A FERRUGEM DOS SORRISOS

Nessa descompassada vida, sem exatidões,

nos acostumamos a não ter mais mêdo,

pois há tempos que os santos se foram

e de nenhum milagre se ouviu falar,

a não ser dos infortúnios televisivos,

onde as pessoas são partes atrativas,

de noticias diárias, como cenas vãs.

Há tantos se perdeu o senso generoso,

para absorver a dor alheia como alívio,

querendo dizer, melhor acontecer com ele,

do que vir acontecer e ocorrer comigo.

Aos poucos vai se perdendo as virtudes

e nas imperfeições dos hábitos mudanos,

muita gente emudece diante dos absurdos

e em seus temores se reservam sem piedade,

corroendo a esperança, o amor e a fé,

como desgaste dos necessitados e perdidos,

que sofrem com a ferrugem dos sorrisos,

por não saber o que vem a ser felicidade!