Momentos de Reflexão !

Momentos de reflexão

Após estar caminhando pelas ruas de meu bairro,

aliás, coisa que venho fazendo nos últimos meses,

tive a sensação de que algo em mim, mudara, fora

o que durante o meu ultimo caminhar, refletia...

Caminhar, faz bem ao coração, dá ao corpo, flexibilidade,

á mente, o descanso, o momento “zen”, que a muito queria

e por um instante, durante meu exercício,passei a observar

mais atentamente as pessoas ao meu redor...

Em um banco, na praça, na qual passava, uma jovem

envolta em um abrigo, chorava inconsolada, aproximei-me

e lhe perguntei se a poderia ser útil. A resposta, surpresa, me deixou mais ainda surpreendido, tal a inusitada resposta...

Tive uma decepção, diz-me a jovem...- Por aqui passava, quando deparei-me com um senhor, aparentando estar muito doente, e ofereci-me a ajudá-lo. Sei, foi coisa de um rompante de minha parte, e ao ouvir-me, o bom senhor, aparentando muita dificuldade, tendo a mão uma bengala, com voz tremula, arroucada, passou-me a falar de sua dificuldade, pois estava só, sem saber-se onde, pois saíra de sua casa, para ter a um posto de Saude para buscar um remédio á sua companheira, e, perdera-se ,de forma a que não tinha certeza de onde sua casa. Quando a jovem o encontrara, sentara-se áquele mesmo banco de jardim, para pedir ajuda a quem por ali passasse. O que lhe acontecera, foi devido a sua avançada idade, e não deveria ter saído de sua casa só, dêsde que fora acometido pelo enfraquecimento de sua memória, que lhe fora recomendado o não sair sozinho de sua casa...E eu, diz a jovem, não o pude ajudar, senti-me impotente com a minha incapacidade a agir benevolamente com um semelhante, e isto me deixou arrasada , pois muito poderia ter ajudado ao senhorzinho, o que não fiz, e sinto-me arrependida por não o haver ajudado como deveria, agóra, desabafo através do choro o meu ser inútil. O que fiz, foi chamar uma viatura policial, e encaminhar o senhor á uma Delegacia de Policia, pois alguém o ajudaria, mais que eu, e sentada neste mesmo lugar, aflorou-me o choro incontrolável. É esta a situação. O que o senhor faria em estando em meu lugar? A princípio não entendi o porque do choro da jovem, aproximei-me, sentei-me ao seu lado, e lhe perguntei, o porque, dela chorar, se havia tomado a iniciativa de encaminhar o velho senhor a uma corporação onde,com certeza, o haveriam de encaminhar. Virando-se para mim, com seus olhos marcados pelo choro, pergunta-me : O que o senhor faria, se fosse aquele senhor, o seu pai ? Teria feito o que fiz? Pois, ele é o meu pai...não o de sangue,mas, aquele que representa a todos os que em nossa vida, sempre por nós fizeram, e nós, por eles, pouco ou nada fazemos, por isto, estou aqui a chorar, a martirizar-me porque nada fiz, e o poderia ter feito...De nada adiantou a educação,os ensinamentos que recebi durante minha infância, na escola,através de leituras, de ter o conhecimento que hoje tenho, porque eu enfraqueci perante um ser humano, que sofre, sem apoio das autoridades que ai estão, que somente sentem-se representantes da massa quando for para o bem deles próprios, que ajudam, se forem ajudados, que defendem interesses próprios. Eu errei, senhor, por tirar de minhas mãos um problema, e apenas o transferi a outros...Ésta, a minha mágoa.

Após este rompante de desabafo,a jovem perguntara minha idade, e ao responder tal pergunta,passei a meditar no que aquela jovem me falava...a medida que a escutava, meu pensamento distanciava-se da matéria do meu corpo, e procurava respostas, sendo que momentaneamente, ficara eu, corpo presente, e o espírito a procura de entender o acontecido,fora ter á Delegacia de Policia,onde encontrava-se o Delegado Titular em conversa com o Escrivão,momento em que ouvia do mesmo,que com a Graça de Deus,aquele senhorzinho trazido,fora encaminhado á sua residência, pois encontraram em seu bolso,seus documentos onde havia também seu endereço.Calmamente, como resposta a súplica da jovem,falei-lhe que a atitude tomada por ela,fora que o salvara,pois os policiais encontraram meios de o reconduzir á casa.

Passado aquele momento,ficamos ali no banco de jardim,a conversar, e perguntei a jovem se desejaria que a acompanhasse, se

a mesma não incomodasse-se, por curto trajeto, pois eu estava transitando por ali a caminho da casa dos avós de minha esposa, que por perto residiam.

Não tinha eu muito contato com eles , e ao sair para a minha caminhada diária, minha esposa pedira-me de fazer uma parada na casa dos avos para saber como eles estavam pois ela não podia ir visitá-los devido a estar compromissada com uma cliente dela.

Depois de um tempo caminhando finalmente cheguei a casa de “seu Arthur”, e sua esposa, Dª Neide, que foi quem me recebeu á porta da residência, e, um pouco nervosa, logo me contou que o seu velho, o Sr Arthur, não tinha mais jeito...saíra sozinho, se perdera, e foi trazido para casa pela policia...pareceu-me espantada quando eu disse já saber da história, e, após acomodar-me numa poltrona, junto ao casal, contei como sabia dos fatos.

Depois de um breve descansar, despedi-me e retornei minha caminhada de volta a minha casa. No caminho, fui eu que parei no mesmo jardim, e, sentado ao banco, tive meu momento de reflexão em procurar razões , ou desculpas para fatos como este relatado.

O que pensavam os senhores Deputados e Senadores,quando estabeleciam regras para alguns, quando por outro lado,usando de ardis , desviam verbas publicas da Saúde, da Educação,do Esporte e da Cultura? Quando vão acordar, e tornar a dar atenção aos pobres e desamparados idosos cujo percentual aumenta a cada ano?

De nada nos adianta questionar...apenas, um Momento de Reflexão

Julio Piovesan

26-06-2011