"Seo" Doutor

“Seo” Doutor, sou gente pobre

O barracão é meu castelo

Sobrevivo vendendo cobre

E papelão no ferro velho

Sobra dor, falta alegria

Só desgraça me acontece

Deus, perdoe a covardia

Mas só com cachaça a gente esquece

Meu rosto já envelhecido

Aumenta mais a minha idade

Sou um moço enfraquecido

Em busca de paz e igualdade

“Seo” doutor, não tenho estudo

Minha patroa também não

Mas sei que a vida nesse mundo

Não é boa sem educação

Sem rancor não culpo a vida

Só queria compreender

O que a torna tão sofrida?

Doutor, eu preciso só saber

Solitário vou andando

Com a carroça pela rua

Um terço branco me guiando

Minha Nossa Senhora é a mesma que a sua

“Seo” doutor, não o condeno

Pela minha falta de sorte

Essa sina é meu veneno

Vai ficar comigo até a morte...

Nesses versos me despeço, “seo” doutor

Não se preocupe pois não vou pedir dinheiro

Se possível só me faça um favor

Me tire do peito um pouco desse desespero

André Luiz Lima
Enviado por André Luiz Lima em 19/06/2011
Código do texto: T3045134
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.