A caminho da roça

Lá vou eu, de novo, sair da minha casinha em Belô, rumo ao Sítio da Colina, nos arredores de Ouro Preto. A nossa "rocinha" adorada.

Vou saborear uma comidinha especial, feita por mim no fogão à lenha; tomar banho de água mineral, quentinha pela serpentina; vou ouvir o cantar de muitos passarinhos; ver a revoada das maritacas ao longo do dia; o pica-pau da crista vermelha, ouvir os macacos ao longe, que se fazem presentes com seus gritos assustadores; vislumbrar o nascer do sol, o "mar" de montanhas das nossas Minas Gerais; chupar jabuticaba no pé; fazer uma caminhada até velhas minas-de-ouro – desativadas e sem ouro, naturalmente. À noite, apreciar a lua cheia que irá surgir maravilhosamente prateada, subindo, subindo, enquanto sua luz clareia o solo, e depois me encantar com aquele mundaréu de estrelas, infinitamente belas, escutando o salpicar de sons dos grilos e dos sapos a se entenderem numa conversa truncada, e sendo observada, muito provavelmente, por uma coruja encolhidinha num galho qualquer. Alí pertinho, o borbulhar da água dos riachinhos que descem terreno afora, provocando pequeninas cachoeiras.

Pois é, minha gente querida. A partir desta segunda-feira, cinco de outubro, estarei entre mangueiras, abacateiros, goiabeiras, jabuticabeiras, jambeiros e laranjeiras. Sentirei o cheirinho gostoso dos eucaliptos, o barulho do bambuzal que balança pra lá e pra cá ao leve toque da brisa; comerei as deliciosas amoras que já devem estar roxinhas, roxinhas, só esperando a minha chegada; isso, se os jacus não deram jeito de acabar com elas...

Então? Perceberam que lugar feio? Sentiram como vou ficar triste, longe das buzinas, das sirenes, do trânsito infernal, dos latidos estridentes e incômodos dos cachorros da vizinha, e do vai e vem ao supermercado? Horrível não é?

Brincadeirinha, brincadeirinha! O lugar é um espetáculo! Pena eu não poder colocar umas fotos pra vocês verem.

Mas tem uma coisa que me deixará verdadeiramente triste: ficar ausente do Recanto mais uma vez. Ninguém merece! Lá não tem computador, gente! E agora? Serão duas semanas longe daqui. Queria tanto ficar!...

Agora, falando sério, tenho obrigações a cumprir, juntamente com o meu marido. O serviço nos espera: roçar o mato próximo da casa, plantar as mudas que preparamos ao longo do ano, terminar o telhado da varanda, consertar o piso do quarto, e por aí vai. Entre essas e outras tarefas, logicamente que no finalzinho do dia “desce” bem uma cervejinha estupidamente gelada e uma carninha de panela bem cozidinha e acebolada não é mesmo? Afinal, o "esqueleto" precisa de um agrado!

É isso aí! Ficarei saudosa. Deixo um enorme beijo a todos que porventura passarem por aqui. Lá pelo dia 16 estarei de volta.

ATÉ LÁ!

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