COLCHA DE RETALHOS

Geralmente eram casinhas simples, porém aconchegantes, nas quais existiam um quarto de costura e um amontoado de retalhos.

Retalhos multiformes, multicores e de estampas variadas. Aparentemente sem qualquer vínculo, semelhança entre eles e sem valia ou serventia alguma. Mas não para elas, donas de casa dedicadas, zelosas e que não se curvavam ao passar do tempo e ao imediatismo que nos aflige e que tanto nos escravizam nos dias atuais.

Após as tarefas do cotidiano, apanhavam cada um dos pedaços de fazenda, observavam-nos, esticavam-nos conferindo seus desenhos, resistências e texturas, separando-os para a utilização almejada.

Apanhavam tira-a-tira de tecido, conformavam com a tesoura em quadrados e retângulos, como quem já soubesse de antemão a posição de cada qual no contexto desejado.

Pacientemente, dia-após-dia iam juntando, costurando, dando a forma e colorido às colchas que "já estavam prontas em suas mentes".

Trabalho meticuloso e que requer muito desprendimento, sabedoria e paciência. Mas, que quando concluso, revela a personalidade, sentimentos, afetos e o carinho que trouxe à luz, aquela obra-prima.

Parabéns a essas incansáveis e valorosas artistas da costura-raíz!

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 20/03/2024
Reeditado em 21/03/2024
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