Com o coração na guitarra

Só quem conhece o meu canto

Sabe das coisas que falo

Pois tem o timbre dos galos

Da velha casta imortal.

Meu canto é universal

Por cantar minhas razões

Sou a alma das Missões

Na garganta de um “zorzal”.

Canto liberto e sincero

Sem lenço, pátria ou bandeira

Matiz da terra vermelha

Sobre o lombo de um paisano.

Soy latino americano

Com sotaque Guarany

E trago em “mongaray”

“Che M’baraca” campejano.

Para afogar minhas ânsias

Há muito trago comigo

Este violão amigo

Cinchando as franjas do pala.

É a própria alma que fala

O mais puro sentimento

Pois tenho os olhos p’ra dentro

E o coração na guitarra.

Quando o dia cerra os olhos

Sombreando as casas e o campo

E os grilos e pirilampos

Habitam a noite campeira.

Minh’alma xucra e matreira

Me faz cantar opinando

E sou um condor do altiplano

Guardando a velha fronteira.

Por isso que canto forte

E abro as cancelas do peito

Cantando sem preconceito

Este chão aonde piso.

Rio Grande do tempo antigo

Que herdei dos meus ancestrais

Legenda dos imortais

Que levo sempre comigo.

Palavras extraídas do idioma Guarany:

Zorzal – Cardeal

Mongaray - Mãos abençoadas

Che M’baraca – Meu violão

Ao grande amigo e parceiro Jorge Leal, palanque missioneiro deste Rio Grande de São Pedro...