A VELOCIDADE ESTÁ ACABANDO COM O MUNDO

Estou ainda na casa dos 30 faltando menos de uma década para alcançar a “vitalícia” casa dos “enta” (quarenta, cinqüenta...), no entanto, quando falamos de um mundo em transformação pela tecnologia, percebemos que o pouco tempo parece ser muito, uma vez que podemos listar várias mudanças significativas. Sem dúvida alguma a tecnologia alterou profundamente a velocidade do mundo e por conseqüência toda a forma de pensar e de realizar do ser-humano.

Lembro da época em que escrevia cartas e as colocava no correio, e ficava aguardando por uma resposta... (zzzz...)

Lembro dos LP’s. Lado A e lado B e dos aparelhos de sons 3 em 1. (Uau!!!)...

Lembro do aparelho de vídeo cassete: duas cabeças, quatro cabeças (putz!!!). E da famigerada rebobinação da fita e a multa pra pagar na locadora se não entregasse a fita rebobinada! (afff!!!)

E por falar em fita; lembram da fita cassete? Lado A e lado B também... (rsss)

Entrei na área de informática cedo. Meu primeiro encontro com um computador foi com o XT e a linguagem Basic. Lembro de ter feito um curso de 7 meses para aprender Windows, Word, Excel e Power Point. (rsss)

Lembro quando os computadores 486 eram vendidos a peso de ouro e das inesquecíveis placas de fax modem US Robotics 33.6 com secretária eletrônica. (demais!!!)

Vi a internet ainda rara aqui no Brasil e lembro-me de acessá-la pela primeira vez na velocidade de 14.4Kbps. Só pra se ter uma idéia hoje eu navego a 10.000Kbps. No entanto, só fui ter condições de curtir um pouco mais quando lançaram os provedores gratuitos e, assim, de vez em quando, levava pra casa aos finais de semana um computador de algum cliente que iria trabalhar nele. Era desta forma que navegava pelo ainda ruim site de busca “Google”, mas pelo eficiente site de busca brasileiro “Cadê?”

Lembro da Microsoft não apostar no crescimento e na popularidade da Internet e vi os universitários transformarem uma simples idéia em uma das maiores empresas (o Google), por apostarem justamente naquilo que o “titio” Bill não acreditou. (e lá se foram bilhões de dólares)

Em contrapartida, vi “titio” Bill superar os donos do petróleo como homem mais rico do mundo. (Ah! “titio” Bill é a maneira como a gente de TI por aqui o chama).

Lembro no Napster (o programa pioneiro e famoso de pirataria de música pela internet) e do seu fim promovido pelas gravadoras e, em seguida, do surgimento da tecnologia P2P: Os arquivos compartilhados em milhões e milhões de computadores pelo mundo. Quem pega essa? (rssss)

Enfim, vi muitas coisas em mais de uma década, vivendo o dia a dia da tecnologia, mas não me tornei um “tecnólatra”, aprendi a usar a tecnologia para meu benefício e não permiti que ela me tornasse um escravo, uma vez que toda hora tem novidade saindo (antes era todo dia).

Entre tantas coisas a tecnologia deu mais velocidade ao mundo... E a velocidade está acabando com o mundo. A velocidade está aumentando o egoísmo e destruindo o amor. Está tirando do homem a percepção pelas pequenas e simples coisas e o levando a querer sempre mais e cada vez mais rápido. Está acabando com a sensibilidade, com o contato pessoal, físico e levando-o a um caminho cada vez mais solitário.

Um exemplo disso são as crianças que cada vez mais se prendem aos jogos de computadores e perdem o desenvolvimento do contato pessoal com outras crianças bem como aumentam a possibilidade de se tornarem obesas uma vez que não praticam exercícios físicos como os que eram produzidos pelas brincadeiras de pique-esconde, polícia e ladrão, cabo-de-guerra... enfim. São elas a geração de amanhã, gente!!!

Brinco com os meus clientes que antes eles queriam tudo pra ontem, mas hoje, querem para antes-de-ontem e outros mais “antes” ainda. E isso reflete na gente como profissionais que precisamos nos aprimorar cada vez mais rápido e, por conseqüência, acaba refletindo na nossa vida pessoal. E assim todos vão. Cada um na sua peculiaridade, mas todos dentro desta mesma bolha.

Nasci mineiro e confesso que diante de tanta velocidade o jeito mineiro me cativa cada vez mais. Outro dia estava passando pelo centro da cidade (dirijo pouco por lá) e vi que a prefeitura reformou o início de uma das principais avenidas daqui, retirando os locais de estacionamento e colocando várias pedras grandes em formas de banco sem encosto. Vi várias pessoas ali sentadas, conversando, em meio à correria da cidade. Aliás, não conheço muitas cidades, mas duvido que existam lugares com mais números de bancos do que nas cidades de Minas. E este gosto pela conversa é que a cada dia me cativa mais e a cada dia me faz agradecer por ser mineiro e também em pedir ao Pai que eu não me esqueça desta essência.

Penso que toda a tecnologia existente é benéfica para o homem, mas assim como tantas outras coisas que foram descobertas, acredito que o homem não saiba lhe dar com ela. Desta forma o benefício torna-se malefício por simplesmente não sabermos utilizá-lo como ferramenta e não como meio de sobrevivência.

O mundo não entenderá isso.

Mas é bom que percebamos isso.

Meu abraço virtual a você, no entanto, saiba que o meu desejo era para que ele fosse pessoal, real.

O fantástico disso é que este abraço chegará aonde às cartas escritas não chegariam. Esta é a ferramenta.

BH 17/06/2009

No dia que recebi a notícia que serei pai

de gêmeos bivitelinos

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