Rap da árvore

Pára a noite! Eu me entreguei.

E Amor é o momento

É esse o momento, ser feliz talvez!

Mas dizem por aí que a felicidade não dura o dia inteiro

E estou tão inteiro para admitir o que eu fiz, e o que ainda não fiz

Toma aí! Um repente ao pé da árvore, porque daqui se pode ouvir todas as estrelas

Elas me dizem que eu sou a raiz

Nasci tão forte e me firmei, de mim mesmo brotei

Só que minhas folhas não fui eu que reguei

Dei um fruto meu para a terra

Numa terra que eu sou o rei, assim pensei, a coroa é amarela

O meu reino é o da esperança, que tem até nos olhos da criança que criei, quem me dera

O que eu inventei, que é do amor eu já sei

Eu falei de amor no começo? Desconheço.

E um caminho é só tudo que tenho; contei que tropecei?

Já não estou mais perdido, me dá tudo o que eu mereço, sabe, cansei

Repara meu cenho franzido e agarrado aos montes dos sonhos

Faz algum sentido? Os meus pés no chão e tanta dor no meu calcanhar

Então meu lamento vem dos abraços e meu passo é cantar

Está na memória o verso a ecoar, recentes ou escondidos queria lembrar...

Poxa! Eu já me esqueci de ir para onde o amor me levar

O que vou pedir? Do ontem e do hoje

Um pouco de sol um tanto de mar

Vou mesmo sorrir? Pra quê?

Eis-me aqui com o choro a rolar

Só que a lágrima é voz de um homem a pensar

No tudo que penso se posso acatar

No nada que canto se devo rimar

São só sentimentos que quero negar

E aí, companheira? Ousada, em meu peito quer encostar

Escuta atenta uma única vez, você fez as sementes que ninguém mais fez

Por isso te dou o meu riso contido, por isso te incito falhar

O amor veio tenso que de tão efêmero logo sai por aí, sorrateiro ou extremo

Aguça meu verso ferido e invade o luar

Não sou mais menino e prefiro tentar, num dia ser caça no outro caçar

A meta é um limite pra quem alcançar

Estou de partida mas quando posso, volto pra cá

De fato, comecei com o amor mas me torturo então abstraio

Tanto caio e disfarço ser entendido, é tarde se eu digo

Só faço o contato porque o beijo é amigo, eu faço samba, eu te toco e te abraço

Seu rosto é polido e sua face traz vida enquanto meu canto despreza o sentido, por isso não choro nem rio, aguardar aprecio

Aguardo e espio sua face mudar

Também balbucio atento a te olhar

Se escutas meu grito é o destino a falar

De onde vem esse homem vadio?

Marchando, altivo, é eterna raiz a brotar

Erika Soares
Enviado por Erika Soares em 08/04/2016
Código do texto: T5598782
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.