ALMA DE CAMPO

Carrego alma de campo

Socada dentro do peito

Mesmo sendo índio pobre

Nunca tive preconceito

Papai sempre me disse

Ser pobre não e defeito

Tenha bom trato as pessoas

Terás o devido respeito

Me criei solto pelo mundo

Desde o tempo de piazito

Igual filhos de perdiz

Eu fui crescendo solito

sem me afastar dos arreio

Neste caminho que sigo

Sobre um catre de pelegos

Foi minha cama meu abrigo

Nesta milonga crioula

Que no violão eu dedilho

Parte da minha existência

Do ringido dos lombilhos

Nos cotidianos da lida

Entre canhadas e coxilhas

Onde espalhei meus versos

E as bem domadas tropilhas

Tropas xucras araganas

Criadas a campo a fora

Sem o arrocho do bocal

E os cravos das esporas

Desculpe minha rudeza

Ao descrever estes fatos

São coisas que vivo e sinto

Ao definir meus relatos

ZECA DIVINO
Enviado por ZECA DIVINO em 02/12/2023
Reeditado em 02/03/2024
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