Só eu e Deus! (cirurgia de implantação de pacemaker)

Como já mencionei aqui em textos anteriores, atualmente moro com minha família em Portugal, numa cidadezinha chamada Póvoa de Varzim, e no dia 07 de julho de 2023, fui acometido de um infarto agudo do miocárdio... em determinado momento do tratamento, minha médica cardiologista, Dra. Ana Sofia, me falou que eu necessitaria, pelo resto de minha vida, de um PACEMAKER...mais precisamente, um cárdio-ressincronizador... dispositivo cardíaco implantado debaixo da pele para aplicar impulsos elétricos ou choques, visando o tratamento de ritmos rápidos e irregulares de um coração com insuficiência cardíaca (que é o meu caso). Exatos quatro meses depois de haver infartado, recebi a fatídica ligação informando que iria fazer a cirurgia de implantação do pacemaker, a qual transcorreria no dia 21 de novembro de 2023, às 08:00 hs, no 4° piso da ala "N", do Hospital Pedro Hispano, na cidade de Matosinhos, distrito do Porto. Os dias que antecederam a cirurgia foram de muita ansiedade e medo, afinal eu iria colocar um "marcapasso" na região peitoral e próximo do coração...

 

Na tarde anterior à cirurgia meu celular que estava todo trincado, pifou a sua tela de vez... e no dia seguinte tive que ir para o hospital sem o meu celular... sinceramente, entendi como uma mensagem de Deus me dizendo assim... "esse momento será só nosso, pois você precisa rever algumas coisas na sua vida... No metro (metrô), a caminho do hospital, passei a relembrar o quanto Deus era importante na minha vida, visto que desde o ventre de minha mãe ele já me guardava. Nos idos de 1970, nasci prematuro (pouco menos de 7 meses) e com eritroblastose fetal (doença que resulta de uma incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o bebê... ocorrendo em mulheres com RH negativo que apresentam gestação de um bebê com RH positivo... havendo a necessidade de retirada do sangue do recém-nascido e a substituição por um sangue compatível). Lembro-me da minha mãe me contando que a enfermeira na época, ao tentar realizar a transfusão, não conseguia, pois o tempo de coagulação do meu sangue era muito rápido, coagulando durante a transfusão... segundo minha mãe, a enfermeira tentou por 3 vezes e nada... antes da próxima e última tentativa, visto que eu já estava ficando todo arroxeado, ela ajoelhou e rezou... ato contínuo, ela realizou com sucesso a transfusão e substituição por um sangue compatível, tudo isso num período em que a medicina era deveras incipiente.. lembro-me ainda minha mãe dizendo que naquele período haviam nascido 5 bebês prematuros e somente eu sobrevivi.

 

De repente, trago a minha mente de volta ao momento presente e percebo que minha estação já está chegando... desço e caminho um pouco até chegar no hospital... chego pontualmente às 08:00 h, contudo só sou internado às 10:30 h... durante essas duas horas e meia estava eu ali, sentado na sala de espera, sozinho, sem celular, sem ter como falar com algum parente (esposa, filhos, mãe ou irmãos) para acalentar meu coração... era somente eu e Deus!... vi vários outros pacientes, todos acompanhados, sendo internados para a realização de procedimentos cirúrgicos, e eu ali aguardando a minha vez, acompanhado tão somente de Deus... e nessas 2 horas e meia conversei muito (mentalmente) com ele (Deus), principalmente sendo grato pela enésima vez por sua proteção divinal... pensei muito também a respeito de como seria a minha cirurgia de colocação do pacemaker... quantas horas seriam? Seria sob efeito de anestesia geral ou local? Quantos médicos iriam participar? Quantos dias internado???? Meu Deus!!!! só sabia que eu iria colocar em meu peito, sob a pele, um corpo estranho do tamanho de 4 moedas de 1 real/euro ligado ao meu coração por 3 fios (eletrodos)... acho que fiquei um pouco ansioso.

 

Enfim, chamaram o meu nome... e dirigi-me ao meu leito de internação... recebi roupas hospitalares apropriadas àquela intervenção cirúrgica... e depois de preparado, deitei numa maca, me cobriram com um lençol até o pescoço e assim eu fui, deitado, conduzido por um enfermeiro até o centro cirúrgico. Durante o percurso, só pensava em Deus... na verdade, havia estabelecido uma conversa longa com ele, onde obviamente pedi por uma cirurgia abençoada, mas recordo-me muito mais de agradecer... agradecer por ter sobrevivido ao meu nascimento prematuro; agradecer por todas as vezes que me protegeu e me livrou dos perigos que a minha profissão impusera; agradecer por haver sobrevivido a um infarto, e principalmente, agradecer por receber, quatro meses após o infarto, um aparelho de última geração, no tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca. Entro no Centro cirúrgico... são dois médicos cirurgiões, uma homem e uma mulher, além de uma anestesista e enfermeiros instrumentadores dos médicos. Questiono sobre a anestesia e sou informado que seria local... pergunto sobre o tempo de cirurgia e sou informado que, em torno de 1 hora e meia. Sou anestesiado na região peitoral esquerda, acima do mamilo e o procedimento de implantação do pacemaker se inicia... recordo-me de ficar profundamente emocionado e grato a Deus por estar realizando àquela cirurgia, a ponto da médica anastesista perguntar se estava tudo bem comigo... tendo respondido que sim... que apenas estava em conexão com Deus, agradecendo por tanta bênção na minha vida. Então, acordado na cirurgia, percebi tudo, sem dor!!!!!... o momento do corte... os eletrodos sendo "enfiados" em mim... os puxões na musculatura peitoral para possibilitar espaço e passagem ao dispositivo... o momento de força feita pelo médico para introdução do pacemaker sob a pele... acompanho os testes do aparelho e vejo os cirurgiões "brincando de serem Deus", pois aceleravam e desaceleravam os meus batimentos cardíacos ao bel-prazeres deles, buscando talvez a programação adequada para suprir a insuficiência do meu coração... por fim, percebo os pontos dados pela médica finalizando o procedimento cirúrgico... lembro-me de agradecer aos médicos pelo sucesso da cirurgia, e de até "brincar com eles" ao perguntar como faria para trocar as pilhas do meu mais novo "amigo do peito", tendo o doutor, sorrindo, dito que quando da necessidade de troca das baterias... todo o aparelho será substituído, permanecendo somente os eletrodos. Sou levado de volta ao meu leito de internação e cerca de 3 horas depois já sou autorizado a levantar para ir ao banheiro... no dia seguinte, deixo o hospital andando, com o braço esquerdo imobilizado e um grande curativo na região operada... volto para minha casa de metro (metrô), como quando cheguei no dia anterior, sozinho!!!!!... aliás, só eu e Deus!!!!... e volto feliz para minha família!!!!... a ti, Deus??? Só agradecimentos... GRATIDÃO... GRATIDÃO SEMPRE...

 

Ps: Para que, ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus-pai. (Filipenses 2:10 e 11).