nos tratam assim por causa dessa história, porque sabem que Sarah morou aqui e que somos descendentes dela; mas poucos pensam que somos bruxas de verdade, a maioria acha que isso não existe mais, mas ainda são preconceituosos porque somos parentes de uma mulher que entrou para a historia da cidade como sendo uma bruxa perversa e traiçoeira.

-Hum...e Sarah era assim?- perguntou Mary lembrando-se da história que sheila contou e da visão que teve.

-Não. As pessoas pensavam pensam que Sarah enfeitiçava crianças e depois as matava, mas não existe nenhuma prova disso.- respondeu a avó.- e nem de nada do que diziam, tudo não passa de exagero e fantasia das mentes pequenas e línguas grandes dessa cidade. A única coisa que é real é o romance que Sarah teve com Peter Norbert, e desse romance veio minha mãe, ravena.

-E é verdade que Sarah o encantou e seduziu?- perguntou Mary lembrando-se das acusações de melissa.

-Oh não, isso é uma história que melissa inventou para esconder o fato de que seu marido se apaixonou por Sarah e teve um romance com ela.

-Então ela era uma despeitada!- concluiu Mary.- e ela matou Sarah porque não agüentou o fato de que o marido a trocou por outra não é? Ela matou Sarah por vingança!

-Sim Mary, por vingança, por despeito.- disse matilda pensativa.- mas não adianta mais lamentar, porque isso foi em mil seiscentos e pouco, como você mesmo disse.

-Ok. Mas vovó, e agora?- perguntou Mary perdida.

-Agora o que Mary?- não entendeu matilda.

-Agora eu sou uma bruxa oficial, o que eu faço?- perguntou Mary sem entender como continuaria a vida, agora depois dessa imensa revelação.

-Não tem segredo Mary querida, você vai continuar vivendo sua vida normalmente.- respondeu a avó alisando a mão da neta.- claro que se você quiser desenvolver os seus poderes nós estaremos aqui para ajuda-la. Mas só se você quiser, caso contrario poderá continuar vivendo como sempre viveu, mas já te aviso que haverá ocasiões em que seus poderes se manifestarão de repente e ai só deus sabe o que poderá acontecer. Esta tudo nas suas mãos agora, você é quem decidi.

Mary não respondeu, ficou deitada na cama pensando em tudo o que ouviu a tarde inteira, sua cabeça rodava, e apesar da avó ter lhe dito que tudo continuaria como sempre, ela duvidava de tal coisa. Mas agora entendia a reação que todos tinham ao ouvir seu nome, agora entendia porque todos a olhavam de maneira estranha, entendia porque os professores murmuravam ou a olhavam torto quando chegavam em seu nome na hora da chamada; provavelmente todos pensavam que ela era um fruto do pecado, uma garota perversa e traiçoeira, assim como pensaram sobre Sarah.

-mas vão ficar pensando que vão me tratar mal e me descriminaram por isso.- disse para si mesma levantando-se da cama.- não vou deixar ninguém me tratar mal só porque sou descendente de Sarah sanderson, e sanderson ou não eu sou Mary, e ninguém vai tirar minha paz de espírito e minha alegria de viver. Eu prefiro morrer do que perder a vida!

-E por falar nisso, vamos ver quais as vantagens dessa coisa de ser bruxa.- continuou olhando para si mesma no espelho.- será que posso transformar essas velhas chatas daqui em rãns ou pererecas. Haha! Ia ser muito engraçado. Ei, preciso contar isso a sheila! Vamos ver o que ela vai dizer.

Já era dez da noite, mas Mary não se preocupou em tocar a campainha da casa de sheila, mesmo vendo que todas as luzes já estavam apagadas.

-sheila! Sheila!- berrou ela após ter tocado a campainha.

A garota apareceu na janela vestindo uma camisola de flores e uma renda no cabelo.

-Mary?!- perguntou sonolenta.- o que esta fazendo aqui a essas horas da noite?

-Ora, deixe de exageros sheila, ainda são dez e pouco.- respondeu Mary.- venha, desça aqui, preciso lhe contar algo importantíssimo.

-Não pode ser amanhã?- perguntou sheila bocejando.

