MINHA VISÃO ACERCA DA CANÇÃO BORBULHAS DE AMOR - FAGNER

MINHA VISÃO ACERCA DA CANÇÃO BORBULHAS DE AMOR - FAGNER

Tenho um coração
Dividido entre a esperança e a razão
Tenho um coração
Bem melhor que não tivera

Percebi que paixão e razão não conseguem andar juntas. Já a esperança não desgruda da paixão.

Esse coração
Não consegue se conter ao ouvir tua voz
Pobre coração
Sempre escravo da ternura

Certa vez li uma crônica que fazia um paralelo entre a paixão e uma droga pesada. Se não me engano o título era: Paixão, uma Droga Pesada. Ouvir a voz é suficiente para provocar um tumulto interno. O coração dispara. Daí por que tudo relacionado ao amor é representado pelo coração. É ele que dá os primeiros sinais de que alguém saiu da lista dos comuns.

Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor prá te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti
Um peixe
Para enfeitar de corais tua cintura
Fazer silhuetas de amor à luz da lua
Saciar essa loucura dentro de ti

Quanta poesia descrita para um momento especial. Inúmeras canções abordam esse encontro de duas pessoas. Poucas conseguem esse nível de encantamento. "Para em teu límpido aquário mergulhar (...) Passar a noite em claro dentro de ti (...) Saciar essa loucura dentro de ti". Isso é melhor que chocolate suíço. É infinitamente superior à melhor canção que já se ouviu. Tira mais o fôlego do que a mais deslumbrante das paisagens. É tudo de bom e algo mais. Muito mais.

"Passar a noite em claro..." Doce insônia. "Saciar essa loucura". Que forma mais apaixonante de perder a razão. Juízo é para quem não conhece a paixão. Saciar a sede que nem toda a água do rio Nilo consegue aplacar.

Canta coração
Que essa alma necessita de ilusão
Sonha coração
Não te enchas de amargura

Uma noite para unir-nos até o fim
cara a cara, beijo a beijo
e viver para sempre dentro de ti.

Paixão combina com ilusão, ausência de razão. "Uma noite para unir-nos até o fim (...) e viver para sempre dentro de ti". Uma noite memorável, inesquecível, ainda que única. Porque não é pelo número de vezes em que as coisas acontecem que elas se tornam importantes. Mas, sim, pela intensidade com que acontecem. Deveríamos contar nossa idade, não pelos anos que se somam automaticamente. Deveríamos contar nossa idade pelas emoções fortes que tivemos. Pelos momentos em que não fomos mornos. Pelos momentos em que pintamos o nosso quadro da vida com cores fortes, deixando o cinza de lado.

Aplausos para o Fagner.

Iara Mesquita - 2007