EU VI UM ANJO!

Sai para dar uma volta como sempre faço em meus fins de tarde na ci

dade mais populosa do país. Jamais tinha visto com outros olhos, ou de

outra perspectiva, via tudo com os olhos de ser neutro. Não sabia por-

que ou o que significava minha atitude, não sabia se era atitude,ou se

apenas vivia, maquinal como milhares de transeuntes que balançavam

freneticamente seus quadris num compasso acelerado rumo ao futuro,

rumo as obrigações, a vitória de retirante sem lugar agora, restava as

lembranças, a vontade de voltar para não sei mais onde. Mas São Pau-

lo não pode parar.

Estava deitado em minha cama, a solidão atormentava-me e não conse

guiar dormir, o silêncio invadia-me torturando-me com seu barulho mu-

do, aterrador, a expectativa da quebra de silêncio produzindo aquela

trilha de suspense em mute, ansiedade pelo raiar do sol, caminho até a janela do meu quarto de pensão, nunca tinha feito isso, a luz neon

vermelha da placa da pensão reflete na parede atrás de mim, a única

luz é o reflexo da luz externa em meus olhos, vejo um rapaz caminhan

do em direção do ponto de ônibus, ele vai pegar o negreiro, deve es-

tar saindo do trabalho agora, deve estar indo para casa imagino.

De repente vi sair de um beco dois homens. Eles caminharam em dire-

ção ao rapaz, sinto um frio correr meu corpo, eles se aproximam do ra

paz, coversam alguma coisa, um deles aponta alguma coisa para o ra

paz, eles conversam, o outro homem desfere um soco no rosto do ra

paz que estava no ponto de ônibus, meu coração quebra o silêncio de meu quarto escuro, ouço um tiro, o rapaz cai ao chão, os dois home-

fogem.

De repente vejo alguém aproximando-se do rapaz caido ao chão, ele se abaixa, toca o rapaz, acho que ele está vivo. Vejo em táxi aproxi-

mando dos dois. O homem acena para o táxi. Ele conversa com o mo-

torista do táxi. Os dois colocam o rapaz dentro do carro, ele está feri

do, acredito que vão levá-lo a um pronto socorro. O táxi parte, viro a

cabeça procuro o outro homem...O anjo foi embora!

Renato Cajarana
Enviado por Renato Cajarana em 22/08/2008
Reeditado em 01/09/2012
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