O poder do livre arbítrio



 
          Esta vida é mesmo um grande enigma. Porém, no fundo, no fundo, tudo depende de apenas duas palavrinhas: sim e não. Convenhamos que isso, em princípio, é algo de uma singeleza quase insuperável. Contudo, fazer a opção por uma ou outra dessas palavras é algo realmente complexo, porque depende de ponderações sobre consequências futuras. Como o futuro, ordinariamente, é algo desconhecido, ficamos retidos na incerteza, paralisados diante dessa tarefa aparentemente simples. 

          Quanto mais a gente vive, tanto mais experiências acumula para perceber que os resultados dos "sins" e "nãos" sempre chegam. E como chegam!!! Então, não raramente, tentamos nos abrigar em soluções paliativas que, basicamente, optam pela via dúbia do "talvez". O "talvez" é a solução adequada para decisões importantes que requeiram muita ponderação. Contudo, isso é providência de caráter provisório, porque se houver acomodação no "talvez" corre-se o risco de ver expirar o prazo de validade de boa parte das oportunidades que surgem. E não há dúvida que oportunidades são produtos altamente perecíveis. 


          Todo ser humano tem um poder imenso e, por absurdo que seja, poucas vezes faz uso consciente dele. No caso, trata-se do poder de conduzir seus próprios rumos. Entretanto, existem alguns dogmas ou mitos que acabam embotando tamanha energia vital. Acasos, coincidências, fatalidades, por certo, são eventos imprevisíveis e, exatamente em função do fator surpresa, sempre se parecem com bestas-feras enormes às quais imaginamos não conseguir enfrentar. Contudo, o poder de decidir nunca nos é tolhido. Sempre há uma opção por ser feita. O que pode não existir é uma opção que acuda nossos interesses imediatos. Mas que opções sempre há, quanto a isso, não existe dúvida. 


          Prova disso é a recorrente utilização de termos como "não posso" e "não consigo". Apesar de consistentes na aparência, tais negativas, na verdade camuflam uma outra bem mais objetiva, no caso, "não sei como". Interessante como somos capazes de admitir facilmente a impotência, porém, nosso orgulho resiste em admitir a ignorância. Entretanto, mesmo não se "sabendo como", isso não impede que toda e qualquer oportunidade se putrefaça, quando chega sua hora.


          Assim, diante da inexorável falência programada das oportunidades, mesmo que se passe por um estágio num "talvez", é imprescindível que um "sim" ou um "não" seja proferido. Na dúvida, é melhor que não tenhamos pejo: que se arrisque um chute!!! Pior do que a escolha errada é a omissão que nos retira o poder de escolha.