""SEXTA"" (tapa na cara)

Lá vai moleque descendo a ladeira

teu olhar vai acompanhando a Lua cheia

que já está indo embora dando lugar ao Sol;

Leva consigo sua velha caixa de engraxate

vai indo lá pro farol pra cherar cola, pedir esmola,

ficar de bobeira a tarde inteira sem nem ter o que pensar

e nem como falar;

Pela calçada a TV na vidraça observa

e um sentimento vem que o enerva

começa a surgir do nada, do nada...

Como se fosse se perder no vento

rolar pela escada, andar pela estrada do nada,

sem nem ter o que dizer do mundo a não ser:

"que mundo imundo!!!"

Então diz:

" - Mundo de cão, que vida é essa que eu levo?

sem nem saber me livrar da cruz que eu carrego

só por não ser perfeito, mas quem é perfeito?

Mundo banal, da mistura de sujeira e sal

onde o mais burro se diz ser o intelectual

que nem sabe mais o que é o respeito, o respeito, o respeito..."

E o moleque, como é que fica nisso tudo?

Agindo como um animal fingindo que é mudo;

Garganta seca de tanto engolir fumaça;

Idéias podres, pra sair dessa desgraça;

E a liberdade que julgou ter a vida inteira

Se acaba agora, hoje, nessa sexta-feira

Com um tapa na cara, imagem não rara

do abuso do poder

Onde a ferida nunca sara...

Ps.:

Infelizmente só posso lamentar por ser a pura realidade...

Pior que o bandido é o bandido com a lei ao seu lado...

Triste...

Real...

Marcelo

Marcelo Resende
Enviado por Marcelo Resende em 19/03/2007
Reeditado em 26/03/2007
Código do texto: T418508