Murmúrio e arrependimento.

O murmúrio.

Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!

Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele a luz.

Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; a escuridão do dia o espante!

Quanto àquela noite, dela se apodere a escuridão; e não se regozije ela entre os dias do ano; e não entre no número dos meses!

Ah! que solitária seja aquela noite, e nela não entre voz de júbilo!

Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam o dia, que estão prontos para suscitar o seu pranto.

Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo; que espere a luz, e não venha; e não veja as pálpebras da alva;

Porque não fechou as portas do ventre; nem escondeu dos meus olhos a canseira.

Por que não morri eu desde a madre? E em saindo do ventre, não expirei?

O reconhecimento e arrependimento.

Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho à boca.

Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei.

Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.

Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia.

Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.

Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos.

Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.

Do livro sagrado.

Bíblia sagrada
Enviado por Sartorato em 01/01/2010
Reeditado em 23/06/2015
Código do texto: T2005688
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