Madrugadeira
Nem bem a primavera trouxe
As flores dos ipês
Nem bem o inverno se foi
P’ra branquear outros campos.
Nem bem o sabiá cantou
P’ras minhas alvoradas
Tão logo a saudade abriu asas
P’ra cobrir meu rancho.
Foi numa manhã bonita
Que ela foi-se embora
E agora, meus mates com jujos
Ficaram solitos.
Talvez, esta minha sina
De cruzar caminhos
Tenha plantado espinhos
No jardim que habito.
Esta saudade, tão madrugadeira
Que vive abrindo porteiras
No meu coração...
Esta saudade, malvada e traiçoeira
Agora se tornou parceira
Para a solidão.
E quando no céu alumbrado
A estrela boieira
Vestir-se de aurora
Nas cores e cheiros do campo...
Trazendo, no cantar dos galos
A tua lembrança
É hora de pegar a estrada
E achar outro canto.
No trote ligeiro do baio
Refaço meus planos
Comprar um cantinho de terra
E me aquerenciar...
No poncho, ainda reside
Teu doce perfume
Que vai embalar minhas noites
Até te encontrar...