A Terra em Perigo

O EXTRATERRESTRE

O céu estava claro, visibilidade boa, desenvolvia uma velocidade um pouco mais rápida que a luz. A sua nave cruzava o cosmos de um lado a outro em constantes viagens de pesquisas ou a passeios. Por sorte, ou azar, não sabemos, ainda não tinha cruzado com a nossa nave chamada terra. Naquele dia ele viajava tranqüilo, era um viajante solitário, tinha o tronco atarracado, um olhinho arredondado que transmitia segurança e compreensão, era um tanto esquisito para os padrões terráqueos, sua cabeça um pouco achatada fervilhava de conhecimentos e sabedoria, acumulados ao longo de anos e anos de pesquisas e viagens intermináveis. Visitara muitos planetas e sistemas solares em busca de conhecimentos, procurando conhecer novos povos, novas culturas. Sua nave viajava suavemente sem quaisquer percalços à vista. Deu uma examinada no visor do radar, viu aparecer uma pequenina mancha indistinta, que aos poucos crescia e tomava forma, tinha uma cor azulada que se fundia ao horizonte. Na medida em que se aproximava, percebia que aquele objeto tinha uma forma oval, e estava em constante movimento, girando em alta rotação. A sua nave sofreu um solavanco quando entrou na camada atmosférica da terra. Era um planeta totalmente novo para ele, era sua primeira visita aqui. Estava deslumbrado com tanta beleza, belíssimos oceanos azuis, florestas imensas, lindos rios, cachoeiras e tantas coisas mais. Decidiu pousar sua nave e passar uns dias aqui na terra, conhecer melhor os costumes do homem, por sorte ou azar ele veio pousar no Brasil.

Quando colocou os pés no chão, toda aquela primeira impressão se dissipou, viu que a terra vista de perto não era tão bela como de longe. Fez um longo e minucioso trabalho de observação e estudo da raça humana. Concluiu inicialmente que a vida do homem, estava intrinsecamente interligada por um fio invisível com todos os demais seres, água, ar, florestas, solo, animais e entre um ser humano e outro. Ele entendeu também que a vida na terra era muito frágil, que o ser humano sendo o rei aqui, detentor de conhecimentos interessantes, ainda era extremamente falto de sabedoria. Lá em seu planeta não existia divisão territorial, salvo para facilitar o estudo de cada região, comprovar endereços, todos trabalhavam por uma causa comum, ninguém passava fome. Era direito inalienável de todos os seres humanos de seu planeta o acesso à alimentação, saúde, educação, conhecimento, lazer e a todos bens produzidos pela comunidade. A vida ali também era interligada invisivelmente, mas todos tinham consciência, de que a sobrevivência de um dependia da do outro e de vários elementos, todos trabalhavam em defesa da vida que era o bem maior.

Ele não conseguiu entender e ficou boquiaberto de ver o homem gastar rios de dinheiro, energia, e empregar enorme esforço construindo armas de destruição em massa para se defender de seus semelhantes, quando os chama de irmão, viu-os incendiar as suas florestas, poluir seus rios, mares e o ar, destruir o solo e até a camada de ozônio de maneira criminosa, com o intuito puro e simples de ajuntar dinheiro, provocando desequilíbrio e catástrofes na natureza, atentando de modo estúpido e suicida contra a sua própria vida. O que o deixou deprimido e indignado foi ver o homem condenar as suas crianças a viver de maneira tão humilhante, disputando com um cão, um pedaço de pão num tambor de lixo, numa desigualdade egoísta, enquanto uns tinham tanto, outros não tinham sequer o necessário.

Ele entrou em sua nave e voltou pensativo e intrigado para o seu planeta. Precisava fazer algo urgente para salvar o homem da auto destruição, do jeito que as coisas iam, muito em breve este planeta tão lindo seria um triste deserto...

Cézar Francescolli

Cézar Francescolli
Enviado por Cézar Francescolli em 27/05/2006
Código do texto: T164371