Paradoxo

Em nome da segurança;

Nós nos refugiamos;

Em condominios fechados;

Cada um no seu quadrado!

Somos sempre vigiados;

Câmeras por todo lado.

Nos muros, arame farpado;

Cada um no seu quadrado!

Somos monitorizados;

Por alguém terceirizado;

Que nem sabemos o nome;

Cada um no seu quadrado!

Todos compartilhamos;

A escada e o elevador.

Entramos e saimos calados;

Cada um no seu quadrado!

Dividimos as despesas;

Sem saber quem mora ao lado;

Não dividimos amor;

Não fazemos favor

Cada um no seu quadrado!

Entramos nos mesmos portões;

E nem sequer nos saudamos.

Às vezes um bom dia rosnado;

Automaticamente;

Sem importar realmente;

Cada um no seu quadrado!

Temos centenas de amigos;

Mas, todos são virtuais;

E na parede ao lado;

Não ouvimos os ais;

De alguém agoniado;

Sozinho desamparado;

Cada um no seu quadrado!

E no salão social;

As festas parecem velório;

Meia dúzia de parentes;

E a panelinha do escritorio.

Nenhum vizinho é convidado;

Mesmo que more ao lado;

Cada um no seu quadrado!

E os funcionários, coitados;

Trabalham sempre calados.

Passamos por eles sem ver;

Sem nunca ter perguntado;

Sem nunca querer saber;

Como vivem, onde moram?

Cada um no seu quadrado!

Madaja Dibithi
Enviado por Madaja Dibithi em 23/06/2009
Reeditado em 16/04/2011
Código do texto: T1663452
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