Momento após momento

Quando me levanto e estou a fazer café, preparando tudo com amor e carinho, buscando seu sustento e sua saúde, você passa por mim e não me vê. Não olha nos meus olhos, não pede minha bênção, sai correndo, apressado, sem nada dizer. Não se dá conta de que busquei um pãozinho especial ao seu paladar, não toma café da manhã e se vai. Nesse momento me sinto desfalecer. É como se eu não existísse e nada significásse. Mas, no momento seguinte, sua filha acorda, juntamente com sua doce esposa. Então esqueço de tudo, pois o sorriso e a meiguice delas me fazem sentir abençoada por ter gerado você e me trazer tanta alegria através de sua família.

Ao preparar o almoço, escolho um cardápio adequado às suas exigências, sei de suas limitações e seu pouco apetite. Então faço tudo de acordo para que você possa bem se alimentar. Mas você chega e nem me olha, não senta à mesa conosco, mas faz sua refeição e sai, como se eu não estivesse presente. Mas logo a seguir sua doce esposa me elogia, encanta-se com meus "dotes culinários", comendo tudo com prazer, para depois, bem alimentada, amamentar minha netinha, que de tudo gosta e aprecia. Aí então sinto-me afortunada de bênçãos, pois a saúde de sua família e seu bem-estar tiveram a participação minha.

Quando lhe beijo a face e você permanece estático, gélido e não retribui meu beijo, quando chego em casa e você nem olha para mim, falo com você e não responde, penso se vale a pena meu viver, tenho vontade de sumir. Mas então, logo em seguida, sua filha se atira aos meus braços, arranca meus óculos e encosta sua cabecinha em meu peito. As pessoas dizem que ela muito se parece comigo. Então me ponho a agradecer a Deus-Pai, pois não mereço tanto amor e tanta recompensa.

Quando comento algum acontecimento do dia-a-dia e você retruca agressivamente, só faltando avançar em mim, tenho vontade de morrer. Mas, no momento seguinte, lavo e passo suas roupas e entendo que, de alguma forma, ainda sou importante para você.

Pego sua filha no colo, você vem e a arranca de meus braços...isso dói muito! Parece que tenho doença contagiosa. Noutro momento sua esposa, que para mim é filha querida, chama-me para ver novas gracinhas que a netinha faz e diz que o domingo não tem graça quando eu não estou em casa. Então sei que não foi em vão todo amor e carinho que lhe dediquei e para sempre vou dedicar...

Nádia Maria
Enviado por Nádia Maria em 31/01/2009
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