A viola e o carro de boi
D’um velho carro que meu pai deixou
E que me deu sustento e escola
Foi que tirei a madeira perfeita
Pra fazer com carinho esta viola.
Em cada estrada, morro e chapadão,
Que o velho carro percorreu,
Meu pai também derramou seu suor,
E o tempo sem piedade interrompeu.
E os bois carreiros que com valentia
Puxavam o carro pelo estradão,
Como a poeira também já se foram,
Deixou saudades no meu coração.
Eu me recordo do cocão rangendo,
Fazendo eco pelo meu sertão,
Hoje a saudade é quem está rangendo,
Fazendo eco no meu coração.
O velho carro cortou as campinas
Meu pai gozou a sua mocidade
Com a viola sigo minha sina
Cantando de cidade a cidade.
Com o velho carro meu pai fez a vida
E pra não deixar se perder na história
Do seu passado fiz minha canção,
Do velho carro fiz minha viola.