flores murchas

CAPITULO 05

Ao abrir a porta da casa simples de varanda, Jesse viu a tia de Marcela sentada em uma cadeira vendo TV, ela os olhou com alegria e quis saber do dia como fora o dia de trabalho, proveitoso?

Marcela a advertiu que eles teriam que continuar trabalhando até mais tarde, já que ficara muito a ser resolvido e avaliado, alguns papeis necessitavam de uma analise mais profunda, quem sabe teriam que virar a noite fazendo contas e revendo os livros caixa da fabrica:

- então sendo assim vou preparar algo para comerem. Um lanche talvez?

Era uma oferta tentadora para quem passara o dia inteiro a pão e água como eles:

- uma sopa quente?

Outra oferta que saciava só em ouvir a sonoridade da palavra comida:

- tia, por favor?! – pedia Marcela parada ao pé da escrivaninha que ficava em um dos cantos da sala de estar.

- o que há? – retrucou Jesse- dona Salomé estou faminto. Passei o dia a pão e água, hoje, na verdade mais água que pão. E saiba que uma porção de sopa quente seria o melhor presente de minha vida.

A mulher levantou-se da cadeira e caminhou até a porta da cozinha que ficava bem perto parou e olhou para trás:

- um banho para tirar o cansaço? Que acha rapaz?

Jesse estava realmente cansado, em seu semblante ainda permaneciam as mesmas manchas de lagrima da manhã.

- não vou dar muito trabalho? Não quero dar trabalho ou causar constrangimento a senhora ou a Marcela.

Ela sorriu e voltou-se para ele, pegou sua mão e disse:

- quando meu filho morreu, eu ganhei a Marcela da minha irmã. 5 anos depois da morte de meu filho a Marcela ia embora, mas seu pai a fez ficar, deu trabalho, e esse trabalho nos ajudou muito, nos sustentou quando meu marido morreu. Se hoje lhe ofereço um prato de sopa é em respeito e agradecimento a seu pai.

Os olhos de dona Salomé estavam encharcados de lagrimas, sua voz tremia e ele via naquelas palavras uma verdade, gratidão. Seu dera a ela uma nova esperança, e Marcela era sua filha adotiva. Ele sentia paz em saber que seu pai não era o homem mal e sem caráter que ele sempre pensará:

- não precisa agradecer dona Salomé. A Marcela é uma funcionaria incrível alem de ser encantadora. Linda e gentil. Ela mercê todo o meu carinho e respeito. Assim como a senhora também.

A mulher levantou os olhos, soltou a mão do rapaz e foi para a cozinha, entrou e de ele na sala ficou sentado no sofá, ela voltou, entrou no corredor e andou era possível ouvir seus passos pelo até chegar a algum cômodo e abrir uma porta, sua voz estava baixa mas ele ainda ouvia ela falar com Marcela, em instantes ela volta trazendo nas mãos uma toalha e mostrando-lhe o caminho para o banheiro.

Jesse levanta-se e vai ao banheiro, entra acende a luz e vê no espelho seu rosto refletido, era ele mesmo? Feições serias barba por fazer, cabelo crescido. Onde fora parar o homem elegante que ele tanto se orgulhava em ser? Quem era aquele homem pré-histórico que se refletia no espelho?

O banho rápido fez ele sentir-se novo, a água quente o fizera relaxar e parte do cansaço do dia se fora no ralo o banheiro. Ao abrir a porta do depara-se com uma cama, onde roupas o esperam sob uma cama de solteiro. Ele caminha até a porta e ouve dona Salomé dizer da sala:

- são para você rapas pode vesti-las estão limpas e são novas.

Ele obedece a ordem e não consegue entender porque todo aquele carinho com ele. Gratidão faria alguém tratar outro daquele jeito? Ele preferia não entender agora os motivos de dona Salomé em cuidar dele daquele jeito. O fato é que sua mãe jamais fizera algo parecido para ele. Tanto carinho e cuidado. Será que aquela mulher nunca superara a perda do filho e encontrara nele uma oportunidade de derramar o cuidado de mãe?

Ao sair do quarto e chegar a sala ele vê sob a mesa uma travessa e pratos, mas prefere esperar Marcela que ainda não sairá dos aposentos. Senta-se no mesmo sofá e diz:

- obrigado dona Salomé. Eu estava precisando de um descanso!

- acho que está se perguntando o porque de eu ter lhe tratado assim. Eu fiz isso porque me lembrei que quando meu marido se foi, eu queria que alguém fizesse isso por mim. Eu conheço esse vazio que você está sentindo, eu sei o peso da dor meu filho, eu sei o quanto dói a solidão de uma casa. Voltar e não achar um prato de sopa quente, ou uma roupa limpa sob a cama. Eu sei o que me custou preparar o quarto do meu filho para ele chegar do trabalho, colocar a toalha, a roupa, sob a cama e amanhecer o dia seguinte tudo no mesmo lugar do mesmo jeito. Todos esses 10 anos eu fiz todos os dias a mesma coisa, coloquei a roupa dele encima da cama, a toalha me sentei nessa cadeira e esperei ele entrar pela porta. E ele nunca entrou. Eu sei que você não é meu filho, mas sei que você nesse momento queria receber isso de sua mãe não queria?

- queria! –a palavra saiu de sua boca como uma bala- a como eu queria que minha mãe tivesse uma vez que fosse feito isso por mim. Mas ela sempre tinha que cuidar da minha irmã, do meu irmão e eu apesar de ser o filho mais novo nunca tive mimo algum. Isso sempre me machucou muito. Eu sempre me fechei muito por isso.

Nesse instante surge na porta do corredor Marcela. Os cabelos molhados, os óculos na mão vestido leve, os pés em uma sandália baixa, mostravam ela estava em casa, era a visão do paraíso, sem maquiagem, mas a pele limpa e claramente fresca do banho a deixa ainda mias bela, ela estava perfeita em sua forma mais literal da palavra:

- tia?!

- a comida está na mesa! Venha vão jantar sei que a fome deve estar muito grande não é?

- está dona Salomé!

Ao destampar a panela Marcela deixa sair o aroma da sopa maravilhosa da comida. Fazem a refeição e resolvem trabalhar logo. Levaram os pratos até a cozinha e colocaram sob a pia, ao retornarem a sala encontraram a mesa de jantar limpa e vazia:

- bem eu vou dormir bom trabalho. Marcela qualquer coisa é só me chamar.

Mas o que dona Salomé falou em qualquer coisa o que seria?

- ta bem tia se alguém ligar ou chegar eu lhe chamo.

Aglae Diniz
Enviado por Aglae Diniz em 27/12/2012
Código do texto: T4056068
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