DEGREDO

meu canto fechou-se em pranto

no encanto que se perdeu,

a flor que plantei na estrada

um outro passou e colheu,

dei de mim todo o meu pouco,

fiquei rouco de cantar,

virei na volta do mundo

e parei no mesmo lugar.

Eu canto baixo morto vivo no meu canto

não há vida nem encanto

vejo sombras, nada mais,

só nostalgia traz dos dias de alegria

uma lágrima que oscila

e uma estrela por nascer.

A noite fechada em medo,

segredo é tudo que tem.

Ninguém liga pra viola

cala o peito e vai também,

a noite é uma sombra forte,

mortalha de negro véu

tão forte que lembra a morte

sem uma estrela no céu.

No céu vi uma estrela cadente

fremente fiz um pedido,

sentido, peito sofrido,

ao homem a divina esmola,

ao invés de fuzil, viola

e ao invés de marcha, canção

e se não for rasgo os meus versos

e quebro o meu violão