Nós
Nós nas quatro vias dessa rodovia,
Nós nas quatro rodas do carro de corda,
Nós nos quatro mundos do ser moribundo
Faltando pedaço dos lados de aço
Terno tão paterno, desse eu eterno,
Desse meu inferno.
Nós porque nós
Porque sós
sós tão nus
Nus tão sós
Nos nossos céus azuis.
Por que redemoinhos no coração do tempo,
De mãos tão separadas tudo contra o vento,
Diante das retinas e dos pensamentos,
Sem se dar perdão, sem se ter lamento ?
Nós tão sós
Por que sós
Nas ruas das mãos,
Debaixo dos lençois ?
Por que me fiz selvagem, arrancando pedaços,
Retalhando a alma, rasgando paisagens?
Por que me fiz estranho sendo teu irmão,
Por que me fiz agreste não sendo sertão?
Nós tão sós
Porque sós
Debaixo dos anzóis.