Louca cura

Com a paixão que corria nas veias,

nas artérias... na horta

jogue água para nascer a planta

que cura dor de cabeça,

barriga e muito mais,

cura dores ancestrais:

como a pétala da rosa amassada

sobre uma camisa amarrotada,

fedendo a suor de um dia barato;

pelo gargalo da garrafa quebrada

escorre o resto do veneno de rato

que o ex-vivo bebeu há instantes,

pois não viveria mais

como uma caricatura (pálida figura de si),

de um louco num longo trajeto,

travessia num mar desértico

de uma vida morrida todo dia

desde quando o sol nascia.

Ele não percebeu

que a noite não morreu,

apenas foi assombrar

quem parava para pensar

do outro lado da terra,

num triste fim de era,

onde o tempo não parou

e a juventude já passou

tanto quanto o futuro também passou...

já o presente vem passando:

algum pretérito aqui chegou!

Ele, covarde, num ato de coragem,

acabou com os únicos bens que possiía:

sua morte e a loucura que vestia:

partiram para outro lado,

deixaram por lá seu fardo...

Agora flutua pelo ar

não se cansando de gritar:

"a vida não é dor,

a vida não é dor:

loucura é viver sem amo!"

Hernany Tafuri
Enviado por Hernany Tafuri em 29/10/2007
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