-Não tem que ser agora. Vamos desça.- insistiu Mary.

-Esta bem, eu vou tentar passar sem ser percebida, mas faça silêncio.- disse sheila fechando a janela.

E dois minutos a porta da frente se abriu e sheila saiu vestindo um robe cor de rosa.

-ok, me conte, que diabos aconteceu para você vir me acordar essa hora.- resmungou sheila sentando-se na calçada.

-Você acha prudente ficar aqui?- perguntou Mary.- se seus pais acordarem podem te dar uma bronca.

-E desde de quando você se importa com broncas?- perguntou sheila.- mas esta bem, vamos até a praça, e realmente espero que ninguém me veja com essa renda na cabeça e esse robe.

-Não se preocupe, todos devem estar no décimo sono por aqui.- disse Mary olhando as casas escuras.

-Não se iluda, sempre desconfio dessas velhas.- disse sheila olhando as casas, desconfiada.- mas vamos me diga o que aconteceu.

Enquanto caminhavam até a praça Mary contou toda a história para sheila, tomando o cuidado de falar baixo, caso por uma sorte infeliz alguém estivesse na janela ou na porta de casa.

-pêra ai!- disse sheila pasma.- deixa-me ver se entendi: você achou o tal colar no sotom, que estava apinhado de coisas estranhas.

-Certo.- concordou Mary.

-E toda vez que você olhava para o colar começava a ver coisas, mas nunca tinha visto tudo porque sempre vinha alguém e atrapalhava.- continuou sheila raciocinando.

-Certo.

-Mas ontem você teve uma visão através do colar, e ele te mostrou anoite em que Sarah sanderson foi capturada.

-Sim.

-E depois que você acordou da sua visão a sua avó disse que Sarah é sua tataravó, e que toda a sua família, depois de Sarah, nasceu bruxa, que você é uma...bruxa?

-Sim exato!- disse Mary sentando-se no velho banco que havia na praça.

-Uau!! Puxa, eu não acredito, e logo você que dizia que essa coisa de bruxa não existia!- exclamou sheila pasma e impressionada.

-Pra você vê como as coisas são.- disse Mary feliz por sheila não ter ficado assustada nem a olhado como um fruto do pecado.- mas o que você acha?

-Ora, como o que eu acho?! Isso é incrível!!!- exclamou sheila dando um pulo.- imagine só as coisas que você pode fazer, pode transformar as velhas daqui em rãns!

-Haha, foi exatamente o que pensei.- disse Mary rindo.- e também posso transformar Regina em um bode velho. Rsrs

-haha! Eu iria adorar ver isso, rsrs, um bode loiro oxigenado e velho! Hahaha!! Ei!- de repente sheila ficou séria.- sua avó lhe contou quem são os descendentes de melissa buldstrep?

-Não, por que? Quem são os descendentes daquela vaca?- perguntou Mary interessada.

-Advinha? Quem mais aqui na cidade é loira, irritante, não sabe perder e é realmente uma vaca?- disse sheila.

-Oh!! Regina...Regina buldstrep!- disse Mary boquiaberta com a descoberta.- mas claro, elas tem tudo a ver, é só colocar um vestido velho em Regina que ela fica idêntica a melissa.

-Ei sabe o que eu acho?- perguntou sheila sentando-se novamente.- que teremos outra disputa, entre uma sanderson e uma buldstrep.

-Hum...eu não sei, quem sabe.- disse Mary pensando que talvez não fosse muito bom ter outra guerra entre as duas famílias.- mas uma coisa eu digo, não pretendo deixar nada barato.

-É claro que não, na primeira chateação de Regina você a transforma em um bode velho.- disse sheila empolgada com a idéia.

-Haha, sheila não me tente.- disse Mary.- mas ainda tenho muito que aprender sobre magia. Não sei nem com se transforma uma agulha numa palha.

-Então esta esperando o que para aprender?- perguntou sheila.

Sheila e Mary conversaram até altas horas da madrugada, tanto que quando Mary voltou para casa foi o tempo de colocar a cabeça no travesseiro e levantar novamente.

*******************continua***************************

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valeu!!!!!

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 13/02/2008
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