Louca cura
Com a paixão que corria nas veias,
nas artérias... na horta
jogue água para nascer a planta
que cura dor de cabeça,
barriga e muito mais,
cura dores ancestrais:
como a pétala da rosa amassada
sobre uma camisa amarrotada,
fedendo a suor de um dia barato;
pelo gargalo da garrafa quebrada
escorre o resto do veneno de rato
que o ex-vivo bebeu há instantes,
pois não viveria mais
como uma caricatura (pálida figura de si),
de um louco num longo trajeto,
travessia num mar desértico
de uma vida morrida todo dia
desde quando o sol nascia.
Ele não percebeu
que a noite não morreu,
apenas foi assombrar
quem parava para pensar
do outro lado da terra,
num triste fim de era,
onde o tempo não parou
e a juventude já passou
tanto quanto o futuro também passou...
já o presente vem passando:
algum pretérito aqui chegou!
Ele, covarde, num ato de coragem,
acabou com os únicos bens que possiía:
sua morte e a loucura que vestia:
partiram para outro lado,
deixaram por lá seu fardo...
Agora flutua pelo ar
não se cansando de gritar:
"a vida não é dor,
a vida não é dor:
loucura é viver sem amo!"