Aboio da rabeca

Olhei pro céu pedi licença

Eu disse que você vinha

Pedi pro sol se aretirá

Que a lua brilha sozinha

Tentei te guardar num crisol

Te cobrir com um lençol

Te pescar com um anzol

Mas tu disse que não vinha

Aceitei o meu destino

De andar com sol a pino

Um farol sem nada d'água

Quase que eu perco o Tino

E tu vendo eu de longe.

Num andar de beduíno

Paciência de um monge

Versejar beneditino

Por favor tu não me cobre

Eu sei que a rima é pobre

É que lá de onde eu venho

Chão de santo, barro, engenho

Quem rima amor com calor

Tem mais coroa que nobre

Pois eu vim de lá pra cá

E cantei "tod'essa" prece

Só eu e minha rabeca

Proseando que nem lino

Num amor que não se esquece

E o calor de inquilino

Já tomei minha cachaça

Tropecei num desapoio

É melhor já terminar

O cantador quer chorar

Fique aí com esse aboio