Aos que ainda têm tempo de refazer suas escolhas

Cada escolha implica no descarte de uma ou mais opções. E obviamente isso gera consequências. Vamos, progressivamente, nos tornando isso: a consequência de nossas escolhas.

Sempre que as coisas não saem conforme o planejado, corremos o risco de recorrer a pensamentos sobre como estariam as coisas caso tivéssemos feito uma escolha diferente. E, sucessivamente, a pergunta: fiz a escolha certa?

A mulher diante de repetidas discussões sem solução com o marido. Posso imaginá-la revirando na cama à noite, insone. Pensando. Remoendo o passado. Imaginando onde e como estaria se tivesse se casado com aquele outro. Ou talvez se nem tivesse se casado.

O homem que deixou os estudos pra trabalhar. Naquele momento a necessidade era essa: trabalhar. Mas hoje? Hoje tudo que lhe falta pra dar uma condição melhor pra família que constituiu era ter estudado. Como seriam as coisas caso tivesse feito uma faculdade? Caso tivesse investido em uma carreira profissional?

A pessoa que fumou a vida toda. No começo por vaidade, no meio por hábito, no fim por dependência. Ali, num leito de hospital. Cercada de estranhos em situações semelhantes ou piores. Bem ali, quando anseia-se a morte como alívio, ela recorre ao pensamento vez após vez: onde e como eu estaria se eu tivesse abandonado esse vício a tempo, ou se eu nem tivesse começado? E se perde na dor de saber-se a beira de um precipício, com uma doença a empurrar-lhe implacavelmente.

A jovem que se viciou em drogas. Imagine ela horas depois de uma crise de abstinência. Já viu alguém assim? Já presenciou os gritos, as convulsões, o desespero, a agressividade, a insanidade? Pois é. Imagina essa jovem ali, pensando. Depois de ter lhe sobrado tão somente a vida cheia de cicatrizes internas e externas do mal feito a si mesma e aos outros. Consegue ouvir-lhe os pensamentos? A solidão? O arrependimento? Perceba como ela se pergunta: onde e como eu estaria se eu tivesse dito não? E se eu tivesse repetido não quantas vezes fosse necessário.

Que recorramos ao passado pra entender o presente é normal. Que repensemos nossas escolhas também. O que é sufocante é não ter mais tempo. Se vc tem, não desperdice.