Realidade e Fantasia (Confraternização)

Eu não sei mais o que faço:

Adoro vitrines de bolsas, blusinhas e balangandãs;

Entro e vejo botas, boinas, brincos, barbantes;

Tudo eu quero, de tudo eu gosto.

Nem que eu fosse modelo,

Estilista de profissão;

Só se eu ganhasse uma aposta,

Mas então vinham culpa e remorso:

E a moça da vila, o que é que ela compra?

E aquela que sobe a favela, o que é que ela veste?

E a donzela do morro, o que é que ela calça?

Só se eu ganhasse na Sena

E vestisse a bela do brejo,

Calçasse a deusa da periferia

E comprasse roupa de grife pro povo do beco.

Assim não despertava a inveja e a ira;

Muito pelo contrário,

A menina do beco, vestindo roupa bem chique,

E a mocinha do iate, de jeans customizado,

Iam se conhecer e se cumprimentar.

Talvez até fossem juntas pro bar ou cinema.

Daí, o bandido podia virar santo

E, com o outro, que já era santo, rezar.

Ah, como eu gosto de roupa bonita.

Ah, como eu adoro sonhar.

Neusa Storti Guerra Jacintho
Enviado por Neusa Storti Guerra Jacintho em 05/12/2009
Reeditado em 13/12/2009
Código do texto: T1961172
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