E no Facebook...

Querido J.: depois de ter percebido que muitas atitudes foram tomadas por outros, antes de nós - muitas em vão, enquanto outras renderam seus frutos (como o movimento hippie e outros frutos de revoluções) - depois dos cinqüenta anos, penso em atender as sugestões da milenar cultura oriental e, aos poucos, me afastar de burburinhos citadinos. Agora, apesar ainda de padecer a necessidade de algumas participações coletivas a esclarecimentos do que considero importante fazer surgir e preservar na Vida, estou cada vez mais disposto a usufruir individualmente o que fui capaz de apreender ser valioso nela.

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E se esquecer camisinha, assuma o rebento sebento sedento de leite pela noite à dentro.

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Durante décadas, me fizeram crer não poder ver absolutamente nem a beleza nem a feiúra em nada e ninguém. Agora, me sinto culpado por não participar integralmente de políticas de inclusões, por ter distinguido uma da outra e por amar a beleza e repudiar a feiúra em paisagens, coisas e pessoas – em detrimento de ainda ser influenciado pela piedade cristã a me fazer pensar dever procurar sentir amor pelo que é feio.

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‎"Meu reino não é deste mundo". Entendo cada vez mais o que quis dizer Jesus Cristo.

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Quanta bobagem em muito do que consideramos ser coisa séria!

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"Se quisermos manter a razão", observou o psiquiatra inglês R. D. Lang, "devemos nos dedicar o mínimo possível à conquista da perfeição (espiritual)". Tente: ainda dá tempo, irmão.

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Não acho que aqui seja o inferno. Não sei o que a Vida pretende com Seus perpétuos desejos de viver entre carnes, sangue e ossos – sendo tal estrutura orgânica responsável por muito do que pode fazer sofrer como se estivesse no inferno àquele que acreditamos ser “dentro” de Seus corpos.

A despeito dos muitos belos lugares e das muitas belas e saudáveis formas da Vida presentes neste mundo, considerando a guerra cósmica da criação e da destruição entre “Deus” e o “Diabo” na terra do sol, e a inevitável degradação e morte de tudo (a despeito de, em contraponto, a Vida renascer sempre), talvez todas as formas da matéria, da mais invisível à maior das estrelas e seus impossíveis (?) habitantes, sejam resultados do que acreditam muitos: obra e graça de um espírito demoníaco.

Mas, mesmo não passando meu ser neste corpo apenas de uma ideia das relações dele com a mente que gera – complexo produto da sensibilidade, da alimentação, da memória e da imaginação – às vezes me sinto como se estivesse “no céu”, embora nunca quando a carcaça que me abriga anda convalescente.

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É difícil falar com as mulheres sobre a morte incluída na Vida. Principalmente quando elas estão a comprar perfumes.

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Desculpa se pareço estar te cobrando alguma coisa, mas é que sinto que vou passar pela Vida por aqui sem ter aproveitado devidamente a companhia familiar de grandes talentos para a realização de grandes encontros artísticos naquela necessária festa de celebração à Harmonia que, de preferência, toda família "humana" deveria fazer junta, o tempo todo.

Mas como? – se não conseguimos fazer isso sequer com nossos filhos? Porque sempre há aquelas interferências femininas maternas e suas excessivas precauções a interromper processos criativos libertários.

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Quando certa vez estive dominado pela síndrome do pânico, percebi que meu mal-estar surgia em decorrência de minha luta, de minha guerra para, naquele momento agonizante, domar o demônio do medo que me possuía e encontrar a paz!

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‎"É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros", disse o Dalai Lama. Por outro lado, se fizéssemos constantemente o bem uns aos outros, diminuir-se-iam consideravelmente as adversidades.

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Infelizmente, de fato, muito saber é muito sofrer. Por isso, a simbologia bíblica do mal como sendo o conhecimento, ou a possibilidade dele. Será interessante notar que, a despeito de a Igreja ter pretendido fazer do homem “o senhor de seu castelo” - porque supostamente mais inteligente que a mulher - no Jardim do Éden o fruto de conhecimentos foi primeiro dado à Eva, embora de fato o desenvolvimento mais rápido de conhecimentos não esteja subordinado a quem usufruiu primeiro primeiros saberes.

