Construções...

Quando decidimos construir uma casa, muito antes de procurar um profissional da área, arquiteto ou engenheiro, estudamos, projetamos, examinamos nossas necessidades e possibilidades. Avaliamos o custo, se temos condições de começar e acabar a obra.

Escolhemos algum profissional que seja de nossa confiança, discutimos com ele, o projeto, refazemos e repensamos, até chegarmos a um consenso. Quando iniciamos a obra, a escolha dos operários que serão responsáveis pela realização da obra, é criteriosa. Procuramos pessoas que se envolvam com o projeto, que sejam confiáveis, que tenham conhecimento e prática em seu trabalho.

Muitas vezes, nossa escolha é por um projeto já iniciado. É de bom alvitre, antes de continuarmos a obra, tomar conhecimento de cada detalhe. Conhecer os trabalhadores envolvidos, conversar e, quem sabe, até contratar outro profissional responsável pelo projeto, pois há a necessidade de empatia entre uns e outros.

Se verificarmos no projeto, seja aquele primeiro, que damos início, ou o segundo, que já está encaminhado, alguma alteração não prevista, ou problemas estruturais na obra, como rachaduras, alicerces que cedem, outros enfim, podemos optar por simplesmente continuar, ou ainda, tapar as rachaduras, preencher os desvãos, dar um “jeitinho”, sabendo que, nesses casos, mais cedo ou mais tarde, aqueles mesmos problemas voltarão, agravados com a ação do tempo e do uso.

A opção mais sábia, é parar a obra, procurar o motivo dos problemas e corrigi-los, reforçando toda a estrutura, voltando ao projeto inicial, respeitando as normas de construção e do projeto, revendo a capacidade dos profissionais envolvidos. Assim, teremos uma possibilidade maior de sucesso na empreitada.

Quando construímos nossa casa, devemos fazê-lo com amor. Devemos construir um Lar, não uma casa para exibir aos olhos dos amigos, uma ode ao nosso orgulho e vaidade.

Quando uma pessoa decide iniciar um trabalho, fundar uma entidade, juntando a várias outras pessoas, a motivação deve ser o amor, o desejo de fazer do projeto, ou da entidade, algo que acrescente na comunidade.

O que vemos com freqüência, é o surgimento de entidades, ou projetos, fundamentados na mágoa, no ressentimento, no rancor, no desejo envaidecido e orgulhoso de mostrar capacidade de gerir também, seu próprio trabalho. Essa base, dá um alicerce pobre à uma obra edificada em terreno podre.

Com o passar do tempo, aparecerão as rachaduras, o esmorecimento de intenções. Muitos se unirão ao projeto, mas haverá constante renovação, afastamentos, porque o trabalho não encontra consolidação, pois inicialmente, não houve clareza de intenções. No afã de crescer, a entidade recebe todos os colaboradores que se mostrarem interessados, sem filtrar, sem tentar impor uma certa ordenação, indispensável para que qualquer projeto tenha sucesso.

Em qualquer entidade, para que os projetos prosperem, é necessário selecionar as pessoas que com ele se envolverem. Elas devem ter algum conhecimento a ele relacionado, disposição para estudar e aprenderem sempre mais, aperfeiçoando-se. Devem ter humildade de reconhecerem seus erros e tentarem corrigi-los, sem mágoas e ressentimentos. E, ao se somarem ao projeto, à entidade, pessoas com maior capacitação, devemos recebê-las de mente e coração abertos, dar-lhes campo para que possam implementar e acelerar o crescimento da causa.

E quem chega, deve ter a simplicidade de alma de, mesmo se considerando mais apto, dar o tempo necessário para que aqueles que já estão inseridos há mais tempo, possam conhecer suas aptidões, sem preconceitos, sem temores. Devemos ter isenção de critérios. Normas as há em toda e qualquer entidade. Qualquer projeto segue uma normatização e ela deve ser respeitada por todos, sejam fundadores, colaboradores antigos, ou recentes, amigos, familiares. Sempre que abrirmos um precedente, com o fito de favorecer a alguém, estaremos agindo contra os interesses do projeto, ou da entidade. Decisões sobre a entidade, devem sempre ser tomadas pela diretoria que a administra, de forma transparente, jamais em conchavos para formalizá-las depois.

O que vemos, com freqüência, é o desmoronar de projetos e entidades, pelo personalismo que acaba surgindo, querendo uns e outros, impor suas idéias. Muitas vezes, nem existe uma intenção consciente, mas a entidade é usada para afirmações pessoais, gerando animosidades e rivalidades sutis entre os colaboradores. As vaidades humanas, o orgulho disfarçado sob uma máscara de falsa humildade, acabam minando, corroendo as relações entre eles.

E, assim, pessoas bem intencionadas, desejosas de auxiliar na organização, ou reorganização da entidade, podem cansar-se de malhar em ferro frio, darem-se por vencidas, afastando-se entristecidas por terem sido mal interpretadas, talvez por não terem tido paciência suficiente com as pessoas, que imaginava estarem melhor preparadas para as atividades que se propunham.

Talvez a entidade, ou projeto continue andando, aos trancos e barrancos, entre altos e baixos, convulsões administrativas, renovação de colaboradores, até que um dia, surja alguém com vontade, perspicácia e conhecimento suficiente, para dar a parada sugerida acima, na obra em que foram observadas irregularidades.

Não fará alterações, nada acrescentará, nada criará, nada extinguirá, nem afastará ninguém, tampouco incluirá, até estar completamente a par da vida da entidade, ou projeto. Depois de algum tempo, poderá fazer o diagnóstico, se o projeto, ou entidade, poderá prosseguir, em que deve ser adequado para atingir seus objetivos, ou se será mais conveniente entinguí-lo(a), matando o mal pela raiz, e recomeçar do zero, com novas diretrizes, com um saneamento geral, de idéias, ideais e pessoas.

25/01/2007.