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Deixei de andar olhando para as estrelas na infância depois de ser atropelado por uma bicicleta. Mas nunca viveria sem de vez em quando olhar pra casa.

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O problema é que a boa vontade de nossos divulgadores (em não nos pagar por nosso trabalho) às vezes se estende da idade de 14 anos aos nossos (no máximo) 100. E muitas vezes a desculpa que dão é que somos valiosos demais e que eles não podem nos pagar por nossos serviços. Tenho saudade dos tempos quando, no jornal A UNIÃO, existia alguém como Antônio Barreto Neto, que pagava as primeiras tiras de quadrinhos produzidos por jovens adolescentes artistas como eu, Cristovam Tadeu, Deodato Filho (hoje Mike Deodato), Marcus Nicolau, Emir Ribeiro, Danielito Graneros e outros.

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Pra quem ainda não leu, aqui (no Facebook) novamente a primeira parte de uma nova versão do conto “Um encontro mortal”. Ele conta história de um motoqueiro que, por ter perdido seu grande amor levado pela morte, tenta a todo custo um encontro com o Anjo Exterminador. O conto foi inspirado em fatos reais, haja vista a quantidade de motoqueiros homicidas e suicidas existentes. O conto também pretende ser exemplo de como a Literatura pode ser usada para a educação no trânsito.

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Houve tempo em que tive 20 anos. Não me vanglorio dos meus 50 como marca de ter tido muitas experiências entre emoções e seres humanos (sic). Entretanto, certa acomodação vem naturalmente; como recusas em certas participações, quando você começa a perceber certas verdades sobre impossibilidades de ensinos e aprendizados; tenha você 20, 50 ou 100 anos.

É – e, pelo jeito, sempre será - aquela velha história que muitos dos que passaram por aqui disseram: se cada um limpar sua calçada, o mundo ficará limpo.

Mas...

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O problema maior de se assumir determinados cargos é que, de acordo com a importância do cargo, você precisa se tornar outra pessoa, praticamente "nascer de novo" - como o caso de quem assume a função social e política do mais alto posto do sacerdócio cristão católico: o de Papa.

Mas, por conta de todas as nossas fraquezas conhecidas, a força da santidade papal ruiu graças a uma seqüência inacreditável de maus exemplos desumanos que ocorreram ao longo da História, entre as instâncias celestes e terrestres presentes na Igreja e em todas outras repartições do Governo.

Contudo, apesar das crises e desesperos, ainda milagrosamente tem-se esperança na capacidade de muitos animais racionais virem a ser humanos.

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Caro Z: não posso lhe explicar detalhes da situação, pois geralmente não acompanho o cotidiano dos políticos - com raras atuais exceções - por ter certeza de não encontrar nele grandes novidades, ou nenhuma. Mas, como conta a História, é como se diz por aí: podemos descobrir o verdadeiro (mau) caráter de um homem (sic), ou de uma mulher, dando poder a ele. Grande abraço.

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Pra quem pensa que os ruins se dão bem na vida, não é possível saber sobre os arranhões ou os cortes que levam as pessoas. Não estamos com elas o tempo todo pra saber deles e muitas vezes os perversos fingem bem estar por não quererem que outros percebam que estão derrotados.

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Quisera eu ter o poder de resgatar minha criança debaixo do entulho de responsabilidades e deveres que se lhe impôs o mundo adulto.

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Caro Jr Espínola: acho que você aprendeu a ser mágico, senão a como fazer desaparecer um fusca, a fazer aparecerem tantos belos som das profundezas do silêncio.

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Pela própria dinâmica da Vida, a intensidade de qualquer coisa ou ser presente nos espaços do nada nunca é constante. A única coisa (a parecer) constante é nossa ignorância acerca desse fato.